sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Midrash Lech Lechá

O Eterno ordena a Avram para deixar seu pai e viajar para Terra de Canaã

Enquanto Avram e sua mulher Sarai moraram em Charan, ensinaram aos outros sobre o Eterno. Avram educou os homens, e Sarai as mulheres, para acreditarem no único Elohim que criou o Céu e a Terra.
O Eterno viu que não havia nenhum tsadic (justo) igual a Avram. Por isso Ele decidiu fazer de Avram o pai de uma nação sagrada, o povo de Israel.
Ele disse para Avram, "Não é correto para você viver nesta terra ímpia, junto com seu pai e sua família que veneram ídolos.
"Saia daí e vá para a terra que Eu vou lhe mostrar."
Por que o Eterno não contou a Avram o nome da terra para a qual Ele queria que Avram fosse - Canaã (que é um outro nome para a Terra de Israel)?
O Eterno estava testando Avram. Será que ele ouviria ao Eterno e iria para um lugar que nem sequer conhecia?
O Eterno também não queria que o pai de Avram, Têrach, fosse junto com ele.
Têrach poderia estar interessado em se estabelecer na Terra de Israel junto com o filho. Mas como Avram não sabia para onde estava se dirigindo, disse a seu pai: " Elohim pode me ordenar viajar até o fim do mundo!"
Quando Têrach ouviu isso, preferiu ficar em Charan.
Avram disse a sua mulher, Sarai, "Não vamos nos atrasar nem um dia. Partiremos imediatamente."
Avram levou junto seu sobrinho Lot, irmão de Sarai, que era órfão, e tinha sido criado por eles. Muitas das pessoas a quem Avram e Sarai tinham ensinado a acreditar em Elohim também decidiram acompanhá-los em sua jornada.
O Eterno enviou nuvens na frente de Avram e sua família para lhes indicar o caminho pelo qual Ele queria que seguissem.

Avram viaja de Canaã até o Egito

Pouco depois que Avram, Sarai e sua família chegaram a Canaã, a chuva parou de cair. As plantas deixaram de crescer. Logo não havia mais frutas, vegetais, nem grãos. As pessoas ficaram cada vez mais famintas. O Eterno  provocou essa situação para submeter Avram a um novo teste.
Será que ele agora iria se queixar: "Não é justo! Primeiro Elohim me mandou para Canaã e agora não tenho nada para comer aqui!"?
Mas Avram nunca se queixou. Estava convencido de que tudo que o Eterno faz tem uma boa razão.
Avram disse para Sarai, "Vamos para o Egito. O Egito possui muita comida. Mesmo que não chova, o rio Nilo irriga a terra". Mas alguma coisa estava incomodando Avram. Ele disse, "Não me sinto bem em ir ao Egito. Geralmente, nós é que convidamos as pessoas para casa, e lhes oferecemos uma refeição. Quando querem nos agradecer explicamos que é Elohim quem alimenta a todos. Assim transmitimos ensinamentos às pessoas. Mas o Egito é um país muito rico. As pessoas não necessitarão da nossa comida. Tenho medo de que não vamos poder ensinar a outros sobre Elohim." Contudo, Avram não tinha outra escolha a não ser ir para o Egito.
Quando Avram, Sarai e Lot se aproximaram da fronteira do Egito, Avram disse: "Os egípcios são pessoas perversas. Quando vêem uma mulher casada bonita, matam o marido e ficam com a mulher.
"Sarai, por favor, diga a todos que você é minha irmã. Então não me matarão. Isso não é uma mentira, porque você é neta do meu pai e uma neta é considerada uma filha."
Como precaução adicional, Avram escondeu Sarai numa caixa grande. Esperava que ela não fosse descoberta.
Mas os oficiais reais da alfândega abriram a caixa e acharam Sarai. Mandaram a seguinte mensagem ao Rei Faraó. "Chegou aqui uma mulher bonita junto com o irmão."
Faraó mandou seus soldados para trazer Sarai para sua corte. Faraó disse para Sarai: "Você tem que se tornar minha mulher." Ao "irmão" de Sarai, Avram, Faraó deu muitos presentes para que ele concordasse que Faraó ficasse com Sarai. Sarai disse para Faraó, "Sou uma mulher casada! Você não pode me segurar no palácio. Devolva-me para Avram."
Mas Faraó não lhe deu ouvidos.
Sarai estava amedrontada e rezou ao Eterno para que a ajudasse. O Eterno mandou um anjo para cuidar de Sarai e protegê-la. Cada vez que Sarai ordenava ao anjo: "Golpeie Faraó", o anjo castigava Faraó.
Faraó foi atacado com dez pragas diferentes. O Eterno também puniu a família de Faraó com pragas. (Da mesma forma, o Eterno puniria mais tarde o Faraó que afligiu os israelitas com dez pragas.)
Faraó sofreu terrivelmente com as pragas. Percebeu, então que Sarai era uma mulher muito justa e íntegra, uma tsadeket, que estava sob a proteção do Eterno.
Enviou uma mensagem para Avram: "É tudo culpa sua! Porque não me disseste que esta mulher é casada com você? Agora pegue-a e deixe este país imediatamente, antes que outra pessoa tente fazer-lhe mal."
Faraó estava tão assombrado pela grandeza de Avram e Sarai que mandou com eles, sua filha, a princesa Hagar, para servir Sarai e aprender o seu modo de vida.
Faraó deu para Avram e Sarai presentes valiosos. Mandou também soldados para acompanhá-los de volta à fronteira do Egito.
Isso era inédito! Os egípcios mal podiam acreditar. O seu rei efetivamente havia libertado uma mulher que queria para si e não matou o marido! Isso nunca tinha acontecido antes. Agora todos compreenderam que Avram era um grande tsadic e Sarai uma tsadeket. Elohim os protegeu. Ninguém, nem mesmo um rei podia fazer-lhes mal.
o Eterno fez com que todo esse episódio ocorresse para que Avram e Sarai ficassem famosos como amigos especiais do Eterno.
A viagem de Avram e Sarai ao Egito também fez com que Hagar se unisse a eles.

Avram se separa de Lot. Lot se estabelece em Sodoma

Avram era um homem muito rico porque o eterno o abençoou. Tinha muitos bois e ovelhas, ouro e prata.
O sobrinho de Avram, Lot, que viajou com ele, também tinha grandes riquezas, não porque fosse um tsadic, mas porque estava junto com o tsadic Avram.
Então surgiu uma briga entre os pastores de Avram e os pastores de Lot.
Avram costumava ordenar a seus pastores, "Nunca deixem meus animais entrar nos campos de outros. Se meus animais pastarem nesses campos, estarei roubando o pasto de outras pessoas. Mesmo que Elohim tenha prometido que toda Terra de Canaã pertencerá um dia aos meus filhos, ainda não é minha."
Os pastores de Avram punham focinheiras nos animais cada vez que passavam diante dos campos que não lhe pertenciam. Ordenaram aos pastores de Lot que fizessem o mesmo. Mas estes não puseram focinheiras nos seus animais. Afirmavam, "Em breve, a terra vai pertencer a Lot, visto que Avram não tem filho." E assim eles permitiam que os animais de Lot comessem nos campos de outras pessoas. Os pastores de Avram insistiam em argumentar com eles que estavam errados, e os pastores de Lot, por sua vez, os contradiziam.
Avram disse a Lot, "Não é bom que briguemos. As pessoas vão dizer, 'Avram e Lot são parentes e não vivem em paz.'
"Por isso é melhor nos separarmos. Você pode escolher se quer se estabelecer ao sul ou ao norte da terra. Se você for para o norte, irei para o sul, e se você for para o sul, irei para o norte. Não precisa se preocupar de que estarei muito longe para ajudar, se precisar de mim. Vou estar perto o suficiente para vir em seu auxílio."
Lot decidiu se estabelecer na cidade de Sodoma (Sedom). Sodoma e as quatro cidades vizinhas estavam localizadas às margens de rios; seu solo estava por isso bem irrigado. E havia ali ótimas terras de pasto para o gado de Lot.
A decisão de Lot foi um erro, porque os habitantes de Sodoma eram os piores de toda Terra de Canaã. Eram ladrões e assassinos. Naqueles tempos, o pior insulto que você podia fazer a alguém era chamá-lo de sodomita!
Lot cometeu dois erros:
1. Separou-se do tsadic Avram.
2. Estabeleceu-se entre perversos.
Lot deixou de ver o mau caráter dos sodomitas porque esperava enriquecer em Sodoma. Mas no final ele saiu arruinado, como veremos na próxima porção da Torá.
O que podemos aprender de Lot?
Nossos Sábios nos dizem (Pirke Avot/Ética dos Pais 1:7) "Afaste-se de um mau vizinho e não se associe com um perverso". Somos aconselhados a nos unir a amigos que nos incentivam a ser bons e praticar o bem. E precisamos nos afastar daqueles que nos influenciam a agir erradamente.

