sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Midrash Tetsavê



O nome de Moshê

O nome de Moshê não é mencionado uma vez sequer na parashá de Tetsavê. Na verdade, desde o nascimento de Moshê até o final da Torá, esta é a única parashá na qual o nome de Moshê não consta. Esta omissão resultou do que Moshê proferiu sobre si mesmo. Após o pecado do bezerro de ouro, ele disse a Elohim: "Se não perdoares o povo deste pecado, imploro-Te, apague-me de Teu livro, que Tu escreveste!" Apesar de Elohim ter perdoado os israelitas, a punição que Moshê invocou sobre si foi parcialmente realizada. Elohim apagou o nome de Moshê da parashá de Tetsavê. As palavras de um justo realizam-se mesmo se a condição vinculada a ela não tiverem efeito.
Este é apenas um exemplo de quão extensos os efeitos da palavra falada podem ter. Todas as obras de ética judaica enfatizam o grande cuidado que se deve tomar ao falar.
A fala é uma arma poderosa, que pode infligir feridas mortais a grandes distâncias. Assim como palavras ásperas podem ferir quando dirigidas contra outra pessoa; também podem ser autodestrutivas. O Talmud adverte que uma pessoa não deve falar mal até mesmo de si próprio. Se alguém denigre a si mesmo, outros também poderiam denegri-lo.
A omissão do nome de Moshê nesta porção da Torá é, portanto, de importante significado. Se uma maldição condicional, que faz parte de uma apelação passional por perdão ao povo de Israel, pode ter consequências desfavoráveis, quão mais não o é quando as palavras são proferidas com raiva e hostilidade, seja contra si, seja contra outros.

A mitsvá de doar azeite para a menorá

Logo após as várias instruções referentes à construção do Tabernáculo e seus utensílios sagrados, Elohim deu uma nova mitsvá: Ordenou que óleo de oliva fosse doado para a menorá (candelabro).
Moshê disse ao povo: "Se algum de vós possui azeite de oliva apropriado para acender a menorá no Tabernáculo dê-o a mim."
Explicou: "Somente as primeiras gotas de azeite extraídas da azeitona podem ser utilizadas para a menorá. As primeiras gotas são perfeitamente claras e sem sedimentos, portanto produzem uma luz mais brilhante. O resto do azeite de oliva pode ser utilizado nas oferendas de farinha que são levadas ao altar; mas não para a menorá."

O que aprende-se sobre as primeiras gotas de óleo

Aprendemos uma grande lição do fato de que utilizava-se apenas as primeiras gotas de óleo para o acendimento da menorá, enquanto que, para oferendas, o óleo da segunda prensagem também era permitido.
Um judeu observante da Torá, em geral, procura garantir que o alimento que sua família consome seja casher. Mas este mesmo indivíduo, está bem menos preocupado com o "alimento para o intelecto" que entra em sua casa sob a forma de literatura ou mídia.
De acordo com o ponto de vista da Torá, o "óleo para a menorá", que representa o intelecto, deve ser o mais puro possível. O azeite para a menorá é superior ao óleo da oferenda (simbolizando nutrição). A Torá insiste que nossas mentes devem ser nutridas apenas com informações que sejam as mais puras e refinadas.

Porque o óleo de oliva foi escolhido por Elohim?

Por que Elohim escolheu o óleo de oliva para o acendimento, em vez de qualquer outro tipo de óleo?
A resposta é que o povo judeu é comparado à oliva:
• A oliva emana seu precioso líquido apenas depois de ter sido processada através de prensagem e batidas. Similarmente, como resultado de terem sido banidos de um lugar para outro pelos outros povos e terem sido perseguidos, os judeus purificaram seus corações e retornaram a Elohim.
A essência interior de um judeu é pura. É só sua má inclinação que o impede de servir a Elohim. Uma vez que a camada exterior é removida por pressão externa, sua natureza de santidade se reafirma.
• Todos os líquidos, quando misturados, mesclam-se numa mistura homogênea. O óleo é uma exceção; não se mistura, mantendo-se separado. Assim também, o povo de Israel é a única nação na história que não foi engolida pelos povos mas, guardou, e continuará guardando para sempre, sua identidade distinta.

