sábado, 1 de agosto de 2015

Parashah Devarim

Por Yochanan Ben Avraham

1ª Aliah

APRENDENDO COM OS ERROS.

É interessante notarmos a citação dos locais onde Mosheh falou a todo Israel, pois cada um deles está associado com os principais erros cometidos pelos israelitas durante sua peregrinação, desta maneira, fica insinuado que, todas as vezes em que nos afastamos das palavras dadas pelo Eterno por meio de Mosheh, graves consequências ocorrem conosco. Quais foram estes erros então? Vejamos:

"Deserto e defronte do Mar".
Estes locais nos remete ao momento em que os israelitas desejaram voltar a Mitsraim (Egito). Em que pese alguns estudiosos considerarem o termo como um plural de "Mitz Ra" (algo como Torre de Rá), que acrescido da terminação plural "im", forma então Mitsraim.  Entretanto, é aceito pela maioria que este termo seja um cognato de "Metsar", que significa estreito, limitado, apertado. Por isso muitos de nossos sábios entendem Mitsraim não apenas como um espaço geográfico, mas também como um estado de espírito. Ou seja, Mitsraim é um lugar de angustias; de apertos, de opressão da alma.

Em se tratando de alma, nos referimos a "Neshamá", a "alma superior", o nível de alma que tem a capacidade de perceber a presença divina no mundo, diferente de "Nefesh" que é a "alma animal" voltada para seus desejos e vontades. Logo, entende-se que Mitzraim é um estado de espírito que "sufoca" a neshamá, priorizando a satisfação do físico em detrimento do espiritual.
O princípio de se dar prioridade a vida espiritual foi ensinado com clareza por Yeshua ha notzri, como podemos verificar:

"Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam". Matitiyahu (Mateus) 6: 20

"Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?" Matitiyahu (Mateus) 6:31

 "Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." Matitiyahu (Mateus) 6:33

 Veja também:
"Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra;" Colossayah (Colossenses) 3:2

As palavras que o Eterno nos deu por meio de Mosheh visavam a elevação espiritual de Israel, para que este expressasse a "Betselem Elohim" (Imagem de Elohim) e sua Luz! A Torah é espiritual e, portanto, não está limitada a Tempo e Espaço, como foi dito por Rabi Yeshua e um dos seus talmidim:

"O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida." Yochanan (João) 6:63

"Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado." Ruhomayah (Romanos )7:14

Não há compatibilidade entre observância da Torah e uma vida pautada em satisfação carnal. Ninguém acessará o entendimento da Torah se viver entregue as paixões carnais ou limitado aos cinco sentidos, limitando as palavras do Eterno ao tempo e espaço.

"Na planície"
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Mateus 6:31-33
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Mateus 6:31-33
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Mateus 6:31-33
A planície está associada com o pecado do povo com as midianitas. (Assimilação e idolatria).

"Pa'ran"
Se refere ao relato pessimista dos dez espias que levou o povo a murmuração. (Lashon hará e falta de confiança na Palavra do Eterno).

"Tofel e Lavan"
Estes estão associados com a murmuração contra o maná. ( Rejeição do "pão dos céus" e desejo por uma comida de "verdade" = Materialismo).

"Chatserot"
Relaciona-se com o pecado de Qorach. (Rebelião).
"Di Zahav"
E finalmente o pecado do bezerro de ouro. (Idolatria)
2ª Aliah

AS TRÊS LAMENTAÇÕES.

O passuk (versículo) 12 inicia-se com a palavra 'eykhah, dando nos uma perspectiva interessante sobre a expressão de Mosheh rabeino sobre o seu trabalho com Am Yisrael (Povo de Israel), pois a referida palavra é encontrada outras duas vezes no TANAKH (conhecido como Velho Testamento), e segundo o Rav. Meir Matsiliah Melamed (de abençoada memória) estão relacionadas, são as passagens, Yeshayahu (Isaías) 1. 21, um lamento pela decadência moral do povo, que somado ao que é dito por Mosheh (a primeira menção de 'eykhah), um lamento pelas brigas entre o povo, acarretaria na terceira menção de 'eykhah, no sefer 'eykhah (Livro de Lamentações) 1.1 um lamento sobre a destruição de Yerushalayim.
A explicação é a seguinte: Onde há brigas entre irmãos e decadência moral (HaShem não permita !), o final é a destruição.

EQUILÍBRIO E JUSTIÇA.

