quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Criados para amar

Por Yochanan ben Avraham

Todos nós em algum momento de nossas vidas, nos sentimos desconfortáveis, com uma sensação de estarmos em um lugar errado, fazendo algo que não deveriamos estar fazendo ou deixando de fazer o que deveriamos. É possível até, que alguem se sente assim desde sempre, sentindo o que chamo de "vontade de não sei o quê..."

Atualmente algumas pessoas gastam fortunas com terapias e análises para tentar se encontrar, o que não é nenhum crime, buscam respostas de coisas que, sequer sabem exatamente o que procuram, por isso este artigo, com muita simplicidade, pretende dar uma "luz" para aqueles que se encontram nesta condição de "desconforto", a partir de um ponto de vista criacionista, ou seja, considerando que o homem como um ser criado com um propósito específico para sua existência.

Quando estamos "desconfortáveis" ou "deslocados", não ficamos sossegados e, consequentemente, não temos paz. Esta condição é uma verdadeira "fábrica" de conflitos e todos nós sabemos que conflitos causam feridas e dores... Mas por que ficamos assim? A resposta está no fato de que, geralmente, não sabemos ou esquecemos de quem somos, de onde viemos e nem para onde deveriamos ir ou estar! Para elucidar esta questão vamos ler o que diz Yochanan alef (1ª João) 4.8 (somente a parte final):

"...porque YHWH é amor."

Leiamos também nas bessorot (boas novas) de Yochanan (João) 3.16 o seguinte:

"Porque YHWH amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."

Independentemente de se crer ou não nestas palavras, todos, de alguma forma em algum lugar, já ouviram estas afirmações. Agora, compare estas passagens com o relato da criação em Bereshit 1.27:

"E criou Elohim o homem à sua imagem: à imagem de Elohim o criou; homem e mulher os criou."

Podemos dizer que ao ser criado à semelhança do Eterno Elohim, o homem foi criado para amar!


Alguém poderá dizer: "Mas eu amo e continuo sentindo que falta alguma coisa!" Este é exatamente o ponto que queremos tratar, pois atualmente o termo amar esta perdendo o seu significado por conta da banalização e mesmo uma vulgarização a que estão submetendo este termo, atribuindo a ele apenas um sentido romântico restringindo sua definição impedindo que se possa ampliar o conceito e o significado de amar. Vejamos o que Sha'ul ha shaliach escreveu a kehilah de Corinto:


"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." Curintayah alef (1ª Corintios) 13.4-7

Esta definição apresentada pelo emissário, revela o amor em seu sentido mais elevado, por isso entendemos que o real sentido da vida é amar, e isto pode ser melhor compreendido quando analisamos uma situação muito interessante presente nas sagradas escrituras, vejamos:

"E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo:

Mestre, qual é o grande mandamento na lei?

E Yeshua disse-lhe: Amarás o Senhor teu Elohim de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.Este é o primeiro e grande mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas." Matitiyahu (Mateus) 22.35-40

Ao dizer tais palavras Yeshua revela algo muito valioso a todos os homens! Não apenas por dizer quais são os maiores mandamentos, pois se nos detessemos apenas nisto, o sentido ainda ficaria vago, no entanto Ele nos disse que toda Lei depende disso, ou seja, a finalidade da Lei é ensinar o homem a amar, pois é nela que aprendemos como amar, vejamos o seguinte: Quem ama ao Senhor, não terá outros deuses; não fará imagem de escultura e nem adorará estas imagens; não tomará o nome do eterno em vão; guardará o Shabat; não comerá nada daquilo que o Eterno disse ser impróprio para comer; celebrará as Festas do Senhor nos tempo apontados...Quem ama o próximo, honrará pai e mãe; não assassinará; não adulterará; não roubará; não levantará falso testemunho contra ninguém; nem cobiçará nada que pertença ao seu próximo.