Como a menorá era preparada para o acendimento

Geralmente um cohen acendia a menorá. Somente um cohen podia limpá-la e prepará-la.
Todas as manhãs um cohen entrava na seção kôdesh do Tabernáculo ou do Templo Sagrado e subia as escadas que conduziam à menorá. Tirava as cinzas de todas as lâmpadas, tirava os pavios queimados, colocando novos. Então, derramava azeite de oliva em cada lâmpada de um cântaro que continha meio lug (aproximadamente 250 ml) de azeite de oliva casher. Fazia isto todas as manhãs, mas não acendia a menorá até a tarde.
A quantidade de óleo necessária para que ardessem até a manhã seguinte era calculada de acordo com a quantidade necessária para durar durante as longas noites de inverno. Contudo, a mesma quantidade era utilizada toda noite, até nas curtas noites de verão e, como resultado, sobrava algum óleo nas manhãs de verão.

O milagre da lâmpada central

Todas as manhãs, o cohen que entrava para limpar a menorá presenciava um milagre. As sete luzes da menorá deveriam ter-se extinguido, pois o azeite que o cohen havia acendido na tarde anterior não podia durar mais que doze horas: até a manhã seguinte. Porém - incrivelmente, sempre encontrava a luz do meio das sete ainda acesa! Como era possível? Tratava-se claramente de um milagre, um sinal de Elohim para demonstrar aos judeus que sua Divindade repousava no Tabernáculo.
Este mesmo cohen não tocava na luz do meio, mas limpava as outras seis lâmpadas e colocava novos pavios. O cohen que entrava à tarde encontrava a luz do meio acesa! Usava então esta luz para acender as outras seis luzes. Somente depois de fazê-lo apagava a luz do meio, limpava as cinzas dessa lâmpada e voltava a acendê-la.
A luz do meio manteve-se acesa assim, constantemente, não apenas no Tabernáculo, mas também no Templo Sagrado.
Certa vez, a colheita de olivas para óleo foi muito pobre em Israel, e havia apenas uma pequena quantidade de óleo para acender a menorá. Os cohanim entristecidos, choraram. Porém, durante o período de escassez de óleo, o milagre que geralmente só ocorria com a lâmpada central aconteceu com a menorá inteira. Apesar da quantidade insuficiente de óleo, as lâmpadas da menorá ardiam brilhantes a noite toda.

A importância da menorá e o que ela simboliza

A mitsvá de acender a menorá era tão grande que Elohim proclamou: "A luz da menorá é mais preciosa para Mim que a luz do sol ou da lua!"
Elohim não ordenou que a menorá fosse acesa por Sua causa, pois Ele não precisa da luz dos mortais. Pelo contrário, é Ele Que ilumina o universo inteiro.
Certa vez, um homem com visão perfeita e seu amigo cego quiseram ir para casa juntos. O homem disse ao amigo: "Deixe-me apoiá-lo e guiá-lo de modo que chegue em casa com segurança." Quando chegaram à casa, ocorreu ao homem que enxergava que o amigo cego certamente poderia estar deprimido com a ideia de seu desamparo. Por isso, pensou numa ideia para animá-lo. "Por favor, acenda a luz para mim," solicitou ao amigo cego. Apesar de que realmente não precisava do serviço do outro, fez este pedido em consideração ao seu amigo deficiente.
Similarmente, Elohim não necessita de nossa luz. Pediu-nos para acendermos a menorá para Ele a fim de nos conceder méritos.
Para demonstrar que Elohim não necessita da luz dos seres humanos, as janelas do Templo Sagrado eram construídas de maneira bastante singular. Ao invés de serem largas por dentro e estreitas por fora (permitindo a entrada de luz), aquelas janelas eram construídas estreitas por dentro e largas em direção ao exterior. Demonstrando assim que, é do Templo Sagrado que partia luz em direção ao mundo.
A mesma ideia também era simbolizada pelo fato de que a menorá não ficava no Santo dos Santos, o "aposento particular" de Elohim. Em vez disso, Elohim ordenou que fosse colocada na seção kôdesh. Similarmente, a mesa ficava no kôdesh, e não no Santo dos Santos, demonstrando que Elohim não necessita da comida dos mortais.
Atualmente, estamos impossibilitados de doar óleo para a menorá do Templo Sagrado. Em seu lugar, é uma mitsvá iluminar sinagogas e casas de estudo.

