domingo, 20 de maio de 2012

Cristianismo e Judaísmo, as duas faces de uma mesma moeda.

Por Yochanan ben Avraham

Introdução.

Antes que alguém possa condenar o autor deste artigo ao “inferno”, permita-me dizer que não se trata de uma censura aos devotos de qualquer uma destas religiões, mas sim de uma exposição de características idênticas no que diz respeito a sua posição perante as escrituras e o próprio Criador.
Numa análise superficial, todos poderão dizer que, apesar de ambas se definirem como monoteístas, elas são bem diferentes uma da outra, havendo inclusive um antagonismo em pontos fundamentais de sua Fé e prática.
Contrariando esta perspectiva comum, pretendemos chamar a atenção do amigo leitor para uma semelhança que, embora seja implícita, não há como ignorá-la, pois tal fato nos leva a inferir que ambos os seguimentos, Judaísmo e Cristianismo, possuem o mesmo espírito.

1- O fator Bavel (Babilônia).

“E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.
E aconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali. E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume por cal. E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.” (Bereshit/Gênesis 11.1-4)

É do conhecimento da grande maioria dos leitores da Bíblia Sagrada, todo o simbolismo e significado que Bavel (Babilônia) possui no contexto espiritual da vida do povo de Elohim. Bavel personifica tudo o que é contrário a vontade do Eterno, representa a altivez e arrogância do homem perante o único e verdadeiro Senhor, revela a soberba do homem em estabelecer seus próprios caminhos, suas próprias leis para se “chegar aos Céus”, revela também a mistura e a confusão de conceitos em contraste com a pureza e simplicidade dos mandamentos do Eterno.

Não é apenas no relato da construção da histórica torre, mas também no que (muitos séculos após este monumento) veio a existir que Bavel representaria um aspecto negativo. Sim, o impressionante império babilônico viria afetar diretamente o povo da promessa, Israel. O Reino do Sul (Yehudah) sofreu três deportações entre os anos 597 AEC e 582 AEC como pode ser verificado no livro de Yirmeyahu/Jeremias 52.27-30:

“E o rei de babilônia os feriu e os matou em Ribla, na terra de Hamate; assim Judá foi levado cativo para fora da sua terra.
Este é o povo que Nabucodonosor levou cativo, no sétimo ano: três mil e vinte e três judeus.
No ano décimo oitavo de Nabucodonosor, ele levou cativas de Jerusalém oitocentas e trinta e duas pessoas.
No ano vinte e três de Nabucodonosor, Nebuzaradã, capitão da guarda, levou cativas, dos judeus, setecentas e quarenta e cinco pessoas; todas as pessoas foram quatro mil e seiscentas”.

É a partir deste momento, que a influencia babilônica começa a ser exercida sobre os judeus de modo mais intenso e um elemento muito comum na relação entre dominado e dominador, começa a se manifestar, nos referimos ao sincretismo.

A influência babilônica sobre a vida dos judeus pode ser percebida no calendário judaico tradicional e religião judaica, vejamos:

“O Talmud (Yerushalmi, Rosh haShaná 1:1) corretamente afirma que os judeus
tomaram os nomes dos meses durante o período do exílio babilônio.”
                                                                                                  (Enciclopédia judaica)

1A - Comprovando a influência no calendário.

De fato o nome dos meses do calendário judaico tradicional, é uma adaptação dos nomes dos meses babilônios, os quais são consagrados cada um ao seu respectivo deus como podemos ver abaixo:

Mês do Ano  *Deus Babilônio Homenageado* *Mês Babilônio*  *Mês Farisaico*
    1                                     Anu                                             Nissanu                 Nissan
    2                                     Ea                                                  Ayaru                      Iyar
    3                                     Sin                                                Simanu                   Sivan
    4                                  Tamuz                                             Du’uzu                   Tamuz
    5                                    Abzu                                                 Abu                          Av
    6                                     Elil                                                   Ululu                       Elul
    7                                   Ishtar                                              Tasritu                    Tishrei
    8                                 Marduk                                        Arachsamna          Marcheshvan
    9                         Lahmu e Lahamu                                   Kislimu                     Kislev
   10                                    Utu                                                 Tebetu                     Tevet
   11                                  Sebiti                                                Sabatu                    Shevat
   12                                   Adad                                                 Adaru                       Adar

