sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Midrash Tetsavê



O nome de Moshê

O nome de Moshê não é mencionado uma vez sequer na parashá de Tetsavê. Na verdade, desde o nascimento de Moshê até o final da Torá, esta é a única parashá na qual o nome de Moshê não consta. Esta omissão resultou do que Moshê proferiu sobre si mesmo. Após o pecado do bezerro de ouro, ele disse a Elohim: "Se não perdoares o povo deste pecado, imploro-Te, apague-me de Teu livro, que Tu escreveste!" Apesar de Elohim ter perdoado os israelitas, a punição que Moshê invocou sobre si foi parcialmente realizada. Elohim apagou o nome de Moshê da parashá de Tetsavê. As palavras de um justo realizam-se mesmo se a condição vinculada a ela não tiverem efeito.
Este é apenas um exemplo de quão extensos os efeitos da palavra falada podem ter. Todas as obras de ética judaica enfatizam o grande cuidado que se deve tomar ao falar.
A fala é uma arma poderosa, que pode infligir feridas mortais a grandes distâncias. Assim como palavras ásperas podem ferir quando dirigidas contra outra pessoa; também podem ser autodestrutivas. O Talmud adverte que uma pessoa não deve falar mal até mesmo de si próprio. Se alguém denigre a si mesmo, outros também poderiam denegri-lo.
A omissão do nome de Moshê nesta porção da Torá é, portanto, de importante significado. Se uma maldição condicional, que faz parte de uma apelação passional por perdão ao povo de Israel, pode ter consequências desfavoráveis, quão mais não o é quando as palavras são proferidas com raiva e hostilidade, seja contra si, seja contra outros.

A mitsvá de doar azeite para a menorá

Logo após as várias instruções referentes à construção do Tabernáculo e seus utensílios sagrados, Elohim deu uma nova mitsvá: Ordenou que óleo de oliva fosse doado para a menorá (candelabro).
Moshê disse ao povo: "Se algum de vós possui azeite de oliva apropriado para acender a menorá no Tabernáculo dê-o a mim."
Explicou: "Somente as primeiras gotas de azeite extraídas da azeitona podem ser utilizadas para a menorá. As primeiras gotas são perfeitamente claras e sem sedimentos, portanto produzem uma luz mais brilhante. O resto do azeite de oliva pode ser utilizado nas oferendas de farinha que são levadas ao altar; mas não para a menorá."

O que aprende-se sobre as primeiras gotas de óleo

Aprendemos uma grande lição do fato de que utilizava-se apenas as primeiras gotas de óleo para o acendimento da menorá, enquanto que, para oferendas, o óleo da segunda prensagem também era permitido.
Um judeu observante da Torá, em geral, procura garantir que o alimento que sua família consome seja casher. Mas este mesmo indivíduo, está bem menos preocupado com o "alimento para o intelecto" que entra em sua casa sob a forma de literatura ou mídia.
De acordo com o ponto de vista da Torá, o "óleo para a menorá", que representa o intelecto, deve ser o mais puro possível. O azeite para a menorá é superior ao óleo da oferenda (simbolizando nutrição). A Torá insiste que nossas mentes devem ser nutridas apenas com informações que sejam as mais puras e refinadas.

Porque o óleo de oliva foi escolhido por Elohim?

Por que Elohim escolheu o óleo de oliva para o acendimento, em vez de qualquer outro tipo de óleo?
A resposta é que o povo judeu é comparado à oliva:
• A oliva emana seu precioso líquido apenas depois de ter sido processada através de prensagem e batidas. Similarmente, como resultado de terem sido banidos de um lugar para outro pelos outros povos e terem sido perseguidos, os judeus purificaram seus corações e retornaram a Elohim.
A essência interior de um judeu é pura. É só sua má inclinação que o impede de servir a Elohim. Uma vez que a camada exterior é removida por pressão externa, sua natureza de santidade se reafirma.
• Todos os líquidos, quando misturados, mesclam-se numa mistura homogênea. O óleo é uma exceção; não se mistura, mantendo-se separado. Assim também, o povo de Israel é a única nação na história que não foi engolida pelos povos mas, guardou, e continuará guardando para sempre, sua identidade distinta.

Como a menorá era preparada para o acendimento

Geralmente um cohen acendia a menorá. Somente um cohen podia limpá-la e prepará-la.
Todas as manhãs um cohen entrava na seção kôdesh do Tabernáculo ou do Templo Sagrado e subia as escadas que conduziam à menorá. Tirava as cinzas de todas as lâmpadas, tirava os pavios queimados, colocando novos. Então, derramava azeite de oliva em cada lâmpada de um cântaro que continha meio lug (aproximadamente 250 ml) de azeite de oliva casher. Fazia isto todas as manhãs, mas não acendia a menorá até a tarde.
A quantidade de óleo necessária para que ardessem até a manhã seguinte era calculada de acordo com a quantidade necessária para durar durante as longas noites de inverno. Contudo, a mesma quantidade era utilizada toda noite, até nas curtas noites de verão e, como resultado, sobrava algum óleo nas manhãs de verão.

O milagre da lâmpada central

Todas as manhãs, o cohen que entrava para limpar a menorá presenciava um milagre. As sete luzes da menorá deveriam ter-se extinguido, pois o azeite que o cohen havia acendido na tarde anterior não podia durar mais que doze horas: até a manhã seguinte. Porém - incrivelmente, sempre encontrava a luz do meio das sete ainda acesa! Como era possível? Tratava-se claramente de um milagre, um sinal de Elohim para demonstrar aos judeus que sua Divindade repousava no Tabernáculo.
Este mesmo cohen não tocava na luz do meio, mas limpava as outras seis lâmpadas e colocava novos pavios. O cohen que entrava à tarde encontrava a luz do meio acesa! Usava então esta luz para acender as outras seis luzes. Somente depois de fazê-lo apagava a luz do meio, limpava as cinzas dessa lâmpada e voltava a acendê-la.
A luz do meio manteve-se acesa assim, constantemente, não apenas no Tabernáculo, mas também no Templo Sagrado.
Certa vez, a colheita de olivas para óleo foi muito pobre em Israel, e havia apenas uma pequena quantidade de óleo para acender a menorá. Os cohanim entristecidos, choraram. Porém, durante o período de escassez de óleo, o milagre que geralmente só ocorria com a lâmpada central aconteceu com a menorá inteira. Apesar da quantidade insuficiente de óleo, as lâmpadas da menorá ardiam brilhantes a noite toda.

A importância da menorá e o que ela simboliza

A mitsvá de acender a menorá era tão grande que Elohim proclamou: "A luz da menorá é mais preciosa para Mim que a luz do sol ou da lua!"
Elohim não ordenou que a menorá fosse acesa por Sua causa, pois Ele não precisa da luz dos mortais. Pelo contrário, é Ele Que ilumina o universo inteiro.
Certa vez, um homem com visão perfeita e seu amigo cego quiseram ir para casa juntos. O homem disse ao amigo: "Deixe-me apoiá-lo e guiá-lo de modo que chegue em casa com segurança." Quando chegaram à casa, ocorreu ao homem que enxergava que o amigo cego certamente poderia estar deprimido com a ideia de seu desamparo. Por isso, pensou numa ideia para animá-lo. "Por favor, acenda a luz para mim," solicitou ao amigo cego. Apesar de que realmente não precisava do serviço do outro, fez este pedido em consideração ao seu amigo deficiente.
Similarmente, Elohim não necessita de nossa luz. Pediu-nos para acendermos a menorá para Ele a fim de nos conceder méritos.
Para demonstrar que Elohim não necessita da luz dos seres humanos, as janelas do Templo Sagrado eram construídas de maneira bastante singular. Ao invés de serem largas por dentro e estreitas por fora (permitindo a entrada de luz), aquelas janelas eram construídas estreitas por dentro e largas em direção ao exterior. Demonstrando assim que, é do Templo Sagrado que partia luz em direção ao mundo.
A mesma ideia também era simbolizada pelo fato de que a menorá não ficava no Santo dos Santos, o "aposento particular" de Elohim. Em vez disso, Elohim ordenou que fosse colocada na seção kôdesh. Similarmente, a mesa ficava no kôdesh, e não no Santo dos Santos, demonstrando que Elohim não necessita da comida dos mortais.
Atualmente, estamos impossibilitados de doar óleo para a menorá do Templo Sagrado. Em seu lugar, é uma mitsvá iluminar sinagogas e casas de estudo.