"Ouvir a causa entre vossos irmãos", foi a ordem recebida pelos shoftim (juízes), pois só assim poderiam julgar com justiça. De fato, é preciso saber ouvir a todos que estejam envolvidos em uma questão, é necessário conhecer os dois lados de uma história.
Um dos verbos hebraicos para ouvir é 'azan (ouvir; dar ouvidos), escrito com as letras alef, zain e nun sofit, tem o valor guemátrico de 58 que, reduzido chega ao valor 13, pois 5 + 8 = 13. 13 é o valor da palavra 'ahavah (amor), escrita com alef, hei, veit e hei . Isto significa que ouvir o próximo é um exercício de amor! Portanto, quem ama ouve.

3ª Aliah

O FILHO DO 50.

O passuk 38 traz uma expressão taxativa sobre Yehoshua ben Nun (Josué filho de Nun), seria ele quem introduziria os b'nei Yisrael (filhos de Israel) na Terra Prometida. Buscando o nível "sod" (secreto) do método interpretação conhecido como PARDES, podemos perceber coisas que não estão aparentes num primeiro momento, mas que insinuam e revelam aspectos mui profundos, tentaremos apresentar algumas delas neste tópico.
O Pai de Yehoshua tem o nome da décima quarta letra do "alefbeit" (o alfabeto hebraico), isto é curioso quando comparamos isso a um documento dos chamados "Notsrim" (nazarenos), que eram talmidim (discípulos; alunos) do Rabi Yeshua (nome que é uma variação de Yehoshua). Estamos nos referindo a Besorah de Matitiyahu (Boa Nova de Mateus) 1. 17. Estaria a Torah insinuando algo?

Outra curiosidade sobre a letra Nun se refere ao seu valor (50). Sabemos que foi no quinquagésimo dia após a apresentação do Ômer, que o Eterno ordenou a celebração de Shavu'ot (Pentecostes, que literalmente significa quinquagésimo), dia em que comemoramos a entrega da Torah! Sendo assim, ao dizermos Yehoshua ben Nun , também estamos dizendo Yehoshua filho do cinquenta. A relevância disso aumenta quando analisamos a palavra "ben" (filho), pois sendo da mesma raiz de "banah" (construir; edificar; reconstruir), temos a ideia de que filho é alguém que é construido, pois "banah" também nos fala de crescer em termos de descendência.

Concluindo esta parte, a mensagem é clara: somente alguém que é "construído" sobre a Torah, um filho da Torah, poderia conduzir "Am Yisrael" (Povo de Israel) à Terra prometida.

4ª Aliah

COMO NO EDEN.

Quem entraria na Terra Prometida? A Torah está dizendo que aqueles que não tinha conhecimento do bem e do mal é que herdaria a promessa, tal afirmação nos remete ao "Gan Eden" (Jardim do Éden), que segundo Bereshit (Gênesis) 2. 15-17, só poderiam viver ali quem NÃO provasse da árvore do conhecimento do bem e do mal. Ou seja, assim como o Gan Eden, a Terra Prometida é um lugar de pureza. Compare isso com o Tehilim (Salmos) 15.
Percebam o seguinte: Yehoshua seria quem introduziria os b'nei (que se associa foneticamente com Binah, que significa entendimento) Yisrael. Ou seja os verdadeiros israelitas são aqueles que ascenderam de nível de consciência, por isso Rabi Yeshua Ha Notsri questionou a alegação de alguns p'rushim (fariseus) que acreditavam que bastava ser filho de Avraham. (Ver Mat. 3. 9; Yoch. 8. 39 - 44).
Entendam que "Pedra" pertence ao reino mineral, que tipifica o mais baixo nível de consciência!

Voltando a questão da limpeza (pureza) para se adentrar a Terra Prometida, isto é, aqueles que não tinham o conhecimento do bem e do mal, compare isso com a Besorah Yochanan (Boa Nova de João) 15.1-3 e Curintayah alef (1 Coríntios) 6. 9-11.

Poderíamos acessar o Gan Eden hoje? De certo modo a resposta seria sim, é claro que estamos nos referindo a um nível de consciência elevado. Explicamos:
A palavra "Gan" (Jardim), escrita com as letras Guímel e Nun, possui o valor 53 que, reduzido (5+3) é igual a 8, corresponde a "Torah", que é escrita com Tav, Vav, Resh e Hei, tem o valor de 611 e, sendo reduzido chegamos ao 8 (6+1+1=8)!
A palavra "Eden" (ayin, dalet e nun) tem o valor de 124 e reduzido chega a sete (1+2+4=7) que é o mesmo valor de "Sod" (segredo) escrito com Samech (60), Vav (6) e Dalet (4), quando este é reduzido, cortando o zero do setenta, temos o sete!) De certo modo, acessar o Gan Eden é acessar os segredos da Torah! No entanto, este "Segredo não é acessível a qualquer pessoa, mas a um tipo específico de pessoa, vejamos Tehilim (Salmos) 25.14 e notemos que somente aqueles que temem o Eterno poderão conhecê-los.