Amar é cumprir a Lei (Ver Ruhomayah/Romanos 13.8-10), não é simplesmente sentir uma atração, simpatia ou empatia por alguem ou alguma coisa. Amar é obedecer a instrução (Torá) do Eterno!
Agora vamos analisar outra expressão de Yeshua esclarecedora que corrobora com aquilo que estamos dizendo:

"E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará." Matitiyahu (Mateus) 24.12

Estas palavras fazem parte do discurso apocliptico de Yeshua, que revela aos seus talmidim (discípulos) os sinais do fim dos tempos. É interessante  notar que um dos sinais é a multiplicação da iniquidade. A palavra iniquidade tanto no grego (Anomia) quanto no aramaico (Eola) significam "contrário a lei", "oposição a Lei". Foi por isso que Yeshua disse que o amor de muitos iria esfriar, pois a Lei estaria sendo abandonada pelos homens que, por sua vez, estariam cada vez mais empenhados em seguir suas próprias leis em substituição daquelas dadas desde o princípio pelo Eterno, Bendito Seja.

Prezado leitor, fomos criados para amar e sabendo que amar é cumprir os mandamentos do Eterno revelados em sua Santa Torá, arrependemo-nos de nossas transgressões a Lei, e amemos ao Senhor sobre todas as coisas (pois quem o ama guarda os seus mandamentos) e ao proximo como a nós mesmos. Fazendo isto, certamente encontraremos o equilíbrio, o bem estar, enfim...o Shalom que excede todo entendimento.



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Considerações sobre a reencarnação

Por Yochanan ben Avraham

Introdução:

Primeiramente gostaríamos de salientar que nosso objetivo ao escrever este artigo, não é condenar a quem quer que seja por crer na doutrina da reencarnação, mas questionar algumas afirmações que alegam uma origem judaica ou mesmo bíblica para o ensino desta doutrina. Dito isto, vamos aos fatos:

Definição:

Basicamente, “reencarnação” significa que a alma/espírito de uma pessoa é imortal e, assim sendo, na experiência da morte física, alma/espírito sobrevive em perfeito estado de consciência, personalidade e individualidade só que agora essa alma “não tem um corpo”. Portanto, “reencarnar” significa o ato pelo qual a alma/espírito de um defunto volta em algum outro corpo, quer seja humano ou animal e, em casos extremos, podendo ser até mesmo em uma planta ou uma pedra! Em todo caso, a idéia é perpetuar a existência da alma em algum corpo para dar continuidade a sua vida imortal.

Origens, estrutura e desenvolvimento:

A reencarnação é uma das doutrinas religiosas mais antigas da humanidade e existem diversas formas deste ensino, que podem variar de um povo/cultura para outro. Contudo, praticamente em todas as doutrinas reencarnacionistas, existem dois pontos fundamentais em comum, são eles:
·         O regresso da alma/espírito a outro corpo tomando a forma de uma nova pessoa.
·         Uma espécie de evolução, purificação ou expiação da alma/espírito de suas transgressões cometidas nas “vidas anteriores”