Elohim ordena consagrar os cohanim com vestes sacerdotais

Elohim disse a Moshê: "Diga a seu irmão, Aharon: Elohim te escolheu para que sejas o Sumo Sacerdote, responsável pelo serviço de Elohim no Tabernáculo. Teus filhos e seus descendentes serão cohanim que cumprirão Meu serviço."
Elohim também comunicou a Moshê: "O Sumo Sacerdote e os cohanim devem usar adornos especiais durante o serviço. Os adornos do Sumo Sacerdote serão extremamente belos, mais do que as vestes de qualquer rei. Serão vestes iguais às trajadas pelos Anjos Ministros no Céu. Quando os judeus virem os cohanim com trajes de glória e esplendor compreenderão que são pessoas especiais e os tratarão com respeito. Estes adornos também recordarão aos próprios cohanim que são diferentes. Isto os ajudará a servir melhor a Elohim."
(Glória advém à pessoa por causa das habilidades concedidas por Elohim, enquanto esplendor refere-se ao respeito que granjeou através de suas próprias realizações. As vestimentas significavam ambos: a glória devida aos cohanim como resultado de sua nomeação como servos de Elohim e o esplendor espiritual resultante de seus próprios esforços.)
O fato de que os cohanim só poderiam realizar o serviço trajando as vestimentas indicava santidade de seus atos. Isto nos ensina que quando um judeu reza ou cumpre uma mitsvá deve ser cuidadoso no vestir, e conduzir-se com dignidade e respeito perante Elohim.
Mesmo as nações do mundo perceberam que estas vestes eram trajes de distinção.
O rei Achashverosh (Assuero) fez um banquete que durou cento e oitenta dias, a fim de demonstrar sua grandeza e poder. A cada dia do banquete, revelava diferentes tesouros aos olhos do povo. Dentre outros itens valiosos, também mostrou as vestes e adornos do Sumo Sacerdote. O rei Nevuchadnêtsar (Nabucodonosor) levou-os à Babilônia quando destruiu o Templo Sagrado, e desde então, foram cuidadosamente preservados nos tesouros reais da Babilônia.
Todos os judeus foram comandados a contribuir com material para as vestes sacerdotais. A tarefa de tecê-los poderia ser preenchida por qualquer homem ou mulher sábios, cujo coração estava pleno de temor aos Céus.

As vestes dos cohanim

O sacerdote comum tinha quatro vestes e o Sumo Sacerdote tinha oito adornos.
As vestes do cohen comum eram:
1 - Uma camisa comprida
2 - Calças
3 - Um cinturão
4 - Um turbante
O Sumo Sacerdote também usava estes trajes, exceto o turbante. Enquanto o turbante do cohen comum apontava para cima, o turbante do Sumo Sacerdote era redondo.
Os adornos do Sumo Sacerdote:
1 - Uma camisa comprida
2 - Calças
3 - Um cinturão
4 - Um chapéu diferente do turbante do cohen comum
Além dos itens acima, o Sumo Sacerdote trajava quatro vestes de ouro. Eram elas:
5 - Uma placa que cobria o peito
6 - Um manto
7 - Um avental
8 - Uma faixa para a cabeça
A única parte do corpo de todo cohen que permanecia descoberta eram os pés.
A Torá ordena que o cohen cumpra o seu serviço descalço, posto que o piso de terra do Tabernáculo e as pedras do piso do Templo Sagrado eram santas e Elohim desejava que os pés dos cohanim tocassem o solo.

Mais detalhes a respeito das vestimentas sacerdotais

SACERDOTE COMUM
A camisa longa
A camisa longa era feita de linho branco e chegava até as plantas dos pés.
O cinturão
O cohen usava o cinturão por cima da camisa. O cinturão era muito longo - cerca de 19 metros - e dava muitas voltas ao redor da cintura do cohen. Era feito de tela colorida.
As calças
As calças eram curtas e feitas de linho branco.
O turbante
Ao redor da cabeça do cohen colocava-se uma cinta de linho branco que dava muitas voltas até formar um chapéu que terminava em ponta.