Avram vence uma guerra contra quatro reis

Era a época de Pêssach e Avram estava ocupado assando matsot. (Apesar da Torá ter sido dada só depois da época de Avram, Avram mantinha todas as mitsvot da Torá). De repente ele viu um gigante aproximando-se de sua tenda.
Era Og, o único gigante que ainda estava vivo desde antes do dilúvio.
Og contou a Avram: "Venho direto do campo de batalha. Deixe-me relatar o que aconteceu. O rei de Sodoma e outros quatro reis se revoltaram contra o poderoso Rei Kedarlaomer, depois de o terem servido por doze anos. Kedarlaomer chamou outros três reis para ajudá-lo na guerra contra os cinco reis rebeldes. Kedarlaomer e seus três aliados ganharam a guerra. Capturaram todo o povo de Sodoma como prisioneiros e o seu sobrinho Lot se encontra entre eles. Em seguida, Kedarlaomer e suas tropas marcharam para o norte."
O gigante Og pensou, "Quero que Avram tente salvar seu sobrinho Lot dos quatro reis. Os quatro reis certamente vão matar Avram na batalha. Então pegarei para mim sua mulher, Sarai."
Avram pensou, "Lot está em apuros. Vou preparar uma enorme soma de dinheiro. Talvez eu possa resgatá-lo. Se não, lutarei para libertá-lo."
Avram reuniu seus alunos e servos. Juntos eram trezentos e dezoito pessoas.
Ele anunciou, "Estou indo para ajudar Lot, que está em cativeiro. Quem não tem medo, que me siga."
Avram tinha três alunos que eram príncipes emoritas - Aner, Eshcol e Mamrê. Eles se ofereceram, "Nós vamos proteger seus bens enquanto você está fora."
Os quatro reis já tinham viajado para o norte, até a Síria, mas o Eterno milagrosamente encurtou o caminho para Avram e seus homens.
O exército de Kedarlaomer era imenso, milhares e milhares de soldados. Avram não se atreveria a atacá-los, mas quando olhou para cima, viu a Shechiná (Divindade) e as Hostes Celestiais ao seu lado, pronto para ajudá-lo.
Com a ajuda do Eterno, Avram, seu servo Eliêzer e o restante de seus homens, obtiveram uma vitória milagrosa sobre os quatro poderosos reis e seus exércitos.
Avram libertou Lot e todos os prisioneiros.
Entre os reis inimigos a quem Avram matou estava também Nimrod, que tinha jogado Avram no forno.

Shem, também chamado Malki Tsêdec, dá as boas vindas a Avram. Avram se recusa a pegar qualquer objeto dos despojos da guerra

O filho de Nôach (Noé), Shem, ainda vivia. Era um tsadic que sempre serviu ao Eterno. Ele se mudou para Yerushaláyim (Jerusalém, que naquele tempo se chamava Shalem) e lá, regularmente, oferecia sacrifícios ao Eterno. Era conhecido como "Malki Tsêdec", que quer dizer "rei justo" e também quer dizer "rei da cidade da justiça."
Malki Tsêdec ficou sabendo a respeito da milagrosa vitória de Avram sobre os quatro reis. E quando Avram voltava da guerra e se aproximava de Yerushaláyim, Malki Tsêdec saiu para receber Avram e louvar ao Eterno. Trazia consigo pão e vinho para alimentar os homens cansados e famintos.
O rei de Sodoma também saiu ao encontro de Avram. Disse para Avram, "Todo nosso dinheiro que você recuperou dos inimigos pertence a você. Por favor, devolva-me apenas os prisioneiros que você libertou!"
Avram ergueu sua mão para D'us e exclamou, "Juro que não tocarei em nenhuma parte do despojo desta guerra! Elohim prometeu me abençoar com riquezas e já cumpriu Sua promessa. Possuo muito gado, ouro e prata. Se eu pegar seu dinheiro, você pensará "Eu enriqueci Avram." Um décimo do dinheiro dei para Malki Tsêdec que é o cohen (sacerdote) de Elohim. Outro décimo darei aos homens que me ajudaram e também para Aner, Eshcol e Mamrê, que cuidaram dos meus pertences. Para mim não quero nada dos seus haveres, nem mesmo um fio ou cordão de sapato."

O Midrash explica: O Eterno recompensa Avram

O Eterno disse, "Avram, todos os despojos da guerra na verdade pertenciam a você. Mas você está satisfeito com o que já tem. Hei de recompensá-lo. Você disse, "Não quero nada nem um fio ou um cordão de sapato." Como recompensa, darei aos seus descendentes a mitsvá (preceito) de tsitsit, que tem quatro [duplos] fios em cada canto. Por suas palavras, "Nem um cordão de sapato", vou recompensá-los com a mitsvá de chalitsá, pela qual a mulher tem que abrir o cordão do sapato do seu cunhado."
Vemos que Avram não perdeu nada quando recusou o dinheiro que o rei de Sodoma lhe ofereceu. O Eterno recompensou seus descendentes com duas mitsvot. Além disso, mais tarde, o Eterno conferiu a Avram grandes bênçãos.

O Eterno promete a Avram que os seus descendentes serão tantos quanto as estrelas

Depois de ganhar a guerra contra os quatro reis, Avram estava preocupado, "Talvez os amigos desses poderosos reis vão se unir contra mim e me atacar?"
Mas o Eterno lhe assegurou, "Avram, mesmo que todos seus inimigos se unam contra você, Hei de protegê-lo."
Avram também se preocupou pelo seguinte, "Talvez já tenha usado toda a recompensa que me estava reservada para olam habá (mundo vindouro), porque Elohim realizou para mim milagres tão grandes."
O Eterno lhe assegurou, "Ainda tens uma grande recompensa no olam habá."
Avram então rezou, "Elohim, foste tão bondoso em fazer milagres para mim durante a guerra. Sei que me reservaste ainda mais bênçãos. Mas, para que me servem? Não tenho um filho que possa continuar a ensinar as pessoas sobre Ti depois que eu morrer. Em vez disso, meu servo Eliêzer ficará como líder."
"Não temas" o Eterno consolou a Avram. "Terás um filho."
O Eterno conduziu Avram para fora da tenda.
"Olhe para o firmamento," ordenou Ele.
Avram viu uma grande estrela brilhar no firmamento.
"Esta estrela representa você," disse-lhe o Eterno. "Você é como uma grande estrela que ilumina o mundo. Agora olhe de novo!"
Avram viu duas estrelas. "Estas duas estrelas são você e seu filho," disse-lhe o Eterno.
Então Avram viu aparecer três estrelas. "Elas representam você, seu filho e seu neto," disse Elohim.
Quando Avram olhou de novo para o firmamento, havia lá doze estrelas.
"Haverá doze tribos," explicou-lhe o Eterno.
De repente havia setenta estrelas. "Você terá setenta descendentes indo para o Egito," predisse o Eterno.
Logo, todo o firmamento se cobriu de estrelas de um extremo ao outro.
"Tão numerosos serão os seus descendentes!" Prometeu o Eterno para Avram. "Serão demais para poder contar."

Berit Ben Habetarim: o Eterno promete a Avram que seus filhos herdarão Canaã

O Eterno também prometeu a Avram, "Seus filhos herdarão a Terra de Canaã (Terra de Israel)!"
"Por favor Elohim," pediu Avram, "Dê-me um sinal de que isto se concretizará realmente".
O Eterno respondeu, "Farei um acordo contigo como sinal."
Naqueles tempos as pessoas selavam um pacto, cortando animais em pedaços e andando entre eles. (Esse era uma maneira de dizer, "Se eu não cumprir a minha parte do acordo, mereço ser cortado em pedaços como estes animais.")
O Eterno ordenou a Avram, "Pegue três bezerros, três cabras, três carneiros, um pombo e uma pomba." Avram assim o fez. Então ele cortou os animais em dois, exceto os pássaros que o Eterno lhe disse para não cortar.
Avram arrumou os pedaços em duas filas. Quando eles foram estendidos, poderosas aves de rapina se precipitaram do céu para baixo para devorá-los.
Avram os enxotou.
Esse foi um sinal: No futuro, os idólatras - que são comparados a aves de rapina - tentarão destruir os descendentes de Avram, o povo judeu. Mas o Eterno salvará os judeus pelo mérito de seu antepassado Avram.
Então o Eterno fez Avram cair num sono profundo e lhe mandou um sonho profético.
Avram sentiu um grande temor e uma escuridão o envolveu. Isso era um sinal de que os seus descendentes, os judeus, passariam por dificuldades.
O Eterno predisse a Avram, "Saiba que os seus descendentes não virão para Terra de Israel imediatamente. Primeiro, vou exilá-los em terras estranhas por muitos anos. Tornar-se-ão escravos [no Egito] e serão afligidos. Então, castigarei aqueles que os oprimiram [o Eterno aludiu às muitas pragas que mandaria contra o Egito], e os judeus partirão com uma grande fortuna. Finalmente, voltarão a Canaã. Expulsarão de Canaã as nações que ali viviam e herdarão a terra."
Enquanto Avram sonhava tudo isso, o sol se pôs. O Eterno fez descer uma espessa escuridão. Avram viu um forno fumegante e uma chama ardente passar entre os pedaços dos animais. O forno fumegante e a chama ardente eram os mensageiros do Eterno. Quando eles passaram entre os pedaços era como se o Eterno, Ele Mesmo, estivesse andando entre eles e, desta maneira, selava um acordo com Avram.
O forno fumegante também era um sinal de que todas as nações que fossem afligir os judeus seriam atiradas pelo Eterno em um forno ardente no Guehinom (inferno).
Assim, o Eterno fez um pacto com Avram prometendo-lhe que seus filhos herdariam a Terra de Israel. Esse acordo é conhecido como Berit ben Habetarim, o Acordo entre os Pedaços (dos animais).