5ª Aliah

COMPRANDO COMIDA DE EDOM (ROMA).

A tradição judaica associa Edom com Roma, sobre isso temos em nosso Blog um estudo (ver http://kehilahbeitchessed.blogspot.com.br/2011/10/os-filhos-de-esav.html) que apresenta algumas explicações sobre esse detalhe. Com isso em mente vejamos o passuk (versículo) 6 do segundo capítulo com a devida atenção, pois um fato histórico posterior está insinuado ali.
Sabemos que segundo a profecia de Amos Ha Navi (O Profeta Amós), haverá um tempo de fome e sede sobre a terra, não de pão e nem de água, mas de ouvir a Palavra do Eterno, ou seja, a Torah... Também é de nosso conhecimento o fato da dispersão dos israelitas (efraimitas a partir do ano 721 AEC) e posteriormente dos judeus. Sob essa sentença muitos descendentes da santa semente, cresceram longe de sua sua herança, a terra de Israel, suas tradições e, principalmente, a Torah, se viram obrigados a se converterem em "romanos" (cristãos) para sobreviverem! De fato, os acontecimentos ocorridos desde a saída de Mitsraim (Egito) voltariam a acontecer simbolicamente durante nossa peregrinação até o Olam Habá (Mundo Vindouro), vale lembrar que dos três grandes exílios vividos pelos bnei Yisrael (filhos de Israel) - Mitsraim, Bavel e Roma, o mais duradouro tem sido o cativeiro romano, onde muitos descendentes ainda têm "comprado seu pão e sua água".

Outro aspecto desta aliah, diz respeito a ligação entre a entrada do povo na Terra Prometida e os ideais de pureza do início da criação. É importante termos o entendimento de que enquanto o homem não havia comido o fruto do conhecimento do bem e do mal, ele vivia no Gan Eden e tinha acesso a Árvore da Vida. Quando este desobedeceu a ordem do Eterno e consumiu o fruto proibido, ele foi expulso do paraíso e a humanidade entrou em uma espiral decadente da ética e moral. Como forma de limpar a humanidade deste mal, o Eterno enviou o Mabul (Dilúvio) preservando apenas a Noach (Noé) e sua família, após as águas do Mabul baixarem e a terra secar, Noach recebeu as mesmas instruções que Adam e Chavá (Adão e Eva) receberam. Compare agora Bereshit (Gênesis) 9. 2 com Devarim (Deuteronômio) 2. 25 e percebam a semelhança entre os textos, isto significa uma profunda verdade espiritual, pois regularmente os povos que não têm entendimento da Torah, sem o nível de consciência ético e moral e, porque não dizer, espiritual, são comparados a animais, vide a analogia dos quatro reinos que se levantariam na terra em Dani'el 7. 1 - 17.

Maftir

A MARAVILHOSA PROMESSA

O último passuk desta parashah (porção) traz uma consoladora promessa aos bnei Yisrael. A de que o próprio Eterno lutaria por nós! Mas há algo mais por trás das palavras deste passuk que pode ser revelado quando apilicamos o nível Sod de interpretação, vejamos: quando calculamos os valores da frase "YHWH ELOHEIKHEM HU' HANILCHAM LAKHEM" (YHWH, vosso Elohim é quem lutará por vós) temos o seguinte resultado:
YHWH = 26
Eloheikhem = 106
Hu' = 12
Hanilcham = 133
Lakhem = 90
TOTAL = 367

Fazendo a redução deste valor temos 3+6+7=16. Reduzindo novamente chegamos a sete, pois 1+6=7.
Sete é o mesmo valor de uma palavra muito significativa para Am Yisrael (Povo de Israel), me refiro a palavra Mashiach, cujo valor é 358. Vejamos sua redução para verificar a correspondência afirmada, 3+5+8=16. Reduzindo novamente temos 1+6=7.

O que a Torah está querendo dizer é que o Eterno estaria no Mashiach! É o Mashiach que na força de YHWH Eloheino (o Eterno nosso Elohim), nos conduzirá a vitória.
Outro aspecto que este passuk revela é o perfil do Mashiach, implícito na expressão "Lakhem" (por vós), pois o valor desta expressão é 90, o valor da letra Tsad, com a qual se escreve a palavra "Tsadik" (Justo). Isto é extremamente significativo considerando que na literatura judaica há vasta documentação sobre a justificação do povo por meio de um "Tsadik". (vide o estudo contido neste Blog http://kehilahbeitchessed.blogspot.com.br/2014/03/expiacao-vicaria-e-substituicao-penal.html).