SUMO SACERDOTE
O Sumo Sacerdote, como o cohen comum, usava uma camisa longa, um cinturão e calças.
Vestes adicionais:
O turbante
O turbante do Sumo Sacerdote também era feito de uma tira de tela branca e enrolado ao redor da cabeça, mas era chato na parte superior.
O manto
O manto era feito de lã azul. Da parte inferior pendiam sinos de ouro. Entre cada dois dos sinos havia adornos de lã, de aspecto semelhante a romãs. Quando o Sumo Sacerdote caminhava, os sinos tilintavam. Os sinos soavam para anunciar a chegada do Sumo Sacerdote no Tabernáculo, e sua saída deste.

Por que o manto tinha sinos?

Elohim tinha várias razões para ordenar que se colocassem campainhas ao redor do manto.
• As campainhas serviam de lembrança ao próprio Sumo Sacerdote. Quando escutava o tilintar, compreendia quão importante era a sua função e dava o melhor de si para cumprir todas as partes do seu trabalho cuidadosamente, com os pensamentos adequados.
• As campainhas também ajudavam o povo de Israel. Quando escutavam o tilintar, sabiam que o Sumo Sacerdote estava fazendo o serviço Divino, e participavam orando neste momento.
Aprendemos do fato de que a entrada do Sumo Sacerdote era anunciada, que a pessoa não deve entrar em sua própria casa inesperadamente. Infere-se, então, que logicamente não se deve irromper na casa de terceiros, mas sim, bater, tocar a campainha ou indicar sua chegada de alguma outra maneira.

A faixa usada na testa
Antigamente todos os judeus usavam tefilin o dia todo. Além de usar tefilin, o Sumo Sacerdote também usava o tsits na sua fronte. O tsits era uma faixa de ouro na qual estavam gravadas em relevo as palavras: "Santo para YHWH". Era atada à cabeça através de três fitas azuis-celeste.
Uma vez que a faixa possuía alto grau de santidade, o Sumo Sacerdote tinha de comportar-se com o devido respeito ao portá-lo. Não lhe era permitido desviar a atenção do fato de que estava levando o Nome Divino em sua testa.
O comportamento do Sumo Sacerdote enquanto portava a faixa constitui uma importante lição para nós, enquanto colocamos tefilin. Ao usar a faixa, o cohen tinha de concentrar-se constantemente no Santo Nome de Elohim. Alguém que está com tefilin, no qual o Nome Divino aparece numerosas vezes, certamente não pode desviar os pensamentos deste.
A faixa era tão sagrada que fazia todo o judeu que a olhasse sentir-se envergonhado de suas falhas. Então, quando o Sumo Sacerdote usava a faixa, isto era um mérito para o povo judeu. Elohim perdoava seus pecados, pois a faixa os ajudava a se aprimorarem.
O avental
O efod (avental) era multicolorido, magnificamente tecido, e tinha aspecto parecido a de um avental. Em lugar de cobrir a frente e ser amarrado atrás, o Sumo Sacerdote o prendia por trás e o amarrava adiante.
Na parte posterior era seguro por meio de duas alças que passavam por cima dos ombros até a frente. Em cada alça havia uma pedra preciosa incrustada, sobre a qual estavam gravados os nomes de seis tribos. Os nomes das outras seis tribos apareciam sobre a outra pedra preciosa.
Na frente, as duas alças sobre os ombros estavam presas a duas fivelas de ouro, das quais pendia a placa peitoral.
A placa sobre o peito
A placa sobre o peito era feita de um material belamente tecido. Era quadrada, e se dobrava ao meio, de tal modo que formava um bolso.
Neste bolso, encontrava-se um pergaminho, conhecido com urim vetumim no qual estava escrito o Inefável Nome de Elohim.
Como o urim vetumim era santo, a placa era a mais importante de todos os adornos (assim como a arca era o mais importante de todos os objetos do Tabernáculo e Templo Sagrado).
As pedras preciosas da placa peitoral
Elohim ordenou que se pusessem doze pedras preciosas engastadas sobre o material tecido do peitoral. Sobre cada pedra estava escrito o nome de uma das doze tribos.
Além desses nomes as pedras possuíam também as seguintes palavras na placa peitoral: "Avraham, Yitschac, Yaacov, Shivtê Yeshurun." Estas palavras adicionais estavam distribuídas sobre todas as gemas, de tal maneira que cada pedra tinha o total de seis letras.
Assim, todas as letras do Alef-bet estavam incluídas na placa. Porque a placa deveria conter todas as letras possíveis? Quando o povo de Israel precisava consultar Elohim sobre assuntos importantes, essas letras se iluminavam, formando sentenças, a fim de transmitir a resposta de Elohim.
A placa portava os nomes de nossos patriarcas e das tribos, para servir como lembrete do mérito de nossos grandes antepassados e o das tribos. As quatro colunas aludem ao mérito de nossas quatro matriarcas. Esses méritos auxiliavam o Sumo Sacerdote a obter expiação para o povo judeu.
Enquanto o Sumo Sacerdote usava a placa, não podia em nenhum momento esquecer o povo judeu. Tinha-os presentes (simbolizados pelos nomes das tribos) enquanto cumpria o serviço Divino. Ao rezar, pedia a Elohim que os ajudasse e os abençoasse.
A primeira fileira de pedras preciosas
Odem Rubi Reuven
Pitdá Esmeralda Shim'on
Bareket Topázio Levi

