sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Mashiach na casa de Yosef.





Por Yochanan ben Avraham


A restauração de "Israel Malchut"  (Reino de Israel) tem na história de Ya'akov (Israel) e seu filho Yosef, uma perfeita demonstração de como ela ocorrerá. Há diversos  elementos desta profecia tipificada no relato deste momento da história destes importantes personagens que revelam como será o processo de redenção de "Am Israel" (povo de Israel) e a restauração do seu Reino.
Na sedrá desta semana, temos mais uma revelação de como seria a vinda do Mashiach e quem seriam os primeiros a reconhecê-Lo, leiamos Bereshit 46.28:

ואת יהודה שלח לפניו אל יוסף להורת לפניו גשנה ויבאו ארצה גשן

(Veet Yehudah shalach lifanaiv el Yosef lihorot lifanaiv goshna va iavo u'aretz Goshen)


"E enviou Yehudah adiante de si a Yosef, para o encaminhar a Góshen; e chegaram à terra de Góshen."


Para compreendermos a profecia contida nestas palavras, precisamos identificar os tipos aqui presente, são eles:


* Ya'akov = Elohim
* Yehudah = Mashiach
* Yosef = Efraim (10 tribos)

Os significados destes tipos demonstram que Elohim enviaria o Mashiach (um descendente de Yehudah, da linhagem de David), pois a realeza da casa de David (que era da tribo de Yehudah), subsistirá para sempre (Sh'muel beit/II Samuel 7.16), aos dispersos de Israel (também conhecidos como Efraim ou casa de Yosef) conforme podemos verificar em Yechezkel/Ezequiel 37.16.
Como já dissemos em outra Sedrá, com a divisão do Reino de Israel em 921 AEC, as dez tribos do norte constituiu-se em um reino paralelo à casa de David (Reino do Sul, Yehudah), estabelecendo para si uma capital (Shomeron/Samaria), um rei (Yerovam/Jeroboão I) e novos locais de sacrifícios e adoração (Beit El e Dã).
Com a captura de shomeron  por parte dos assírios em 721 AEC, houve uma assimilação destes israelitas pelos costumes estrangeiros ao ponto deles serem considerados pelos seus irmãos yehudim (judeus) como estrangeiros. A assimilação foi tão grave que eles foram considerados pelo próprio Elohim como "Lo ami" (não é meu povo) ver Oshea/Oséias 1.1-9). Mas, conforme a profecia de Moshe/Moisés em D'varim/Deuteronômio 32.21, aquele que era considerado como "não é meu povo", seria recebido como povo de Elohim... De fato, o profeta Oshea/Oséias aborda este assunto, trazendo-nos uma linda profecia de restauração do Reino de Israel, fazendo com que voltasse a ser como ele havia sido outrora, nos tempos de David e Sh'lomo, ou seja, Yehudah e Efraim unidos sob um cabeça, um único Rei, o Mashiach! (Ver Oshea 1.10 ou 2.1 na bíblia de Jerusalém.)
Comparemos isso com com as palavras do mashiach ben Yosef, (Yeshua) nas bessorot (boas novas) de Yochanan/João 1.12 e Matitiyahu/Mateus 15.24. Sintetizando estes dois textos, temos o seguinte:

Esta etapa da vinda do Mashiach era unicamente para os dispersos da casa de Israel, que ao recebê-Lo, conforme predito por Oshea passariam a ser chamados de Filhos!


Desde o princípio Elohim têm revelado que antes de revelar o Mashiach a Yehudah, a casa de Yosef o reconheceria primeiro, embora muitos ainda o veja como "Tsafnat Paaneach" (Jesus), boa parte já o enxerga como Yeshua, o Judeu que cumpriu e ensina a Torá, e não o inventor de uma religião.
 Agora, pensemos um pouco: Será que Yeshua, com toda a sua sabedoria, todo o seu conhecimento e todo o seu poder, não seria capaz de convencer a casa de Yehudah de que Ele era o Mashiach? É claro que sim! No entanto, há um propósito para isso, o qual o emissário Sha'ul (Paulo) explica com muita propriedade. (Ler Ruhomayah/Romanos 11.25).
Esta "plenitude de gentios" nada mais do que Efraim, que se misturou com as nações e perdeu sua identidade, sua fé e seu Elohim, mas a infinita misericórdia de Adonai pelo seu povo o traria de volta...É importante dizer que "Plenitude de Gentios" também pode ser entendido como multidão de nações, e esta é justamente a Brachá (benção) dada por Ya'akov a seu neto Efraim, onde ele afirma que este seria "me'lo ha goyim" (Bereshit/Genesis 48.19)

Shabat Shalom a todos!!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Yossef, a restauração do reino de Israel e a Missão do Mashiach.

Por Yochanan ben Avraham

Introdução:

O perek (capítulo) 42 de Bereshit (Gênesis), relata o primeiro encontro de Yossef com seus dez irmãos após a conspiração destes contra sua vida. Pela primeira vez Yossef estava frente a frente com seus algozes depois de quase duas décadas.
Este episódio é, sem a menor dúvida, um dos momentos mais tensos e emocionantes de toda escritura sagrada...E como se não bastasse isso, é um relato repleto de simbolismos e sinais acerca de restauração do reino de Israel e da missão do Mashiach ben Yossef.
Iremos expor ao longo deste comentário os aspectos proféticos desta passagem e uma lição prática a ser aprendida por todos nós.


Yossef e a futura restauração do reino de Israel.

É do conhecimento de todos (ou quase todos) estudantes da bíblia, que o reino de Israel era formado pela reunião de suas doze tribos, sob o governo de um cabeça, um único rei que governaria e legislaria de acordo com os preceitos de Elohim revelados na Torá. Isso de fato ocorreu de maneira literal quando David ha Melech subiu ao trono, como podemos constatar em Sh'muel beit (II Samuel):

"Então todas as tribos de Israel vieram a David, em Hebrom, e falaram, dizendo: Eis-nos aqui, somos teus ossos e tua carne.
E também outrora, sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o SENHOR te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel, e tu serás príncipe sobre Israel.
Assim, pois, todos os anciãos de Israel vieram ao rei, em Hebrom; e o rei David fez com eles acordo em Hebrom, perante o SENHOR; e ungiram a David rei sobre Israel.
Da idade de trinta anos era David quando começou a reinar; quarenta anos reinou.
Em Hebrom reinou sobre Yehudah sete anos e seis meses, e em Yerushalayim reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Yehudah."  Sh'muel beit (II Samuel) 5:1-5

No ano 921 AEC o reino de Israel se dividiu em dois, conforme podemos constatar no livro de Melachim alef (I Reis) capítulos 11 e 12. Esta divisão fez surgir o reino do sul, conhecido como Yehudah (Judá), que era formado pelas tribos de Yehudah e Biniamin (Benjamin). Enquanto isso, no norte de eretz Israel (Terra de Israel) era estabelecido o reino de Israel, formado pelas dez tribos restantes, que também era conhecido como Efrayim.

As Dez tribos do norte, após sua "independência", seguiu sua vida paralelamente com o reino de Yehudah, estabeleceu sua capital (Shomeron/Samaria) seu próprio local de adoração (Beit El) e seus próprios reis. Este reino, não teve uma longa duração, pois após duzentos anos de "independência" em 721 AEC, foi tomado pelos assírios em decorrência de suas transgressões aos estatutos do Eterno. A partir deste momento, os israelitas ( ou efraimitas), em sua grande maioria foram assimilados pela nação invasora, perdendo sua identidade, sua fé e sua cultura. Alguns destes efraimitas fugiram e conseguiram se estabelecer no reino do Sul, Yehudah.
Estas Dez tribos são conhecidas historicamente como as "ovelhas perdidas da casa de Israel", havendo, inclusive, discussões rabínicas sobre o paradeiro destas tribos e mesmo se elas um dia voltariam. Vejamos as seguintes citações da Mishná em Sanhedrin 110b:

"As Dez Tribos não retornarão como foi dito (Nitsavim 29:27) 'E Ele os jogou a uma terra diferente como este dia'. Assim como o dia passa e jamais voltará, eles também serão exilados para nunca mais voltarem". Estas são as palavras de Rabi Akiva.