Shabat Shalom e até a próxima Parashah!!!


איכה
Deuteronômio 1:12ulo) 12 inicia com a palavra "'eykhah", dando-nos uma perspectiva muito interessante sobre as palavras ditas por Mosheh rabeino, pois a referida palavra é encontrada outras duas vezes no Tanak (conhecido como Velho Testamento), indicando um lamento:
Como se fez prostituta a cidade fiel! Ela que estava cheia de retidão! A justiça habitava nela, mas agora homicidas.
Isaías 1:21
Como se fez prostituta a cidade fiel! Ela que estava cheia de retidão! A justiça habitava nela, mas agora homicidas.
Isaías 1:21
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Mateus 6:31-33
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Mateus 6:31-33
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Mateus 6:31-33As palavras que Moshe trazia eram direcionadas prioritariamente para a alma

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Conferência: Decodificando a letra "BEIT"

Resultado de imagem para Letra Beit 


Shalom chaverim!

 A Beit Chessed vem informar a realização de mais uma conferência sobre temas pertinentes a nossa emunah (Fé). Portanto, fiquem atentos as informações abaixo:

DATA: 16/08/2015 (DOMINGO)

LOCAL: TERESÓPOLIS - RJ

HORÁRIO: 14:30

TEMA: "DECODIFICANDO A LETRA BEIT"

PALESTRANTE: MORÉ NECHEMIAH BEN YISRAEL

ASSUNTOS RELACIONADOS:

Olam habá (mundo vindouro)
*  Olam hazé (mundo presente)
*  Neshamah (Alma)
* Guf (Corpo)
* Torah
*Kabbalah
*Materialidade
*Espiritualidade

Atenção!!!
As vagas são limitadas, por isso a participação dos interessados deve ser agendada nos seguintes números:

(21)9847-40810 (oi) / (21)9840-82913 (claro)