A segunda fileira
Nofech Carbúnculo Yehudá
Sapir Safira Yissachar
Yahalom Diamante Zevulun

A terceira fileira
Leshem Jacinto Dan
Shevó Ágata Naftali
Achlama Ametista Gad

A quarta fileira
Tarshish Crisólito Asher
Shoham Onix Yossef
Yashfe Jaspe Binyamin

Como as pedras foram cortadas

As duas pedras preciosas das alças do avental e as doze pedras preciosas da placa deviam ser cortadas de um certo tamanho. Porém Elohim proibiu que se usasse uma faca ou qualquer outro instrumento de metal para cortar essas pedras. As pedras incrustadas deveriam ser perfeitas, sem que faltasse a menor lasquinha sequer. Portanto, as letras sobre as gemas não poderiam ser gravadas através de instrumentos ou ferramentas, pois isto faria com que as gemas ficassem ligeiramente lascadas.
Como então, poderiam ser cortadas?
Moshê sabia que Elohim havia criado na véspera do primeiro Shabat dos seis dias da Criação um inseto, pequeno como um grão de cevada, que possuía a maravilhosa habilidade de cortar qualquer material, inclusive a mais dura rocha, simplesmente passando por cima. Este inseto surpreendente se chamava shamir.
Moshê ordenou que se trouxesse o shamir. Os nomes das tribos foram escritas à tinta sobre as gemas. O shamir foi passado pelas pedras preciosas, e estas se cortaram exatamente sobre a linha marcada pelo artesão.
Quando o Templo Sagrado foi destruído, o shamir desapareceu.