Avram casa com Hagar. Ela dá a luz a Yishmael

Sarai não teve filhos em todos os anos do seu casamento com Avram. Ela disse, então, para Avram, "Case com minha criada Hagar. Talvez Elohim se apiede de mim porque deixei você casar com outra mulher, e me dará um filho."
Hagar não foi sempre uma serva. Ela era, na verdade, uma princesa egípcia. Mas quando seu pai Faraó viu os grandes milagres que o Eterno realizou para Avram e Sarai, disse, "É melhor para minha filha ser uma serva desses grandes tsadikim que ser princesa no Egito."
Quando Hagar servia a Sarai, esta ensinou-lhe como servir ao Eterno.
Avram sabia que Sarai falou com ruach hacôdesh (inspiração Divina). Respondeu-lhe, "Vou te ouvir e casar com Hagar."
Depois que Hagar casou com Avram e esperava um filho dele, ficou orgulhosa. Quando Hagar falava com os outros, insultava Sarai zombando dela, "Sarai não é na realidade uma tsadeket! Se assim fosse, porque o Eterno não lhe deu filhos?"
Sarai puniu Hagar por palavras tão arrogantes. Fez Hagar trabalhar pesado.
Por isso Hagar fugiu para longe de Sarai, em direção ao deserto. Mas o Eterno mandou um anjo para ordenar a Hagar, "Volte para Sarai e a obedeça! Elohim ouviu que você está infeliz e vai dar-lhe um filho. Chame-o Yishmael (Ismael). Ele vai ser um homem selvagem que viverá no deserto, e será o pai de uma grande nação."
Hagar agradeceu ao Eterno, "Abençoado Sejas, Elohim, que viu minha desventura."
Hagar voltou para a tenda de Avram. Ela deu à luz um filho, a quem Avram chamou Yishmael. Ele se tornou o antepassado de todas as nações árabes.

D'us ordena Avram sobre a circuncisão

Quando Avram tinha noventa e nove anos, o Eterno lhe disse, "Avram, Eu quero que você tenha uma milá (circuncisão), isso vai ser um sinal no seu corpo de que você Me serve."
"De agora em diante, seus descendentes, os judeus, vão fazer a milá nos seus filhos quando seus filhos tiverem oito dias."
Qual é a diferença entre a mitsvá da milá e as outras mitsvot?
Outras mitsvot, tais como tsitsit ou tefilin, são cumpridas em determinadas ocasiões. Mas a mitsvá de milá permanece com a pessoa dia e noite e por toda a vida; nunca pode renunciar a ela.
O Eterno anunciou a Avram, "Você não será mais chamado de Avram mas sim, Avraham. Avram quer dizer que você é o pai de Aram, o lugar onde nasceu. Agora Eu o transformo em Avraham, que quer dizer o pai de muitas nações.
"O nome de Sarai também será mudado. De agora em diante ela será chamada Sara, que significa rainha sobre o mundo todo. Assim como você é um rei sobre o mundo, assim ela é uma rainha sobre o mundo. Apesar dela ser muito idosa para conceber, dará a luz um filho quando tiver o seu novo nome, Sara".
Avraham irrompeu num riso de felicidade quando ouviu as boas notícias.
O Eterno falou para Avraham, "Chamará seu filho de Yitschac (Isaac) porque você riu e se alegrou. Todos também rirão e se alegrarão com o seu nascimento."
Avraham não demorou para cumprir a mitsvá. No mesmo dia em que o Eterno falou com ele, fez a milá nele mesmo. Nesse mesmo dia, também fez a milá em Yishmael e nos trezentos e dezoito membros da sua casa. Essa foi uma tarefa monumental para executar em um dia, o Eterno deu a Avraham forças para realizá-la.

Uma história: Como o pai de Rabi Yehudá Hanassi estava disposto a sacrificar sua vida pela mitsvá da milá

Certa vez o governo Romano decretou, "Nenhum pai judeu pode fazer a milá em seu filho."
Naquele tempo nasceu um menininho na Terra de Israel. Foi chamado Yehudá. Seu pai era um dos líderes do povo judeu.
O pai disse, "Elohim nos ordenou a fazer o berit milá. O cruel imperador romano nos ordenou o contrário. A quem hei de obedecer, a Elohim ou ao imperador? Eu não desobedecerei à ordem de Elohim por causa do imperador!"
Oito dias depois do nascimento do seu menino, o pai circuncidou-o secretamente.
Mas o segredo não foi guardado por todos. Algumas pessoas o passaram ao governador da cidade.
Ele chamou o pai de Yehudá e o repreendeu severamente, "Ouvi falar que você circuncidou seu filho. Como ousa desobedecer a ordem do imperador?"
O pai de Yehudá respondeu, "Faço o que Elohim nos ordena!"
O governador disse, "Sei que você é um homem importante, um líder do povo judeu. Porém, nem mesmo você pode desobedecer o imperador. Será castigado."
"Qual será meu castigo?" - perguntou o pai de Yehudá.
"Isso não compete a mim decidir," respondeu o governador. Viajarei até o imperador em Roma e lhe comunicarei seu comportamento. Você, sua mulher e seu filhinho também deverão ir para serem julgados."
Com os corações pesados os pais de Yehudá se puseram a caminho com o bebê. Eles rezaram ao Eterno para que o imperador poupasse suas vidas.
Na noite antes de chegarem a Roma, alojaram-se numa hospedaria não-judia. A mulher do hospedeiro acabara de dar a luz. Ela iniciou uma conversa com a mãe de Yehudá.
"Porque você não está feliz com o seu novo bebê?" - perguntou-lhe ela. "Vejo que suspira e tem o semblante triste o tempo todo!"
"Temos muito medo", explicou a mãe de Yehudá. "O imperador pode nos matar porque circuncidamos nosso bebê apesar de sua proibição."
A mulher do hospedeiro era uma mulher muito boa. Fez um sinal para a mãe de Yehudá acompanhá-la até um aposento onde ninguém podia ouvi-las. Lá ela sussurrou para ela, "Vamos trocar os bebês. Pode mostrar o meu para o imperador. O meu bebê não é circuncidado."
A mãe de Yehudá concordou e levou o bebê não-judeu para o palácio. Quando o bebê ficou com fome no caminho, a mãe de Yehudá o amamentou.
O governador estava no palácio do imperador. Ele explicou ao imperador, "Aqui está o judeu que desobedeceu tuas ordens, Majestade! Circuncidou seu filho".
O imperador ficou furioso. "Entregue a criança aos meus servos", ordenou.
O bebê foi examinado, porém para a grande surpresa de todos, não tinha milá!
O governador que havia acusado os pais de Yehudá quase desmaiou.
"Juro que este menino estava circuncidado, Majestade!", exclamou. "Deve ser um milagre. O Elohim dos judeus faz milagres por eles quando rezam!"
O imperador estava muito irado com o governador, que o havia exposto ao ridículo perante toda corte. "Cortarei sua cabeça por dizer mentiras!", gritou. "E em relação aos judeus, deixá-los-ei circuncidar seus filhos se assim desejam! Meu decreto está abolido."
Cheios de gratidão ao Eterno, os pais de Yehudá saíram do palácio.
Na hospedaria, trocaram os bebês com a esposa do hospedeiro. Esta disse à mãe de Yehudá: "Quero que nossos filhos sejam amigos quando crescerem, pois Elohim realizou um milagre através do meu filho".
Quando cresceu, Yehudá se tornou o santo Rabi Yehudá Hanassi, presidente do San'hedrin (Corte Suprema), e compilador da Mishná.
E o filho do hospedeiro? Por ter sido alimentado com o leite da mãe de Rabi Yehudá, o Eterno lhe concedeu grandeza neste mundo e no mundo vindouro. Mais tarde, veio a ser o imperador romano Antônio, um bom amigo de Rabi Yehudá e protetor dos judeus.

Shabat Shalom l'kulam!!!



sábado, 25 de outubro de 2014

Midrash Noach

Nôach (Noé) é um justo em sua época

Durante as dez gerações que se seguiram a Adam e Chava (Adão e Eva), a Terra foi povoada. Mas, infelizmente, as pessoas começaram a idolatrar os astros julgando que fossem deuses, reis soberanos do universo. Rezavam para o Sol e para a Lua, para imagens de madeira ou pedra e cada vez mais surgia uma infinidade de outros objetos a serem adorados e glorificados. Foi então que O Eterno irou-se.

O Eterno, o verdadeiro Criador do universo, poderia ter castigado imediatamente os pecadores, mas não o fez. Aguardou, pois tinha esperança de que as pessoas se arrependessem de praticar a idolatria e servissem somente a um Elohim único, reconhecendo Sua grandeza.

Porém, as pessoas não melhoravam; ao contrário, cada geração pensava em maneiras de obter novos ídolos e novas maneiras de servi-los. As pessoas que viveram na décima geração após Adam desceram a um nível mais baixo ainda; além de servir aos ídolos, seu comportamento imoral os rebaixou de tal modo que agiam como animais, e não como seres humanos criados à semelhança do Criador. Praticavam atos imorais, matavam e roubavam uns aos outros, não se importando com a vida nem com a propriedade alheia. Praticavam estes atos abertamente em público, pois não fazia diferença alguma, já que ao serem julgados em um Tribunal, o próprio juiz e testemunhas - por serem igualmente inescrupulosos - nem se davam ao trabalho de punir os culpados.
Uma pessoa mais forte fazia questão de oprimir o mais fraco. Se houvesse alguém querendo desposar uma moça, surgia um homem mais forte declarando que ela lhe pertencia e casaria com ela antes.
Só havia duas pessoas que praticavam a justiça aos olhos de D'us: Nôach e sua mulher Naama. Eles souberam ensinar seus três filhos a serem igualmente justos. Quando Nôach viu que todos os vizinhos eram perversos, raciocinou: "Se permanecer próximo a eles, também me tornarei perverso pelo convívio."