A origem da idéia reencarnacionista está localizada na Índia, mais precisamente no hinduísmo. Segundo o hinduísmo, se a pessoa foi “boa” e fez coisas apropriadas, possivelmente após sua morte, ela “reencarnará” em um ser superior, mas se fez coisas más retornará em um corpo inferior ao do homem, em um corpo de animal.
Dentro desta crença, tudo está ligado àquilo que denominam “carma”, termo que pode ser traduzido como ação. Neste conceito, o passado, o presente e o futuro do ser humano estão delineados segundo o que ele próprio realizou ou definiu anteriormente, por exemplo: se um homem é cego, é porque fez algo de ruim em uma “vida anterior” e está experimentando as conseqüências de seus atos.
A idéia do hinduísmo é que os prazeres materiais servem como uma espécie de desvio do propósito superior da alma. Assim sendo, quando a alma consegue viver através de suas “vidas” uma “encarnação” mais ascética ela atinge o que é chamado de “Moksha” ou ‘Salvação/Libertação”.
Devido à proximidade geográfica, a doutrina da reencarnação migrou da Índia para as demais civilizações mesopotâmicas, sendo adotada também na religião babilônia, principalmente com relação à mitologia do panteão de deuses babilônios, vide a história de Tamuz, filho de Semíramis, que é considerado a reencarnação de Ninrod.
Chegando ao Egito, a doutrina da reencarnação tomou proporções importantes tornando-se mais popular sendo, inclusive, mencionada por Heródoto:
“Os egípcios foram os ‘primeiros’ a assegurarem a imortalidade da alma e que ela passa da morte do corpo a outro animal; e quando percorreu o ciclo de todas as formas de vida na terra, na água e no ar, ela mais uma vez adentra um corpo humano que lhe nasce; este ciclo da alma leva três mil anos.” (Heródoto 2.123)
No chamado “Livro dos Mortos”, a doutrina da reencarnação está associada à punição pelo pecado e, a semelhança de outros conceitos reencarnacionistas, a alma de um pecador se reencarnaria num animal para “pagar” por seus pecados.
A popularidade da doutrina reencarnacionista cresceu ainda mais quando por volta do Século VI AC, os gregos a adotaram, e através do filósofo grego Pitágoras em meados do Século IV AC, ela ganha força.
Na filosofia grega, a reencarnação é chamada de “metempsicose” e foi mencionada pelos principais filósofos gregos como Sócrates, Pitágoras e Platão. Na crença grega, permanecia a perspectiva de uma expiação e que após 10 reencarnações, a alma/espírito poderia então se unir aos deuses do panteão grego, tendo atingido seu estado de purificação.
Da filosofia grega, a doutrina da reencarnação chega até os gnósticos e já no Século I dC, devido ao caráter sincrético deste movimento, o reencarnacionismo conseguiu se propagar nas diversas crenças religiosas, encontrando nos segmentos místicos maometanos, cabalísticos do judaísmo e em ordens maçônicas dentro do cristianismo, seus principais portos. Logo, poderíamos até dizer que, tais seguimentos nada mais são do que gnosticismo com uma nova roupagem.
Quando perguntamos por que o Criador permite aos maus uma vida boa e aos bons, muitas vezes, uma vida carregada de sofrimentos e privações, enfermidade e pobreza. Quando perguntamos como se justifica o sofrimento de crianças inocentes que vivem poucos anos na pior enfermidade ou miséria, os reencarnacionistas dizem que isto é a justiça do Criador. Em outras palavras, significa que quando uma pessoa sofre aqui, no tempo presente, é para expiar as coisas ruins que fez em “vidas passadas” e uma vez que pague o “débito”, a alma está livre para evoluir a um estado superior. Portanto, a morte de inocentes e todos os outros “infortúnios” não é outra coisa senão o tempo para sua purificação dos pecados cometidos no passado.

Judaísmo e reencarnação:

Embora alguns seguimentos judaicos adotem a doutrina da reencarnação, esta doutrina, como podemos ver até agora, não é um ensino originalmente judeu. Na verdade, essa doutrina era estranha ao pensamento judaico até meados do Século VIII, que segundo informa a enciclopédia judaica, foi adotada pelos caraítas e outros dissidentes judeus por influência de místicos maometanos.
Durante muito tempo a doutrina da reencarnação, não possuía muitos adeptos desta crença entre os judeus, nem mesmo o movimento caraíta manteve tal crença.
Antes de dizermos como a doutrina da reencarnação adentrou e se propagou no judaísmo, vamos ver o pensamento de alguns líderes e filósofos judeus sobre o tema:
*Saadia Gaon (Século X)
Certamente uma das mentes judias mais brilhantes de todos os tempos, considerava a doutrina da reencarnação anti-bíblica, anti-judia e anti-científica. Ele chegou a dizer sobre a doutrina da reencarnação, que sequer consideraria útil demonstrar a tolice e baixa mentalidade dos que criam na “metempsicose (reencarnação)” caso não temesse que eles exercessem uma influência perniciosa sobre os outros.
*Yedaiah Bedersi (Século XIV)
Opôs-se a tal crença por considerá-la não judia.
*Chasdai Kreskas (Século XIV)
Assim como seu discípulo Yosef Albo, criticou dura e radicalmente tal idéia considerando espúria à Fé e espírito judaicos, estando impregnada de superstições tomadas de outras culturas, principalmente orientais (hinduísmo).
Outro fato a se considerar é a ausência de documentos anteriores a idade média que mencione o conceito reencarnacionista e mesmo cabalista dentro de algum seguimento judaico, até porque tal documentação só passou a existir na própria idade média, quando surgiu a principal sistematização da reencarnação com roupagem Judaica, “o Zohar”, principal obra cabalista. É a partir deste livro, que a doutrina da reencarnação começa a fazer parte do misticismo judaico, mas não é necessariamente, do judaísmo.
Por mais que os proponentes tentem afirmar a “judaicidade” deste conceito, atribuindo as práticas cabalistas aos patriarcas e mesmo a Moshe (Moisés), NÃO HÁ NADA QUE PROVE TAL AFIRMAÇÃO! Portanto, o conceito de reencarnação ou transmigração da alma, não tem sua origem na Torá, mas comprovadamente no sincretismo religioso.