Urim vetumim, o pergaminho contendo o Nome de Elohim embutido na placa

Como mencionamos anteriormente, a placa peitoral foi feita de tal modo que era dobrada ao meio, formando um bolso. Neste bolso Moshê inseriu um pergaminho sobre o qual escreveu o Nome Indizível de Elohim composto de setenta e duas letras.
Este nome fazia com que certas letras gravadas sobre as pedras preciosas se acendessem em resposta às questões que lhe eram perguntadas.
O nome urim vetumim significa:
Urim - as letras se acendiam (da raiz 'or', luz)
Tumim - sua resposta era final e inalterável (derivado de 'tam', perfeito)
Por isso, a placa peitoral além de ser chamada simplesmente de chôshen era também conhecida como 'Chôshen Mishpat' (mishpat - sentença), uma vez que a decisão final sobre cada assunto duvidoso era alcançada através da iluminação das pedras.
Apenas assuntos referentes ao rei, ao tribunal ou ao povo judeu como um povo poderiam ser consultados através das pedras. Não era permitido questioná-las para propósitos particulares.
O questionador costumava ir ao Sumo Sacerdote, que portava os urim vetumim. O Sumo Sacerdote voltava sua face em direção a arca (sobre a qual a Divindade pairava), e o inquiridor, de pé atrás dele, tinha de perguntar a questão em voz baixa, no tom de quem está rezando. O Sumo Sacerdote era então inspirado pelo espírito Divino. Ao olhar para as letras da placa que se acendiam, podia combiná-las corretamente e decifrar a resposta de Elohim.
Os urim vetumim foram consultados pelo povo de Israel durante o período bíblico. Pararam de funcionar com a destruição do primeiro Templo Sagrado.
Aharon recebeu o privilégio de portar o nome Divino sobre seu coração como recompensa por sua felicidade, ao ouvir que seu irmão menor Moshê fora escolhido como líder para redimir o povo judeu. Elohim disse: "Que o coração que não sentiu inveja porte a placa contendo o Meu Nome!"

O convertido que queria tornar-se um cohen gadol

Certa vez, um não-judeu passou por uma sinagoga e ouviu a voz do rabino ensinando as crianças: "Estas são as vestes que devem fazer: a placa peitoral, o avental..." O mestre lia a parashá que versava sobre os adornos do Sumo Sacerdote. O não-judeu parou e indagou: "Quem recebe todas essas roupas maravilhosas?" "O Sumo Sacerdote judeu" - responderam. O não-judeu pensou: "Converter-me-ei para que receba estas roupas gloriosas!"
Dirigiu-se à casa de estudos do Sábio Shamai. "Aceite-me como um convertido ao judaísmo, com a condição de que me torne Sumo Sacerdote!" Shamai expulsou-o com o bastão que estava em sua mão. (Agiu assim de boa-fé, a fim de proteger a honra da Torá. Considerou o pedido uma afronta à Torá.)
O pretenso convertido então tomou o rumo da casa de estudos do Sábio Hilel, e repetiu seu desejo de converter-se ao judaísmo a fim de se tornar Sumo Sacerdote. Hilel aceitou-o. Contudo, advertiu-o: "Antes de assumir uma posição elevada, uma pessoa deve familiarizar-se com as regras de conduta a essa pertinente. Vá estudar as leis referentes ao sacerdócio!"
O homem estudou Torá, e logo chegou ao versículo: "O não-cohen que se aproxima disso (do serviço sacerdotal) morrerá." "A quem este versículo se refere?" - inquiriu. Disseram-lhe: "A qualquer um que não nasceu da família de Aharon, mesmo o próprio Rei David!"
O convertido compreendeu o total significado dessas palavras. Raciocinou: "Se mesmo um judeu de nascimento não pode assumir as funções de um cohen, eu, um estrangeiro, certamente não poderia tornar-me um!" Voltou a Shamai e disse-lhe: "Por que não me disse que não poderia me tornar um Sumo Sacerdote, uma vez que a Torá proíbe um não-cohen de realizar o serviço?"
Para Hilel, disse: "Que possa se tornar o receptáculo de todas as bênçãos Celestiais. Sua humildade trouxe-me para sob as asas da Shechiná."
Mais tarde, esse convertido teve dois filhos. Chamou um de Hilel, e o outro de Gamliel (o nome do neto de Hilel). Sua família ficou conhecida como "guerê Hilel - os convertidos de Hilel."

Leis relacionadas às vestes sacerdotais

Os trajes dos cohanim eram sagrados, e portanto muitas leis se aplicavam a eles. Eis aqui algumas delas:
1 - Somente um cohen podia vesti-los. Um levi'im ou um judeu comum não podia nem experimentá-los.
2 - Um cohen somente podia usá-los se estivesse no Tabernáculo ou no Templo Sagrado. Caso saísse dali, deveria tirá-los.
3 - Um cohen não podia dormir com estas vestes, pois seria uma falta de respeito.
4 - Um cohen deveria portar exatamente os adornos que a Torá lhe ordena. Se lhe faltar uma só das vestes estipuladas enquanto cumpre um ato de serviço, seu trabalho não é válido.
Uma família diferente foi designada para cada uma das muitas tarefas no Templo Sagrado. Por exemplo, a família de Garmo assava os pães da proposição, e a família de Avtinas era encarregada de fabricar incenso. A família de Pinchas estava encarregada das vestes dos cohanim. Costumavam vestir os cohanim antes do serviço, despi-los ao final do serviço, e supervisionar o armazenamento das roupas em câmaras especiais.

