domingo, 27 de março de 2011

Referências, identidade e esperança.

Por Yochanan ben Avraham

Referências, isso é bom ou ruim?

A  resposta para o questionamento acima é: Bom e Ruim...Ou seja, isso depende de como e quando necessitamos de uma referência, vejamos:
Faz parte da natureza humana buscar referências no tempo e no espaço para localizar-se e até mesmo para se identificar de maneira socio-cultural e politicamente. Tanto as referências temporais quanto espaciais, servem de parâmetros para que decisões sejam tomadas, escolhas sejam feitas e etc.
A ausência de referências ou mesmo as mudanças destas, talvez tenham sido as maiores responsáveis pelas confusões, injustiças, crises (de identidade inclusive) e demais situações problematicas que levaram muitos a se perderem em suas jornadas.
As pessoas mudam, os valores se invertem e tudo por conta de um tempo que não para...Sim, está cada vez mais difícil estabelecer uma referência confiável numa sociedade cada vez mais centrada em sua "insustentável leveza do ser".

Quando a necessidade de referências é ruim.

A total dependência de uma referência palpável e visível, revela, no que diz respeito a identidade de um indíviduo ou mesmo sociedade, alguns problemas preocupantes. Existem pessoas que só se movem se puder VER e TOCAR em algo, do contrário permanecerão deitadas em seus "berços esplêndidos"... a gravidade desse mal é que, geralmente, tais pessoas só buscam referências que justifiquem sua letargia, pois sair de sua zona de conforto é uma opção descartada. No entanto, cedo ou tarde o confronto virá e terão que tomar uma decisão por sí mesmos.
As escrituras estão repletas de exemplos onde pessoas dependentes de referências visíveis foram destruidas ou envergonhadas.
Vejamos Shemot (Êxodo) 32.1:

"Quando o povo viu que Moshe tardava em descer da montanha, congregou-se em torno de Aharon  e lhe disse: Vamos, faze-nos um deus que vá a nossa frente, porque a esse Moshe, a esse homem que nos fez subir da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu."

No texto acima fica claro a dependência de uma referência palpável que o povo hebreu possuia, bastou Moshe sumir da vista deles para que entrassem em uma espécie de pânico e, imediatamente, elegeram uma nova referência, o bezerro de ouro.
Para entender o comportamento dos hebreus neste episódio, é preciso considerar o tempo vivido no Egito e, óbviamente a referência de "sagrado" que possuiam era egípcia, uma cultura idolatra já que adoravam a diversos ídolos, por isso a confecção de tal estátua, cujo culto, levou três mil homens a morte.

Outro episódio interessante encontra se nas Boas Novas de Yochanan  20.24-28, vejamos:

"Um dos doze, T'oma, chamado dídimo, não estava com eles, quando veio Yeshua. Os outros talmidim, então, lhe disseram: Vimos o Senhor ! Mas ele lhes disse: Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei. Oito dias depois, achavam-se os talmidim, de novo, dentro de casa, e T'oma com eles. Yeshua veio, estando  as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Shalom Alechem ! Disse depois a T'oma: põe teu dedo aqui e vê minhas mãos ! Estende tua mão e põe-na no meu lado e NÃO SEJAS INCRÉDULO, mas crê ! Respondeu-lhe T'oma: Adonai V'Elohai ! Yeshua lhe disse: Porque viste, creste. FELIZES OS QUE NÃO VIRAM E CRERAM !"

Podemos concluir que, assim como o povo no deserto necessitava ver e tocar em algo para prosseguir sua jornada, um dos doze talmidim demonstrou a mesma necessidade, isso revela que tal necessidade demonstra um baixo nível de espiritualidade. Infelizmente esta história têm se repetido diversas vezes...

A boa referência.

Leiamos Yeshayahu ha navi (Isaías o profeta) 45.22:

"Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os confins da terra; Pois eu Sou Elohim, e não há outro."