Reencarnação x Expiação:

Vejamos o que diz o Zohar:
“Todas as almas estão sujeitas a transmigração; e o homem não conhece os caminhos do Santo, bendito seja. Eles não sabem que são trazidos ante ao tribunal antes de entrarem e saírem deste mundo. São ignorantes quanto às muitas transmigrações e provas secretas que devem confrontar e a enorme quantidade de almas que entram neste mundo e que não podem retornar logo ao palácio do Rei. Não sabem como as almas se movem como uma pedra atirada por um estilingue. Mas é chegado o tempo para que estes mistérios sejam revelados” (Zohar II. 99b)
Considerando ainda a conceituação cabalista sobre o assunto, temos o pensamento de um dos principais nomes da cabalá, Isaac Lúria (Século XVI) segundo ele, todas as almas destinadas a humanidade foram criadas em um só corpo composto originalmente por Adam HaRishon (Adão o primeiro/ primordial). Em outras palavras, cada órgão e célula do primeiro homem, continha potencialmente, todas as almas da humanidade. Este conceito define que se as almas estivessem na parte superior de Adam, por exemplo, no cérebro, eram almas superiores... Mas se estivessem na parte inferior (pés) eram almas inferiores.
Segundo o lurianismo com o pecado de Adam, houve uma comoção e estremecimento de todas as almas humanas que estavam em seu corpo e consequentemente todas as almas, inclusive as mais elevadas e puras foram contaminadas. Isto produziu em cada alma que nasce um impulso para o mal que, segundo Lúria, é um produto do pecado do primeiro homem.
Segundo este ensino, o impulso para o mal só será erradicado da humanidade, com a vinda do Mashiach ben David. Enquanto isto, devido à contaminação do mal em todas as almas, estas não pode retornar a sua fonte original e devem vaguear em corpos humanos e inclusive, em corpos inanimados como as pedras. Mas, se uma alma “reencarnada” conseguir se elevar e superar todas as tentações, ao morrer poderá ir diretamente ao “Gan Eden (Jardim do Éden/paraíso)”. Do contrário, terá que “reencarnar” em outro corpo humano ou mesmo animal e até mesmo em uma pedra, para terminar seu processo de purificação e elevação espiritual.
Mais uma vez vemos a reencarnação sendo tratada como meio de expiação para a alma/espírito, porém este conceito fere totalmente o conceito judaico e bíblico de expiação. Crer na Torá, assim como toda escritura sagrada, não se compatibiliza a essa doutrina, pois se para resolver o problema do pecado do homem, suas más ações e transgressões a solução é a reencarnação em outro corpo assumindo uma nova vida, por que então o Criador nos deu o mandamento de arrependimento e todo o sistema levítico para o perdão e purificação do pecado?
 Além de desprezar a Torá, que é a instrução do Criador para uma vida elevada, as doutrinas reencarnacionistas apresentam problemas éticos, os quais apresentamos a seguir:
“Como podemos ajudar uma pessoa enferma que está sofrendo a ser curada, se tal enfermidade e sofrimento fazem parte do processo de purificação dos pecados da mesma? Não estaríamos interferindo, ou mesmo impedindo que ela alcançasse sua purificação?”
Se examinarmos as escrituras e considerarmos suas palavras, veremos que ela não apóia tais idéias. Pois ela revela que a expiação é por meio do sistema sacrificial estabelecido pelo próprio Criador na Torá e por meio de seu Servo justo, assim como a ressurreição dos mortos.
Estas duas coisas, expiação e ressurreição, são os dois recursos que o próprio Criador estabeleceu ao homem enquanto este viver aqui e agora, ao que devemos responder com gratidão, humildade e arrependimento. Não devemos esquecer que sem arrependimento, não há remissão de pecados.