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Midrash Nassô

 
Os filhos de Guershon que servirão no Tabernáculo são contados
Ao final da última Parashá vimos que a família de Kehat recebeu incumbências no Tabernáculo. Aquela família foi contada e recebeu seus trabalhos em primeiro lugar, porque transportava os mais sagrados objetos. O Eterno disse a Moshê: "Conte os homens da família de Guershon. Eles transportarão os artigos de tecidos do Tabernáculo." Moshê pensou: "O Eterno não me disse para pedir a ajuda de Aharon para esta contagem. Entretanto, é meu irmão mais velho e devo honrá-lo, por isso irei convida-lo a tomar parte na contagem." Moshê chamou Aharon. Juntos contaram os homens de Guershon entre as idades de trinta e cinqüenta. Estes homens eram todos aptos a carregar objetos. O Eterno ordenou: "Itamar, filho de Aharon, ficará encarregado da família de Guershon."
Os homens da família de Merari são contados
Finalmente, Moshê contou os homens entre trinta e cinqüenta anos da família de Merari. Moshê novamente honrou Aharon, pedindo-lhe para ajudar na contagem. Moshê, Aharon e seus filhos dividiram a família de Merari em grupos. Um grupo foi incumbido de carregar as tábuas; outro grupo os pilares; outro ainda os encaixes de prata (adanim), e assim por diante. O filho de Aharon, Itamar, foi encarregado de designar uma tarefa específica a cada levi. Ele supervisionou o carregamento.
Outras tarefas para os levitas
Carregar objetos era apenas uma das obrigações dos levitas. Eles também ajudavam os cohanim com aquelas partes do serviço Divino que podiam ser realizadas mesmo por alguém que não fosse um cohen: abater a oferenda, limpá-la e cortá-la. Alguns levitas vigiavam o Tabernáculo, e outros foram escolhidos para cantar. No Tabernáculo, bem como no Templo Sagrado, os levitas entoavam canções do Livro de Tehilim, Salmos, e tocavam instrumentos enquanto eram despejados líquidos sobre as oferendas dos sacrifícios diários. O canto ajudava a alcançar o perdão para o povo judeu. Tanto a música como o canto eram veículos de servir o Eterno com alegria. O coro de leviyim era composto por pelo menos doze cantores, e podia-se acrescentar mais, se assim desejassem. O coro era geralmente acompanhado por instrumentos. Até mesmo os não-levitas podiam ser músicos. Ao entrarem no Pátio do Templo, os judeus podiam ouvir o maravilhoso coro de leviyim e sua orquestra.
O cântico diário
Entoava-se um capítulo de Tehilim diferente a cada dia da semana:
No primeiro dia da semana (domingo) - "Do Eterno é a terra e tudo que nela existe, o mundo habitado e todos os que nele moram." (Tehilim 24:1). Este versículo é apropriado para o primeiro dia, pois nos lembra do primeiro dia da Criação. O Eterno foi então claramente reconhecido como o único governante, uma vez que nenhum ser, nem mesmo os anjos, haviam sido criados.
No segundo dia (segunda-feira) - "Grande é o Eterno e muito louvado, na cidade de nosso Elohim, Monte de Sua Santidade." (Tehilim 48:2). No segundo dia da Criação, O Eterno estabeleceu que o firmamento fosse dividido entre águas superiores e inferiores, denominando as esferas superiores Sua residência. Paralelamente, denominou um local com santidade especial no mundo inferior onde Ele iria residir: "a Cidade de nosso Elohim, Monte de Sua santidade."
No terceiro dia (terça-feira) - "Elohim encontra-se na assembleia Divina, no meio dos juízes Ele julgará." (Tehilim 82:1). Neste dia, Elohim juntou as águas em oceanos, expondo assim os continentes que seriam habitados. Contudo, só seria permitido à humanidade viver lá se exercessem justiça, um dos pilares da sociedade humana. Se o homem pervertesse a justiça, o Eterno ordenaria aos oceanos transbordarem e inundarem terra seca, como mais tarde aconteceu na geração de Nôach, trazendo o Dilúvio.
No quarto dia (quarta-feira) - "Ó Elohim da vingança, Eterno, ó Elohim da vingança, aparece." (Tehilim 94:1). Neste dia foram criados os corpos celestes. No futuro, Elohim punirá todos os que praticaram a idolatria. 
No quinto dia (quinta-feira) - "Cantem em voz alta para o Elohim de nossa força, proclamem com um grito jubiloso o Elohim de Yaacov." (Tehilim 81:2). Neste dia o Todo-Poderoso criou as milhares de espécies de pássaros e peixes. Quem quer que os veja proclama louvores a Elohim em júbilo.
No sexto dia (sexta-feira) - "O Eterno reina, Ele está revestido de majestade; o Eterno terá vestido poder e Se cingido" (Tehilim 93:1). Este versículo é apropriado para o sexto dia, no qual a gloriosa Criação inteira foi completada, e a majestade de Elohim sobre o universo tornou-se aparente.