Este detalhe é muito relevante se considerarmos o fato deste calendário estar totalmente comprometido com a idolatria babilônica, seria possível haver tal incongruência? O Eterno permitiria tal referência a seu povo se Ele mesmo condena a idolatria? Pense nisso!
Como se não bastasse esta evidente influencia, outro aspecto do calendário judaico atual revela um sincretismo gravíssimo, nos referimos ao início do ano no sétimo mês. Vejamos o que a Torah nos fala sobre o início do ano:

“E falou o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo:
Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano.”  (Shemot/Êxodo 12:1-2)

O mês em questão, é o mês que se inicia a primavera (HaAviv) no hemisfério norte, quando a cevada floresce, o que acontece entre os meses de Março e Abril no calendário gregoriano. Sendo assim, de onde vem a idéia de se celebrar o ano novo judaico no sétimo mês deste calendário?
Na obra “Tablettes sumériennes de Suruppak” de R. Jestin temos a informação de que em Ur dos caldeus, celebrava-se um festival duas vezes por ano, no primeiro e no sétimo mês, ligado ao plantio e colheita da cevada, este festival era conhecido como “Akitu” que era dedicado ao deus supremo “Marduk” e que poderia ser considerado como festival do ano novo. Logo, não é difícil concluirmos de onde surgiu a prática de celebrar o novo ano no sétimo mês, Bavel.

1B - Kabalah, mística babilônia adotada pelos judeus exilados.

É bem provável que este seja o aspecto mais fascinante do judaísmo, capaz de atrair pessoas dos mais diversos seguimentos, pois a forte inclinação pelo oculto que existe nas pessoas faz com que estas mergulhem de cabeça nos conceitos cabalísticos, que são intitulados como sabedoria oculta da Torah, quando na verdade a própria Torah diz justamente o contrário! Vejamos:

“As coisas encobertas pertencem a YHWH nosso Elohim, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” (D’varim/Deuteronômio 29.29)

“Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires.” (D’varim/Deuteronômio 30:11-14)

Além do mais, o que era segredo, o que estava oculto foi revelado:

“O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos; Aos quais Elohim quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é o Mashiach/Cristo em vós, esperança da glória;” (Colossayah/Colossenses 1.26-27)

Para maiores informações e aprofundamento no assunto, sugiro a leitura do seguinte texto:
“Cabalá: Judaísmo antigo ou misticismo pagão”

Diante do exposto até aqui, podemos entender o porquê das advertências dos profetas ao povo, devido a estas influências:

“Porque Israel e Judá não foram abandonados do seu Elohim, de YHWH  Tseva’ot, ainda que a sua terra esteja cheia de culpas contra o Santo de Israel.
Fugi do meio de Babilônia, e livrai cada um a sua alma, e não vos destruais na sua maldade; porque este é o tempo da vingança do SENHOR; que lhe dará a sua recompensa. Babilônia era um copo de ouro na mão do SENHOR, o qual embriagava a toda a terra; do seu vinho beberam as nações; por isso as nações enlouqueceram.”
(Yirmeyahu/Jeremias 51:5-7)

2 – Bavel na concepção Cristã.

Embora o cristianismo interprete equivocadamente que a igreja viva independente de Israel, ele se contradiz quando assume explicitamente que Bavel é a responsável pela corrupção espiritual dos cristãos, fazendo uso de textos como Guilyana/Apocalipse 18.1-4 para fundamentarem seus argumentos:

“E depois destas coisas vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra foi iluminada com a sua glória. E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável.
Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias.
E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas.”
(Guilyana/Apocalipse 18:1-4)

Os cristãos evangélicos, de um modo geral, afirmam que a Babilônia citada em Guilyana/Apocalipse, se refere a Roma e, consequentemente, a Igreja Romana, isentando, desta forma, os protestantes. No entanto, por mais que neguem, os protestantes não só reconhecem a autoridade da Igreja Católica como também se submetem a ela, abaixo listaremos algumas evidências deste fato:

a)      Ao reconhecer o domingo como o dia do Senhor, pois foi Roma que efetuou esta mudança.
b)     Ao batizar em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, pois esta fórmula não foi ordenada pelo Senhor e nem utilizada pelos primeiros emissários. O texto utilizado como base para esta fórmula (Mat. 28.19) é um acréscimo reconhecido pelos acadêmicos.
c)      Ao celebrar a páscoa (Pessach) na data cristã, pois desde o concílio de Nicéia (325 d.C) é celebrada em outra data, diferente daquela estabelecida pelo Eterno.
d)     Ao dizer que o ano termina em Dezembro e inicia-se em Janeiro, quando o Eterno estabeleceu o início do Ano na Primavera (HaAviv) no hemisfério norte (Ver Shemot/Êxodo 12)
e)      Ao dizer que o Mashiach/Cristo nasceu em 25 de Dezembro, data da celebração do Mitraísmo.