"Rabi Eliezer disse: 'Assim como o dia é seguido pela escuridão, e a luz mais tarde retorna, assim também ficará 'escuro' para as Dez Tribos. O Eterno por fim os tirará de suas trevas.'"


 "Rabi Shimon ben Yehudá de Kfar Ako diz em nome de Rabi Shimon: 'Se seu comportamento continuar da maneira que é hoje (este dia) eles (Efrayim) não retornarão. Se eles se arrependerem, na certa retornarão.'" (grifo meu)

No entanto, apesar das discussões rabínicas, há uma profecia anunciada e reeditada a cada geração, que estas dez tribos retornarão um dia! Vejamos uma delas:

"Porque os filhos de Israel ficarão por muitos dias sem rei, e sem príncipe, e sem sacrifício, e sem estátua, e sem éfode ou terafim.
Depois tornarão os filhos de Israel, e buscarão a YHWH seu Elohim, e a David, seu rei; e temerão a YHWH, e à sua bondade, no fim dos dias." Oshea (Oséias) 3:4-5

Sobre o fato das dez tribos serem conhecidas como as ovelhas perdidas de casa de Israel, vejamos as palavras de Yeshua em Matitiyahu (Mateus) 15.24:

"E ele (Yeshua), respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel."

Diante disso, fica fácil entender o porque Yehudah não o recebeu, pois não era sua hora...


Semelhanças impressionantes!

Muitos rabinos e comentaristas do passado, chegaram a conclusão que a vida de Yossef representava e apontava para a obra do Mashiach. Ou seja, os eventos ocorridos na vida de Yossef seriam sinais para o povo israelita de como seriam os passos do Mashiach.Tanto é verdade, que nesta etapa da missão messiânica Ele, o Mashiach, foi identificado como "Mashiach ben Yossef" (Messias filho ou descendente de Yossef). Vejamos alguns paralelos:

Bereshit 42.3 = Zecharyah 8.23

"Então desceram os dez irmãos de Yossef, para comprarem trigo no Egito."

"Assim diz YHWH Tsevaot: Naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla das vestes de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Elohim está convosco."

Da mesma forma que os dez irmãos de Yossef desceram ao Egito e encontraram seu irmão, as dez tribos "desceram ao mundo" e encontraram ao Mashiach.

Bereshit 42.4 = Ruhomayah 11.25

"A Biniamin, porém, irmão de Yossef, não enviou Ya'akov com os seus irmãos, porque dizia: Para que lhe não suceda, porventura, algum desastre."

"Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios (Efrayim) haja entrado."


Da mesma forma como parte (Biniamin) da casa de Israel (Ya'akov) não foi a Yossef, parte do povo de Israel não "desceu" à Yeshua. Percebam que foi justamente a parte do Reino do Sul (Yehudah) que não desceu.

Bereshit 42.5 = Oshea 7.8

"Foram, pois, os filhos de Israel comprar mantimento, misturados com outros forasteiros, por que a fome assolava a terra de Canaã."

"Quanto a Efraim, ele se mistura com os povos; Efraim é um bolo que não foi virado."

Da mesma forma que os filhos de Ya'akov (Israel) estavam misturados com os forasteiros, Muitos dos filhos de Israel estão misturados entre as nações estrangeiras.

Bereshit 42.8 = Oshea 5.3 e Lucas 19.44

"Yossef, pois, reconheceu seus irmãos, mas eles não o reconheceram."

"Eu conheço a Efraim, e Israel não se me esconde; porque agora te tens prostituído, ó Efraim, e Israel se contaminou."

“... e te derribarão a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo da tua visitação."

Assim como Yossef reconhece seus irmãos, o Mashiach reconhece os seus e os resgatará, e da mesma forma como os irmãos de Yossef não o reconheceram no primeiro encontro, os irmãos de Yeshua (Yehudim/Judeus) também não reconheceram Yeshua como o Mashiach de Israel. Sobre este fato. Gaon de Vilná escreveu algo bem interessante, vejamos:

"Yosef reconheceu seus irmãos, mas eles não o reconheceram". Este é um dos atributos de Yosef HaTzaddik, zs'l. Não apenas em sua geração, mas em cada geração, Mashiach ben Yosef reconhece seus irmãos mas eles não o reconhecem. Isto é um ato do Satan (a contra inteligência) que esconde atributos Mashiach ben Yosef, de modo que os judeus, infelizmente, não reconhecem seus passos, e nem o reconhecem como Mashiach e ainda fazem chacota dele. Em cada geração Mashiach Ben Yosef se revela para alguns do seus irmãos, mas eles não creem nele. Eles o agridem com palavras e fazem piada dele. Mashiach Ben David não pode aparecer (ser despertado) até Mashiach Ben Yossef seja revelado..."

Bereshit 42.17 = Oshea 6.1 e 2

"E meteu-os juntos na prisão por três dias."

"Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará; fez a ferida, e no-la atará.
Depois de dois dias nos ressuscitará: ao terceiro dia nos levantará, e viveremos diante dele."

Assim como somente após o 3º dia os filhos de Ya'akov (Israel) seriam libertos, somente após o terceiro dia (em termos proféticos) Israel retornará a vida. Ou seja, esse terceiro dia se refere a restauração do reino de Israel, sendo anunciado através da visão do vale dos ossos secos e lembrado pelo sh'liach Sha'ul em Ruhomayah (Romanos) 11.15.


Perdendo a audição.

Uma revelação muito importante para se entender porque a maioria dos yehudim (judeus) não deram (e ainda não dão) ouvidos ao chamado de Yeshua à Teshuvá (arrependimento), pode ser entendido quando atentamos bem para o fato de que os eventos ocorridos com Yossef anuncia o que ocorreria com o Mashiach e com Israel. Um destes eventos, que poucos perceberam é a prisão de Shimon. Vejamos o que está por trás disto:
O nome Shimon, segundo filho de Ya'akov, vem da mesma raiz de Shema (ouvir). Este nome lhe foi dado porque sua mãe Leah acreditava que o Eterno"ouviu" que ela não era amada por Ya'akov.
Quando Shimon foi preso por Yossef, a Torá está nos dizendo de maneira simbólica, que os irmãos do Mashiach ben Yossef (Yeshua) não iriam ouví-lo,  Ou seja, estariam com sua audição "presa". De fato, o Tanach corrobora com este detalhe, vejamos:

"Então voou para mim um dos serafins, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;
e com a brasa tocou-me a boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado o teu pecado.
Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.
Disse, pois, ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis.
Engorda o coração deste povo, e endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os olhos, e ouça com os ouvidos, e entenda com o coração, e se converta, e seja sarado."
(Yeshayahu/Isaías 6:6-10)

"Anunciai isto na casa de Jacó, e proclamai-o em Judá, dizendo:
Ouvi agora isto, ó povo insensato e sem entendimento, que tendes olhos e não vedes, que tendes ouvidos e não ouvis"
(Yirmeyahu/Jeremias 5:20-21)

Agora compare isso com o que está registrado em Ma'assei ha Sh'lichim (Atos dos emissários) 7.57:

"Então eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele..."