Em Shabat - "Um salmo, um cântico para o dia de Shabat." (Tehilim 92:1). Este versículo não se refere apenas ao Shabat semanal, mas também a era pós-Redenção, o "grande Shabat da história." O Shabat semanal nos foi dado para servir de modelo para a era futura, a qual será total e eternamente boa. Da mesma forma como trabalhamos toda a semana a fim de honrarmos o Shabat, assim nos preparamos agora para o mundo futuro, onde saborearemos dos frutos de nosso trabalho.
Com a destruição do Templo Sagrado, a beleza da música cessou. As músicas e melodias atuais não captam a santidade ou a harmonia da perfeição espiritual inerente às melodias entoadas no Templo.
Após a destruição do Primeiro Templo o imperador Nevuchadnêtsar (Nabucodonossor), levou um grupo de leviyim cativos à Babilônia. Observando-os chorarem e lamentarem-se, exclamou: "Por quê estão tão tristes? Venham e alegrem-se! Antes de saborear minha ceia, toquem seus violinos para mim e meus deuses, exatamente como costumavam fazer para seu Elohim!"
Olhando uns para os outros, os leviyim sussurraram: "Nunca! Nós, que tocávamos no Templo para o Todo-Poderoso devemos agora tocar para este anão (Nevuchadnêtsar era de baixa estatura) e seus ídolos? Em vez disso, se tivéssemos nos empenhado em cantar ante o Todo-Poderoso, nunca teríamos sido exilados!"
Todavia, como poderiam desobedecer efetivamente a ordem do captor?
Num instante engendraram um plano. Cada levi, sem hesitar, decepou o próprio polegar da mão direita. Erguendo os tocos dos quais jorrava sangue para que Nevuchadnêtsar visse, lamentaram: "Como podemos cantar a canção de Elohim? (Tehilim 137:4) Não vê que nossas mãos estão mutiladas, e não podemos mais tocar nossos instrumentos?"
Enfurecido, Nevuchadnêtsar massacrou milhares de cativos. Não obstante, os leviyim estavam contentes em não terem concordado em tocarem música perante ídolos.
Aquele grupo de leviyim eventualmente retornou do exílio babilônio, e testemunhou a reconstrução do Segundo Templo. O Eterno prometeu ao povo judeu através de juramento: "Os leviyim feriram sua mão direita por amor a Mim; portanto, Eu juro por Minha mão direita que finalmente derrotarei seus inimigos e restaurarei Jerusalém."
O mérito das mulheres judias no Egito
Enquanto o povo judeu viveu no Egito, os egípcios eram seus amos. Davam-lhe ordens. Mas não podiam decretar com quem as moças e mulheres judias iriam se relacionar. Se um egípcio tentava persuadir uma jovem judia a relacionar-se com ele, ela o recusava. E as mulheres judias casadas eram fiéis a seus maridos. Não queriam nada com os homens egípcios. Quando Elohim presenciou isso, disse: "O mérito das mulheres judias é enorme. Por causa delas, realizarei milagres para todo povo. Finalmente, libertarei o povo judeu do Egito pelo mérito dessas mulheres justas."
  O Eterno realizou assombrosos milagres para os judeus durante cada uma das dez pragas. Por exemplo, durante a praga do sangue, quando um judeu baixava seu balde dentro de um poço, tirava água, ao passo que um egípcio tirava sangue do mesmo poço! E durante a praga dos sapos, os sapos fugiriam dos judeus, mas saltavam sobre os egípcios. Estes maravilhosos milagres foram realizados pelo mérito das mulheres judias.
  Elohim fez milagres ainda mais grandiosos para os judeus no Mar Vermelho, quando o Faraó os perseguiu. Mais uma vez, realizou-os em mérito as mulheres judias. O Eterno disse a Moshê: "Desejo que todas as esposas judias continuem a ser fiéis a seus maridos, assim como o foram no Egito." A próxima seção nos falará da mulher infiel.
Sotá - A esposa infiel
Esta passagem da parashá trata de uma mulher, que como resultado do seu comportamento, deu margem para seu marido suspeitar que cometera adultério, mas não havia provas sobre sua verdadeira culpa ou inocência. A Torá nos dá um processo milagroso capaz de provar que ela havia pecado e causava sua morte juntamente com a do homem que pecou com ela; ou então, mostrava, sem sombra de dúvida, que ela sempre foi fiel a seu marido, restaurando assim a confiança e amor no casamento.
O judaísmo, assim, enfatiza a definição de um matrimônio: não é um meio conveniente para satisfazer desejos físicos, mas sim um relacionamento santificado que exige fidelidade e pureza.
Este é o único julgamento na Torá que dependia de uma intervenção sobrenatural; era um milagre que ocorria enquanto o povo judeu se manteve num nível espiritual elevado e merecedor. Este processo foi abolido na época do Segundo Templo, quando o povo judeu tinha decaído em seu nível espiritual. O objetivo deste procedimento era duplo: evitar o adultério e a imoralidade e nutrir a confiança entre marido e esposa. É uma realidade psicológica que, uma vez que um marido suspeita da esposa, não consegue mais confiar nela, mesmo se uma corte de justiça achar que ele se enganou; decisões legais raramente mudam os sentimentos. Somente o testemunho do próprio Elohim será suficientemente convincente.