Elohim ordena consagrar os cohanim com vestes sacerdotais

Elohim disse a Moshê: "Diga a seu irmão, Aharon: Elohim te escolheu para que sejas o Sumo Sacerdote, responsável pelo serviço de Elohim no Tabernáculo. Teus filhos e seus descendentes serão cohanim que cumprirão Meu serviço."
Elohim também comunicou a Moshê: "O Sumo Sacerdote e os cohanim devem usar adornos especiais durante o serviço. Os adornos do Sumo Sacerdote serão extremamente belos, mais do que as vestes de qualquer rei. Serão vestes iguais às trajadas pelos Anjos Ministros no Céu. Quando os judeus virem os cohanim com trajes de glória e esplendor compreenderão que são pessoas especiais e os tratarão com respeito. Estes adornos também recordarão aos próprios cohanim que são diferentes. Isto os ajudará a servir melhor a Elohim."
(Glória advém à pessoa por causa das habilidades concedidas por Elohim, enquanto esplendor refere-se ao respeito que granjeou através de suas próprias realizações. As vestimentas significavam ambos: a glória devida aos cohanim como resultado de sua nomeação como servos de Elohim e o esplendor espiritual resultante de seus próprios esforços.)
O fato de que os cohanim só poderiam realizar o serviço trajando as vestimentas indicava santidade de seus atos. Isto nos ensina que quando um judeu reza ou cumpre uma mitsvá deve ser cuidadoso no vestir, e conduzir-se com dignidade e respeito perante Elohim.
Mesmo as nações do mundo perceberam que estas vestes eram trajes de distinção.
O rei Achashverosh (Assuero) fez um banquete que durou cento e oitenta dias, a fim de demonstrar sua grandeza e poder. A cada dia do banquete, revelava diferentes tesouros aos olhos do povo. Dentre outros itens valiosos, também mostrou as vestes e adornos do Sumo Sacerdote. O rei Nevuchadnêtsar (Nabucodonosor) levou-os à Babilônia quando destruiu o Templo Sagrado, e desde então, foram cuidadosamente preservados nos tesouros reais da Babilônia.
Todos os judeus foram comandados a contribuir com material para as vestes sacerdotais. A tarefa de tecê-los poderia ser preenchida por qualquer homem ou mulher sábios, cujo coração estava pleno de temor aos Céus.

As vestes dos cohanim

O sacerdote comum tinha quatro vestes e o Sumo Sacerdote tinha oito adornos.
As vestes do cohen comum eram:
1 - Uma camisa comprida
2 - Calças
3 - Um cinturão
4 - Um turbante
O Sumo Sacerdote também usava estes trajes, exceto o turbante. Enquanto o turbante do cohen comum apontava para cima, o turbante do Sumo Sacerdote era redondo.
Os adornos do Sumo Sacerdote:
1 - Uma camisa comprida
2 - Calças
3 - Um cinturão
4 - Um chapéu diferente do turbante do cohen comum
Além dos itens acima, o Sumo Sacerdote trajava quatro vestes de ouro. Eram elas:
5 - Uma placa que cobria o peito
6 - Um manto
7 - Um avental
8 - Uma faixa para a cabeça
A única parte do corpo de todo cohen que permanecia descoberta eram os pés.
A Torá ordena que o cohen cumpra o seu serviço descalço, posto que o piso de terra do Tabernáculo e as pedras do piso do Templo Sagrado eram santas e Elohim desejava que os pés dos cohanim tocassem o solo.

Mais detalhes a respeito das vestimentas sacerdotais

SACERDOTE COMUM
A camisa longa
A camisa longa era feita de linho branco e chegava até as plantas dos pés.
O cinturão
O cohen usava o cinturão por cima da camisa. O cinturão era muito longo - cerca de 19 metros - e dava muitas voltas ao redor da cintura do cohen. Era feito de tela colorida.
As calças
As calças eram curtas e feitas de linho branco.
O turbante
Ao redor da cabeça do cohen colocava-se uma cinta de linho branco que dava muitas voltas até formar um chapéu que terminava em ponta.

SUMO SACERDOTE
O Sumo Sacerdote, como o cohen comum, usava uma camisa longa, um cinturão e calças.
Vestes adicionais:
O turbante
O turbante do Sumo Sacerdote também era feito de uma tira de tela branca e enrolado ao redor da cabeça, mas era chato na parte superior.
O manto
O manto era feito de lã azul. Da parte inferior pendiam sinos de ouro. Entre cada dois dos sinos havia adornos de lã, de aspecto semelhante a romãs. Quando o Sumo Sacerdote caminhava, os sinos tilintavam. Os sinos soavam para anunciar a chegada do Sumo Sacerdote no Tabernáculo, e sua saída deste.

Por que o manto tinha sinos?

Elohim tinha várias razões para ordenar que se colocassem campainhas ao redor do manto.
• As campainhas serviam de lembrança ao próprio Sumo Sacerdote. Quando escutava o tilintar, compreendia quão importante era a sua função e dava o melhor de si para cumprir todas as partes do seu trabalho cuidadosamente, com os pensamentos adequados.
• As campainhas também ajudavam o povo de Israel. Quando escutavam o tilintar, sabiam que o Sumo Sacerdote estava fazendo o serviço Divino, e participavam orando neste momento.
Aprendemos do fato de que a entrada do Sumo Sacerdote era anunciada, que a pessoa não deve entrar em sua própria casa inesperadamente. Infere-se, então, que logicamente não se deve irromper na casa de terceiros, mas sim, bater, tocar a campainha ou indicar sua chegada de alguma outra maneira.

A faixa usada na testa
Antigamente todos os judeus usavam tefilin o dia todo. Além de usar tefilin, o Sumo Sacerdote também usava o tsits na sua fronte. O tsits era uma faixa de ouro na qual estavam gravadas em relevo as palavras: "Santo para YHWH". Era atada à cabeça através de três fitas azuis-celeste.
Uma vez que a faixa possuía alto grau de santidade, o Sumo Sacerdote tinha de comportar-se com o devido respeito ao portá-lo. Não lhe era permitido desviar a atenção do fato de que estava levando o Nome Divino em sua testa.
O comportamento do Sumo Sacerdote enquanto portava a faixa constitui uma importante lição para nós, enquanto colocamos tefilin. Ao usar a faixa, o cohen tinha de concentrar-se constantemente no Santo Nome de Elohim. Alguém que está com tefilin, no qual o Nome Divino aparece numerosas vezes, certamente não pode desviar os pensamentos deste.
A faixa era tão sagrada que fazia todo o judeu que a olhasse sentir-se envergonhado de suas falhas. Então, quando o Sumo Sacerdote usava a faixa, isto era um mérito para o povo judeu. Elohim perdoava seus pecados, pois a faixa os ajudava a se aprimorarem.
O avental
O efod (avental) era multicolorido, magnificamente tecido, e tinha aspecto parecido a de um avental. Em lugar de cobrir a frente e ser amarrado atrás, o Sumo Sacerdote o prendia por trás e o amarrava adiante.
Na parte posterior era seguro por meio de duas alças que passavam por cima dos ombros até a frente. Em cada alça havia uma pedra preciosa incrustada, sobre a qual estavam gravados os nomes de seis tribos. Os nomes das outras seis tribos apareciam sobre a outra pedra preciosa.
Na frente, as duas alças sobre os ombros estavam presas a duas fivelas de ouro, das quais pendia a placa peitoral.
A placa sobre o peito
A placa sobre o peito era feita de um material belamente tecido. Era quadrada, e se dobrava ao meio, de tal modo que formava um bolso.
Neste bolso, encontrava-se um pergaminho, conhecido com urim vetumim no qual estava escrito o Inefável Nome de Elohim.
Como o urim vetumim era santo, a placa era a mais importante de todos os adornos (assim como a arca era o mais importante de todos os objetos do Tabernáculo e Templo Sagrado).
As pedras preciosas da placa peitoral
Elohim ordenou que se pusessem doze pedras preciosas engastadas sobre o material tecido do peitoral. Sobre cada pedra estava escrito o nome de uma das doze tribos.
Além desses nomes as pedras possuíam também as seguintes palavras na placa peitoral: "Avraham, Yitschac, Yaacov, Shivtê Yeshurun." Estas palavras adicionais estavam distribuídas sobre todas as gemas, de tal maneira que cada pedra tinha o total de seis letras.
Assim, todas as letras do Alef-bet estavam incluídas na placa. Porque a placa deveria conter todas as letras possíveis? Quando o povo de Israel precisava consultar Elohim sobre assuntos importantes, essas letras se iluminavam, formando sentenças, a fim de transmitir a resposta de Elohim.
A placa portava os nomes de nossos patriarcas e das tribos, para servir como lembrete do mérito de nossos grandes antepassados e o das tribos. As quatro colunas aludem ao mérito de nossas quatro matriarcas. Esses méritos auxiliavam o Sumo Sacerdote a obter expiação para o povo judeu.
Enquanto o Sumo Sacerdote usava a placa, não podia em nenhum momento esquecer o povo judeu. Tinha-os presentes (simbolizados pelos nomes das tribos) enquanto cumpria o serviço Divino. Ao rezar, pedia a Elohim que os ajudasse e os abençoasse.
A primeira fileira de pedras preciosas
Odem Rubi Reuven
Pitdá Esmeralda Shim'on
Bareket Topázio Levi

A segunda fileira
Nofech Carbúnculo Yehudá
Sapir Safira Yissachar
Yahalom Diamante Zevulun

A terceira fileira
Leshem Jacinto Dan
Shevó Ágata Naftali
Achlama Ametista Gad

A quarta fileira
Tarshish Crisólito Asher
Shoham Onix Yossef
Yashfe Jaspe Binyamin

Como as pedras foram cortadas

As duas pedras preciosas das alças do avental e as doze pedras preciosas da placa deviam ser cortadas de um certo tamanho. Porém Elohim proibiu que se usasse uma faca ou qualquer outro instrumento de metal para cortar essas pedras. As pedras incrustadas deveriam ser perfeitas, sem que faltasse a menor lasquinha sequer. Portanto, as letras sobre as gemas não poderiam ser gravadas através de instrumentos ou ferramentas, pois isto faria com que as gemas ficassem ligeiramente lascadas.
Como então, poderiam ser cortadas?
Moshê sabia que Elohim havia criado na véspera do primeiro Shabat dos seis dias da Criação um inseto, pequeno como um grão de cevada, que possuía a maravilhosa habilidade de cortar qualquer material, inclusive a mais dura rocha, simplesmente passando por cima. Este inseto surpreendente se chamava shamir.
Moshê ordenou que se trouxesse o shamir. Os nomes das tribos foram escritas à tinta sobre as gemas. O shamir foi passado pelas pedras preciosas, e estas se cortaram exatamente sobre a linha marcada pelo artesão.
Quando o Templo Sagrado foi destruído, o shamir desapareceu.