Os nossos irmãos yehudim precisam saber que, não querer ouvir as palavras de Yeshua, não mudará o fato de que Ele era Mashiach ben Yossef! E que só se manifestará como ben David, quando se reconhecerem culpados, (o que não ocorreu no primeiro encontro) conforme predito por Oshea, vejamos:

"Irei, e voltarei para o meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles aflitos, ansiosamente me buscarão."
(Oshea/Oséias 5:15)


O favor de Yossef e a graça do Mashiach.

Outro aspecto do Mashiach ben Yossef revelado neste perek (capítulo), está no favor concedido por Yossef. Poderemos ver que quando seus irmãos perceberam que os mantimentos trazidos do Egito não foram cobrados, eles ficaram aterrorizados e temeram uma represália por parte dos egípcios.
Da mesma forma, muitos acreditam que obterão "favores" do Senhor por terem "pago" o preço. Esta concepção equivocada da relação entre o Criador e os homens, têm sido a causa de muitas frustrações. É justamente contra esta concepção equivocada que Sha'ul  (Paulo), combateu usando uma analogia entre Hagar ( a escrava) e Sarah (a livre). Ele explica que aqueles que pensam que podem herdar a salvação por meio das obras da Lei são escravos. Pois a salvação é pela Graça mediante a Fé (Efessayah/Efésios 2.8-10). Contudo, é importante frisarmos que esta liberdade não deve ser confundida com licenciosidade, pois o mesmo Sha'ul ensina que não devemos usar nossa liberdade para darmos ocasião à carne (Galutyah/Gálatas 5.13), pois muitos sob o pretexto de liberdade se entregam às paixões alegando a abolição da Lei, porém, devemos nos lembrar que inclinação da carne é insubordinação a Lei de YHWH. (Ruhomayah/Romanos 8.7).
Yeshua ensinou que seu fardo é leve e seu jugo é suave (Matitiyahu/Mateus 11.30), isso contrastava com os ensinos p'rushim (farizeu) os quais eram pesados demais para o povo (vide Ma'assei/Atos 15.10) que foi induzido a acreditar que sem as obras da lei não poderiam se salvar! Entretanto, para que não haja dúvidas, o que era pesado não era a Torá (ver D'varim/Deuteronômio 30.11 c/c Yochanan alef / I João 5.3) mas os acréscimos feitos a Torá ao longo dos séculos, como foi predito pelos profetas:

"Pois é preceito sobre preceito, preceito sobre preceito; regra sobre regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali." (Yeshayahu/Isaías 28:10)
 
"Pois os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução (Torá), porque ele é o mensageiro de YHWH Tsevaot.
Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes o pacto de Levi, diz YHWH Tsevaot. Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas na lei." (Malachi/Malaquias 2:7-9)

Na verdade, a observância da Lei é o "modus vivendis" de um salvo, e não um meio de salvação, pois a própria Lei é uma expressão da Graça de Elohim!


Lição prática da Sedrá.

A lição que aprendemos nesta Sedrá/Parashah é que os erros do passado, se não forem admitidos e confessados, sempre assombrará quem os cometeu, vimos isso com clareza na vida dos irmãos de Yossef. E assim como somente após reconhecerem que pecaram contra seu irmão Yossef se revelou a eles, o Mashiach só retornará quando olharem para aquele que eles traspassaram e chorarem por Ele (Zecharyah/Zacarias 12.10) e venham dizer:
Baruch haba b'shem Adonai...(Matitiyahu/Mateus 23.39)

 Até a Próxima!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Como produzir o fruto do Espírito






Por Yochanan ben Avraham


Esta pequena reflexão, tem o objetivo de levar os caros leitores a uma compreensão de algo vital para àqueles que desejam gozar uma vida espiritualmente sadia e produtiva. Uma vida que produza o desejável fruto do Espírito!


O que é o fruto do Espírito?

Fruto do Espírito é descrito na Bíblia como sendo uma consequência de se andar no Espírito, vejamos o que está escrito:

"Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.
Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.
Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia,
Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.
Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.Contra estas coisas não há lei."  (Gálatas 5:16-23)


O que poucos percebem, é que este texto diz apenas qual é o fruto do Espírito, ou seja, a consequência de se andar no Espírito...Mas não diz propriamente o que é andar no Espírito! É como se alguém nos dissesse que nos foi dado um tesouro mas não dissesse onde este tesouro está...frustrante não acham? Graças ao Eterno, que não nos deixa confundido, podemos saber o que é andar no Espírito apenas lendo com mais atenção o que diz sua palavra.


Aprendendo a andar no Espírito.

Não precisamos inventar moda, fazendo elucubrações místicas para impressionar as pessoas, para saber como andar no Espírito...é simples, pois o Eterno, Bendito Seja, NÃO DIFICULTA O CAMINHO PARA ÀQUELES QUE QUEREM SEGUÍ-LO. Sendo assim, vejamos o que diz a Bíblia:

"Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito.
Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.
Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Elohim, pois não é sujeita à lei(Torá) de Elohim, nem, em verdade, o pode ser.Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Elohim."  (Romanos 8:5-8)


Reparem que o mesmo autor da carta aos Gálatas, Sha'ul (Paulo) diz que inclinação da carne é uma insubordinação à Lei do Eterno, isto significa então que sujeição a Lei do Eterno é uma inclinação espiritual, ou porque não dizer, andar no espírito...
De fato, o mesmo Sha'ul nos dá um entendimento mais claro sobre isso ao dizer que a Lei (Torá) é espiritual:

"Porque bem sabemos que a Lei é espiritual..."  (Romanos 7:14)


Uma dura verdade.

Muitos costumam dizer que a verdade dói, isso pode ser verdade dependendo da situação em que vivemos. E o que iremos dizer aqui neste tópico pode "doer" em alguém, mas não fazemos isso com sadismo, fazemos com amor, pois desejamos levar pessoas que sejam sinceras em sua devoção ao Criador a considerar estas palavras. O fato é que, se não queremos deixar de comer carne de porco, camarão e outras coisas condenadas em Levítico 11, é porque somos insubordinados a Lei/Torá de Elohim; Se não queremos deixar de fazer comércio, cozinhar, enfim...cuidar de nossos negócios no Shabat é porque somos insubordinados aos mandamentos de Elohim. Se não queremos obedecer todos os mandamentos que são possíveis cumprir hoje é sinal que estamos na carne.
Não podemos esquecer que Yeshua HaMashiach, disse que enquanto houver terra e céu, nenhum traço ou yud da Torá/Lei irá se omitir (Mt. 5. 18)


Pense nisso!!

domingo, 6 de novembro de 2011

Lições de Yossef ben Ya'akov

Por Yochanan ben Avraham

Introdução:

O capítulo 39 de Bereshit, inicia a narrativa sobre a saga de Yossef ben Ya'akov em Mitzraim (Egito) e logo na primeira parte do passuk (versículo) 2 encontramos algo fundamental para compreendermos o desenrolar da história:

ויהי יהוה את יוסף
(Vaiehi YHWH et Yossef)
"Mas YHWH estava com Yossef..."

Sim, o Eterno estava com Yossef, mesmo que isso possa parecer improvável devido as situações enfrentadas pelo jovem hebreu, afinal, ele havia sido vendido pelos próprios irmãos após ter corrido iminente perigo de morte. A razão pela qual o Eterno estaria com Yossef pode ser compreendida ao verificarmos as palavras de Amos ha navi (Amós o profeta):

 הילכו שנים יחדו בלתי אם נועדו
(Haielechu shenaim iachdav bilti im noa'adu)
"Acaso andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?"

O Eterno estava com Yossef, porque Yossef estava de acordo com o Eterno, ou seja, ele concordava com os preceitos do El Elion! E isso pode  ser comprovado ao longo desta narrativa.
Yossef aprendeu a ser fiel a Elohim vendo o exemplo de seu pai Ya'akov, pois ao contrário dos seus irmãos, ele foi criado mais próximo de Ya'akov que todos os outros, pois ficou órfão muito cedo e certamente seu pai dispensou mais atenção a ele que os demais...por isso a afinidade entre os dois era maior, causando ciúmes e inveja nos outros 10 irmãos. Podemos deduzir que, a "preferência" de Ya'akov se deu por ele ver em seu filho Yossef o temor e obediência que não foi vista nos demais...