D'us ensinou estas leis a Moshê: Um homem e uma mulher ficaram a sós por um tempo suficiente para cometerem pecado e de maneira tal que isto tornou-se possível. Antes deste incidente, o marido - baseado num comportamento impróprio de sua esposa - já suspeitava dela e a advertiu: "Não fique sozinha com fulano de tal". A esposa, porém, ignorou seu pedido. Duas testemunhas afirmam que ambos estiveram juntos e tiveram a oportunidade de cometer o adultério, mas não viram se de fato isto se consumou. (Se havia uma testemunha afirmando que ela realmente pecou o teste de sotá não era realizado. A mulher também não era testada se foi forçada a esta situação; neste caso era inocente. O teste de sotá não produzia efeito, quando o próprio marido era culpado de infidelidade conjugal).
O marido a leva ao Grande San'hedrin, que é a mais alta corte judaica, com setenta juízes.
"Você pecou com o estranho com quem esteve?" - perguntavam os juízes à mulher.
Se ela responde: "Não", eles diziam: "Você será testada para sabermos se diz a verdade."
A mulher é então trazida perante um cohen.
A Torá chama uma mulher trazida ao San'hedrin pelo marido de "sotá", que significa: "se desviar", ou seja, a mulher que abandonou o comportamento judaico apropriado.
O cohen prepara a mistura de água
O cohen então preparava uma água especial que a mulher teria de beber. Isso iria testá-la para ver se dizia ou não a verdade. O cohen pegava a água da bacia no Tabernáculo (kiyor) e a misturava com poeira do chão.
Por que D'us ordenou que a água fosse apanhada do kiyor?
O kiyor era feito de espelhos de cobre que as mulheres judias doavam. A água do kiyor é dada a uma esposa infiel para lembrá-la que: "Você não agiu como as mulheres judias no Egito, que foram fiéis aos maridos!"
Por que a poeira é misturada à água?
A poeira sugere a ela: "Você sabe qual é o fim de todos? Seu corpo retorna ao pó. Por isto, faça teshuvá antes que seja tarde!"
O cohen anuncia: "Escreverei novamente num rolo os versículos descrevendo a sotá. Estes versículos contêm o Ilustre Nome de Elohim. Apagarei as palavras na água. Você, então, beberá a água."
"Se você é culpada, a água fará seu corpo inchar, e seus membros ficarão fracos. Você morrerá. Por isso, admita agora! Não precisarei então apagar o sagrado nome do Eterno na água."
(Ambos, marido e mulher devem perceber a grande lição que o Eterno nos ensinou neste episódio: Ele permitiu que Seu Nome fosse apagado para restaurar a harmonia de um lar. Portanto, quando há uma discussão entre um casal, cada um deve estar pronto para sacrificar sua dignidade e honra pessoal em prol da paz).
O cabelo da sotá é descoberto
Durante este procedimento o cohen descobria o cabelo da mulher. Porque o cabelo da sotá era revelado? Diziam a ela: "Uma mulher judia casada é proibida de aparecer em público com seu cabelo descoberto (Talmud Ketuvot 72a). Você se desviou dos caminhos das filhas judias. Agora, você parecerá uma gentia."
Qual o significado das palavras, "Sua esposa será como uma vinha frutífera nos aposentos interiores do lar; seus filhos como mudas de oliveiras ao redor de sua mesa" (Tehilim 128:3)?
Este versículo promete fertilidade e filhos à esposa que se conduz com modéstia e recato, reservando sua beleza exclusivamente para o marido. A mulher que tem um cuidado especial, cobrindo seus cabelos completamente, merecerá filhos que brilharão como galhos de oliveiras.
Azeitonas podem ser saboreadas frescas ou secas; são comercializadas como iguarias; e o azeite produzido delas é de cor mais clara que qualquer outro óleo. Assim também, estes filhos se destacarão nos estudos da Torá e ainda outros serão comerciantes honestos, seguindo os ensinamentos Divinos em seus negócios. As folhas da oliveira não caem no verão e nem no inverno, simbolizando que seus descendentes perdurarão para sempre.
Mais ainda, ela faz com que sua família seja abençoada materialmente. Ela e seu marido viverão para ver seus filhos e netos como o versículo continua: "Merecerás ver os filhos de seus filhos" (Tehilim 128:6).
O destino da mulher infiel
Quando o cohen terminava de advertir a mulher sobre sua punição, ele anotava num rolo de pergaminho as palavras da Torá que disse a ela. Apagava a escrita com água.
Finalmente, dava-lhe a água para beber. Se ela fosse culpada, seu corpo inchava, a face empalidecia e seus membros se enfraqueciam. Ao mesmo tempo, o homem com quem ela pecou também era punido, mesmo sem ter bebido daquela água. A mulher é tirada para fora do Templo Sagrado para então morrer.
Por outro lado, se ela não cometeu pecado algum, a água não lhe causava mal algum. O Eterno a recompensava pela humilhação que ela havia passado. Para esta mulher as águas agiam como um reconfortante remédio. Seus órgãos se fortaleciam, seu rosto se tornava radiante; se sofria de algum mal, estava curada. Se era estéril, conceberia um filho. Se tivesse apenas filhas, Elohim, agora lhe concederia filhos homens. Se tivesse no passado complicações no parto, agora daria a luz com facilidade. Mais ainda, a Torá lhe prometia um filho especial e tsadic (justo).