Urim vetumim, o pergaminho contendo o Nome de Elohim embutido na placa

Como mencionamos anteriormente, a placa peitoral foi feita de tal modo que era dobrada ao meio, formando um bolso. Neste bolso Moshê inseriu um pergaminho sobre o qual escreveu o Nome Indizível de Elohim composto de setenta e duas letras.
Este nome fazia com que certas letras gravadas sobre as pedras preciosas se acendessem em resposta às questões que lhe eram perguntadas.
O nome urim vetumim significa:
Urim - as letras se acendiam (da raiz 'or', luz)
Tumim - sua resposta era final e inalterável (derivado de 'tam', perfeito)
Por isso, a placa peitoral além de ser chamada simplesmente de chôshen era também conhecida como 'Chôshen Mishpat' (mishpat - sentença), uma vez que a decisão final sobre cada assunto duvidoso era alcançada através da iluminação das pedras.
Apenas assuntos referentes ao rei, ao tribunal ou ao povo judeu como um povo poderiam ser consultados através das pedras. Não era permitido questioná-las para propósitos particulares.
O questionador costumava ir ao Sumo Sacerdote, que portava os urim vetumim. O Sumo Sacerdote voltava sua face em direção a arca (sobre a qual a Divindade pairava), e o inquiridor, de pé atrás dele, tinha de perguntar a questão em voz baixa, no tom de quem está rezando. O Sumo Sacerdote era então inspirado pelo espírito Divino. Ao olhar para as letras da placa que se acendiam, podia combiná-las corretamente e decifrar a resposta de Elohim.
Os urim vetumim foram consultados pelo povo de Israel durante o período bíblico. Pararam de funcionar com a destruição do primeiro Templo Sagrado.
Aharon recebeu o privilégio de portar o nome Divino sobre seu coração como recompensa por sua felicidade, ao ouvir que seu irmão menor Moshê fora escolhido como líder para redimir o povo judeu. Elohim disse: "Que o coração que não sentiu inveja porte a placa contendo o Meu Nome!"

O convertido que queria tornar-se um cohen gadol

Certa vez, um não-judeu passou por uma sinagoga e ouviu a voz do rabino ensinando as crianças: "Estas são as vestes que devem fazer: a placa peitoral, o avental..." O mestre lia a parashá que versava sobre os adornos do Sumo Sacerdote. O não-judeu parou e indagou: "Quem recebe todas essas roupas maravilhosas?" "O Sumo Sacerdote judeu" - responderam. O não-judeu pensou: "Converter-me-ei para que receba estas roupas gloriosas!"
Dirigiu-se à casa de estudos do Sábio Shamai. "Aceite-me como um convertido ao judaísmo, com a condição de que me torne Sumo Sacerdote!" Shamai expulsou-o com o bastão que estava em sua mão. (Agiu assim de boa-fé, a fim de proteger a honra da Torá. Considerou o pedido uma afronta à Torá.)
O pretenso convertido então tomou o rumo da casa de estudos do Sábio Hilel, e repetiu seu desejo de converter-se ao judaísmo a fim de se tornar Sumo Sacerdote. Hilel aceitou-o. Contudo, advertiu-o: "Antes de assumir uma posição elevada, uma pessoa deve familiarizar-se com as regras de conduta a essa pertinente. Vá estudar as leis referentes ao sacerdócio!"
O homem estudou Torá, e logo chegou ao versículo: "O não-cohen que se aproxima disso (do serviço sacerdotal) morrerá." "A quem este versículo se refere?" - inquiriu. Disseram-lhe: "A qualquer um que não nasceu da família de Aharon, mesmo o próprio Rei David!"
O convertido compreendeu o total significado dessas palavras. Raciocinou: "Se mesmo um judeu de nascimento não pode assumir as funções de um cohen, eu, um estrangeiro, certamente não poderia tornar-me um!" Voltou a Shamai e disse-lhe: "Por que não me disse que não poderia me tornar um Sumo Sacerdote, uma vez que a Torá proíbe um não-cohen de realizar o serviço?"
Para Hilel, disse: "Que possa se tornar o receptáculo de todas as bênçãos Celestiais. Sua humildade trouxe-me para sob as asas da Shechiná."
Mais tarde, esse convertido teve dois filhos. Chamou um de Hilel, e o outro de Gamliel (o nome do neto de Hilel). Sua família ficou conhecida como "guerê Hilel - os convertidos de Hilel."

Leis relacionadas às vestes sacerdotais

Os trajes dos cohanim eram sagrados, e portanto muitas leis se aplicavam a eles. Eis aqui algumas delas:
1 - Somente um cohen podia vesti-los. Um levi'im ou um judeu comum não podia nem experimentá-los.
2 - Um cohen somente podia usá-los se estivesse no Tabernáculo ou no Templo Sagrado. Caso saísse dali, deveria tirá-los.
3 - Um cohen não podia dormir com estas vestes, pois seria uma falta de respeito.
4 - Um cohen deveria portar exatamente os adornos que a Torá lhe ordena. Se lhe faltar uma só das vestes estipuladas enquanto cumpre um ato de serviço, seu trabalho não é válido.
Uma família diferente foi designada para cada uma das muitas tarefas no Templo Sagrado. Por exemplo, a família de Garmo assava os pães da proposição, e a família de Avtinas era encarregada de fabricar incenso. A família de Pinchas estava encarregada das vestes dos cohanim. Costumavam vestir os cohanim antes do serviço, despi-los ao final do serviço, e supervisionar o armazenamento das roupas em câmaras especiais.

Como as vestes dos cohanim ajudavam o povo de Israel

Quando os cohanim colocavam os adornos sacerdotais, Elohim considerava um mérito para todo povo de Israel.
As vestes dos cohanim ajudavam os judeus de duas maneiras:
1 - Elohim perdoava determinados pecados cometidos pelos judeus porque os cohanim vestiam estes trajes.
Por exemplo, o manto do Sumo Sacerdote, ajudava os judeus a serem perdoados por falar maledicência, lashon hará. (É óbvio que também deviam fazer teshuvá.)
As campainhas costuradas na parte inferior do manto também tinham uma função elevada. Quando Elohim escutava seu tilintar, perdoava os judeus pelos sons pecaminosos que haviam emitido ao falar maledicência.
O resto dos adornos dos cohanim servia para expiar outros pecados do povo judeu: a camisa expiava o assassinato e a placa perdoava a adoração de ídolos.
Como era benéfico para os judeus que os cohanim cumprissem o serviço de Elohim. Oxalá possamos vê-los em ação novamente!
2 - Os trajes dos cohanim também ajudavam o povo de Israel a vencer as guerras. Eram semelhantes a uniformes que soldados usam. Quando os cohanim usavam seus uniformes sagrados no Tabernáculo, Elohim recordava os soldados judeus no campo de batalha e os fazia triunfar.
Portanto, os adornos dos cohanim, beneficiavam todo o povo judeu.