Por este motivo, Nôach decidiu morar num local conhecido apenas por ele e sua família. Passava o tempo estudando os livros sagrados. Possuía o livro que os anjos tinham escrito para Adam e um outro livro sagrado que recebera de seu bisavô, Chanoch. Através destes livros, Nôach aprendeu como rezar e servir ao Eterno. Enquanto Nôach se elevava e crescia em santidade, o mundo lá fora tornava-se cada vez mais depravado, chegando a um nível que não merecia mais existir. Foi então que o Eterno revelou a Nôach:
"Até agora, fui paciente. Esperei que esta gente perversa melhorasse sua conduta, mas é inútil. Estão sempre pensando em cometer atos piores. Mesmo à noite, enquanto estão deitados em suas camas, fazem novos planos para praticar maldades no dia seguinte. Portanto, vou destrui-los, junto com os animais, pássaros, árvores, a relva e até mesmo o solo. Mas você, Nôach, e sua família, serão poupados."

Porque o Eterno mandou o dilúvio como castigo


O Eterno disse a Nôach: "Hei de cobrir o mundo com uma terrível inundação. Tudo que encontra-se abaixo do firmamento será destruído." Elohim poderia ter destruído o mundo enviando, ao invés do dilúvio, uma peste, animais selvagens, um incêndio ou ainda qualquer outra força destrutiva. Por que, entre tantas outras formas de destruição, Ele escolheu justamente as águas?
Uma das respostas é explicada através da seguinte parábola:

O rei e as pessoas mudas

O rei estava de bom humor. Anunciou a seu ministro:
"Desejo alegrar algumas pessoas desafortunadas. Convide ao meu palácio um grupo de pessoas pobres e mudas. Trate-as generosamente! Dê-lhes comida requintada e vista-as lindamente."

O grupo de pessoas mudas foi convidado e todos passaram um tempo muito agradável. Jamais sonharam haver no mundo coisas tão prazerosas. Sua gratidão para com o rei não tinha limites. As infelizes criaturas não podiam falar, mas quando o rei passava, todos se levantavam e se curvavam, acenando com as mãos e mostravam a ele, na linguagem dos sinais, o quanto apreciavam o que estava fazendo por elas. Todas as manhãs, ao se levantarem, louvavam o rei na linguagem dos sinais.
O rei estava satisfeito por eles o honrarem deste modo. Estava tão contente que chamou o ministro e deu-lhe algumas instruções:
"Este grupo de pessoas mudas desfrutou de uma longa e agradável estadia em meu palácio. Despeça-os agora e convide em seu lugar um grupo de mendigos que falem. Eles louvarão meus atos nobres com palavras e não apenas com gestos e sentir-me-ei ainda mais honrado."

Então, um grupo de pessoas pobres e falantes foi convidado ao palácio e tratado com deleites que nunca haviam experimentado. Os mendigos estavam tão ocupados em divertir-se que esqueceram do rei a quem deviam sua boa sorte. Nenhum deles pronunciou uma palavra sequer de agradecimento e, quando o rei passava por eles, ignoravam-no completamente. Logo, os mendigos esperavam suas comodidades com naturalidade e exigiam prazeres como se lhes coubesse por direito. Certo dia, decidiram se apoderar do palácio e depor o rei. Enfurecido, este chamou o ministro:

"Expulse estes mendigos de meu palácio," ordenou ele. "Faria melhor convidando novamente os mudos; eles não podiam expressar sua gratidão com palavras, mas me honravam da melhor maneira possível. Estas pessoas falantes, porém, que poderiam me trazer tanta glória com o poder da fala, revoltam-se contra mim!"
A ordem do rei foi cumprida.

A chave para a parábola

Quando Elohim criou o mundo, encheu-o com água. A água não podia louvá-Lo com palavras, mas fazia rolar suas ondas ruidosamente em alto e bom som, proclamando: "Como o Eterno é poderoso!"
Elohim então disse:

"Se até a água canta Meus louvores, imagine o que farão os seres humanos que podem pensar e falar!"
Então o Criador removeu a água para os oceanos. Na terra seca, criou seres humanos dotados de inteligência. Porém, ao invés de louvar ao Eterno, revoltaram-se contra Ele, cometendo pecados. Ao invés de usar o cérebro e o poder da fala para objetivos positivos, tramavam atos maus, difamaram, insultaram e injustiçaram-se uns aos outros. Todas as gerações depois de Adam foram igualmente perversas. Elohim observou seus atos tornarem-se cada vez piores e disse:

"Vou livrar-Me desta gente e trazer de volta a água que estava na terra no início da Criação. A água não pode pensar e nem falar, mas louva-Me, enquanto que as pessoas Me enfurecem com seus atos vis!"
Por esta razão, o Eterno trouxe o dilúvio à Terra, eliminando os perversos.

Nôach constrói a arca

O Eterno havia falado para Nôach sobre um poderoso dilúvio universal. Mas também assegurou a Nôach que ele e sua família estariam a salvo. Onde eles achariam um local seguro, que não pudesse ser invadido e destruído pelas águas? Nôach ouviu a resposta através desta ordem que veio de Elohim:

"Construa para você uma arca (teva) de madeira. Ela flutuará sobre as águas."
Nesta arca especial, Nôach e sua família sobreviveriam à terrível inundação e estariam protegidos. Ela foi construída por Nôach seguindo todas as instruções recebidas por Elohim:

"Construa a arca com trezentos amot (cerca de 180 metros) de comprimento, cinqüenta amot (cerca de 30 metros) de largura e trinta amot (18 metros) de altura. Deve ter três andares e conter trezentos compartimentos diferentes (segundo a opinião de alguns dos nossos Sábios, 900 compartimentos). Ponha uma janela para entrar claridade e construa o telhado inclinado para que a água escorra. Depois que estiver pronta, passe piche por dentro e por fora para evitar que a água entre por suas fendas."
Podemos imaginar a dificuldade na época para construir-se um barco nestas proporções. Nôach era completamente desprovido de instrumentos como serra elétrica ou brocas para desempenhar esta missão; construiu a arca manualmente. Levou cento e vinte anos para que terminasse sua obra.

Era precisamente o que o Eterno queria: dar a oportunidade para que os habitantes da terra se arrependessem de seus atos e fizessem teshuvá, retornassem ao bom caminho. Ele esperava que, durante estes cento e vinte anos, a notícia de que Nôach estava construindo uma arca se espalhasse pelo mundo inteiro para que desta forma fosse despertado o temor e arrependimento e apressasse as pessoas a corrigir suas falhas.

De fato, chegou aos ouvidos das pessoas a notícia de que um grande barco estava sendo construído por um homem.
"Por que você está construindo este barco? - perguntavam a Nôach.
"Estou construindo," explicava Nôach, "para me salvar do enorme dilúvio que Elohim enviará sobre a terra. Ele exterminará todos vocês por causa de seus pecados."

As pessoas levaram a sério as palavras de Nôach? Nem um pouco. Suas vozes ribombavam com risos enquanto zombavam das palavras de Nôach.

"Quem se importa?" gritavam eles. "Somos tão fortes, que não tememos um dilúvio. Podemos subir nas árvores e nos telhados. Mesmo se as águas lá chegarem, seremos mais altos do que a inundação, porque somos gigantes."
De fato, as pessoas que viviam naquela época eram enormes.
Nossos Sábios explicam:

Porque as pessoas no tempo de Nôach não temiam uma inundação

Dois Sábios, Rabi Chiya e Rabi Yehudá, estavam passando por altas montanhas, entre as quais acharam ossos gigantescos.
"Estes ossos são restos mortais da geração do mabul (dilúvio)," disseram eles. "Vamos medi-los."
Cada osso era tão comprido que tinham que dar três passos para ir de um extremo ao outro!
"Agora compreendemos porque os contemporâneos de Nôach não tinham medo do dilúvio!" - exclamaram. "Eram verdadeiros gigantes! Acreditavam que nenhuma inundação pudesse ser tão grande a ponto de afogá-los, e achavam que evitariam que os poços profundos vertessem água apenas pisando sobre eles. Não é de admirar que tivessem certeza de sobreviver à maior das inundações."

O Eterno ordena a Nôach para trazer os animais para a arca e entrar com sua família

O som das marteladas espalhava-se no ar, o que não era motivo de alegria para Nôach, que sentia o fim da civilização aproximar-se a cada tábua colocada. Os avisos de Nôach eram sempre recebidos com risadas e palavras duras. Apesar disto, ele obedecia às ordens do Criador e continuou construindo até que o último prego estivesse no lugar.
Ao ficar pronta a arca, apesar de Elohim sentir-se satisfeito por Nôach ter cumprido Sua ordem, estava infeliz por ter de destruir Sua criação. Disse então:

"Estou muito triste por ser forçado a destruir o mundo maravilhoso que criei em sete dias." E ordenou a Nôach: "Traga para a arca um macho e uma fêmea de cada animal não-casher e sete pares de cada espécie casher. Traga também suprimento de comida para um ano, para você e os animais."
Sete dias depois, a 17 de Cheshvan de 1656, começou a chover. Elohim ordenou a Nôach e sua família: "Entrem na arca."
Nôach, sua mulher Naama e seus filhos Shem, Cham e Yefet, com suas esposas, entraram na arca.
A chuva era cada vez mais forte. Os oceanos, rios, lagos e riachos transbordaram até que a terra ficou inundada. Fontes quentes brotaram das profundezas da terra, partindo a crosta e jorrando água fervendo.