O exemplo de Yossef.

Olhemos para Yossef:
Órfão ainda criança; invejado e odiado pelos irmãos; privado do conforto e carinho do Pai aos dezessete anos; vendido e revendido como escravo a mercadores estrangeiros; exposto como mercadoria no Egito e, após reinício de vida, caluniado e preso injustamente; na prisão, após auxiliar detentos  foi esquecido por quem ajudou...Todos estes acontecimentos poderiam torná-lo uma pessoa extremamente amarga, depressiva, improdutiva. No entanto, Yossef, à despeito de todas as intempéries da vida não ficou prostrado. Qual seria a razão pela qual Yossef não sucumbiu ante a dor e o sofrimento? A resposta está em sua confiança na providência de Elohim, como poderemos ver adiante quando ele disse saber que tudo aconteceu para que a vida fosse preservada (Bereshit 45.5) e também na consciência  de quem ele mesmo era e a quem representava! É notório o fato de que  Yossef não tinha uma vida pautada em eventos externos nem tampouco na opinião de terceiros, obviamente estava mais preocupado com sua consciência  do que com sua reputação. Por isso, mesmo em situações tão adversas, não desistiu da vida, continuou vivendo de forma produtiva dando o seu melhor onde quer que estivesse.
A grande lição ensinada por Yossef ben Ya'akov é: "Quem permanece fiel a YHWH e a si próprio, pode encontrar a paz e algum grau de felicidade, ainda que em situações difíceis...Esta é a paz que excede todo o entendimento (Filip. 4.6 e 7)

Caráter Santo X Triunfalismo neo-pentecostal.

A vida de Yossef também levanta uma questão muito pertinente aos dias atuais em relação as propostas de diversos (a maioria !) líderes do seguimento cristão neo-pentecostal, pois contrastando com o discurso triunfalista de que tudo vai dar certo, que não se terá problemas e que em "Jesus" os problemas acabarão, temos os fatos que contradizem esta falácia.

Os momentos mais difíceis na vida de Yossef, ocorreram após ele decidir OBEDECER OS MANDAMENTOS DE YHVH ! Isso contrasta com os ensinos deste líderes, que adotaram uma linguagem empresarial em um ambiente que deveria ser espiritual, líderes que esqueceram as palavras de Sha'ul ha sh'liach (Apóstolo Paulo):

"Porque nada trouxe para este mundo, e nada podemos daqui levar;
tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes."
(1 Timóteo 6:7-8)

E também do próprio Yeshua HaMashiach:

"Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações..."
Yochanan/João 16:33

Como podemos afirmar, que Yossef sofreu por obedecer os mandamentos de YHWH?
 Isto na verdade é simples de se demonstrar, vejamos: ao obedecer a ordem de seu pai de verificar o que seus irmãos estavam fazendo em Shechem, Yossef estava cumprindo a quinta mitzvah (mandamento):

כבד את אביך ואת אמך--למען יארכון ימיך על האדמה אשר יהוה אלהיך נתן לך 
(kabed et avicha ve'et imecha lema'an iarechun iamecha al ha adamah asher YHWH eloheicha noten lach)
"Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá."
(Shemot/Êxodo 20:12)

Ao se recusar em deitar-se com a mulher de Potifar e fazer sexo com ela, Yossef cumpria o a oitava mitzvah:

 לא תנאף  (Lo tinaf)
"Não adulterarás."
(Êxodo 20:14)

Conclusão:

Portanto amados, não se deixem enganar, pois o caminho de Adonai é estreito, não acredite nas facilidades vendidas nos programas de televisão... todos aqueles que optaram em obedecer aos mandamentos foram perseguidos, pois o mundo jaz no maligno (Yochanan alef/I João 5.19).

Shavua tov!!

sábado, 22 de outubro de 2011

Yossef e o Mashiach

Por Yochanan ben Avraham


  Introdução:
 
A sedrá deste shabat, é de fundamental importância para todos aqueles que creem no Mashiach (Messias/Ungido). Pois ela revela traços inconfundíveis sobre como seria o caráter e a obra inicial d'Aquele que é a esperança de Israel.
Dizemos isto porque na perspectiva judaico/israelita, mesmo entre seguimentos diferentes de nosso povo, sempre se creu numa vinda do Mashiach (Messias/Ungido) em duas etapas ou até mesmo em dois Mashichim (Ungidos),  como será mostrado mais adiante, pois este fato é amplamente documentado na literatura judaica tradicional ou mística.
Certamente todo estudante da Torah, Nevi'im e Ketuvim (Também conhecido por Tanach/Velho Testamento) e também do Talmud, já se deparou com profecias e explicações sobre um Mashiach (Ungido/Messias) que sofre, que é ferido e etc. Mas também, por outro lado, já leu sobre um Mashiach glorioso, vencedor e assim por diante. Logo, a partir destas aparentes contradições, muitos estudos foram feitos e interpretações bem plausíveis foram apresentadas conforme veremos no decorrer deste estudo.


A Vida de Israel (Ya'akov)


É muito interessante como esta sedrá inicia sua narrativa, pois num primeiro estante somos "convidados" a "ouvir" a história de Ya'akov (Israel), pois o perek (capítulo) 37, logo no passuk (versículo) 2 temos as seguintes palavras iniciando o texto:
 אלה תלדות יעקב
(Eleh toledot Ya'akov)
(Estas são as gerações de Ya'akov)
No entanto, o que se apresenta é a vida de seu filho Yossef ! Esse detalhe, por si só, deveria despertar em nós a curiosidade...não é mesmo?
Pois bem, ao lermos: "está são as gerações (algumas traduções trazem história) de Ya'akov (Israel)" mas na realidade vermos a história de Yossef, fazemos a seguinte constatação: "Yossef era a 'vida' de Ya'akov (Israel)!"
 Parece um exagero afirmarmos isto, no entanto, a própria Torah nos dá argumentos para crermos assim, vejamos Bereshit (Gênesis) 37.3:


וישראל אהב את יוסף מכל בניו
(V'Israel ahav et Yossef mikol banaiv)
(E Israel amava mais a Yossef que todos os seus outros filhos)


Notemos aqui a predileção de Ya'akov, a qual se evidencia com o presente dado ao seu filho (Túnica colorida/vestes talares) não apenas isso, vejamos a seguinte expressão do Patriarca no final do perek (capítulo) 37, após a notícia da suposta morte de seu filho:


Iויקמו כל בניו וכל בנתיו לנחמו וימאן להתנחם ויאמר כי ארד אל בני אבל שאלה ויבך אתו אבי
(Vaiakumu chol banaiv v'chol benotaiv l'nachamu veimaen lehitnachem vaiomer ki ered el beni avel sheolah vaievek oto aviv)
(Todos os seus filhos e filhas tentaram consolá-lo, mas ele recusou ser confortado. Eu descerei à sepultura enlutado por meu filho, ele disse. Ele chorou por (seu filho) como somente um pai poderia)


Israel, ao perder seu filho Yossef se enfraqueceu e sobre isto, a tradição indica um elemento profético para a nação israelita. Pois Yossef era uma espécie de expressão física da espiritualidade de Ya'akov ! Foi o nascimento de Yossef que, segundo a tradição, condicionou a Ya'akov a "enfrentar" a Esav (Edom). Leiamos Ovadiyah 1.18:


והיה בית יעקב אש ובית יוסף להבה ובית עשו לקש ודלקו בהם ואכלום ולא יהיה שריד לבית עשו כי יהוה דבר
(Vehaiah ve'et Ya'akov esh uve'et Yossef lehavah uve'et Esav lekash vedaleku vahem vaachalum velo ihieh sarit leveit Esav ki YHWH diber)
(E a casa de Jacó será um fogo, e a casa de José uma chama, e a casa de Esaú restolho; aqueles se acenderão contra estes, e os consumirão; e ninguém mais restará da casa de Esaú; porque o Senhor o disse.)