A mulher que foi recompensada tendo todos seus filhos como Sumo Sacerdotes

Todos os sete filhos de uma senhora chamada Kimchit tornaram-se Sumo Sacerdotes. Os sábios ficaram maravilhados com a extraordinária honra que Elohim concedeu a esta mulher. Enviaram-lhe um mensageiro para indagar-lhe: "Quais são seus feitos, para que você fosse assim distinguida?" Ela replicou: "Sequer as paredes de minha casa jamais viram meus cabelos descobertos!" Durante toda sua vida não havia revelado seus cabelos a ninguém, nem mesmo às vigas do seu teto. Por isso, seus filhos tiveram o privilégio de adentrar, em Yom Kipur, o local mais oculto e reservado possível: o Santo dos Santos.
Os sábios, então, comentaram: "O versículo de Tehilim (45:14) certamente aplica-se à Kimchit. 'A dignidade da princesa encontra-se no interior, ela será adornada com quadrados dourados.'"
Eles interpretaram esse versículo como significando que uma mulher de grande recato é recompensada com filhos que vestem a placa peitoral de quadrados dourados.
Apesar de ser permitido pela lei a Kimchit descobrir os cabelos quando estava sozinha, evitou fazê-lo por reverência e recato na presença do Todo-Poderoso. Por isso, tornou-se mãe de filhos que, como Sumo Sacerdotes, mereceram uma intensa experiência da presença de Elohim.
Kimchit procurou manter sua grandeza encoberta, mas esta foi revelada para todas as gerações. Normalmente, quando o Talmud registra o nome de um homem, o faz mencionando o nome de seu pai. Porém, Shimon e Yehudá ben Kimchit são eternamente lembrados como filhos da sua virtuosa mãe.
Um sábio do século passado, o Chafets Chayim perguntou a Rabi Meir Karelits (irmão do Chazon Ish), e ele próprio um prodígio, como seus pais mereceram ter filhos de tão extraordinária estatura. Respondeu que fizeram a mesma pergunta a sua mãe. Ela explicou: "Há uma boa razão para isto. Quando lavo meus cabelos na véspera do Shabat, peço à duas mulheres que fiquem perto de mim e cubram-nos com lençóis, de modo que as paredes de minha casa não vejam meus cabelos descobertos."

Os cohanim se preparam para começar o seu serviço Divino sendo consagrados por sete dias

Elohim explicou a Moshê que, uma vez que o Tabernáculo estivesse armado, os cohanim começariam ali o serviço Divino.
Elohim disse: "Chame os cohanim com palavras encorajadoras para tornarem-se Meus servos. Diga-lhes: 'Vocês são afortunados por terem sido escolhidos pelo Todo-Poderoso'.
"Antes que os cohanim estejam prontos para começar a trabalhar no Tabernáculo, devem santificar-se e preparar-se para seu trabalho. Eles se santificavam mediante as quatro ações seguintes:
1 - Devem estar presentes e observar todos os dias como tu, Moshê, ofereces três tipos de oferendas sobre o altar. Deste modo, aprenderão como ofertar os sacrifícios.
2 - Devem submergir-se em um micvê.
3 - Tu os ungirás com o azeite sagrado.
4 - Devem vestir as vestes sacerdotais todos os dias.
"Cumprindo estas quatro ações durante sete dias, estarão prontos para começar a Me servir no Tabernáculo."

O altar de incenso

O grande altar sobre o qual se ofereciam todos os sacrifícios animais se encontrava no pátio do Tabernáculo, a céu aberto (como foi relatado na parashá anterior, Terumá).
Agora Elohim ordenava a Moshê que construísse um segundo altar: "Este altar será feito de madeira, recoberto de ouro. Ponha-o na seção Kôdesh do Tabernáculo, próximo à menorá e à mesa. Duas vezes por dia, de manhã e à tarde, um cohen queimará incenso sobre este altar."
Embora o altar do incenso estivesse recoberto somente por uma fina camada de ouro, a madeira que havia debaixo dela jamais se chamuscava por causa do fogo que havia sobre o altar. (Este é um dos milagres conhecidos do Tabernáculo. Demonstravam aos judeus que a presença de Elohim estava entre eles.)
Como este altar não estava destinado a oferecer sacrifícios animais, mas apenas a queimar incenso, foi chamado o altar de incenso. Também denominava-se altar de ouro, e altar interior.
Era proibido oferecer sacrifícios animais sobre o altar do incenso, exceto em Yom Kipur, quando o Sumo Sacerdote oferecia animais sobre ele.
Aharon foi ordenado a queimar incenso sobre este altar todas as manhãs e tardes. Elohim disse: "O incenso é a mais querida de todas as oferendas. Todos os outros sacrifícios expiam transgressões, mas o incenso é ofertado apenas para trazer alegria e felicidade".
Após o término da construção do Tabernáculo e todos seus objetos sagrados, depois que a mesa e a menorá foram fixados em suas posições e os sacrifícios trazidos, a Shechiná ainda não havia descido. Foi somente quando o incenso foi oferecido que a Divindade finalmente desceu para residir no Tabernáculo.

Por que a ordem para a construção do altar de incenso encontra-se no final desta parashá?

Poderíamos perguntar por que a Torá menciona este altar agora, ao final da parashá de Tetsavê. Já que o altar do incenso se colocava junto à mesa e à menorá na seção Kôdesh, por que a Torá não o menciona na parashá anterior, Terumá, junto com os demais objetos que havia na seção Kôdesh?
Uma das respostas é que Elohim pôs o altar do incenso como o último dos objetos do Tabernáculo para demonstrar quão importante é. Mencionou-o fora do lugar esperado na Torá para que nós notemos como é especial.
Por que o altar do incenso é tão santo?
As especiarias com que era feito o incenso que o cohen queimava sobre o altar desprendiam um aroma delicioso. Nossos Sábios nos contam que a fumaça do incenso subia direto ao céu, e que era agradável a Elohim. Era um sinal de amor e amizade entre Elohim e o povo de Israel. O aroma do incenso anulava quaisquer decretos celestiais. Como queimar incenso fortalece a aproximação entre Elohim e o povo judeu, podemos compreender a importância deste altar.

Shabat Shalom L'Kulam!!!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Midrash Terumá



Porque Elohim ordena ao povo de Israel que Lhe construa um Tabernáculo

Um príncipe viajou de um país distante para casar-se com a filha única do rei. Quando quis partir com ela, o rei disse: "Não posso deixá-la partir, ela é minha filha única. Por outro lado, ela também é sua esposa, e não tenho o direito de detê-la aqui. Por isso, pedir-lhe-ei um favor. Construa um quarto extra para mim, onde quer que se estabeleçam; de maneira que eu possa viver perto de vocês!"
Igualmente, depois que Elohim deu a Torá, Sua filha preciosa, ao povo judeu, pediu-lhes que construíssem um Tabernáculo (Mishcan), no qual Sua Shechiná (Divindade) residiria permanentemente na terra.

Três parábolas: A que se compara o Tabernáculo

Elohim anunciou ao povo judeu: "Vocês são meu rebanho, e Eu sou o pastor. Assim como um pastor arma a tenda perto das ovelhas para cuidá-las, Eu desejo ter uma morada perto de vocês."
"Vós, o povo judeu, sois Meu vinhedo e Eu, Elohim, o guardador do vinhedo. Aquele que cuida do vinhedo normalmente vive em uma choupana perto do vinhedo, de onde possa observá-lo para assegurar-se de que não entrem ladrões. Construam, pois, uma choupana para Mim junto ao vinhedo."
"Vós, o povo judeu, também sois meus filhos; e Eu, Elohim sou vosso pai. É uma grande honra para os filhos viver em um lar próximo ao pai e também é uma honra para o pai viver perto dos filhos."

As chaves das três parábolas

Elohim é comparado:
1 - A um pastor
2 - A um vinhateiro
3 - A um pai
Por que não basta uma comparação? Por que é necessário haver três parábolas diferentes?
Na verdade, estes são três momentos diferentes da história do povo judeu. Em cada época, Elohim manteve uma relação distinta com os judeus.
1 - Quando o Povo de Israel perambulou pelo deserto, Elohim morava em um Tabernáculo parecido a uma tenda de pastor. Um pastor não vive em um lugar fixo. Segue o rebanho onde este vai para pastar e arma sua tenda perto das ovelhas para protegê-las e procurar-lhes comida.
Do mesmo modo, Elohim "seguiu" o povo judeu pelo deserto. Como um pastor fiel, guardou-os dia e noite e estendeu Suas nuvens ao redor deles, e os alimentou com maná, aves, e água da fonte.
2 - Em Israel o rei Salomão construiu o Templo Sagrado para Elohim, um edifício de pedra. Assim como o vinhateiro cuida do vinhedo, do mesmo modo Elohim protegeu a Terra de Israel de todos os inimigos. Mesmo assim, o Templo Sagrado foi comparado apenas a uma "choupana" e não a um lugar permanente, pois não durou para sempre. Elohim predisse que o Templo Sagrado continuaria existindo somente enquanto os filhos de Israel guardassem fielmente a Torá. Quando abandonaram as mitsvot de Elohim, o Templo Sagrado, ambos, o primeiro e o segundo, foram eventualmente destruídos.
3 - Quando Mashiach vier e Elohim nos der o terceiro Templo Sagrado, esse será comparado a um "lar" - pois durará para sempre. Então todos verão que Elohim é nosso pai e que somos Seus filhos.