A água começou a subir cada vez mais alto. As pessoas compreenderam que as advertências de Nôach eram verdadeiras; subiram nos telhados e nas copas das árvores, mas as águas aumentavam cada vez mais. Muitos dos gigantes correram para escalar as montanhas. Mas as águas subiam mais e mais até que cobriram o topo das montanhas mais altas.
Algumas pessoas gritaram: "Vamos fugir para a arca para nos salvar!"
Mas, milagrosamente, o Eterno fez com que seus pés ficassem presos na água. Embora tentassem se mover para a frente, não conseguiam sair do mesmo lugar.

Alguns dos homens perversos gritavam: "Vamos virar a arca! Por que Nôach tem que se salvar?"
Mas, quando se aproximaram da arca, tiveram uma visão assustadora: leões surgiram rugindo ao redor da arca, prontos para devorar quem se aproximasse. Elohim milagrosamente protegeu Nôach e sua família.
A chuva destruiu todos os seres vivos, homens e animais fora da arca. (Os peixes foram uma exceção, pois permaneceram vivos).

Nôach e sua família cuidam dos animais na arca

Não vamos pensar nem por um minuto que Nôach e sua família viviam confortavelmente e bem acomodados na arca enquanto o resto do mundo sofria lá fora. Eles tinham que alimentar milhares de animais que levavam na arca.
Tão logo Nôach adormecia, exausto após um dia de trabalho duro cuidando dos animais, era acordado por um grito estridente ou o rugido de um animal faminto. Num instante, Nôach arrastava-se cansado para fora da cama e começava a trabalhar, pois sabia que os animais dependiam dele para obter comida.

Seus filhos - Shem, Cham e Yefet - também passavam a noite acordados, os olhos vermelhos e cansados por falta de sono, pois também sentiam a grande responsabilidade de cuidar constantemente dos animais. Noite após noite, Nôach e sua família se privavam do sono reparador para atender aos chamados dos animais. Durante o dia também não era possível ter algumas horas de sossego, pois os zurros, latidos, rugidos e gorjeios não tinham fim. Nôach e sua família também sofriam com o cheiro dos animais, que era forte e desagradável; entrava por suas narinas, irritando a garganta.

Além disso, ouviam o terrível estrondo das ondas furiosas do lado de fora da janela. Estavam assustados e tinham o coração paralisado de medo. Rezavam incessantemente, suplicando ao Eterno que os protegesse.
Por trabalharem tão intensamente com os animais e rezarem o tempo todo, Nôach e seus filhos se tornaram tsadikim (justos) ainda maiores. Agora realmente mereciam ser salvos.

O Eterno não permitiu que nenhum animal selvagem da arca fizesse mal a Nôach ou à sua família. Todos os animais selvagens da arca se portavam como se fossem mansos. Muitas vezes, Nôach pisava em cobras ou escorpiões, mas nunca foi picado. Apenas uma vez, Nôach estava atrasado com a comida do leão e este lhe deu uma forte patada na perna e Nôach saiu sangrando e mancando.

Nôach envia o corvo e a pomba


Após quarenta dias, a chuva parou. A terra, porém, ainda estava inundada e a água ainda cobria os picos das altas montanhas. Passaram-se mais cento e dez dias para a água começar a baixar. A arca deixou de flutuar e parou sobre as montanhas de Ararat. A água continuou a baixar até que os topos das montanhas puderam novamente ser vistos.

Quarenta dias depois, Nôach abriu uma janela da arca. Enviou um corvo para examinar se a água tinha baixado completamente. Talvez houvesse novamente grama ou folhas para alimentar os animais. Mas o corvo não se distanciava da arca, pois a terra ainda estava inundada. Voava em círculos ao redor da arca e Nôach compreendeu que o chão ainda estava cheio d'água.
Esperou mais sete dias e mandou uma pomba. Se ela encontrasse um ponto seco para pousar, Nôach saberia que a água finalmente havia desaparecido da superfície da terra. Mas o chão estava molhado demais para a pomba pousar e a ave regressou à arca. Nôach estendeu a mão fora da janela para apanhá-la.

Sete dias depois, mandou a pomba pela segunda vez. Nôach esperava que a terra estivesse seca. As horas se passaram e não havia sinal da pomba. Estaria o chão tão seco que ela havia encontrado um local para construir um ninho? Será que não mais voltaria para a arca? Perto do anoitecer, Nôach foi saudado por uma visão encorajadora: a pomba estava voltando para a arca com uma folha fresca de oliveira em seu bico.

Nôach esperou mais uma semana e enviou a pomba pela terceira vez. Desta feita, a terra estava suficientemente seca para a pomba nela se fixar permanentemente e a ave não voltou mais para a arca. Nôach sabia agora que a terra era novamente habitável.
Mais de um ano depois que Nôach entrou na arca, a 27 de Cheshvan de 1657, D'us ordenou a Nôach e a sua família:
"Saiam da arca!"

Nôach e sua família voltam para a terra

Quando Nôach e sua família saíram da arca, Nôach construiu um mizbêach (altar). Ele pensou, "Por que Elohim me ordenou que trouxesse sete pares de animais casher para dentro da arca e não apenas um par? Com certeza queria que eu oferecesse os restantes em sacrifício para agradecer-Lhe por ter salvo a mim e a minha família do dilúvio e dos animais selvagens da arca."
Os sacrifícios de Nôach agradaram a Elohim.
Quando Nôach e sua família voltaram para a terra firme, não havia árvore, grama ou pessoa alguma. Nôach e sua família eram os únicos seres humanos sobre uma terra que parecia um enorme deserto. Estavam assustados e tristes. Seriam capazes de construir um mundo novo?
Elohim apareceu para Nôach e sua família e os abençoou, prometendo:
"Não temam! Hei de multiplicar vocês, e novamente haverá muitas famílias sobre a Terra. Não tenham receio de que os animais selvagens irão atacá-los porque são muito poucos. Irei protegê-los."
Elohim permitiu a Nôach e a todos os homens comer a carne de animais. Até aquela época, só era permitido às pessoas comerem vegetais.

O sinal do arco-íris

Nôach pediu a Elohim para que nunca mais mandasse outro dilúvio. O Criador prometeu-lhe:
"Nunca mais mandarei outra inundação que destrua o mundo inteiro.

"Como sinal de minha promessa, vou lhes mostrar o seguinte: De tempos em tempos, Meu arco-íris aparecerá nas nuvens. Este será um sinal de que me lembro da promessa de não trazer outra inundação."

Por isso, sempre que vemos um arco-íris, pronunciamos a bênção: "Baruch... zocher haberit veneeman bebrito vecayam bemaamarô"

"Abençoado és Tu, Eterno, nosso Elohim, Rei do Universo, Que lembras da promessa (de não destruir o mundo através de um dilúvio) e Que és fiel ao Teu acordo e mantém Tua palavra."

Nôach fica bêbado

Depois que Nôach saiu da arca, sentiu ser sua responsabilidade cultivar a terra deixada estéril pelo dilúvio.
Em primeiro lugar, Nôach plantou uma parreira. Quando as uvas ficaram maduras, espremeu-as e experimentou o vinho. Mas Nôach cometeu um erro: bebeu demais.
Nôach ficou bêbado e deitou no chão de sua tenda. Kenaan entrou e viu o estado de Nôach. Correu para fora e contou, rindo, para seu pai, Cham:
"Você sabia que o vovô está deitado no chão, bêbado? E está todo descoberto?"
O filho de Nôach, Cham, também riu e foi informar seus dois irmãos. Assim que Shem ouviu isso, disse:
"Vamos cobrir nosso pai."
Trouxe uma coberta e pediu que seu irmão Yefet o ajudasse a levar Nôach para a tenda. Os dois viraram os rostos para não verem seu pai descoberto.
Quando Nôach acordou da bebedeira, amaldiçoou o neto Kenaan e abençoou Shem e Yefet, que souberam honrar a seu pai.
Todos podemos errar algumas vezes, mesmo um pai. Porém, um filho deve honrar os pais e se portar sempre com respeito perante eles.

Os descendentes de Nôach

Os três filhos de Nôach - Shem, Cham e Yefet - tiveram filhos e muitos netos. Shem foi ancestral de Avraham (Abraão), antepassado do povo judeu.

A Torre de Babel

Somente trezentos anos se passaram após o dilúvio quando as pessoas perversas decidiram novamente se revoltar contra o Eterno.
O líder daquela geração era o rei Nimrod, monarca poderoso e forte. Em sua arrogância, afirmava ser um deus, porque queria dominar o mundo inteiro. Por isso, persuadiu as pessoas a não obedecer o Criador. Nimrod sugeriu:
"Vamos construir uma cidade na qual viveremos todos juntos. No meio da cidade, ergueremos uma torre bem alta. Se o Eterno mandar outro dilúvio, subiremos nela para ficarmos a salvo."

A idéia foi recebida com muito entusiasmo. Algumas pessoas levaram a idéia até um pouco mais além, incitando:
"Vamos pôr um ídolo no topo da torre. Colocaremos uma espada em sua mão como sinal de que ele está lutando contra Elohim."
As pessoas uniram-se e juntas começaram a construir uma torre que levaria um ano para chegar ao topo.
Elohim falou aos setenta anjos que ficam à Sua frente para servi-Lo:
"Desceremos e desfaremos todos os seus planos! Vou dividir este povo fazendo com que falem línguas diferentes."
Até então, todos os habitantes da Terra falavam hebraico.