Este texto é muito significativo, considerando o que estudamos semana passada a respeito de Esav (que é Edom), e quem são considerados seus "descendentes".
Sabemos por meio das escrituras (Ver Z'charyah/Zacarias 12.3), que haverá um tempo em que todas as nações se voltarão contra Israel, e nesse dia, Israel só poderá resistir se abrir os seus olhos para àquele que traspassaram e lamentarem a sua perda (Ver Z'charyah/Zacarias 12.9-12). Embora nós, israelitas crentes em Yeshua, não tenhamos o talmud como regra de fé, citaremos uma passagem desta obra, pois a consideramos como um importante documento histórico sobre o entendimento judaico/israelita sobre a passagem citada:


"Por quem pranteiam eles? E responde: Pelo Mashiach ben Yossef que será morto" (tratado Sukah 52 a; Talmud Bavli)


(A expressão "Mashiach ben Yossef" será analisada a seguir e é a partir desse conceito, que os diferentes aspectos da manifestação do Mashiach (Servo e Rei), começam a ser esclarecidos.) Mas antes disso é importante dizer que, assim como Yossef "era a vida" de Israel (Ya'akov), o Mashiach é a vida de "Am Israel" (Povo de Israel), Sobre isso, é importante dizer que um certo personagem, a cerca de dois mil anos, disse:


"Eu Sou o Caminho, a Verdade e... A VIDA."


Você saberia dizer o nome deste personagem ?


O que significa Mashiach ben Yossef ?

 
A palavra hebraica para filho é "ben" que possui a mesma raiz da palavra "bana", que por sua vez significa "construir". Ou seja, filho é alguém que é "construído sobre os princípios do pai", isto dá a ideia de continuidade e semelhança como se diz popularmente: "Tal Pai...Tal Filho".
Mashiach Ben Yossef, portanto, significa que, a semelhança de Yossef, o Mashiach seria invejado pelos irmãos, vendido, traído, 'cresceria' no estrangeiro, teria seu nome mudado e etc. Ou seja, até que ele viesse reinar e salvar toda a casa de seu pai, teria uma vida sofrida. De fato, o Tanach nos fala do sofrimento do Mashiach em diversas passagens, das quais citaremos apenas uma, Yeshayahu (Isaías) 53.3-7:


נבזה וחדל אישים איש מכאבות וידוע חלי וכמסתר פנים ממנו נבזה ולא חשבנהו
אכן חלינו הוא נשא ומכאבינו סבלם ואנחנו חשבנהו נגוע מכה אלהים ומענ
והוא מחלל מפשענו מדכא מעונתינו מוסר שלומנו עליו ובחברתו נרפא לנו
כלנו כצאן תעינו איש לדרכו פנינו ויהוה הפגיע בו את עון כלנו
נגש והוא נענה ולא יפתח פיו כשה לטבח יובל וכרחל לפני גזזיה נאלמה ולא יפתח פיו
 

(Nivzeh v'chadal ishim ish machovot vidua choli u'chamaster panim mimenu nivzeh velo cashvnu hu achen cholaienu hu nassa u'machoveinu sevalam v'anachnu chashvnu nagua mukeh Elohim um'uneh vihu mecholal mipeshaeinu meduca meavonoteinu musar shlomeinu alaiv u'vachavurato nirpa lanu kulanu katson tainu  ish ledarko paninu va YHWH hifgia bo et avon kulanu nigash vehu na'aneh velo iftach piv kasseh latevach iuval ucherachel lifnei gozizeiha ne'ela mah velo iftach piv.)

(Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Elohim, e oprimido.
Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas YHWH fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.
Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca.)


Embora este trecho, historicamente, tenha sido interpretado como uma profecia sobre o Mashiach como o Servo sofredor, alguns seguimentos modernos do judaísmo tentam atribuir estas palavras a Israel... algo que não se sustenta quando examinado cuidadosamente, uma das razões para se contestar este texto como uma profecia messiânica, se deve ao equívoco de interpretar a vinda do Mashiach em uma única etapa, quando os nevi'im (profetas) já indicavam duas etapas vejamos, por exemplo, o que diz Oshea (Oseias) 5.15:


 אלך אשובה אל מקומי עד אשר יאשמו ובקשו פני  בצר להם ישחרנני
(Elech ashuvah el mekomi ad asher yshmu uvkshu panai batsar lachem yeshcharanuni)
(Irei, e voltarei para o meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles aflitos, ansiosamente me buscarão.)


Podemos ver nitidamente que, O Eterno já havia dito que iria e voltaria, até que seu povo reconhecesse seus pecados! Agora compare isso com bessorah (boa nova) de Lucas 19.41-44:


E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela,
dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! mas agora isso está encoberto aos teus olhos.
Porque dias virão sobre ti em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os lados,
e te derribarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo da tua visitação.


Interessante também são as interpretações dadas pelo talmud aos textos de Dani'el 7.13 e Z'charyah 9.9 para explicar as aparentes "contradições", vejamos:


Rabí Yoshuah bar Levi declara em Sanedrín 98ª:


“e aqui com as nuvens do Céu viria um como um filho do homem”; Dani'el 7:13; e o outro versículo que diz, “humilde e cavalgando sobre um asno”; Z'charyah 9:9. Se é que somos dignos, o Mashiach virá sobre as nuvens do Céu; se é que não somos indignos, ele virá humilde e cavalgando sobre um asno.”
O fato de nos ter sido permitido apenas construir o Templo, no tempo quando nós, como nação, éramos “merecedores” e que Elohim permitiu que nosso Templo fosse destruído quando éramos indignos, indica que a destruição do Templo mencionada por Dani'el ,o profeta, seria o resultado da indignidade de nossa parte.


Também em Sukah 51a, está declarado:


“O Mashiach que descende de Yossef Aparecerá primeiramente para trazer Salvação ao povo Judeu. Contudo, ele será morto… e a completa Redenção será realizada somente a través do Mashiach que descende de David.”


E continua declarando:


“No período do Mashiach descendente de Yossef… a morte e o pecado seguirão existindo. Mas o período do Mashiach que descende de David liderará uma nova ordem natural, na qual a morte e o pecado não terão lugar.”


Mostrando que entenderam que o Mashiach Ben Yossef aparecerá primeiro e será morto e que o Mashiach Ben David aparecerá depois. E que sob o Mashiach/Messias ben Yossef, o pecado e a morte continuarão existindo no mundo; mas que sob o Mashiach Ben David, lhe seguirá um mundo onde o pecado e a morte não existirão.


Por que duas etapas ?

 
Porque o mundo precisa ser preparado, pois para a implantação do Reino do Mashiach ben David a mensagem precisa ser anunciada, os corações precisarão se abrir e os homens precisarão se arrepender, porque Yeshua ben David governará com cetro de ferro, leiamos Tehilim (Salmos 2.9 e 10):


               ועתה מלכים השכילו    הוסרו שפטי ארץ  תרעם בשבט ברזל    ככלי יוצר תנפצם
 (Teroem beshevet barzel kichliot yotser tenaptsen veatah melachim haskilu hivaseru shafeti arets)
(Tu os quebrarás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra)


Para exemplificar este conceito, lembremos de quando o Brasil antes de implantar a nova moeda (Real) usou de um mecanismo de transição, denominada URV (Unidade real de valor) sem a qual, todo o projeto não funcionária...guardada as devidas proporções, é o mesmo princípio que devemos aplicar para entendermos as duas etapas da manifestação do Mashiach.