Quando a ordem da construção do Tabernáculo foi dada

Apesar da mitsvá de construir um Tabernáculo ter sido decretada apenas depois do pecado do bezerro de ouro, a Torá a registra de antemão. As porções da Torá que lidam com o Tabernáculo (Terumá e Tetsavê), precedem o relato do pecado do bezerro de ouro (na porção de Ki Tissá).
Após o pecado do bezerro de ouro, Moshê implorou incessantemente que Elohim perdoasse o povo judeu. Finalmente, conseguiu o perdão. Não obstante, Moshê não estava satisfeito, e indagou a Elohim: "Como ficará evidente às nações do mundo que Tu realmente perdoaste Teu povo?"
"Que os filhos de Israel construam um Tabernáculo," replicou Elohim. "Lá, oferecerão sacrifícios, os quais aceitarei. Esta será uma prova pública de Meu amor renovado por Meu povo!"
A Torá inverte a ordem cronológica dos acontecimentos a fim de ensinar-nos que Elohim prepara o antídoto para uma falha mesmo antes desta ter sido realmente cometida. Elohim previu o pecado do bezerro de ouro. Portanto, Ele arquitetou antecipadamente a ideia de construir o Tabernáculo.
Através do pecado, o povo judeu forçou a Shechiná a retroceder aos Céus. Por intermédio do Tabernáculo, contudo, a Shechiná poderia retornar à terra.

O Tabernáculo como moradia Divina

Ao ouvir as palavras de Elohim: "Que façam um Santuário para Mim, para que habite dentre eles", Moshê ficou surpreso.
"Como podes Tu, Cuja Glória preenche Céus e terra, habitar numa humilde moradia que erguemos para Ti?" - perguntou.
Elohim respondeu: "Nem ao menos preciso do Tabernáculo inteiro como local de residência. De fato, confinarei Minha Shechiná à limitada área onde se localizará a arca."
Elohim, em Seu grande amor pelo povo judeu, restringiu Sua Shechiná ao Tabernáculo, próximo aos Seus filhos.
O Tabernáculo físico de madeira, contudo, era apenas um símbolo para a verdadeira habitação da Shechiná - o coração de cada judeu.
Como é possível transformar o coração de alguém num Santuário para a Shechiná? Isto é alcançado devotando-se o coração à Torá e à serviço de Elohim.

A importância do Tabernáculo para o povo judeu

De fato, o Tabernáculo (e mais tarde o Templo Sagrado) beneficiava o povo judeu de três maneiras:
• Como resultado do serviço realizado da maneira como Elohim prescreveu, o povo de Israel recebia proteção celestial contra quaisquer possível atacante.
• O Tabernáculo era fonte de inspiração espiritual. Cada judeu que frequentasse o Tabernáculo e o Templo Sagrado, era estimulado a incrementar a observância de Torá e mitsvot. O Santuário e o Templo eram permeados por uma atmosfera de temor a Elohim, e observando os cohanim (sacerdotes) realizarem diligentemente o serviço, o povo judeu era motivado a aprimorar sua espiritualidade.
• A nação inteira testemunhava constantemente milagres óbvios no Tabernáculo e no Templo Sagrado. Estes fenômenos sobrenaturais demonstravam-lhes o grande amor de Elohim com Seu povo, que era como a relação de pai e filho.

Elohim pede contribuições para a construção do Tabernáculo

Elohim instruiu Moshê: "Nomeie coletores de fundos para recolherem material para o Tabernáculo. Serão aceitas contribuições de qualquer judeu cujo coração o impele a participar."
Ao ouvir que o Tabernáculo deveria ser construído em meio ao deserto, Moshê perguntou-se se a comunidade possuía material suficiente para projeto de tal monta. Antes mesmo que pudesse articular a questão, Elohim respondeu-lhe: "Não apenas o povo de Israel, coletivamente, possui o material necessário para construir um Tabernáculo," Ele informou a Moshê, "porém, de fato, cada judeu poderia fazê-lo sozinho."
Onde o povo judeu obteve os materiais?
Quando saíram do Egito, os egípcios lhes deram ouro, prata e utensílios preciosos. Saíram do Egito com uma imensa fortuna. Logo, depois que os egípcios se afogaram no Mar Vermelho, os judeus ficaram ainda mais ricos, pois juntaram os adornos e tesouros que os egípcios traziam consigo. O mar os arrastou até a praia para que os judeus os recolhessem.
Os justos tinham pedras preciosas de mais uma fonte: todos os dias, quando caía a porção da maná, Elohim fazia que, junto com a maná, caíssem pedras preciosas!

Os materiais necessários para a construção

Elohim ordenou que quinze diferentes materiais fossem coletados para a construção do Tabernáculo e seus componentes. Cada material foi selecionado por Elohim para conceder ao povo judeu um mérito ou bênção especial, ao doá-lo.
• Ouro: Elohim disse: "Que o ouro doado para o Tabernáculo expie o ouro erroneamente doado para o bezerro de ouro."
• Prata
• Cobre
Há três tipos de caridade (tsedacá), que podem ser comparados ao ouro, prata e ao cobre. A caridade que a pessoa dá quando ela e sua família são ricas e as coisas vão bem é comparada ao ouro. Este tipo de caridade tem o mais poderoso efeito no Céu, comparável a um presente a um imperador. Apesar de ser dada sem nenhuma razão em especial, protege o doador de futuras eventualidades. Ze Hanoten Bari (Aquele que dá quando tem saúde), formando Zahav (ouro, em hebraico). Há, então, um segundo tipo de caridade, a caridade que a pessoa dá quando adoece. É menos efetiva, uma vez que é dada num momento de necessidade; sendo, portanto, comparada à prata. Se a pessoa adia a doação de caridade até que esteja gravemente doente (e, metaforicamente, está com a corda no pescoço, prestes a ser executado), o valor de sua caridade é reduzido a cobre.
Não obstante, uma pessoa não deve abster-se de dar caridade, sob qualquer circunstância. Sua caridade a precederá (no Mundo Vindouro), e lhe garantirá boa reputação.
• Lã tingida de azul-turquesa com o sangue de uma criatura marítima chamada chilazon
• Lã tingida de púrpura
• Lã tingida de vermelho púrpura
• Fino linho branco
• Lanugem de cabras
• Peles de carneiro tingidas de vermelho
• Peles de Tachash multicoloridas
Que animal era o Tachash? Era um unicórnio com pele multicolorida. Existiu apenas naquela época, para que o povo judeu pudesse utilizar sua pele para fazer as tapeçarias do Tabernáculo. Depois disso, se tornou extinto.
• Madeira de cedro de shitim (acácia)
Por que Elohim prefere a acácia a todos os outros cedros?
O cedro de shitim foi escolhido por Elohim porque não dá frutos. Elohim queria dar exemplo a alguém que constrói uma casa. A pessoa deveria desta forma raciocinar: "Se até o Rei dos Reis construiu Seu palácio da madeira de uma árvore estéril, nós certamente não podemos utilizar a madeira de uma árvore frutífera para este propósito!"
Quando Yaacov chegou ao Egito, plantou as árvores de shitim, pois sabia, graças a sua profecia, que os judeus os necessitariam mais adiante para construir o Tabernáculo. Yaacov ordenou a seus filhos: "Quando saírem do Egito, levem junto a madeira de shitim que plantei."
A viga mais comprida do Tabernáculo media cerca de 15 metros. Esta viga foi feita da madeira da árvore que Avraham nosso patriarca havia plantado em Beer Shêva! A famosa árvore, debaixo da qual servia seus hóspedes.
Quando os judeus cruzaram o Mar Vermelho, os anjos cortaram essa árvore e a levaram até o mar. Deixaram-na cair diante dos judeus e exclamaram: "Esta é a árvore que Avraham plantou em Beer Shêva! É debaixo dela que ele costumava orar a Elohim!"
Quando o povo judeu ouviu isso, levantaram a árvore e a levaram consigo. Utilizaram-na como viga central do Tabernáculo.
• Azeite de oliva (para acender a menorá)
• Especiarias para o azeite de unção e o incenso
• Duas pedras de ônix e doze tipos de pedras preciosas para o efod e o peitoral (partes da vestimentas do sumo-sacerdote)

Elohim mostra a Moshê a planta do Tabernáculo

Quando Moshê subiu ao céu, Elohim mostrou-lhe o desenho exato que devia seguir para construir o Tabernáculo. Este teria três seções:
1 - O Santo dos Santos: Era a seção mais santa do Tabernáculo que continha a arca com as Tábuas da Lei.
Na entrada do Santo dos Santos pendia um cortinado chamado parôchet. Este cortinado dividia o Santo dos Santos da segunda seção, o côdesh.
Somente o sumo-sacerdote tinha permissão Divina de entrar no Santo dos Santos, e somente um dia por ano: no Yom Kipur.
2 - A segunda parte do Tabernáculo era menos sagrada que o Santo dos Santos. Chamava-se côdesh. Ali ficavam a mesa, a menorá, e o altar de incenso.
As duas seções juntas eram denominadas "Ôhel Moed".
3 - A terceira parte era o pátio. Era menos sagrado que o côdesh. Ali Moshê colocou o grande altar de cobre sobre o qual eram oferecidos todos os sacrifícios de animais.
Elohim também explicou a Moshê exatamente como construir cada um dos objetos do Tabernáculo. Começou por explicar-lhe sobre a arca, pois era o recipiente mais sagrado do Tabernáculo.