Está é a referência definitiva. A única em que podemos confiar, pois como foi dito anteriormente vivemos em tempos onde os valores estão constantemente sendo invertidos. É no Eterno, a partir d'Ele, que saberemos o quão perto (ou longe) estamos de uma vida plena, do Shalom. No entanto, temos uma grande questão a resolver, pois como podemos olhar para Aquele que é invisível ?? Mas graças a HaShem, isto é elucidado nas palavras do próprio profeta Yeshayahu, leiamos o perek (capítulo) 59 passukim (versículos) 12 ao 17:

"Porque são numerosas nossas transgressões contra ti, e os nossos pecados testificam contra nós. Com efeito, as nossas transgressões nos estão presentes; conhecemos as nossas iniquidades: rebelar-nos, negar a YHWH, afastar-nos do nosso Elohim; proferir violência e revolta, conceber e meditar a mentira. O direito foi expelido, mantém-se a justiça a distância, porque a verdade estrebuchou na praça e a retidão não pode apresentar-se. Com isto a verdade ausentou-se e aquele que renuncia ao mal ficou despojado. YHWH viu e lhe pareceu mau que não houvesse direito. Viu que não havia ninguém, espantou-se de que ninguém interviesse. Então O SEU PRÓPRIO BRAÇO VEIO EM SOCORRO, a sua justiça o sustentou. Vestiu-se da justiça como de uma couraça, pôs na cabeça o capacete da salvação, cobriu-se de vestes de vingança - como de uma túnica - vestiu-se de zelo como uma capa.

Como podemos ver, o Próprio Elohim manifestaria seu braço, ou seja, Ele mesmo se colocaria como uma referência já que não havia nenhuma!! E isto se cumpriu conforme podemos ler nas Boas Novas de Yochanan 3.14 e 15:

"Como Moshe levantou a Nachash (serpente) no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que crer tenha nEle vida eterna."

É interessante comentarmos esta declaração à luz da Torá, pois Yeshua trás a memória de todos um evento marcante na história de todos os israelitas, o episódio das 'nachashim serafim' (serpentes abrasadoras).
Neste episódio registrado em Bamidbar (No deserto/Números) 21, o povo começou a murmurar e por conta disto,  serpentes abrasadoras vieram  e começaram a morder os israelitas. Para  sanar a situação, o Eterno ordenou que se levantasse uma nachash (serpente) de bronze e, todo aquele que foi mordido pelas 'nachashim serafim' serpentes abrasadoras, ao OLHAREM para a 'nachash El'(serpente de El) seria curado.

A palavra Nachash (serpente) tem valor  guematrico (sistema de cálculo com os caracteres hebraicos) de 358 o mesmo valor da palavra Mashiach (ungido). É interessante dizer que a Torá chama esta serpente de bronze de "Nachash El", ou seja, não era uma serpente qualquer era A serpente de El, a cura para "am Israel" (povo de Israel).
Yeshua estava dizendo que Ele era a cura para Israel, que está disperso por entre as nações por conta de suas transgressões a Torá. É Yeshua quem têm curado o Reino de Israel, trazendo os dispersos (Efrayim) de volta a Torá!!

A identidade de um Tsadik (Justo)

Leiamos Habakuk ha navi (Habacuque o profeta) 2.4; Ruhomaiah (Romanos) 5.1 e 2; e também Ya'akov (Tiago) ha tsadik (o justo) 2.26.

"Eis que sucumbe aquele cuja alma não é reta, mas o tsadik (justo) viverá por sua Fé."

"Tendo sido, pois, justificados pela Fé, estamos em paz com Elohim por nosso Senhor Yeshua HaMashiach, por quem tivemos acesso, pela Fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos na esperança da glória de YHWH."

"Com efeito, como o corpo sem o sopro de vida é morto, assim também é morta a Fé sem obras."

Nos três textos acima, vemos que o tema central é Fé. E fé, é definida como certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas QUE NÃO SE VÊEM. (Ivrim 11.1), ou seja, um tsadik(justo) é uma pessoa que não depende de elementos palpáveis para seguir sua jornada em obediência ao Eterno. De fato, por mais que alguem possa considerar isso como algo simples, na prática, vemos que isso se constitui em um verdadeiro desafio, pois muitos têm se perdido no Caminho pois ao exigirem "provas palpáveis" de que Yeshua seja o Mashiach tem o negado e, se não fizerem Teshuvá, não poderão herdar a salvação de nosso Aba (Pai) e Adon (Senhor).
 Fomos chamados a andar por Fé (II Cor.5.7) , a atentar para o que é invisível (II Cor. 4.18) e esse é o verdadeiro "modus vivendis" do justo, pois... ESPERANÇA QUE SE VÊ NÃO É ESPERANÇA... (Ruhomaiah 8.24).

Não sejamos como T'oma, creiamos em Yeshua HaMashiach pois Ele é a Esperança de Israel.


  

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