Conclusão:

 
Muito há o que se falar sobre Yossef, sua ocultação e revelação a seus irmãos, pois em Yossef encontramos mais de 50 situações apontando para o Mashiach Yeshua as quais na sequência de estudos estaremos comentando.
Que possamos neste Shabat refletir nestes aspectos e crescer na graça e conhecimento de Yeshua HaMashiach.


Shabat Shalom e até a próxima



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Os filhos de Esav.

Por Yochanan ben Avraham

A primeira semana deste oitavo mês, nos traz em sua sedrá (sequência) de estudos,  um tema muito interessante que pode nos levar a uma compreensão, no mínimo, curiosa. Se trata das gerações de Esav, irmão de Ya'akov.
Alguém poderia até perguntar qual a relevância para nós, estudarmos a "genealogia" deste personagem que, em termos de importância, ficou em "segundo plano", pois até sua primogenitura foi dada ao seu irmão Ya'akov! Bem, a Torá sempre têm algo prático a nos ensinar e ampliar nossas perspectivas em relação a nossa vida no "olam haze" (este mundo/tempo atual).

O perek (capítulo) 36 de Bereshit (Gênesis), afirma por quatro vezes que Esav é Edom,  certamente a Torá quer que prestemos muita atenção a isto, pois por qual motivo em um único perek, que não é tão extenso assim, seria dada tanta ênfase a este fato? Para isso teremos que buscar na história e nas escrituras quem de fato foi Edom.

Patriarca e Povo.

É comum nas escrituras, haver uma referência ao povo, chamando-o pelo nome do seu patriarca e dirigir-se a este mesmo povo como se tivesse falando com o indivíduo, como podemos ver em Yeshayahu (Isaías) 48.20, por exemplo:

צאו מבבל ברחו מכשדים בקול רנה הגידו השמיעו זאת הוציאוה עד קצה הארץ אמרו גאל יהוה עבדו יעקב

"Saí de Bavel, fugi de entre os caldeus. E anunciai com voz de júbilo, fazei ouvir isto, e levai-o até o fim da terra; dizei: YHWH remiu a seu servo Ya'akov" (Yeshayahu 48.20)

Portanto, é razoável pensar que, em diversas ocasiões quando lemos o nome de uma pessoa, na verdade a referência é a um povo e não a um indivíduo.
Outra situação comum nas escrituras, é atribuir a um povo as características do seu patriarca, como verificamos em Bereshit 24.3 e 28.1, ali temos proibições explicitas de se buscar mulheres dentre os cananeus. Mas por que tamanha proibição? Para entendermos esta proibição, precisamos saber quem foi Canaã.
Canaã era filho de Ham (Cão) e neto de Noach (Noé) e por causa de um ato sórdido de seu pai Ham contra seu avô Noach, ele, Canaã, foi amaldiçoado. Agora vejamos de quem Canaã foi patriarca: Dentre tantos filhos, destacaremos dois povos oriundos de Canaã, são eles S'dom (Sodoma) e Amora (Gomorra) (ver Bereshit 10.15-19)
Diante destes fatos fica fácil entender porque tanto Avraham quanto Yits'chak, não queriam ter como noras mulheres desta linhagem.

Conhecendo Edom (suas origens)

Vamos agora analisar quem é Edom enquanto povo e suas características.
O povo de Edom foi formado a partir da união entre Esav ben Yits'chak (Esaú filho de Isaac), com mulheres cananeias (Ada e Oolibama) e uma ismaelita (Basemat). Logo de início podemos perceber que Esav não deu ouvidos a seu pai Yits'chak, ele sabia que, tanto seu avô Avraham quanto seu pai, reprovavam a união com cananeias...de fato, a Torá deixa claro que isso trouxe um grande desgosto a Rivkah e Yits'chak:

ויהי עשו בן ארבעים שנה ויקח אשה את יהודית בת בארי החתי--ואת בשמת בת אילן החתי
ותהיין מרת רוח ליצחק ולרבקה  

Ora, quando Esav tinha quarenta anos, tomou por mulher a Yehudit, filha de Beeri, o heteu e a Basemat, filha de Elom, o heteu.
E estas foram para Yits'chak e Rivkah uma amargura de espírito.

                                                                                                           (Bereshit 26.34 e 35)

As mulheres de Esav descendiam dos que a Torá chamam de "horreus" (Bereshit 36.2). Para alguns estudiosos, estes "horreus" são os mesmos "heveus".
Os "horreus" possuiam uma religião sincretista com os cultos mesopotâmicos, mas o deus da tempestade "horreu", "Teshup", assim como com sua consorte "Hepat" e seu filho "Sharruma", foram adotados pelos Heteus.
Você consegue imaginar a mistura de crenças que os filhos de Edom possuiam? Pois o pai era originário de uma crença monoteísta enquanto a as mães vinham de crenças sincretistas e idólatras.

A localização de Edom.

Vejamos Bereshit 36.6-8:

"Depois Esav tomou suas mulheres, seus filhos, suas filhas e todas as almas de sua casa, seu gado, todos os seus animais e todos os seus bens, que havia adquirido na terra de Canaã, e foi-se para outra terra, apartando-se de seu irmão Ya'akov.
Porque os seus bens eram abundantes demais para habitarem juntos; e a terra de suas peregrinações não os podia sustentar por causa do seu gado.
Portanto Esav habitou no monte de Seir; Esav é Edom."

   Edom se estabeleceu no monte Seir, o "horreu", desalojando e exterminando este povo conforme descrito na Torá em D'varim (Deuteronômio) 2.12.

Sobre o monte Seir, temos algumas passagens interessantes, e se considerarmos que Seir é a localização de Edom tais passagens podem estar falando de (ou para) Edom, vejamos:

"Disse ele: YHWH veio do Sinai, e de Seir raiou sobre nós; resplandeceu desde o monte Parã, e veio das miríades de santos; à sua direita havia para eles o fogo da Lei." (D'varim 33.2)

Temos nesta passagem três lugares que apesar de próximos, são distintos...são eles: Sinai, Seir e Parã. Isto nos sugere uma interpretação muito interessante, vejamos:

 * Sinai foi o local da outorga da Torá.
 * Seir território de Edom.
 * Parã Território ismaelita.

Para alguns comentaristas da Torá, isto tem um significado muito interessante, pois é dito que a Lei/Torá, de certa forma foi oferecida à Edom e a Ishmael ! Outra coisa muito curiosa neste aspecto, é o fato de Ishmael ser o patriarca dos Árabes (predominância islâmica) e Edom ser considerado pela tradição judaica o "patriarca" dos romanos (predominância cristã), sobre este particular falaremos mais adiante.

"Coincidentemente", israelitas, islâmicos e cristãos, estão próximos já que ambos reivindicam o mesmo patriarca - Avraham. Porém, são bem distintos um do outro... e para aumentar a semelhança dos fatos, é só analisarmos quem aceitou a Torá e quem a rejeitou para que, análogamente, saibamos a quem poderemos aplicar conceitos em termos proféticos.

Características de Edom.

Edom, que mais tarde viria a ser chamado de "Idumeia" pela LXX, é considerado por alguns como um povo "faminto por territórios" e esta "fome" pode ser atestada nas escrituras onde é relatada a ocupação edomita no reino de Yehudah (Judá) após a queda de Yerushalaim em 586 AEC (Ver, dentre outras, Tehilim/Salmos 137.7; Yechezkel/Ezequiel 25.12 e 35.12-15; Ovadiah/Obadias 1.