Elohim desceu com Seus setenta anjos. Cada anjo fez com que um grupo de pessoas falasse uma língua diferente.
A confusão que se formou foi incrível! Um homem disse a outro: "Dê-me um tijolo."
Ao invés disso, o outro pegou um martelo e bateu em sua cabeça. Um mal entendido levava a outro e logo reinava uma enorme confusão. Os anjos espalharam as pessoas pelo mundo inteiro. Esta geração é chamada de Dor Hahaflagá, Geração da Dispersão, porque foram dispersos por Elohim.

Por que não foi destruída esta geração perversa como foi exterminada a geração do dilúvio? As pessoas que construíram a Torre de Babel agiram em paz e com amizade entre si; não havia discórdia entre eles como na geração do dilúvio. Isto era tão importante para Elohim que, apesar de elas terem se revoltado contra Ele, não as destruiu.
A história a seguir mostra-nos a importância da paz e da amizade:

Uma história:

Alexandre, o Grande, e o povo altruísta

O poderoso imperador Alexandre, O Grande, viajou por muitos países. Certa vez visitou um reino longínquo atrás das escuras montanhas da África.
O rei daquele país deu as boas-vindas a Alexandre e ofereceu-lhe um lindo presente: pães de ouro sobre bandejas de ouro.
"Não vim aqui para ver teus tesouros," disse-lhe Alexandre.
"Então por que viestes?" - indagou-lhe o rei.
"Queria ver como julgas as pessoas no teu país," respondeu Alexandre. "Ouvi dizer que teu julgamento é justo e bom."
Enquanto conversavam, chegaram duas pessoas para serem julgadas pelo rei.
O primeiro homem estava tão transtornado que mal podia conter sua aflição.
"Comprei um campo deste homem," falou nervoso, "e nele encontrei um tesouro. Quero devolver-lhe o tesouro. Comprei somente o campo e não o tesouro. Não quero ficar com o que não me pertence!"
O outro homem, porém, se ateve a sua posição com firmeza.
"Vendi o campo com tudo o que contém," insistiu ele. "O tesouro é teu e não vou ficar com ele."
Os dois homens continuaram a discutir. Cada um insistia que o tesouro pertencia ao outro. Alexandre estava espantado:
"Como julgas este caso?" - perguntou, incrédulo para o rei.
O rei virou-se para o primeiro homem e perguntou:
"Tens um filho?"
"Sim," respondeu o homem.
"Tens uma filha?", perguntou para o segundo homem.
"Tenho," respondeu o segundo homem.
"Decido o seguinte," disse-lhes o rei. "Casem o filho dele com a filha do outro e dêem o tesouro para o jovem casal."
Alexandre ficou surpreso com esta decisão.
"Por que estás tão surpreso?" - perguntou-lhe o rei. "Não julguei bem? Como terias decidido em teu país?"
Alexandre respondeu:
"Provavelmente teriam prendido os dois homens e o tesouro seria confiscado pelo governo."
"As pessoas em teu país são tão ávidas por dinheiro?" - perguntou o rei, chocado. "O sol brilha em teu país e a chuva cai?"
"Certamente," respondeu Alexandre.
"Bem," concluiu o rei, "D'us não lhe dá sol e chuva pelo mérito das pessoas. Pessoas que brigam entre si e cobiçam as posses dos outros não merecem nem o sol, nem a chuva. D'us tem misericórdia dos animais e é só por mérito deles que cuida de seus país."

Avram protesta contra a adoração de ídolos

Dez gerações depois de Nôach nasceu Avram (Abrão).
Novamente, todas as pessoas no mundo adoravam ídolos. Serviam ao sol, à lua e a muitas espécies de ídolos.
O pai de Avram, Têrach, era um homem muito ocupado. Por isso, pediu ao tio de Avram, Nachor, que cuidasse do menino.
A casa de Nachor, assim como a de todos, estava cheia de imagens; algumas de prata, ouro e cobre e outras de madeira. Nachor ensinou a Avram:

"Curve-se perante os deuses, Avram, pois eles são muito poderosos. Se não servir-los corretamente, castigá-lo-ão."
"Como são poderosos?" - perguntou o menino. "Não podem falar nem se mover!"
"Cada um deles governa outra parte do mundo, Avram.", lhe explicou Nachor. "Nimrod, nosso rei, é um deus. É mais poderoso que todos os outros deuses."

"Como uma pessoa pode ser um deus, tio?", perguntou Avram.
"Fica quieto, menino, não deves falar assim." - respondeu Nachor. "Se Nimrod te ouvir, vingar-se-á. Ouve o que lhe digo."
O pequeno Avram não estava satisfeito. Ninguém respondia satisfatoriamente a suas perguntas. Quem havia criado o mundo? Quem o havia feito e a todas as pessoas que o rodeavam?

Talvez o sol fosse um deus, pensou, pois era tão poderoso, Iluminava o mundo e fazia crescer as plantas. Porém, Avram observou que o sol apenas nascia e se punha todos os dias seguindo um padrão pré-estabelecido. Não tinha a capacidade de criar outros seres. Seria a lua, então, um deus? Não, tanto o sol como a lua agiam como servos que obedecem a ordens de terceiros.
Porém a quem obedeciam? Avram tinha apenas três anos quando descobriu, por si mesmo, a resposta. Compreendeu que o sol, a lua, o vento, a chuva, e toda a natureza seguem as ordens de D'us. Ele é o Criador Todo-Poderoso. Pode não ser visível, porém, Avram entendeu que o mundo é dirigido por Ele.

Avram disse, então, a seu tio Nachor e ao pai Têrach que não se curvaria perante os deuses. Somente perante o Eterno. Insistiu que eles também deveriam deixar de prostrar-se aos deuses. Mas não lhe deram atenção.
Quando Avram cresceu, seu pai Têrach deu-lhe um saco cheio de ídolos e lhe disse: "Vá e venda-os no mercado".
Avram levou consigo um martelo. Quando um cliente se aproximava e lhe pedia um ídolo, Avram batia na cabeça do ídolo com o martelo.

"Você quer ficar com este?" - perguntava para o cliente.
Em seguida, dava um golpe na cabeça do próximo: "Ou prefere este?" - perguntava.
Quando as pessoas viram como os ídolos permaneciam imóveis mesmo quando eram golpeados na cabeça, desistiam da compra.
Outra vez, Avram levou um saco cheio de ídolos para o mercado. Chegando lá despejou todo seu conteúdo. Em seguida, destruiu os ídolos na frente de todos.

Certa vez Têrach viajou. Avram pediu para sua mãe: "Por favor, sacrifique uma ovelha e prepare uma comida saborosa. Quero oferecê-la aos deuses do meu pai para que se sintam agradecidos."
A mãe preparou uma comida deliciosa e Avram colocou-a na frente dos deuses.
"Comam", lhes disse. Mas nenhum dos deuses provou a comida.
Avram riu: "Talvez não gostem deste prato", disse aos deuses, "ou pensam que não lhes trouxe comida suficiente. Amanhã lhes servirei algo melhor".

No dia seguinte disse à mãe: "Os deuses não gostaram da comida de ontem. Por favor prepare uma refeição mais farta e melhor hoje!"
Sua mãe assim o fez. Avram pôs uma comida farta e deliciosa perante os deuses.
"Tomem", disse-lhes.

Sentou-se próximo aos deuses para observar se comiam, e assim ficou o dia todo. Nenhum dos ídolos se mexeu.
Nesta noite Avram estava furioso." Ai do meu pai e toda esta geração", exclamou. "Servem ídolos que não podem caminhar, nem mexer-se, nem escutar, nem enxergar ou cheirar".

Avram pegou o machado de seu pai, e destruiu todos os ídolos, com exceção do maior.
Neste momento, Têrach regressava de sua viagem, escutou os golpes do machado e o barulho de madeira e metal sendo destruídos.

"O que será isto?", exclamou. "Parece vir da sala do templo".
Correu para dentro. Avram acabava de terminar sua obra de destruição. Deixara apenas o ídolo maior, e havia colocado o machado em seus braços.

"Por que destruíste meus deuses?", gritou Têrach.
"Não fui eu", respondeu Avram. "Brigaram pela comida que lhes dei e o maior deles pegou o machado e quebrou os demais".
"Mentiroso!", replicou Têrach. "Não podem quebrar uns aos outros! Nem sequer podem mover-se!".
"Pai", disse Avram. "Então por que os serve? Por que deposita sua confiança nestes ídolos? Podem te salvar do perigo? Podem ouvir suas preces?"

"Estás cometendo um grave erro em adorar estas imagens. Tu e todos os outros esqueceram de Elohim, o verdadeiro e único Criador do Céu e da Terra. Nossos antepassados também se esqueceram Dele e por isso Elohim mandou o dilúvio. Por que então você deixa-O novamente aborrecido?"
Rapidamente, Avram pegou o machado, despedaçou o último e maior ídolo e saiu correndo da casa. Têrach estava furioso. Ele era um súdito leal do rei e a conduta de Avram não podia ser ignorada. Têrach foi ao palácio do Rei Nimrod e disse ao rei:
"Deves julgar meu filho por se revoltar contra os deuses."