Que aspecto tinha a arca

De todos os utensílios do Tabernáculo, Elohim ordenou que a arca fosse construída primeiro. Instruiu que sua construção precede até mesmo a próprio Tabernáculo.
A arca constava de três caixas abertas na parte superior; uma encaixava dentro da outra. A caixa menor era de ouro puro, e encaixava dentro de uma de madeira. A caixa de madeira encaixava dentro de uma caixa maior, que era feita de ouro. Desta maneira, a arca de madeira, era folheada a ouro por dentro e por fora, exatamente como Elohim ordenara.
A caixa de ouro externa tinha um belo rebordo de ouro, semelhante a uma coroa. A arca onde as tábuas foram guardadas simbolizava a Torá, e os ornamentos representavam a Coroa do estudo da Torá.

O que a arca simbolizava

Elohim conferiu ao povo judeu três "coroas" (posições de grandeza):
• A coroa da Torá, que era representada pela arca.
• A coroa do sacerdócio, que era representada pelo altar.
• A coroa da monarquia, que era representada pela mesa.
A coroa do estudo da Torá sobrepõe-se aos dois ofícios. Somente um judeu nascido numa família real ou sacerdotal é elegível para posições de monarquia ou sacerdotal. A oportunidade de se tornar um grande sábio de Torá, contudo, é acessível a qualquer um.
A arca também representava o estudioso de Torá.
As arcas interiores e exteriores eram de ouro, para indicar que os sentimentos íntimos de um estudioso de Torá devem coadunar-se com sua conduta externa. Pobre do estudante de Torá que porta a Torá em seus lábios, enquanto seu coração é desprovido de temor a Elohim!

A santidade da arca e seus milagres

Elohim fez muitos milagres em relação a arca. Aqui estão alguns:
• A arca com suas varas deveria ter realmente ocupado toda a área do Santo dos Santos, de parede a parede. Mas, quando o sumo-sacerdote ali entrava, havia espaço suficiente para que pudesse caminhar ao redor de toda a arca. A arca em si, milagrosamente, não ocupava nenhum espaço.
• Quando os levitas carregavam a arca não sentiam o menor peso sobre os ombros. Não apenas isso, mas a arca até os levantava e os transportava!
• Elohim ordenou a Moshê que construísse uma segunda arca que sempre viajava adiante do povo de Israel durante os quarenta anos no deserto. Esta arca desprendia faíscas de fogo que matavam todas as serpentes venenosas e os escorpiões que apareciam no caminho.

As barras da arca

De ambos os lados da arca havia duas varas de madeira revestidas de ouro, que passavam por arcos e que possibilitavam o transporte da arca de um lugar a outro.
Elohim deu uma ordem especial: as barras deveriam permanecer nos anéis o tempo todo. Não podiam ser removidos nunca, nem mesmo quando o povo judeu acampava. A eterna presença das hastes na arca simboliza o conceito de que a Torá não está vinculada à lugar algum. Onde quer que os judeus fossem, voluntariamente ou não, sua Torá também iria com eles, pois o meio de seu transporte está sempre atado à esta.

A cobertura da arca

A arca tinha uma coberta de ouro, chamada capôret. Era feita do mesmo bloco de ouro de que eram feitos os dois anjos, os keruvim.
Por que esta cobertura se chama capôret? Capôret deriva da palavra capará, expiação, indicando que este ouro expia pela transgressão do povo judeu de ter doado ouro para a construção do bezerro.

Os Keruvim - Os anjos de ouro

Elohim ordenou a Moshê que pegasse uma grande pepita de ouro, e esculpisse tanto a cobertura da arca quanto os keruvim, anjos, que ficam sobre essa.
Os keruvim não eram esculpidos como elementos separados e então soldados a cobertura; mas emergiam da própria cobertura. Encaravam-se mutuamente, estendendo as asas sobre a arca.
Apesar de, maneira geral, ser proibido fazer estátuas, os keruvim eram exceção, uma vez que foram construídos sob uma ordem especial de Elohim.
Elohim anunciou a Moshê: "Minha Shechiná residirá entre os keruvim. Sempre que falar com você Minha voz emanará de lá."
Os keruvim nos dão uma lição sobre a proteção de Elohim. A arca representa o estudo de Torá. Elohim colocou anjos sobre a arca para demonstrar-nos que Seus anjos protegem aqueles que estudam a Torá.
As faces dos keruvim pareciam-se com a de duas crianças. Quando o povo judeu visitava o Templo Sagrado nas Festividades, a cortina divisória que cobria o Santo dos Santos ficava aberta. Podiam então ver os keruvim que se encontravam abraçados.
Dizia-se aos visitantes: "Vejam quão amados vocês são para o Todo-Poderoso!" Porém quando o povo de Israel não cumpria a vontade de Elohim, as faces dos keruvim ficavam de costas uma para a outra.
O milagre dos keruvim que abraçavam-se mutuamente em sinal de aprovação Celestial, e viravam a face quando Elohim ficava desgostoso com o povo judeu, provava ao povo a Providência Especial de Elohim sobre eles. Esta visão, portanto, inspirava-os à teshuvá (arrependimento).
No momento da destruição do Templo Sagrado, quando os povos invadiram o Templo, encontraram, surpreendentemente, os keruvim abraçados um ao outro.
Elohim estava, desta forma, demonstrando aos judeus que até a destruição foi motivada por Seu profundo amor por eles. Em Sua misericórdia, derramou Sua ira sobre paus e pedras, poupando assim o próprio povo da aniquilação.

Cada medida do Tabernáculo é importante

A Torá não somente descreve o Tabernáculo e seus objetos, mas também menciona o comprimento e largura de cada objeto.
A Torá enumera todas as medidas para nos ensinar que, já que todas as partes e objetos do Tabernáculo eram construídas exatamente segundo as medidas estipuladas por Elohim, tinham uma santidade especial.
As medidas nos ensinam também várias lições importantes, por exemplo:
Todas as medidas da arca continham amot médias: o comprimento era de 2 1/2 amot, sua largura 1 1/2 amá, e a altura tinha 1 1/2 amá. Não tinha uma só medida de amot completa, enquanto que todos os demais objetos do Tabernáculo mediam amot completos.
A arca representa o estudioso de Torá. Um verdadeiro sábio nunca se orgulha de seus feitos, pois se sente incompleto; sabe que quanto mais estuda, tanto mais tem que estudar. Portanto, independentemente de quanta Torá tenha aprendido, é humilde. Para nos ensinar como deve comportar-se um erudito de Torá, Elohim nos deu meias medidas para a arca, em sinal de que, mesmo depois de ter estudado muita Torá, estamos longe de conhecer a totalidade da Torá.

A mesa

Após a arca, Elohim ordenou a Moshê; "Faça uma mesa, e ponha na seção côdesh do Tabernáculo. Sempre deve haver doze fornadas de pão sobre a mesa."
A mesa era feita de madeira e coberta de ouro. A borda superior estava magnificamente filetada a ouro. Duas varas de madeira recobertas de ouro passavam por aros de ambos lados da mesa. A mesa também possuía cinco prateleiras para acondicionar os pães.

Os pães da proposição

Elohim instruiu Moshê: "Você deve colocar doze formas de pães sobre a mesa."
Estes pães têm o nome 'Hapanim' (faces) derivado do fato de que possuem "duas faces". Eram moldados em forma de uma matsá grossa e quadrada, com ambos extremos dobradas para cima.
Uma família de cohanim era encarregada de assar os pães. Assavam-nos em cada véspera de Shabat, em formas de ferro. Depois de assados, eram transferidos para moldes de ouro, e trazidos à mesa nestes. Eram então removidos do molde. Dois pães eram colocados diretamente sobre a mesa. Os outros dez eram colocados sobre cinco prateleiras sob a mesa, duas formas em cada prateleira.
Elohim ordenou: "Que haja pães sobre a mesa constantemente!" A mesa nunca podia ficar vazia. Por conseguinte, os pães novos eram colocados antes dos velhos serem retirados. (Os pães permaneciam sobre a mesa mesmo quando a nação de Israel viajava.)
Os cohanim que estavam de turno no Tabernáculo comiam as fornadas velhas. Era difícil crer que este pão já tinha uma semana. Pois quando os pães eram retirados da mesa depois de uma semana, nunca estavam duros, rançosos ou mofados. Tinham o sabor de frescos como se tivessem acabado de sair do forno!
Sobre a mesa também se colocavam duas tigelas cheias de levoná (uma especiaria). Cada Shabat, antes que os cohanim comessem dos pães, as especiarias eram queimadas e desprendiam aromas deliciosos. Somente depois, era lhes permitido comer dos pães.

