Por Yochanan ben Avraham
Introdução.
Dando continuidade a tarefa de postar a sequência de comentários
do Sefer D’varim (Livro de Deuteronômio), que não haviam sido postadas neste
blog, hoje trazemos o resumo do que foi comentado na Kehilah na data indicada
no título deste texto. Logo nos dois primeiros passukim (versículos) deste
perek (capítulo), nos salta aos olhos informações importantíssimas para a
formação do caráter israelita, vejamos:
A obediência aos mandamentos conduz a vida.
Por mais desafiador que seja, manter uma atitude positiva em
relação aos mandamentos de Adonai e isto nos custar: o conforto material; o
prestígio social ou até mesmo nossa própria vida, temos a garantia dada pelo
Eterno que nada será em vão.
Este entendimento é bem definido nas palavras de Shaul, o
emissário, pois no que diz respeito ao serviço à Adonai ele declarou:
Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre
abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.
(Curintayah alef/1 Coríntios 15.58)
A importância da memória para manutenção da
identidade.
Se apagarmos os rastros de nossa caminhada, “deletando os
arquivos de nossa memória”, certamente não saberemos como chegamos até onde
estamos e se percebermos que não estamos onde deveríamos estar como poderemos
saber onde erramos se não temos os registros de onde passamos? Como corrigir a
rota se não memorizamos o percurso? É exatamente isso que O Eterno sugeriu ao
ordenar ao povo:
...E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te
guiou no deserto estes quarenta anos... (D’varim/Deuteronômio 8.2)
Lembrar do caminho percorrido, das situações vividas e,
principalmente, das manifestações do Eterno para nos corrigir, auxiliar e etc.,
pode ser a diferença entre a vida ou a morte, sucesso ou o fracasso, pois como
se diz: “um povo que não conhece sua história esta fadado a repeti-la...” Com
essa perspectiva, na mesma carta, Shaul escreve aos israelitas que estavam em
Corinto as seguintes palavras:
E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas
más, como eles cobiçaram. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles,
conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para
folgar.
E não nos forniquemos, como alguns deles fizeram; e caíram num dia
vinte e três mil.
E não tentemos a Adonai, como alguns deles também tentaram, e pereceram
pelas serpentes. E não murmureis, como também alguns deles murmuraram, e
pereceram pelo destruidor. Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão
escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.
(Curintayah alef/1 Coríntios 10.6-11)
É na aflição que sabemos quem somos.
Em que se baseia nossa relação com O Eterno? Nossa obediência
a Ele está condicionada a alguma circunstância? A forma como, na prática,
respondemos estas questões traz a tona o que somos de verdade. Se nossa
fidelidade ao Eterno depende de circunstâncias favoráveis para executar Sua
vontade, não há mérito em nossa atitude. Porém, se independente do que
aconteça, obedecemos a seus mandamentos, certamente estamos dando um grande
passo para a nossa elevação, pois como disse o salmista:
Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem
se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores; antes
tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite.
Pois será como a árvore plantada junto às correntes de águas, a qual dá
o seu fruto na estação própria, e cuja folha não cai; e tudo quanto fizer
prosperará.
(Tehilim/Salmos 1.1-3)
E ainda:
Muita paz têm os que amam a tua lei, e não há nada que os faça
tropeçar.
(Tehilim/Salmos 119.165)
Tudo é dEle por Ele e para Ele!
Neste capítulo observamos também que O Eterno pode nos levar
a aflição, para isso Ele tem seus meios e agentes. Se entendermos que a
finalidade destas aflições é o nosso aperfeiçoamento não haverá margens para
uma “paranóia” que, infelizmente, muitos estão vivendo por ficarem tentando
descobrir quem são os tais agentes causadores, supondo “poderes” que agem
independentemente da vontade do Eterno... O que seria uma transgressão do
primeiro dos asseret hadibrot (dez ditos; conhecido como os dez mandamentos):
Eu sou YHWH Eloheicha, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão.
Não terás outros elohim (deuses/poderes) diante de mim.
(Shemot/Êxodo 20.2-3)
Devemos atentar para
o que realmente importa, ou seja, agir em conformidade com a Torah, sendo fiel
aos seus preceitos, pois como também disse Shaul hashaliach:
E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam ao
Eterno, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
(Ruhomayah/Romanos 8.28)
É importante dizer que os que amam ao Eterno são aqueles que
guardam Seus mandamentos. Por isso tudo acaba bem para estes!
É notória a mensagem de que tudo o que somos e temos vem do
Eterno e que deve haver este reconhecimento por todo o período que vivermos. Lembrar
que não só de pão viverá o homem, ou seja, só da satisfação das necessidades matérias,
é fundamental para aqueles que desejam desfrutar do Shalom que excede todo o
entendimento.
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