Aos edomitas, era atribuida a fama de "sábios" como podemos verificar em  Yirmeyahu/Jeremias 49.7; Yiov/Jó 2.11; Ovadiah/Obadias 1.9 e Baruch/Baruq 3.22 e 23. Vale lembrar que Temã era neto de Edom (Esav).
Não podemos esquecer que o Eterno tornou a sabedoria deste mundo em loucura, como escreveu Sha'ul ha Sha'liach:

"Ninguém se engane a si mesmo; se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio
Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de YHWH; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia;
e outra vez: O Senhor conhece as cogitações dos sábios, que são vãs." (Curintayah alef/ I Coríntios 3.18-20)

Num período posterior, a "Idumeia" foi conquistada por João Hircano (da dinastia dos Hasmoneus) que forçou os idumeus/edomitas a se converterem a Torá. Destes "conversos" edomitas, viria nascer Herodes, o grande.  Isso mostra que, nenhuma conversão forçada, gerará fidelidade a YHWH.

Edom é Roma ?

A tradição rabínica, afirma que os romanos são descendentes de Edom. Tal afirmação sempre nos trazia uma inquietação, pois não conseguíamos encontrar algo que ligasse uma coisa com a outra confirmando esta idéia...a menos que, a tal descendência, não seria "física" mas "espiritual". Mas antes de continuarmos, leiamos Yeshayahu/Isaías 1.10:

"Ouvi a palavra do Senhor, governadores de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Elohim, ó povo de Gomorra."

Nós temos no referido texto uma palavra de repreensão muito dura dirigida aos príncipes de S'dom (Sodoma) e ao povo de Amora (Gomorra). No entanto, nem Sodoma e nem Gomorra existiam mais! Na verdade, a repreensão era sobre Yerushalayim e seus habitantes, que embora não fossem cananeus, mas semitas (descendentes de Shem/Sem). Porém, devido a sua rebeldia e maldade foram considerados como tais, tamanha a semelhança de seu atos com a daqueles povos. Dito isto, leiamos o livro de Lamentações 4.21 e 22:

"Regozija-te, e alegra-te, ó filha de Edom, que habitas na terra de Uz; o cálice te passará a ti também; embebedar-te-ás, e te descobrirás.
Já se cumpriu o castigo da tua iniqüidade, ó filha de Sião; ele nunca mais te levará para o cativeiro; ele visitará a tua iniqüidade, ó filha de Edom; descobrirá os teus pecados."

Comparem este texto como que diz Guilyana/Apocalipse 17. 4-6 e vejam as semelhanças entre a filha de Edom e a prostituta descrita em Guilyana, a qual é, de forma consensual, interpretada pela esmagadora maioria dos teólogos, como Roma. Ou seja, Roma "herdou" a embriaguez de Edom...

Sentenças contra Edom.

As escrituras estão repletas de sentenças e maldições contra Edom, como podem ser verificadas em:
 * Yeshayahu 34.
 * Yirmeyahu 49.7
 * Amos 1.11-12
 * Ovadiah 1.
 * Malachi 1.2-5

Se considerarmos as interpretações propostas durante este estudo, veremos que a indignação do Eterno sobre o Edom é extensiva aos seus descendentes, e ao analisarmos a frase: "Amei  a Ya'akov", sabendo que o Eterno ama aqueles que o amam (Mishlei/ Provébios 8.17) e os que o amam são aqueles que guardam sua Torá (Yochanan / João 14.21)  entendemos que o ódio contra Edom se deve também pela rejeição a Lei de YHWH.

Até a Próxima...

Shabat Shalom!!!!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Iniciando a caminhada (1ª parte)

          Por Yochanan ben Avraham   

  Este texto têm por objetivo auxiliar o novo “talmid” (discípulo) de Yeshua HaMashiach, a dar os primeiros passos naquilo que as escrituras chamam de caminho da vida.

              Entendemos que devido à predominância de certos conceitos religiosos vigentes, muitos destes novos “talmidim” (discípulos) podem ser confundidos e, por assim dizer, não alcançarem o entendimento do verdadeiro propósito do Eterno, o qual está revelado em toda escritura sagrada, e não apenas em parte dela. Por esta razão, tentaremos expor de maneira simples e direta o significado de alguns termos e qual sua relevância para nossas vidas.
             
               É importante lembrarmos que devemos permitir que a Bíblia nos forneça sua teologia, e não estudá-la com uma “teologia” pré-concebida e preconceituosa, pois temos a tendência de interpretar os textos a partir da idéia que temos, e não do que realmente está escrito, sem considerarmos contextos temporais, culturais e etc., ou seja, desprezamos muitas vezes quem escreveu, quando, onde, como e por que foram escritos. Portanto, afirmamos a importância de reconhecermos a Bíblia sagrada como um único livro, com uma única mensagem de um único Senhor Criador, legislador e mantenedor do universo.

1-   Definindo alguns termos.

                     Para se entender qualquer mensagem é necessário primeiramente conhecermos os sentidos das palavras que são empregadas para a construção da dita mensagem. Portanto, no que diz respeito às escrituras, não podemos ignorar o Tanach (“velho” testamento) se quisermos entender o que a Brit Chadashá (aliança renovada / também conhecida por “novo testamento”) quer dizer.
                     O cristianismo muitas vezes faz menção de certa “Igreja do Novo Testamento”, algo que está muito aquém de ser uma verdade, pois no período não existia uma “igreja”, pois os primeiros “talmidim” (discípulos) reuniam-se em sinagogas (vide Atos 13.14 e 15.19-21; Tg 1.1 e 2.2) e também não havia um “novo testamento”, pois as escrituras que eles possuíam eram a Torá, os profetas e os escritos (salmos, provérbios e históricos). Isso significa que algumas prerrogativas reivindicadas pela dita “igreja” em detrimento a Israel e os judeus, é infundada e historicamente insustentável!
                     Vejamos o que  Sha’ul ha sh'liach (conhecido por Apóstolo Paulo) diz:

“Toda escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Elohim seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra.” (II Tim. 3.16 e 17)

                      Concluímos então que se toda escritura é divinamente inspirada, dizer que o “novo” testamento contradiz o “velho” testamento é muito incoerente, não podemos fazer da Bíblia uma espécie de cardápio de restaurante onde só escolhemos aquilo que queremos. Nem tão pouco dizer que algumas coisas foram mudadas, se fizermos isso estaremos quebrando o princípio da imutabilidade da Palavra do Senhor e ofendendo o próprio criador chamando-o de mentiroso...(ver Num.23.19; Is. 40.8; Mal.3.6)  

                      Para melhor compreensão do “novo testamento” é necessário algumas “palavras chaves”, pois estas trarão luz a todo texto “neo-testamentário”, vamos a elas:

Palavra do Senhor.

O que é Palavra do Senhor para o Tanach ? A resposta pode ser encontrada nos seguintes textos:
Devarim (Deuteronômio) 17.19, 27.26, 31.12, 32.45-46;
Melachim beit (II Reis). 23.24;
Nehemiah (Neemias) 8.9.

Notemos que Tsion e Yerushalayim são sinônimos num paralelismo poético para Torá e palavra do Senhor.

Verdade e mentira.

Com as definições dos tehilim (salmos) 119.142 e 151, alguns textos do “novo testamento” ganham muito mais sentido, dando-nos um entendimento claro do que queria se dizer, vejamos alguns textos e substituamos os termos "verdade"por "Lei':
Gal. 3.1;
Jo.3.21;
II Jo.1.4

Até mesmo as palavras de Yeshua adquirem um sentido muito mais sólido, (ver Jo.8.32 e 18.37). Sha’ul ha sh'liach (Ap. Paulo) também pode ser compreendido de maneira clara quando utilizamos esta chave, leiamos Rom. 1.25 e substituamos a palavra verdade pelo conceito “tanachiano” para ela.