Yeshua, o cordeiro de Elohim que tira o pecado do mundo.

Na tentativa de desqualificar Yeshua como Mashiach (Messias), muitos dentro do judaísmo tradicional e da cabalá, utilizam o argumento da expiação levítica para demonstrar que ele, Yeshua, não poderia ser, segundo a Torá, alguém habilitado para fazer a expiação dos pecados de Israel, pois para tal, era necessário que o indivíduo competente para o serviço fosse um Cohen (sacerdote) da linhagem de Aharon (Aarão), e como Yeshua não era sacerdote e nem da linhagem de Aharon não poderia realizar o ofício expiatório.
Para demonstrar que este argumento não se sustenta, vamos verificar nas escrituras, se somente os levitas filhos de Aharon estavam autorizados a fazerem sacrifícios pelo povo e se existia apenas esta “ordem sacerdotal”. Vejamos:
Sh’muel (Samuel)
 Foi sacerdote e não era da tribo de Levi, mas de Efraim (ver Sh’muel alef (I Samuel) 1.1, 19 e 20; 13.7-13)
Os filhos de David
Não eram levitas, mas judeus (como Yeshua) e eram sacerdotes (ver Sh’muel beit (II Samuel) 8.18)
A ordem de Malk-Tsedek (Melquisedec)
Uma profecia notoriamente messiânica indica outra ordem sacerdotal, com um status superior a dos levitas, pois é atribuída a esta outra ordem um sacerdócio eterno (ver tehilim (salmos) 110. 4, que lido em conexão com Z’charyah (Zacarias) 6.12 e 13; 3.8-10; Yirmeyahu (Jeremias) 23.3-7; Yeshayahu (Isaías) 11.1-5) nos levarão a concluir que Yeshua ha Natzaret cumpriu literalmente estas profecias. Vide Matitiyahu (Mateus) 22.44; 27.11; 28.18; Ma’assei (Atos) 2.34 e 35; Ivrim (Hebreus) 1.13; 7.1-28 e Guilyana (Apocalipse) 15.11-16. Portanto, podemos afirmar que o sistema expiatório dado pelo Eterno, continua vigente, não sendo necessária a formulação de outro sistema, como a reencarnação ou transmigração de almas para que haja uma purificação, pois é o sangue que faz expiação pela vida (ver Vayikrá (Levítico) 17.11 c/c Yochanan alef (I João) 1.7 e 2.1 e 2).
Agora, vejam a contradição entre os que dizem que Yeshua não pode fazer expiação por não pertencer a linhagem de Aharon e, portanto, transgredir a Torá:
Ao admitirem que por meio da reencarnação a pessoa possa ter seu pecado expiado, eles estão aceitando algo diferente do que aquilo que foi estabelecido pelo Criador em sua Torá! Algo que eles mesmos consideraram indispensável, com relação a Yeshua, no que diz respeito a expiação de pecados...Ou seja, usam de dois pesos e duas medidas para julgarem a questão, cometendo uma abominação perante o Eterno ( ver Mishlei (Provérbios) 11.1)

Reencarnação segundo o Espiritismo:

Poderíamos dizer que no ocidente, os principais proponentes da doutrina da reencarnação, seguem os ensinos do francês “Hippolyte Léon-Denizard Rivail”, que ficou conhecido no mundo inteiro pelo nome de “Allan Kardec”.
Em 18 de Abril de 1857 foi publicado o “Livro dos Espíritos”, que apresentava ao mundo a parte filosófica da doutrina.
Na verdade, Kardec não é o criador da doutrina da reencarnação tendo em vista que este conceito já existia a muitos séculos antes, mas é inegável o fato dele ser o codificador desta doutrina para a sociedade de então, e devido a predominância cristã no ocidente, é possível afirmar que a obra de Allan Kardec, buscou, dentre outras coisas adaptar os textos bíblicos às hipóteses reencarnacionistas.
Em janeiro de 1861, para a parte experimental e científica, Allan Kardec publicou a obra “O Livro dos Médiuns” visando o aspecto prático para todos os que desejassem ocupar-se das manifestações, seja pessoalmente, seja pela observação das experiências alheias.
É a partir deste conceito de comunicação com espíritos, proposto pelo referido livro, que identificamos um grave problema nesta prática, pois são contrários  ao que é instruído pelo Eterno, comparemos os textos:
“Podemos evocar todos os espíritos, seja qual for o grau da escala a que pertençam: os bons e os maus...” (Livro dos Médiuns, capítulo 25 item 274)
“Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; Nem encantador, nem quem consultem a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Elohim os lança fora de diante de ti” (D’varim (Deuteronômio)18.11)
Como podemos observar, existe uma grande diferença entre um texto e outro, ou seja, um incentiva e o outro proibiu a comunicação com espíritos. Obviamente, são doutrinas antagônicas que não possuem a mesma fonte.
O Espiritismo, assim como os demais reencarnacionistas, também dá um caráter expiatório a reencarnação como podemos observar nos seguintes textos:
“Qual a finalidade da reencarnação? Expiação, melhoramento progressivo da humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?” (Livro dos Espíritos, pergunta 167)
“O Criador a impõe com o fim de levá-los à perfeição. Para uns, é uma expiação, para outros, uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea: nisto é que está a expiação.” (Livro dos Espíritos, pergunta 132)
Como já tratamos disto no tópico ‘reencarnação x expiação’, não comentaremos sobre estas colocações, apenas recomendaremos a leitura do mesmo.
Um ponto interessante a se comentar, é o fato de ao perguntarmos sobre por que Yeshua ressuscitou ao invés de reencarnar, é dito que ele era um ser evoluído que já havia alcançado a elevação necessária e por isso não reencarnaria...
Isso nos leva a seguinte reflexão: Yeshua era elevado porque cumpria/observava a Torá (Lei), a qual, (como demonstramos anteriormente), repudia a idéia de comunicação com espíritos.
Um dos clássicos equívocos do espiritismo a cerca das escrituras, está na afirmação de que Yochanan há matvil (João Batista) era uma reencarnação do profeta Eliyahu (Elias), vejamos:
Em primeiro lugar, segundo esta doutrina, para reencarnar, a pessoa precisaria ter desencarnado (morrer) antes, sendo assim, Eliyahu não poderia reencarnar pois ele não morreu ! Mas foi transladado aos céus!(ver Melachim beit (II Reis) 2.11 e 12).
Em segundo lugar, a própria escritura nega que Yochanan fosse Eliyahu, vejamos:
“E perguntaram-lhe: Então quê? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não.” (Yochanan (João) 1.21)
Na verdade, vir no mesmo espírito de Eliyahu, era vir sob a mesma unção do profeta algo que outra pessoa além de Yochanan possuiu, vejamos:
“Sucedeu que, havendo eles passado, Eliyahu disse a Elisha (Eliseu): Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Elisha: peço-te que haja porção dobrada de tua Ruach (espírito) sobre mim.” (Melachim beit (II Reis) 2.9)
O Espírito que estava sobre Eliyahu era a Ruach HaKodesh (Espírito de Santidade), e foi neste mesmo Espírito que Yochanan há Matvil  (João Batista)

Conclusão:

A meta do Criador para o homem é a redenção por meio de um plano de expiação claramente estabelecido nas escrituras. A expiação tem como finalidade a ressurreição dentre os mortos para a vida e paz eternas. A ressurreição é a esperança dos Justos.
A reencarnação por sua vez, se opõe a ressurreição porque estabelece que o homem deve morrer uma centena de vezes para finalmente entrar em um estado de fusão com o cosmos, um conceito completamente estranha  a Fé bíblica, pois a Bíblia diz:
“Porque o Mashiach não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de YHWH;Nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio;De outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo. E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Yeshua HaMashiach, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.” (Ivrim (Hebreus) 9.24-28)
Sendo assim, dizemos que a reencarnação é imoral, porque, na prática, nos impede de nos identificarmos e ajudar a uma pessoa em sua dor e tragédias sociais, pois ao fazer-lo, estaríamos interferindo no seu processo de purificação.
A encarnação nega o sistema expiatório dado pelo Eterno em suas escrituras, fazendo dEle um mentiroso, pois pretende estabelecer outro programa de expiação e purificação paralelo ao das escrituras e sem fundamento nelas.em fundamento nelas.