Como as vestes dos cohanim ajudavam o povo de Israel

Quando os cohanim colocavam os adornos sacerdotais, Elohim considerava um mérito para todo povo de Israel.
As vestes dos cohanim ajudavam os judeus de duas maneiras:
1 - Elohim perdoava determinados pecados cometidos pelos judeus porque os cohanim vestiam estes trajes.
Por exemplo, o manto do Sumo Sacerdote, ajudava os judeus a serem perdoados por falar maledicência, lashon hará. (É óbvio que também deviam fazer teshuvá.)
As campainhas costuradas na parte inferior do manto também tinham uma função elevada. Quando Elohim escutava seu tilintar, perdoava os judeus pelos sons pecaminosos que haviam emitido ao falar maledicência.
O resto dos adornos dos cohanim servia para expiar outros pecados do povo judeu: a camisa expiava o assassinato e a placa perdoava a adoração de ídolos.
Como era benéfico para os judeus que os cohanim cumprissem o serviço de Elohim. Oxalá possamos vê-los em ação novamente!
2 - Os trajes dos cohanim também ajudavam o povo de Israel a vencer as guerras. Eram semelhantes a uniformes que soldados usam. Quando os cohanim usavam seus uniformes sagrados no Tabernáculo, Elohim recordava os soldados judeus no campo de batalha e os fazia triunfar.
Portanto, os adornos dos cohanim, beneficiavam todo o povo judeu.

A mulher que foi recompensada tendo todos seus filhos como Sumo Sacerdotes

Todos os sete filhos de uma senhora chamada Kimchit tornaram-se Sumo Sacerdotes. Os sábios ficaram maravilhados com a extraordinária honra que Elohim concedeu a esta mulher. Enviaram-lhe um mensageiro para indagar-lhe: "Quais são seus feitos, para que você fosse assim distinguida?" Ela replicou: "Sequer as paredes de minha casa jamais viram meus cabelos descobertos!" Durante toda sua vida não havia revelado seus cabelos a ninguém, nem mesmo às vigas do seu teto. Por isso, seus filhos tiveram o privilégio de adentrar, em Yom Kipur, o local mais oculto e reservado possível: o Santo dos Santos.
Os sábios, então, comentaram: "O versículo de Tehilim (45:14) certamente aplica-se à Kimchit. 'A dignidade da princesa encontra-se no interior, ela será adornada com quadrados dourados.'"
Eles interpretaram esse versículo como significando que uma mulher de grande recato é recompensada com filhos que vestem a placa peitoral de quadrados dourados.
Apesar de ser permitido pela lei a Kimchit descobrir os cabelos quando estava sozinha, evitou fazê-lo por reverência e recato na presença do Todo-Poderoso. Por isso, tornou-se mãe de filhos que, como Sumo Sacerdotes, mereceram uma intensa experiência da presença de Elohim.
Kimchit procurou manter sua grandeza encoberta, mas esta foi revelada para todas as gerações. Normalmente, quando o Talmud registra o nome de um homem, o faz mencionando o nome de seu pai. Porém, Shimon e Yehudá ben Kimchit são eternamente lembrados como filhos da sua virtuosa mãe.
Um sábio do século passado, o Chafets Chayim perguntou a Rabi Meir Karelits (irmão do Chazon Ish), e ele próprio um prodígio, como seus pais mereceram ter filhos de tão extraordinária estatura. Respondeu que fizeram a mesma pergunta a sua mãe. Ela explicou: "Há uma boa razão para isto. Quando lavo meus cabelos na véspera do Shabat, peço à duas mulheres que fiquem perto de mim e cubram-nos com lençóis, de modo que as paredes de minha casa não vejam meus cabelos descobertos."