Avram é trazido à presença do Rei Nimrod e posto na prisão

Nimrod mandou seus soldados prenderem Avram e trazê-lo ao palácio.
Nimrod perguntou a Avram, com severidade:
"Por que você quebrou os ídolos do seu pai?"
"Não fui eu," respondeu Avram. "O maior quebrou os demais."
"Vamos", repreendeu Nimrod. "Você realmente pensa que vou acreditar em tais histórias? Sei que os deuses não podem se quebrar uns aos outros; eles não se mexem."
Avram censurou Nimrod na frente de todos seus servos:
"Então por que os adora? Por que não serve a Elohim Que governa o mundo, Que te criou, Que vai fazê-lo morrer e Que pode ressuscitá-lo? Ai de ti, rei perverso e bobo! Deverias mostrar o caminho certo para todos. Em vez disso, tu e teus servos fazem com que as pessoas pequem."

"Não sabes que por causa de pecados como os seus, Elohim mandou o dilúvio para nossos antepassados? Se continuares servindo aos deuses, tu e todos que te seguirem também morrerão em vergonha e desgraça. Elohim irá castigá-los."
"Chega!" - gritou Nimrod. "Para a prisão com ele!"
Avram foi lançado na prisão e mantido lá por dez anos.

Avram é jogado numa fornalha


Depois de dez anos difíceis, Avram foi novamente trazido à presença de Nimrod, que ainda esperava convencê-lo a se curvar aos ídolos.

"Agora vais te prostrar aos deuses?" - perguntou o rei para Avram.
"Só me curvo perante o Criador do Mundo," respondeu Avram.
"Eu sou o criador!" - afirmou Nimrod com orgulho.
"Podes ordenar ao sol para nascer a oeste e se pôr a leste?" - perguntou-lhe Avram. "Então acreditarei que você é o Criador."
Nimrod se virou para os sábios e para os príncipes a sua volta.
"Que castigo merece este homem?" - ele perguntou. "Julguem-no."
Todos responderam:

"O homem que despreza o rei e seus deuses deve ser queimado."
Para tal, foi preparada uma enorme fornalha na cidade de Kasdim. Com grande júbilo, os oficiais do rei a esquentaram durante três dias e três noites.
A notícia espalhou-se rapidamente. Chegou gente de todas as partes do mundo a Kasdim para presenciar o grande acontecimento. Frente a uma grande multidão de espectadores, Avram foi agarrado e jogado nas chamas.
Elohim falou para os anjos:

"Avram foi fiel a Mim. Eu Mesmo vou salvá-lo."
O Criador então ordenou que as chamas não causassem mal algum a Avram, mas que apenas devorassem as cordas que o amarravam.

Para a multidão que observava o acontecimento, tudo parecia correr conforme o planejado. As chamas da fornalha subiam ao céu. Era um fim apropriado para um traidor, murmurava o povo; logo, nada sobraria dele.
A multidão se dispersou, mas os servos de Nimrod ficaram perto da fornalha até que as chamas terminassem seu trabalho. De repente, soltaram uma exclamação de surpresa. Os olhos se arregalaram de terror. Os queixos caíram de espanto. Pois Avram estava milagrosamente vivo dentro da fornalha, caminhando lá dentro! As chamas haviam queimado apenas as cordas que o amarravam, mas não chamuscaram suas roupas ou o corpo.
Agitados, os servos correram para informar o milagre ao Rei Nimrod. No começo, Nimrod não acreditou no que estava ouvindo, mas quando os servos confirmaram a notícia, Nimrod foi pessoalmente olhar dentro da fornalha.
Era verdade! Avram estava andando dentro dela como se passeasse num jardim!
"Saia, Avram," chamou Nimrod, com voz trêmula. "Prometo que não farei nenhum mal a você."

Avram saiu da fornalha são e salvo.

Tremendo, Nimrod e seus servos se inclinaram para Avram. Estavam convencidos de que ele deveria ser um deus!
"Foi Elohim, o Criador do mundo Quem me salvou!" - explicou-lhes Avram. "Curvem-se perante Ele!"
Haran, o irmão mais moço de Avram, estava indeciso se deveria ouvir Avram e crer em Elohim ou seguir o Rei Nimrod e se curvar perante os ídolos. Mas, quando Haran viu Avram sair vivo do fogo, anunciou confiante:
"Eu também creio em Elohim!"
Os oficiais do Rei Nimrod agarraram Haran e o jogaram nas chamas. Mas ele não mereceu o grande milagre de ser salvo como o tsadic Avram.
Têrach, Avram e suas famílias mudam-se para Charan
Apesar de Avram ter sido salvo diante dos olhos de Nimrod, Têrach percebeu que o perigo ainda não havia passado. O perverso Nimrod poderia decidir matar Avram outra vez. E quem poderia saber se Elohim realizaria outro milagre?
"Vamos deixar esta terra," aconselhou Têrach a Avram. "Iremos para a terra de Canaã onde Nimrod não governa."
Por que Têrach, de repente, achava que seu filho Avram deveria se pôr a salvo do Rei Nimrod? Não havia sido o próprio Têrach que pediu ao rei que castigasse Avram porque não ter acreditado nos ídolos?
Mas, após presenciar o grande milagre que aconteceu a Avram, Têrach mudou de idéia. Começou a acreditar que Elohim era o Mestre do Mundo. Muitos anos depois, antes de morrer, Têrach abandonou definitivamente a adoração aos ídolos e fez completa teshuvá.
Avram concordou com a sugestão do pai de se mudar para a terra de Canaã.

Têrach, Avram e suas famílias partiram para Canaã.

No caminho, passaram por um lugar chamado Charan. Têrach viu que lá estariam a salvo, pois aquele lugar estava fora dos domínios de Nimrod. Por isso Têrach decidiu:
"Vamos ficar aqui!"


Shabat Shalom!!!


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Midrashim. Ferramentas auxiliares para chegarmos à sabedoria



Por Yochanan ben Araham

Introdução

No intuito de contribuir com todos aqueles que estudam a Torah, pretendemos a cada Shabat, trazer a este espaço alguns midrashim referentes a cada Parashah (porção) que será estudada ao longo deste ciclo. Mas antes disso, iremos apresentar um breve estudo introdutório deste gênero de literatura – o Midrash, já que estes comentários podem nos auxiliar na compreensão, de como determinados seguimentos judaicos entendiam a Torah, assim como as próprias Parashiot (porções) em questão.

Definindo o Termo “Midrash”
A palavra “Midrash” tem sua origem em dois termos hebraicos: “MI” e “DARASH” que ao serem unidas formam “Midrash”. Considerando na sua origem a raiz “DARASH”, podemos identificar a natureza deste termo, pois “DARASH” significa: examinar; procurar; buscar o sentido. Portanto, “Midrash” é um método investigativo que busca “abrir” o sentido do texto podendo ser considerado como uma espécie de “chave” para a compreensão do mesmo. Por esta razão, “Midrash”, que significa literalmente: Quem (MI) Pergunta (DARASH), pode ser visto como um método que não está preso há um determinado tempo ou local, pois à medida que perguntas vão surgindo sobre determinados textos, novas interpretações podem surgir trazendo à tona outras perspectivas para determinadas situações registradas nos livros que estão sendo examinados.
Outro aspecto importante que o termo “Midrash” revela, reside no fato de que, na Bíblia, “DARASH” é um verbo que tem o Eterno como objeto, indicando uma busca ao Senhor como podemos ver nas seguintes passagens abaixo:

E os filhos lutavam dentro dela; então disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi perguntar (LIDROSH) ao Senhor. (Bereshit/Gênesis 25.22).

Então disse Moisés a seu sogro: É porque este povo vem a mim, para consultar (LIDROSH) a Elohim; (Shemot/Êxodo 18.15).

(Antigamente em Israel, indo alguém consultar (LIDRASH) a Elohim, dizia assim: Vinde, e vamos ao vidente; porque ao profeta de hoje, antigamente se chamava vidente). (Sh’muel ale/ 1 Samuel 9.9)

Então disse o rei de Israel a Jeosafá: Ainda há um homem por quem podemos consultar (LIDROSH) a YHWH; porém eu o odeio, porque nunca profetiza de mim o que é bom, mas só o mal; este é Micaías, filho de Inlá. E disse Jeosafá: Não fale o rei assim. (Melachim alef/1 Reis 22.8)

E não buscou (DARASH) a YHWH, que por isso o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé. (Divrei haYamim alef/1 Crônicas 10.14)

E, no ano trinta e nove do seu reinado, Asa caiu doente de seus pés, a sua doença era em extremo grave; contudo, na sua enfermidade, não buscou (DARASH) a YHWH, mas antes os médicos. (Divrei haYamim beit/2 Crônicas 16.12)

E aconteceu, no sétimo ano, no quinto mês, aos dez do mês, que vieram alguns dos anciãos de Israel, para consultarem (LIDRASH) a YHWH; e assentaram-se diante de mim. (Yechezkel/Ezequiel 20.1)

Nos Salmos e livros sapienciais, “DARASH” está ligado à ação de busca ao Senhor em momentos de dificuldades tanto material quanto espiritual, embora no Salmo 119 esteja mais relacionado à obediência e entendimento da Lei (Torah).

Em Ezra (Esdras) 7.10, “DRASH” está ligado à ideia de interpretação da Lei de YHWH:

  “Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar (LIDROSH) a lei de YHWH e para cumpri-la e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos.”