Muitas outras evidências poderiam ser apresentadas, mas por questões de brevidade citamos apenas estas.

Como podemos ver, Bavel está presente tanto no cristianismo quanto no judaísmo é este espírito que a séculos têm corrompido a Fé de milhares de pessoas, misturando, confundindo e corrompendo.

Evidências da semelhança.

Quando recorremos à história, podemos encontrar diversos registros de ambos os seguimentos que demonstram o quanto estão ligados, a forma como se posicionam ante as escrituras e como se julgam perante os demais, não deixa dúvidas quanto ao caráter de suas origens, vejamos:

No final de sua vida, o Talmude nos diz, rabino Yochanan ben Zakkai estava aos prantos. Seus discípulos vieram até ele e disseram:

 "Oh grandioso mestre, porque você está chorando? Porque é que a sua alma esta em perigo?" E Rabbi Yochanan ben Zakkai disse: "Estou prestes a encontrar com HaShem – (O Eterno) - abençoado seja Ele, e diante de mim vejo dois caminhos: um líder para o Paraíso e o outro líder para o (inferno) e não sei qual o caminho que Ele me sentenciará".

 O fundador do judaísmo Rabínico admitiu que ele não tinha absolutamente nenhuma garantia de salvação. Ele disse que não sabia se iria para Elohim ou para o “inferno” por aquilo que ele fez, no final de sua vida ele estava apavorado, pois iria morrer. Agora compare isso com a expressão de um daqueles que ocupou o lugar da maior autoridade do cristianismo, o Papa Marcelo II:

“Dificilmente um papa escaparia do inferno”
(Vita Del Marcelo, página 132).

O Papa Inocêncio III disse que o Papa é:

 “... superior ao homem. É juiz de todos, mas não é julgado por ninguém”

O Talmude é o livro mais sagrado do judaísmo (na verdade uma coleção de livros) têm uma citação semelhante a do Papa Inocêncio III. No judaísmo sua autoridade tem precedência sobre o Antigo Testamento. A evidência dessa precedência pode ser encontrada no próprio Talmude, Erubin 21b (edição de Soncino):

 “Filho meu, tenha mais cuidado em observar as palavras dos escribas do que as palavras da Torah (Antigo Testamento)."

O papa Leão XIII asseverou em 1894: 
“Ocupamos nesta terra o lugar do Elohim santo”
(Será Mesmo Cristão o Catolicismo? Hugh P. Jeter, Editora Betel, 2ª Edição de 2000, página 50).

Semelhantemente, o Talmud (Tratado Baba Metzia 59b) relata o episódio de uma grande disputa entre Rabi Eliezer e os Sábios de Israel a respeito da capacidade de um recipiente em especial de tornar-se tamê. A própria Torá apresenta o princípio fundamental que em caso de disputa devemos regulamentar de acordo com a maioria.

    Rabi Eliezer foi enormemente derrotado, mas recusou-se a ceder terreno. Tão convencido estava de que a lei seguia sua opinião que começou a solicitar meios sobrenaturais para consolidar seu ponto de vista, e declarou: "Se a lei é como eu, que o rio corra para cima!"

    Com certeza, o rio mudou seu curso e a água subiu corrente acima. O restante dos sábios rejeitou friamente sua exposição, dizendo: "Não se pode citar evidência legal baseado em riachos!" Rabi Eliezer continuou a trazer provas sobrenaturais, todas rejeitadas pelos sábios da mesma maneira. Finalmente, em desespero de causa, Rabi Eliezer disse: "Se a lei é como eu, que uma voz venha dos céus para confirmar isso!"

    Como para aproveitar a deixa, uma voz celestial foi ouvida, dizendo: "Por que discutem com Rabi Eliezer? Com certeza ele está certo!" Nesta altura, Rabi Yehoshua (a força liderante por trás da discordância) levantou-se e proclamou: "A Torá não está mais nos céus (referindo-se aos versículos acima citados); foi confiada aos sábios de Israel e nós, a maioria, decretamos que a halachá está de acordo conosco."

Ou seja, no relato acima até o Criador se submeteu a deliberação de Rabi Eliezer... Que absurdo!