"Pois trocaram a verdade (Lei/mandamento) de Elohim pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém."
                       
Ainda sobre verdade e mentira, algo muito sério precisa ser compreendido, as escrituras dizem:

“Ele (o diabo) é homicida desde o princípio e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso e pai da mentira." (Jo. 8.44)

Pense um pouco: Se a Torá é a verdade, o que é contrário a Torá é mentira; e se é mentira, procede do diabo! Logo, uma doutrina que nega a Torá é diabólica. Este conceito nos faz entender melhor muitas outras passagens, compare agora os seguintes textos:

"Quando estou para curar Israel, aparecem os pecados de Efraim, a maldade de Samaria, pois essa gente só pratica a mentira. O ladrão invade, do lado de fora uma quadrilha assalta." (Oshia /Oseias. 7.1)

"Mas ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os libertinos, os assassinos e os idólatras, e todos os que amam a mentira e a praticam."   (Ap. 22.15.)

Luz e Trevas.

Por todo o “novo testamento” diversas metáforas sobre luz e trevas são utilizadas para explicar o estado das pessoas ou do mundo em geral. Temos por exemplo:
Lc. 10.8
 Jo.8.12, 12.35 e 36
 Rm. 13.12
 Ef. 5.8 
 I Tes. 5.5.

 Considerando que os respectivos escritores tinham por fundamento o “velho testamento” (Vide Ef.2. 19 e 20), vamos ver o que eles pretendiam dizer nestas metáforas verificando os seguintes textos:

"Å lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles." (Yeshayahu/Isaías. 8.20)

 "Atendei-me, povo meu e nação minha, inclinai os ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e o meu juízo farei repousar para a luz dos povos." (Yeshayahu/Isaías 51.4)

"Porque o mandamento é lâmpada, e a lei é luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida." (Mishlei/Provérbios 6.23)

"Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho." (Tehilim/Salmos 119.105)

Com a leitura destes textos, é possível perceber que andar na Luz, é andar de acordo com a Torá e andar na escuridão é andar em desobediência a mesma Torá!! Notemos ainda o que Yochanan (João) diz em I Jo.1.6:

“E se dizem que temos sociedade com eles e andam na escuridão, somos mentirosos e não andamos na verdade.”

Aqui Yochanan (João) compara “andar na verdade” com “andar na luz” e como vimos anteriormente, tanto verdade quanto luz se refere a mesma coisa – a Torá. Sendo assim, podemos afirmar que Yochanan (João) escreveu traçando um paralelo, utilizando os termos luz e verdade como uma espécie de eufemismo para o termo mandamentos.

Graça.
                      
Outro termo importante a se conhecer é graça, pois dependendo do entendimento que se tem, toda interpretação pode ser comprometida.
No Tanach (“velho” testamento) existem duas palavras para designar graça, são elas: “Chen” que significa “graça ou encanto, e “Chessed” que significa “graça, misericórdia ou grande generosidade”.
Estas palavras hebraicas foram traduzidas na septuaginta (tradução do tanach para o grego, feita por 70 sábios judeus) como “Charis” e “Eleos”. Paralelamente então, temos:
Chen = Charis
Chessed = Eleos
                      
O termo “Chen/Charis” está relacionado com a expressão: “encontrar graça aos olhos de alguém”. Enquanto “Chessed/Eleos” com misericórdia, lealdade para com aquele com quem agente se compromete, como pode ser visto nos textos de Shemot (Êxodo) 34.6 e Devarim (Deuteronômio) 5.10; 7.9,12.
                     
Muitos dizem que foi Yeshua quem trouxe a “graça” deixando entender que, de alguma forma, graça é uma exclusividade do “novo” testamento. No entanto, considerando todas as palavras tanto gregas quanto hebraicas temos o seguinte detalhe: o termo graça aparece 321 vezes no tanach e 283 vezes na Brit Chadasha, ou seja, a mais graça no tanach do que no dito “novo testamento...logo, sempre estivemos debaixo da graça de Elohim !!!

 Veremos agora, que de acordo com as escrituras, existe uma estreita conexão entre “graça” e “temor do Senhor”. Leiamos os segintes textos:

"Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem." (Tehilim/Salmos 103.11)

"Digam agora os que temem ao SENHOR que a sua benignidade dura para sempre." (Tehilim/Salmos 118.4)
                   
"Pela misericórdia e verdade a iniqüidade é perdoada, e pelo temor do SENHOR os homens se desviam do pecado." (Mishlei/Provérbios 16.6)

Agora compare-os com Yehudah/Judas versículo 4 e tire suas conclusões.

Fé / Crença

 Vamos agora analisar a palavra Fé, para uma melhor compreensão do seu significado.
 Em hebraico, fé é “emunah” no aramaico é “ymanuta”. Tanto o hebraico quanto o aramaico como línguas semitas, são bem diferentes do que estamos habituados no português. Como no português, uma determinada palavra pode ter mais de um significado, uma tradução pode perder seu sentido original.

“Emunah”, pode significar: “fé ou crença” e é melhor traduzida como “fidelidade confiante”, ou seja, quando falamos em fé no Eterno, estamos falando em uma “fidelidade confiante” e não meramente numa crença intelectual. Vejamos o seguinte exemplo: Se alguém lhe perguntou se é fiel ao seu cônjuge, você certamente não respondeu “sim, eu acredito que ele existe.” Essa frase não faz sentido!! Isso acontece porque claramente não é uma questão de crença, mas sim de fidelidade. Imagine um homem que passa altas horas da noite fora de casa, cometendo adultério com várias mulheres. Cada noite ele volta para casa e diz para sua mulher o quanto a ama e insiste que acredita na existência dela e que, portanto, é fiel a ela. Será que esse homem é realmente fiel a sua esposa? Claro que não! Com esse entendimento podemos saber exatamente o que as escrituras querem dizer, vejamos Ya’akov (Tiago) 2.14 ao 26.
    
Outro detalhe importante para compreendermos o termo fé, é revelado quando analisamos o aramaico. Para tal, analisaremos um trecho da epístola de Rav. Sha’ul (Ap. Paulo) aos Romanos, mais precisamente o capítulo 10.17. Neste texto, o termo aramaico empregado para “ouvir” é “sheme”, que é análogo ao hebraico “shemá”.  Embora possa ser traduzido como ouvir, o termo dá mais uma idéia de “dar ouvidos” do que simplesmente “prestar atenção ao som”. Quando digo que dou ouvidos ao meu pai, isso significa que faço o que ele pede, isto é, eu obedeço suas palavras. Não é, portanto, estranho que o termo aramaico “sheme” também possa ser traduzido como obedecer.
                         Com esse entendimento, a tradução mais precisa de Ruhomayah (Romanos) 10.17 seria:

“Portanto, a fé vem do obedecer o que se ouve, isto é, obedecer o que se ouve da palavra de Elohim.”
                         
Logo, ter fé não é simplesmente acreditar intelectualmente, mas OBEDECER aquilo que foi revelado pelo Eterno nas escrituras. Não há "geração" no (sentido de produção) de fé sem obediência a Lei (Torá) de Elohim.  ( Ver Shemot/ Êxodo 19. 5 e 6)

"Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel."

Para concluir, observemos como as escrituras justificam a Avraham combinando Ruhomayah (Romanos) 4.3 com Bereshit (Gênesis) 12.4. Nesta combinação podemos ver muito mais do que uma crença intelectual na existência de Elohim, Avraham fez uma escolha. Ele escolheu viver com o Eterno, ou seja, andar em obediência a Elohim:

"Pois, que diz a Escritura? Creu Avraham em Elohim, e isso lhe foi imputado como justiça."

"Assim partiu Avram como o SENHOR lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Avram da idade de setenta e cinco anos quando saiu de Harã."


Continua na 2ª parte