O que a mesa simbolizava

Quando Elohim criou o mundo, trouxe o universo à existência a partir de um vácuo absoluto. Ou seja, criou algo do nada. Desde então, quando deseja realizar uma multiplicação miraculosa, Ele faz com que isto flua de algo já existente e não mais algo proveniente do nada.
A mesa era o meio através do qual a bênção dos alimentos fluía para o mundo inteiro. Elohim, por isso, ordenou que esta jamais deveria ficar vazia, pois Sua bênção paira apenas numa matéria com substância.
Isto é ilustrado através do relato sobre o profeta Elishá, que disse a uma mulher pobre que ela deveria ter algo em casa sobre o qual a bênção de Elohim pudesse pairar:
A viúva do profeta Ovadyá clamou a Elishá: "Meu marido morreu," disse-lhe, "e você sabe quão grande era seu temor a Elohim. Foi forçado a emprestar dinheiro a juros; pois sustentava cem profetas que escondia em duas cavernas, para protegê-los da perseguição a que estavam expostos. Agora, seus credores vêm tomar meus dois filhos como escravos!"
"O que você tem em casa?" - perguntou-lhe Elishá.
"Não tenho nada, exceto uma jarra de óleo," replicou a mulher.
Elishá ordenou-lhe: "Vá e peça emprestado utensílios vazios de todos os vizinhos - muitos! Leve-os para casa e feche a porta, ficando em casa com seus dois filhos. Despeje desse óleo em cada recipiente, e separe os que estiverem cheios!" A mulher fez como Elishá instruíra. Os filhos trouxeram-lhe mais recipientes. Não importa o quanto despejasse, o óleo do recipiente original continuava fluindo. Encheu todos esses recipientes, e mandou seu filho trazer mais. "Não há mais recipientes!" - respondeu. Então o óleo parou de fluir. A mulher foi a Elishá e disse-lhe sobre o milagre. "Vá e venda o óleo," disse-lhe, "e pague seu débito. Você e seus filhos viverão do restante."
Ao recitar a bênção após as refeições, nunca deve-se deixar a mesa sem alimento algum, uma vez que a bênção de Cima não paira sobre uma mesa vazia.
Em outra manifestação mais visível deste milagre, o Talmud relata que um cohen que tivesse comido mesmo um pequeno pedaço do pão da proposição, sentir-se-ia totalmente satisfeito. O pão se tornava abençoado em suas entranhas.
Enquanto o Templo Sagrado existia, a mesa irradiava bênção para os alimentos da terra de Israel inteira. Mesmo quando o povo judeu semeava pouco, colhia enormes quantidades.
No Tabernáculo do deserto havia uma única mesa. O Rei Salomão colocou dez mesas no Templo Sagrado, pois havia recebido isto como tradição de Moshê.
No deserto, onde o povo de Israel era amplamente provido de alimento através da maná, precisava apenas de uma mesa. Em Israel, contudo, os judeus necessitavam de uma bênção maior para assegurar-lhes abundância. Por isso, Elohim ordenou que fossem instaladas dez mesas no Templo Sagrado, para irradiar maior bênção às colheitas.

Como proceder agora que já não temos esta mesa

Hoje, não mais possuímos a mesa para trazer bênção sobre nosso alimento. Em seu lugar, a mesa na casa de cada um é sua fonte de bênção. Afortunado é o homem em cuja mesa encontram-se duas coisas: palavras de Torá e uma porção para o pobre.
Se uma pessoa conduz sua mesa dessa maneira, dois anjos aparecem ao final da refeição. Um exclama: "'Esta é a mesa posta perante Elohim'. Que possa sempre desfrutar das bênçãos Celestiais!" O segundo anjo repete suas palavras e conclui: "Que possa esta mesa ser posta perante Elohim neste mundo e no mundo vindouro!"

Ravá e o pobre homem "fino"

Quem dá de comer ao necessitado, não deve orgulhar-se achando que está tirando de suas posses para alimentá-lo. Na realidade, Elohim é Quem provê a todos e Ele utiliza o indivíduo que pratica tsedacá (caridade) apenas como intermediário da Sua bondade.
Bateram à porta da casa de Ravá, um dos grandes Sábios. Um pobre estava de pé junto à porta, a mão estendida: "Dê-me algo de comer, por favor!" - suplicou. Ravá o convidou a entrar. "Serviremos comida logo," disse. "Que tipo de comida estás acostumado a comer?"
"Bem, como prato principal costumo comer galinha gorda, assada, e uma garrafa de vinho velho," respondeu o mendigo.
Ravá ficou surpreso: "Mas é comida fina", disse. "É cara. Não achas que fica mal desfrutar de comidas tão caras com dinheiro de caridade?"
O homem replicou: "Como a comida é de Elohim, é Ele que usa as pessoas como Seus mensageiros para dar-me comida. Elohim provê a todos no mundo do alimento que necessitam. Necessito uma galinha gorda e vinho velho para me manter saudável e bem, de modo que tenho direito de pedi-los."
Enquanto discutiam esta questão, bateram à porta. Entrou a irmã de Ravá. Não tinha visitado a casa do irmão pelos últimos treze anos. Trazia uma cesta para Ravá. Entregou-lhe a cesta, dizendo: "Trouxe-te um presente."
"Obrigado", disse Ravá, abrindo a cesta. Qual não foi sua surpresa ao ver que continha uma galinha assada, bem gorda, e uma garrafa de vinho velho!
Ravá virou-se para o mendigo e disse: "Devo-te desculpas. Esta comida foi claramente enviada a ti por Elohim. Tinhas razão; Elohim dá a cada um a comida que precisa. Tu confiaste n'Ele, e por isso Ele te enviou a comida. Senta-te e come."
Deste relato aprendemos que quando damos comida ou dinheiro a pessoas que necessitam, devemos considerarmo-nos os mensageiros de Elohim, que distribuem Suas dádivas.

O candelabro

Elohim ordenou a Moshê que colocasse uma menorá (candelabro) perto da mesa no Tabernáculo. Explicou a Moshê: "Será de ouro maciço e terá sete braços. Todos os braços terão três tipos de ornamentos:
• Taça
• Botão
• Flor
Toda a menorá, inclusive os ornamentos, deve ser feita de um bloco único de ouro sólido."
No alto de cada braço deveria haver uma lâmpada, um pequeno recipiente para conter o azeite e o pavio.
Moshê não sabia como fazer a menorá. Elohim mostrou-lhe uma visão Celestial de uma menorá de fogo branco, vermelho, verde e preto. Elohim também explicou-lhe sua construção. Não obstante, Moshê encontrou dificuldade em executar o comando de Elohim.
Por isso, Elohim disse a Moshê: "Tudo o que precisa fazer é atirar a barra de ouro no fogo. Dê-lhe um golpe com o martelo, e uma menorá pronta emergirá!" Moshê pegou um bloco de ouro, jogou-o no fogo e rezou: "Mestre do Universo! O ouro está no fogo! Faça com ele conforme Seu desejo!"
Imediatamente, uma menorá completa apareceu do fogo.
É assim que Elohim tipicamente realiza milagres: primeiro, o Homem deve fazer o que pode, então Elohim vem ajudá-lo. Similarmente, na abertura do Mar vermelho, Elohim ordenou que Moshê abrisse as águas erguendo seu cajado. E foi apenas depois que Moshê o fez que Elohim realizou o portentoso milagre. No Egito, e através dos anos, no deserto, Moshê realizou atos que resultaram em milagres. Elohim é Quem realiza os milagres, porém Ele quer que o homem os inicie.

O milagre da luz do meio da menorá

Quando o cohen enchia as sete lâmpadas da menorá de azeite à tarde, vertia a mesma quantidade de azeite em cada uma. Na manhã seguinte, seis das luzes se haviam consumido, mas a luz do meio estava acesa. O cohen utilizava a luz do meio para acender as outras seis luzes. Então apagava a luz do meio e voltava a acendê-la. Elohim milagrosamente mantinha constantemente acesa a luz do meio.

O que a menorá simbolizava
A menorá representava a sabedoria da Torá, que é comparada à luz.
Um judeu poderia crer que pode ser um fiel observante de mitsvot (preceitos), mesmo sem estudar Torá. Para ilustrar a falácia de tal raciocínio, Salomão comparou as mitsvot à luminárias. ("Pois a mitsvá é uma lamparina e a Torá é luz", Mishlê 6:23). Uma luminária não brilhará, a não ser que seja acesa. Similarmente, a pessoa não pode observar as mitsvot corretamente, a não ser que seu comportamento seja informado e iluminado pelo estudo da Torá. Àquele a quem falta conhecimento de Torá está fadado a tropeçar.
Um homem estava andando à noite num beco escuro e sombrio. Logo tropeçou numa pedra. Então caiu num poço aberto e teve diversas fraturas pelo corpo todo.
Somente aquele que estuda Torá porta uma brilhante luz que o alerta sobre os poços espirituais encontrados na jornada da vida.
É importante notar que a menorá ficava localizada fora dos Santo dos Santos. Isto demonstrava claramente que a arca e tudo que esta representa não requeriam luz. A Torá é sua própria luz.
A fim de obter ouro absolutamente puro para as menorot no Templo Sagrado, o Rei Salomão purificou o ouro mil vezes.
O Rei Salomão colocou dez menorot no Templo Sagrado, pois esta era a tradição que recebeu de Moshê. Havia, portanto, no total setenta lâmpadas no Templo Sagrado, pois cada menorá consistia de sete braços. Isto simbolizava que as setenta nações do mundo eram obrigadas a cumprir as Sete Leis de Nôach ordenadas por Elohim à toda a humanidade.