Como podemos perceber, o emprego de “DARASH” na Escritura é bem comum, porém, quando se trata de “MIDRASH”, só o encontramos duas vezes no TANACH, vejamos:

Os demais atos de Abias, tanto os seus caminhos como as suas palavras, estão escritos na história (MIDRASH) do profeta Ido. (Divrei haYamim beit/2 Crônicas 13.22)

E, quanto a seus filhos, e à grandeza do cargo que se lhe impôs, e à restauração da casa de Elohim, eis que estão escritos no livro da história (MIDRASH) dos reis; e Amazias, seu filho, reinou em seu lugar. (Divrei haYamim beit/2 Crônicas 24.27)

Em ambos os casos acima, “MIDRASH” pode ser um sinônimo para “Livro” ou “Escrito”, pois a LXX (Septuaginta) traduz o termo como “BIBLION e GRAPHÊ”.
Voltando ao verbo “DARASH”, temos algo curioso em Vayikrá (Levítico) 10.16, que vale a pena ressaltarmos:

“E Moisés diligentemente buscou o bode da expiação, e eis que já fora queimado; portanto indignou-se grandemente contra Eleazar e contra Itamar, os filhos de Arão que ficaram, dizendo:”

No texto hebraico desta passagem, o verbo foi duplicado, (DAROSH DARASH), que para alguns não foi acidental, mas um código para enfatizar que o sentido da Lei só se revela àquele que o aprofunda por meio do estudo e que TEM COMO OBJETIVO A BUSCA E O ENCONTRO COM YHWH.

Origens dos Midrashim

Para alguns estudiosos a origem destes escritos se deu após o retorno do cativeiro em Bavel (Babilônia) por volta 538 a.C./537 a.C.
Os Midrashim (plural de Midrash) teriam sido fruto da preocupação das autoridades judaicas com a observância da Lei por parte do povo, pois a falta de fidelidade para com esta Lei foi à causa da captura e dispersão deste povo e estes não queriam sofrer destes males novamente. Então, a partir disto, os escribas e posteriormente os rabinos, após seus estudos, expuseram de forma escrita, o conteúdo daquilo que haviam compreendido.

É possível observar que o “MIDRASH” também foi utilizado na comunidade de QUMRAN, (uma colônia formada por judeus, que viveram em Qirbet Qumran desde a metade do ano 200 a.C. até por volta do ano 70 d.C.), e embora esta comunidade utilizasse outro método de interpretação conhecida como “PESHER”, o “MIDRASH”  por ser um método bem abrangente, podia conter os “PESHARIM” (plural de PESHER).

Tanto na volta do exílio quanto em Qumran, é notória a preocupação da liderança de ambos em relação à fidelidade, pois se no retorno de Bavel estas ‘leis’ tinham sido enquadradas de acordo com as circunstâncias concretas do passado, elas tiveram que ser explicadas de uma forma mais ou menos artificial para torná-las aptas a alterarem as circunstâncias da vida judaica, ou servir como base escritural ou apoio de várias observâncias tradicionais que formaram a lei oral... Em Qumram também havia a preocupação de uma “atualização” da Escritura como podemos inferir do documento conhecido como “Manual de Disciplina” da comunidade:

"Quando eles se tornam uma comunidade em Israel com tais características, separam-se da sociedade dos homens ímpios vão para deserto para deixar claro o caminho do Senhor, como está escrito em Is 40: 3: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma vereda a nosso Elohim." Sendo esse o Midrash da Torá [que] ele comandou por meio de Moisés, a fazer de acordo com tudo o que é revelado em cada época e como os profetas revelaram através do Espírito Santo" (Manual de Disciplina 8: 12-16).

Desta forma entendemos que os “MIDRASHIM” também são lições extraídas dos versos sagrados e escritos com a finalidade de incentivar o povo à fidelidade a Torah e a consequente justiça decorrente dela, estabelecendo modelos para o cumprimento da Lei.

 Os Tipos de Midrashim

Devido à riqueza deste gênero de escritura, ele talvez seja o que melhor exemplifique a estrutura e os princípios de toda literatura judaica.
No tocante a “literatura midráshica”, é necessário fazermos uma distinção dos métodos que a compõe, são eles o método “HAGÁDICO” e o método “HALÁCHIKO”.

1)     Método Hagádico:
É uma interpretação do texto numa perspectiva essencialmente exortativa e edificante para os fiéis. A palavra se origina de “HAGAD” (Narrar; Contar) de onde deriva “HAGADAH” (Narrativa).
O “MIDRASH HAGÁDICO”, portanto, é uma narrativa homilética que recorre a histórias edificantes e exemplos mais significativos do tipo ‘sacra eloquência’ para aconselhamento, fazendo uso de ilustrações e expansões possuindo, por assim dizer, uma exposição mais ‘livre’.  Todas as obras literárias dedicadas principalmente ao método “HAGÁDICO”, aparentemente foram compiladas em Eretz Israel (Terra de Israel) entre os anos 220 d.C., e 500 d.C., período dos amoraim. Este tipo de midrashim é dividido, apesar das dificuldades de datação, em três grupos: precoce, médio (por volta do Sec. VII d.C.) e tardio (Sec. XI e XII d.C.).
Vale dizer que a Hagadah de Pessach, provavelmente, seja já que ela seria um MIDRASH para D’varim (Deuteronômio) 26.5 – 8.

        2) Método Haláchico:
Este método indica uma perspectiva mais normativa da Escritura, oferecendo aos fiéis o caminho para uma ação moral em conformidade com a Escritura. De fato, a palavra “HALAKHA” deriva do verbo “HALAK” que significa: andar; seguir; ir.
A “HALAKHA” expõe o sentido da Escritura de acordo com critérios que visam orientar os fiéis desses mesmos grupos para procedimentos práticos e ‘normativas’ que estejam de acordo como os princípios éticos e teológicos que defendem.
Para sabermos a diferença entre os dois tipos de Midrash diríamos, em síntese, que o MIDRASH HAGÁDICO seria mais edificante; enquanto o HALÁCHIKO, mais prático.

Princípio do desenvolvimento dos Midrashim

Dentre as seitas judaicas, talvez seja na dos P’rushim (Fariseus) que o Midrash mais se desenvolveu, muito provavelmente por causa da aceitação destes à tradição oral, o que era bem diferente dos Tsedukim (Saduceus). A manutenção da tradição oral, de certa forma, obrigava uma releitura dos textos sagrados para que houvesse uma harmonização de idéias que, por causa de circunstâncias diversas, poderiam eventualmente se manifestar conflitantes.
Depois da destruição do Beit HaMikdash (Templo) no ano 70 d.C., que certamente era a maior referência para a manutenção da identidade judaica, A Torah passou ter uma importância maior na vida dos judeus remanescentes, e isso trazia a reboque a necessidade de explicá-la. Logo, o surgimento de modelos interpretativos para sua aplicação na vida diária surgiu como alternativa à falta daquilo que era o maior símbolo da Emunah (FÉ) israelita.

Beit Midrash

Atentemos para a seguinte expressão:

“Aproximai-vos de mim, ignorantes, entrai para a escola” (Ben Sirach/Eclesiástico 51.23)

Esta foi a primeira menção na literatura judaica do período do segundo Templo (Beit HaMikdash), onde a palavra “MIDRASH” foi empregada no sentido de educação e aprendizagem em geral. Portanto, “BEIT MIDRASH” é definida como o ‘local onde se tem acesso à sabedoria’.

Voltando mais uma vez a raiz “DARASH”, podemos dizer então que “MIDRASH” está relacionada com Busca à Elohim; Busca do sentido da Lei e Casa de Estudo da Lei.

Como método que é o “MIDRASH” pauta-se por regras, tratando-se então de uma ‘escola de interpretação’ – Beit Midrash – que segue determinados princípios, processos e regras de acordo com a respectiva escola onde essa interpretação é feita. As três principais “MIDDOT” são:

As 7 regras de Hillel (por volta dos anos 70 a.C. a 10 d.C.).

As 13 regras de Rabbi Ismael (que na primeira metade do segundo século, ampliou para treze as sete regras de Hillel. Segundo J. Trebolle Barreira, esta ampliação tinha o objetivo de pôr freios às inovações hermenêuticas de Rabbi Aquiba).

As 32 regras de Rabbi Eliezer (entre os anos 130-160 d.C., fez uma nova ampliação, propondo um total de trinta e duas regras).

Conclusão

Como dito na introdução deste artigo, este artigo é um breve estudo sobre essa importante “ferramenta auxiliar” para estudos não só da Torah, mas de todo Tanach... E por mais que esta ferramenta tenha se diversificado, devemos manter o princípio que motivou sua elaboração - a busca ao Eterno. Ou seja, o aprofundamento do conhecimento deve ser motivado pelo desejo de se estar perto do Eterno, de agradá-lo, de servir ao Rei de Toda a Terra por amor a Ele! Se as motivações de nossos estudos forem interesses egoístas de suplantação de adversários ideológicos ou mesmo a promoção perante a opinião dos outros, o resultado será arrogância e soberba que, por sua vez nos torna reprováveis diante do Eterno. Lembremos das palavras de Ya’akov ha Tsadik (Tiago, o justo):

“Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria.
Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade.
Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.
Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa.
Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia.
Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.”
(Ya’akov/Tiago 3.13-18)

Referências Bibliográficas:

LORENÇO, João D. "Hermenêuticas Bíblicas". Lisboa: Universidade Católica Editora, 2011. 

HERR, Moshe David. "Midrash." Encyclopedia Judaica. Ed. Michael Berenbaum and Fred Skolnik. 2nd ed. Vol. 14. Detroit: Macmillan Reference USA, 2007. pgs: 182-185.

ULLOA, Boris A. Nef : "O Método Deráshico no Judaísmo". Revista de Cultura Teológica - v. 18 - n. 70 - ABR/JUN 2010.

Shabat Shalom l’Kulam!!!