Considerações finais.

Este artigo não teve a ambição de esgotar os argumentos que justificam a proposta do título, mas instigar o leitor a examinar as escrituras sagradas sem uma teologia pré concebida, despojado de tendências imparciais, vasculhando registros históricos aproximando-se da verdade dos fatos, para que possa desenvolver um a Fé genuína e não um conjunto de dogmas segundo a cosmovisão de um determinado grupo.

Shavua Tov L’Kulam!!

(Boa Semana para Todos!!)


domingo, 13 de maio de 2012

A Mula “sem cabeça.”


Por Yochanan ben Avraham

Introdução.

Ao ler o título acima, pode-se pensar que o presente texto se refira à personagem do folclore brasileiro, no entanto, o assunto é outro, pois este artigo pretende explicar uma expressão bíblica muito citada e conhecida pelos cristãos, mas que, geralmente, é apresentada desconectada de seu contexto histórico, criando um conceito que não pode ser sustentado pelas escrituras. Estamos nos referindo a expressão descrita em Colossenses 1.18, a qual diz que o Mashiach(Cristo) é o cabeça da igreja.
No decorrer das linhas deste artigo, poderemos ver que “mula sem cabeça” é um título bem apropriado a determinados seguimentos que reivindicam o status de corpo.

Conhecendo o autor da carta.

A carta aos colossenses é de autoria de Sha’ul (Paulo), emissário de Yeshua aos gentios e foi escrita entre os anos 60 – 64 d.C, e conforme dissemos em outro estudo (ver http://kehilahbeitchessed.blogspot.com.br/2011/10/iniciando-caminhada-1-parte.html), os emissários de Yeshua por meio de seus discursos e cartas, ensinavam suas lições de acordo com o que diziam as escrituras que possuíam, ou seja, tudo o que diziam deveria estar pautado na Lei e nos Profetas, que era o conjunto de livros que possuíam! O qual é conhecido atualmente como “Velho Testamento”. Este fato pode ser comprovado quando lemos as epístolas destes mesmos emissários e outros textos do chamado “Novo Testamento”, vejamos alguns deles:

“Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.” (2 Timóteo 4.13)

Aqui vemos o próprio Sha’ul (Paulo), solicitando a seu talmid (discípulo) Timóteo, que este lhe trouxesse aquilo que, obviamente, fundamentava suas cartas.

“Mas confesso-te isto que, conforme aquele caminho que chamam seita, assim sirvo ao Elohim de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas.”
(Ma’assei/Atos 24.14)

Neste texto, vemos qual era a Fé de Sha’ul e, consequentemente, a “mola propulsora” de suas ações, a Lei e os Profetas. Mais uma vez temos confirmado o princípio que regia o ensinamento deste homem.

“(...) estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. De sorte que creram muitos deles, e também mulheres gregas da classe nobre, e não poucos homens.” (Ma’assei/Atos 17.11-12)

Neste relato fica evidente que, a maior virtude que alguém que se diz crente nas palavras do Senhor pode ter, é verificar se um ensinamento apresentado, seja por quem for, está em conformidade com a Torah e os Profetas.

Sobre o quê Sha’ul (Paulo) estava falando em colossenses 1.18?

Bem... Se o que era escrito pelos emissários devia estar respaldado pela Torah e os Profetas (Velho Testamento), de onde surgiu o conceito ou idéia de “cabeça da igreja”?
Em primeiro lugar, devemos lembrar que o termo “igreja” vem do grego “ekklesia”, que por sua vez é a tradução do hebraico “Kehilah” ou “kahal”, termos que são utilizados para designar congregação ou assembléia como podemos verificar em Vayikrá/Levítico 8.3 em seu idioma original. Neste caso, devemos informar que a “ekklesia” foi, é e sempre será “Am Israel” (Povo de Israel) enquanto este guardar a Aliança de seu Elohim.
É importante dizermos que nas Bíblias editadas na língua portuguesa, o texto de Ma’assei/Atos 7.38, a palavra “ekklesia” foi traduzida como assembléia e congregação, mas nunca como “Igreja”! O que não ocorre no restante dos textos, onde “ekklesia” é sempre traduzida como igreja. Esta imparcialidade na tradução nos faz pensar se alguém (humano?) estaria por trás desta discrepância, já que ao omitir este fato, dá  margem para a hipótese de haver uma “igreja” que não seja Israel, o que está longe de ser uma verdade já que o chamado “Novo Testamento” afirma categoricamente que aqueles que recebem ao Mashiach (Cristo) são enxertados na Oliveira (Israel), como constatamos em Ruhomayah/Romanos 11 e passam a fazer parte deste povo, que só pode ser povo enquanto andar de acordo com a Lei do Eterno, a sua santa Torah!