O que aprendemos do fato que a Menorá foi talhada de um bloco sólido

Toda a menorá, inclusive os braços e adornos, era talhada de um grande bloco de ouro.
Isto nos sugere que todas as explicações da Torá dadas por todos os sábios de todas as gerações, estão contidas na Torá que Elohim ensinou a Moshê. Não há nenhuma explicação que os sábios posteriores tenham transmitido que não esteja de alguma forma sugerida na Torá. Os sábios posteriores apenas revelaram o que se encontra na Torá. Para nos ensinar este conceito, Elohim ordenou que todos os detalhes da menorá fossem talhados no mesmo bloco de ouro.
Mais ainda, a exigência de que a tão intrincada menorá seja moldada de uma única pepita de ouro simbolizava a indivisibilidade da Torá. A vida judaica deve ser construída sobre um conjunto de valores. Não pode ser uma miscelânea de componentes e peças separadas, enxertadas juntas para servir à conveniência de qualquer um. Todas as áreas da vida devem derivar do mesmo conjunto de valores.

As tábuas que constituíam as paredes do Tabernáculo

As tábuas do Tabernáculo eram de madeira de acácia. Cada tábua foi folheada a ouro. Era cortada embaixo para encaixar-se em dois caixilhos de prata. As tábuas eram unidas por uma fileira superior e inferior de vigas transversais, que eram inseridas em anéis do lado exterior das paredes do Tabernáculo. Além disso, cada uma das tábuas superiores era conectada à seguinte através de um sistema de peças de madeira interconectáveis encaixando-se com perfeição. A parte inferior de cada viga se inseria em dois blocos de prata.

O que as vigas simbolizavam

Ao contrário das vigas normais de construções, que são deitadas horizontalmente, estas tábuas ficavam de pé sobre o solo verticalmente. Esta posição - alcançando, como se fosse, o alto, da terra em direção aos céu - simboliza o objetivo espiritual do homem, unir os reinos terreno e celestial, sua natureza inferior com seus mais elevados potenciais e aspirações.
O versículo descreve a posição das tábuas como permanecendo eretos. Os sábios interpretam este termo como sendo um símbolo da continuidade e uma garantia da sobrevivência judaica nas épocas mais difíceis. Apesar de nos parecer que a esperança de retornar à glória do passado findou, a Torá declara: "Madeira de acácia permanecendo ereta - eles permanecerão para sempre!"
As tábuas também eram unidas através de uma viga central que corria horizontalmente através de orifícios entalhados no centro das tábuas. A viga central unia e suportava miraculosamente toda a estrutura do Tabernáculo. Simboliza Mashiach que unirá todas as nações do mundo.

As paredes do Tabernáculo nunca se perderam

Chegou um momento em que as vigas, varas e blocos de prata do Tabernáculo não eram mais necessários. Isto aconteceu quando o Rei Salomão construiu o Templo Sagrado, cerca de quinhentos anos após o Tabernáculo ser erigido no deserto. Então, o que Salomão fez com as partes do Tabernáculo?
Nenhuma parte do Tabernáculo foi jogada fora. Todas as vigas e outras partes foram escondidas por Salomão no Templo Sagrado. Cada uma das partes era sagrada, pois havia sido confeccionada e doada por justos.

As coberturas do Tabernáculo

A cobertura superior do Tabernáculo consistia de diversas camadas de tapeçaria. Essas não apenas formavam o telhado, mas também desciam pelos lados.
A camada interior da tapeçaria, que compreendia o teto do Tabernáculo era de lã azul-celeste, de beleza estonteante. Era composta de dez peças costuradas entre si e formando dois grupos de cinco. Eram magníficas obras de arte, com figuras de leões e águias tecidas com fios multicolores. Se alguém olhasse para o teto do Tabernáculo, parecia que estava olhando para o céu. Como os dois grupos de cinco eram unidos por meio de laços e ganchos de ouro, quando se olhava para o teto, parecia também que havia estrelas brilhando.
A camada acima das cortinas azuis-celeste consistia de cortinas feitas de lanugem de cabra. Elohim ordenou que as maravilhosas tapeçarias azuis-celeste fossem cobertas por uma camada de lanugem de cabra, a fim de nos ensinar uma lição. Devem tratar seus objetos de valor com cuidado a fim de evitar que se estraguem.
Parte desta lanugem caía sobre a entrada do Tabernáculo, de modo que a entrada parecia uma noiva cujo rosto estava coberto com um véu.
As cortinas de lanugem de cabra eram cobertas por mais uma tapeçaria, uma combinação de peles de carneiros tingidas de vermelhos e peles multicolores de tachash (unicórnio).

O que a cobertura simbolizava

Cobrindo as paredes e o espaço aéreo do edifício, a cobertura unificava tudo que havia dentro do Tabernáculo; significando que a arca, a mesa, a menorá e o altar não eram utensílios distintos e não-correlacionados, cada qual realizando sua tarefa separada. Eram, sim, partes de um todo unificado.
De fato, isto representa a filosofia da Torá na vida judaica: estudos, orações, negócios, e assim por diante não giram em órbitas separadas, mas trabalham juntos em direção a um único objetivo espiritual.

O altar de cobre para sacrifícios

Elohim ordenou a Moshê: "Farás um altar de madeira de acácia. Deve ser quadrado".
Os sacrifícios eram oferecidos sobre este altar. Por isso era chamado do altar de sacrifícios de Olá. Também era denominado de:
• O Altar de Cobre - pois era recoberto de cobre.
• O Altar da Terra - pois era construído sendo oco por dentro, e devia ser enchido de terra sempre que o povo de Israel acampava.
• O Altar Exterior - pois estava localizado no pátio do Tabernáculo.
Dois traços decorativos circundavam o altar. Um era uma renda de cobre atada à este; e outro era uma borda entalhada na parede do altar. A renda dividia o altar ao meio, sendo primordial para seu funcionamento: pois sangue de algumas oferendas devia ser colocado na metade inferior do altar, enquanto o de outras, na metade superior.

Os milagres do altar

Elohim ordenou a Moshê: "Um fogo deve arder sobre o altar constantemente!"
"Mestre do Universo," objetou Moshê, "o fogo não derreterá a camada de cobre, e então queimará o altar, que é feito de madeira?"
"Estas regras podem ser verdadeiras no mundo físico," respondeu-lhe Elohim, "Mas não se aplicam em Meu reino. Reflita, nas esferas Celestiais, os anjos de fogo vivem na proximidade dos depósitos de neve e granizo. Contudo, nenhum prejudica o outro. Enquanto você estava no Céu, andou através de compartimentos de fogo, e Minhas Hostes Celestes queriam te queimar, e não obstante você nem se chamuscou. Eu lhe asseguro que, apesar do fogo constante, o altar não será afetado."
Havia ainda mais dois milagres que ocorriam em relação ao altar. Apesar de estar localizado no pátio do Tabernáculo, a céu aberto, a chuva nunca extinguiu seu fogo. Além disso, a coluna de fumaça que se despreendia dele subia aos Céus na forma de uma coluna perfeitamente ereta e não era dispersada pelo vento.

O que o altar simbolizava

O propósito do altar (mizbêach, em hebraico) está indicado em suas iniciais. Concede ao povo judeu:
M - Mechilá - perdão
Z - Zechut - mérito
B - Berachá - bênção
CH - Chayim - vida
O Templo Sagrado em Jerusalém ficava no Monte Moriyá. Elohim fez com que o Altar de Cobre, ficasse num local muito especial sobre aquela montanha. Foi construído exatamente no mesmo local do qual Elohim pegou terra com a qual criou o primeiro homem, Adão; onde a humanidade ofereceu seus primeiros sacrifícios através de Caim e Abel (filhos de Adão); onde Nôach (Noé) construiu um altar após o Dilúvio; e onde Avraham atou Yitschac com intenção de sacrificar seu filho ao Todo-Poderoso.

Porque o Tabernáculo continha tantos materiais preciosos

Elohim ordenou ao povo judeu que fizesse o Tabernáculo utilizando ouro, prata e outros materiais preciosos, certamente não por necessitar de um lugar suntuoso.
Na realidade, Ele desejava que o Tabernáculo brilhasse por duas razões:
1 - Para que todo judeu que entrasse no Tabernáculo se impressionasse com a magnífica beleza. Assim, se comportaria respeitosamente e compreenderia que neste lugar sagrado morava a Shechiná.
2 - Para que os não-judeus sentissem um grande respeito pelos judeus quando ficassem sabendo do Tabernáculo que os judeus haviam construído. Pensariam: "Os judeus eram escravos no Egito, mas agora são muito ricos. Tiveram ouro e prata suficientes para construir uma morada maravilhosa. Também devem ter entre eles homens sábios e melhores artistas que qualquer outro povo, pois do contrário, como poderiam ter feito os objetos complexos do Tabernáculo e seus intrincados desenhos?"
Atualmente, quando não possuímos o Tabernáculo nem o Templo Sagrado, devemos manter esta reverência em nossas sinagogas.

Shabat Shalom!!!