Os cohanim se preparam para começar o seu serviço Divino sendo consagrados por sete dias

Elohim explicou a Moshê que, uma vez que o Tabernáculo estivesse armado, os cohanim começariam ali o serviço Divino.
Elohim disse: "Chame os cohanim com palavras encorajadoras para tornarem-se Meus servos. Diga-lhes: 'Vocês são afortunados por terem sido escolhidos pelo Todo-Poderoso'.
"Antes que os cohanim estejam prontos para começar a trabalhar no Tabernáculo, devem santificar-se e preparar-se para seu trabalho. Eles se santificavam mediante as quatro ações seguintes:
1 - Devem estar presentes e observar todos os dias como tu, Moshê, ofereces três tipos de oferendas sobre o altar. Deste modo, aprenderão como ofertar os sacrifícios.
2 - Devem submergir-se em um micvê.
3 - Tu os ungirás com o azeite sagrado.
4 - Devem vestir as vestes sacerdotais todos os dias.
"Cumprindo estas quatro ações durante sete dias, estarão prontos para começar a Me servir no Tabernáculo."

O altar de incenso

O grande altar sobre o qual se ofereciam todos os sacrifícios animais se encontrava no pátio do Tabernáculo, a céu aberto (como foi relatado na parashá anterior, Terumá).
Agora Elohim ordenava a Moshê que construísse um segundo altar: "Este altar será feito de madeira, recoberto de ouro. Ponha-o na seção Kôdesh do Tabernáculo, próximo à menorá e à mesa. Duas vezes por dia, de manhã e à tarde, um cohen queimará incenso sobre este altar."
Embora o altar do incenso estivesse recoberto somente por uma fina camada de ouro, a madeira que havia debaixo dela jamais se chamuscava por causa do fogo que havia sobre o altar. (Este é um dos milagres conhecidos do Tabernáculo. Demonstravam aos judeus que a presença de Elohim estava entre eles.)
Como este altar não estava destinado a oferecer sacrifícios animais, mas apenas a queimar incenso, foi chamado o altar de incenso. Também denominava-se altar de ouro, e altar interior.
Era proibido oferecer sacrifícios animais sobre o altar do incenso, exceto em Yom Kipur, quando o Sumo Sacerdote oferecia animais sobre ele.
Aharon foi ordenado a queimar incenso sobre este altar todas as manhãs e tardes. Elohim disse: "O incenso é a mais querida de todas as oferendas. Todos os outros sacrifícios expiam transgressões, mas o incenso é ofertado apenas para trazer alegria e felicidade".
Após o término da construção do Tabernáculo e todos seus objetos sagrados, depois que a mesa e a menorá foram fixados em suas posições e os sacrifícios trazidos, a Shechiná ainda não havia descido. Foi somente quando o incenso foi oferecido que a Divindade finalmente desceu para residir no Tabernáculo.

Por que a ordem para a construção do altar de incenso encontra-se no final desta parashá?

Poderíamos perguntar por que a Torá menciona este altar agora, ao final da parashá de Tetsavê. Já que o altar do incenso se colocava junto à mesa e à menorá na seção Kôdesh, por que a Torá não o menciona na parashá anterior, Terumá, junto com os demais objetos que havia na seção Kôdesh?
Uma das respostas é que Elohim pôs o altar do incenso como o último dos objetos do Tabernáculo para demonstrar quão importante é. Mencionou-o fora do lugar esperado na Torá para que nós notemos como é especial.
Por que o altar do incenso é tão santo?
As especiarias com que era feito o incenso que o cohen queimava sobre o altar desprendiam um aroma delicioso. Nossos Sábios nos contam que a fumaça do incenso subia direto ao céu, e que era agradável a Elohim. Era um sinal de amor e amizade entre Elohim e o povo de Israel. O aroma do incenso anulava quaisquer decretos celestiais. Como queimar incenso fortalece a aproximação entre Elohim e o povo judeu, podemos compreender a importância deste altar.

Shabat Shalom L'Kulam!!!

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