Isto posto, vamos agora entender sobre o que Sha’ul (Paulo) estava falando:
Na verdade, Sha’ul estava de certa forma, parafraseando a profecia de Oshea/Oséias, onde a restauração do Reino de Israel é anunciada, quando Efraim (10 tribos do norte) e Yehudah (duas tribos do sul) voltarão a ser um só povo sob a legislação de um único líder (Rosh/cabeça), vejamos o texto:

 “E os filhos de Judá e os filhos de Israel juntos se congregarão, e constituirão sobre si uma só cabeça, e subirão da terra; porque grande será o dia de Jizreel.” (Oshaea/Oséias 1:11)

Para ser mais específico, quando as escrituras dizem que o Mashiach (Cristo) é a cabeça, o corpo não pode ser outro senão Israel! Pois a missão do Mashiach (Cristo) é reunir os dispersos (ovelhas perdidas) da casa de Israel (ver Mat.15.24). Não podemos aceitar a idéia de que um corpo separado de Israel possa viver, pois o próprio Sha’ul (Paulo) escrevendo aos efésios declarou esta verdade, vejamos:

“Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens;
Que naquele tempo estáveis sem Mashiach (Cristo), separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Elohim no mundo.
Mas agora em Yeshua HaMashiach, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue do Mashiach chegastes perto.” (Efessayah/Efésios 2:11-13)

Sem nos esquecermos que a fonte das cartas de Sha’ul era o “Velho Testamento”, a conclusão que apresentamos acerca de quem é o corpo do mashiach chega a ser obvia, a saber, Israel.

Quem ou o quê, então, seria a “mula sem cabeça”?

Segundo as escrituras sagradas, nenhuma pessoa ou instituição que não estiver por meio do Mashiach, ligadas ao Eterno observando as Leis (Torah) do Seu Reino, poderá fazer parte do seu corpo (Ver Yochanan/João 15). Por isso, podemos dizer que Yeshua não é a cabeça de um corpo que não observa a Torah, e um corpo sem cabeça não pode ser nada além do que um folclore...

Shavua tov l’kulam!
(Boa semana a todos!)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Iniquidade disfarçada


Por Yochanan ben Avraham

Ha Satan (o adversário), está empenhado em impedir que as pessoas conheçam o Caminho do Senhor, por isso ele se infiltra nas religiões acrescentando ou tirando palavras ao texto sagrado, impedindo, desta forma, que se conheça a boa, perfeita e agradável vontade de nosso Adon (Senhor), que é a de que sejamos salvos e conheçamos a verdade (I Tm. 2.4).

Um dos sinais do fim dos tempos, preditos por Yeshua, que menos chama atenção das pessoas é a multiplicação da iniqüidade (Mat. 24.12), este mal será responsável pelo esfriamento do amor e o amor é o combustível para o cumprimento da Lei do Eterno, pois o próprio Yeshua ensinou que se o amamos guardamos os seus mandamentos (Yochanan/João 14.15).

Afinal, o que é iniqüidade?
Primeiramente, precisamos saber qual é o idioma original do texto em questão, pois um dos grandes erros cometidos por aqueles que estudam (ou pelo menos dizem estudar) as escrituras, é se basear em traduções que, geralmente, estão adaptadas a um conceito pré-estabelecido.
Para a grande maioria, o chamado “Novo Testamento” foi escrito originalmente em grego, mas existe um número considerável que defende uma origem aramaica, por isso devemos examinar tanto uma como outra fonte para chegarmos a um denominador comum, Vejamos:

Para os que defendem o grego como fonte original, a palavra para iniqüidade é “Anomia” que dá a idéia de negação da Lei, pois “nomos” (Lei) com o alfa (primeira letra do alfabeto grego) como partícula negativa (sem) no início da palavra forma literalmente “Sem Lei”.

Para os que defendem o aramaico, a palavra utilizada para iniqüidade é “Eola” que, assim como a grega “anomia”, significa “violação da Lei”

Diante destas coisas, a pergunta que não quer calar é a seguinte:
Se tanto o grego quanto o aramaico afirmam que iniqüidade é violação da Lei, contrário a lei, sem Lei e outras similaridades, qual é então a Lei que está sendo rejeitada? Responda a você mesmo.

De que forma a iniqüidade começou a ser aceita dentre aqueles que dizem seguir a Yeshua e servir ao Senhor?
Para responder a pergunta acima, leiamos o que disse Yehudah (Judas) em sua epístola:

“Pois certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes são ímpios, e transformam a graça de nosso Elohim em libertinagem e negam Yeshua HaMashiach, nosso único Soberano e Senhor”. (Yehudah/Judas 1:4)

Para os cristãos, tanto católicos quanto evangélicos, há um entendimento equivocado sobre a Graça do Senhor, pois interpretam Yochanan/João 1.17 de uma forma, como se a Graça passou a vigorar a partir de Yeshua, mas não é isso o que as escrituras dizem! (sugerimos ao caro leitor deste artigo, que leia neste mesmo blog o texto: “Caindo da Graça?”, para que se compreenda o sentido de “Graça” segundo as escrituras.)

Outra faceta da iniqüidade engendrada por ha satan
A astúcia do adversário também pode ser percebida no “famoso” conceito das “Leis Noéticas”, ou seja, uma suposta Lei dada pelo Eterno a Noach (Noé) para todos aqueles que não são judeus, que consiste em obedecer (segundo o tratado sanhedrin do talmud bavli) os seguintes mandamentos:

*Não cometer idolatria
*não cometer blasfêmia
*Não cometer assassinato
*Não cometer imoralidade sexual
*Não roubar
*Não comer carne de animal vivo
*Estabelecer sistemas jurídicos

Todas estas ordenanças foram codificadas aproximadamente no Sec. V. o que é bem posterior a própria Mishnah (Séc.II - primeira obra importante do judaísmo rabínico e fonte central do pensamento judaico posterior. É a forma escrita da tradição oral judaica, conhecida como Torá oral). Ou seja, mesmo na tradição rabínica não havia este pensamento, que impede o estrangeiro de se aproximar do Criador e suas instruções! Agora compare isso com o que a Torah e os Profetas dizem:

 “Uma mesma Torah e um mesmo direito haverá para vós e para o estrangeiro que peregrina convosco.” (Bamidbar/Números 15:16)

Se fomos enxertados em Israel por meio de Yeshua, conforme escreveu Sha’ul (Paulo) em Ruhomayah/Romanos 11, devemos atentar para estas palavras!

“E não fale o filho do estrangeiro, que se houver unido a YHWH, dizendo: Certamente YHWH me separará do seu povo... E aos filhos dos estrangeiros, que se unirem a YHWH, para o servirem, e para amarem o Nome de YHWH, e para serem seus servos, todos os que guardarem o Shabat, não o profanando, e os que abraçarem a minha aliança...” (Yeshayahu/Isaías 56:6)

Se alguém ensina que o estrangeiro não deve guardar a aliança de Elohim, ele está contrariando as escrituras como podemos ver ainda no Profeta Zecharyah/Zacarias as seguintes palavras:

“E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Yerushalayim, subirão de ano em ano para adorar o Rei, YHWH dos Exércitos, e para celebrarem a festa de Sukot.” (Zechariyah/Zacarias 14:16)

Se para os estrangeiros só cabem as “leis noéticas” como é que o Eterno exigirá a adoração de todas as nações em Chag Sukkot (festa das tendas)?

Outro texto interessante, que indica o ensinamento da Torah na íntegra, está em Ma’assei (Atos) 16. 20 e 21:

 “E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade e nos expõem costumes que não nos é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos.” (Ma’assei/Atos 16:20-21)

Podemos perceber o seguinte na leitura deste capítulo que, em um shabat (sábado), como de costume, os emissários ensinavam a Palavra do Senhor (não havia um novo testamento, portanto é obvio que o que eles ensinavam era a Torah!) e ao ensiná-la os homens (romanos) se sentiram constrangidos em adotar um “estilo de vida judaico”, logo, fica evidente nas entrelinhas deste episódio, que não havia uma distinção como é sugerida pela pretensa “Lei noética”.

Percebemos então que este conceito, nada mais é um ardil do adversário para que a iniquidade se multiplique e o cumprimento da Torah se apague entre os homens.
Resta-nos decidir a quem devemos ouvir... se aos homens e suas tradições ou ao Eterno e sua palavra.

Chessed v’Shalom lekulam!
(Graça e Paz para todos!)