A promessa das pessoas que testemunharam a sotá
Muitos judeus que viram o que aconteceu à sotá prometeram: "Nunca mais tocarei em vinho. Pode ser que eu, também, beba demais, e faça algo errado.'
  Elohim disse: "Se um judeu prometer não beber mais vinho, deixe-o cumprir certas leis. Observando estas leis, ele se tornará um nazir", que significa: aquele que se abstém de beber vinho. E ao cumprir as outras leis de um nazir, torna-se uma pessoa santificada. Quais são essas leis?
As leis de um nazir
  O Eterno ordenou a Moshê: "Um homem judeu pode prometer tornar-se um nazir, ou uma mulher judia uma nezirá. Aquele que deseja tornar-se um nazir deve observar três leis:
1 - Um nazir não pode beber vinho. Também não pode beber vinagre de vinho, suco de uvas, ou comer qualquer parte de uma uva ou subproduto, como passas. Se um nazir for visto perto de um vinhedo, as outras pessoas devem adverti-lo: "Não caminhe pelo vinhedo; caminhe ao redor dele! Isso ajudará a impedir que coma uma uva por engano."
2 - Um nazir não pode ter seus cabelos cortados. O Eterno disse: "Como o nazir prometeu abster-se de vinho para se afastar do pecado, ele também não deve cortar seus cabelos." Por que um nazir é proibido de cortar o cabelo? Um corte de cabelo faz com que a pessoa tenha boa aparência. O nazir deixa seu cabelo crescer longo e à vontade. Ele não dá importância a sua aparência. Ao invés disso, concentra-se em seu comportamento e pensamentos.
3 - Um nazir não pode tocar o corpo de um morto: O Eterno disse: "Aquele que cumpre as leis de um nazir a meus olhos é tão grandioso e sagrado como um Sumo Sacerdote. Por isso, assim como o Sumo Sacerdote, ele não pode tornar-se impuro por tocar numa pessoa morta. Não pode nem ao menos enterrar seu pai ou sua mãe."
Por que alguém desejaria se tornar um nazir?
Esta vontade pode resultar de uma ocorrência pessoal causada pela influência prejudicial do vinho; ou devido às suas convicções que lhe seria benéfico se abster dos prazeres mundanos. Ele poderia achar também que está tão envolvido na satisfação de seus desejos físicos que não consegue se concentrar no estudo de Torá e cumprimento das mitsvot. Somente uma decisão drástica de alterar seus hábitos, que o force a se abster de entretenimentos e prazeres usuais, poderá transformá-lo. Ele, então, promete tornar-se um nazir por um determinado período, na esperança que a santidade alcançada através desse processo o elevará espiritualmente, fazendo dele uma pessoa melhor, mesmo após o término de sua nezirut. Um dos famosos nezirim da nossa história foi Shimshon (Sansão).
Mais leis do nazir
Quando alguém promete: "Tornar-me-ei um nazir," sem especificar o tempo, torna-se um nazir por trinta dias. Este é o tempo mínimo para nezirut. Entretanto, a pessoa pode prometer tornar-se nazir por períodos de tempo mais longos, até mesmo para o resto da vida.
O que acontece a um nazir que acidentalmente torna-se impuro durante seus trinta dias de nazir? Por exemplo, se morre uma pessoa na casa em que ele mora? O nazir deve esperar sete dias para tornar-se puro novamente. No oitavo dia ele oferecia sacrifícios. Começava então o período de trinta dias de nezirut novamente; os dias que tinha mantido até lá não contavam.
Finalmente, quando o nezirut de uma pessoa terminava, ele oferecia sacrifícios especiais. Um deles era uma oferenda pelo pecado (chatat).
O Talmud nos diz que os grandes tsadikim ao tempo do Templo Sagrado tornaram-se nezirim apenas para ter a oportunidade de oferecer uma oferenda pelo pecado! Como jamais pecaram por engano, nunca tiveram a chance de trazer uma oferenda de chatat. Por isso, para dar ao Eterno este tipo de sacrifício, prometeram tornar-se nezirim. Ao fim de sua nezirut, o nazir também tinha que raspar todo o cabelo da cabeça e jogá-lo no fogo de um dos sacrifícios.
Havia no Templo Sagrado uma sala especial chamada "lishcat hanezirim", a sala para os nezirim. Era ali que os nezirim raspavam seu cabelo. Raspar todo o cabelo de uma pessoa é bem desagradável. O significado deste ato era lembrar ao nazir que não deveria dar ouvidos ao instinto mal, mesmo após o nezirut ter terminado.
A bênção dada pelos cohanim
Em Israel ou numa sinagoga sefaradita fora de Israel, podemos ouvir a bênção dos cohanim todos os dias. Entretanto, numa sinagoga askenazita fora de Israel, a bênção dos cohanim é recitada apenas em Pêssach, Shavuot e Sucot, assim como em Rosh Hashaná e Yom Kipur. A bênção sacerdotal está reservada para estes dias de júbilo. Quando o chazan (cantor litúrgico) termina a bênção de "Modim" na prece mussaf, ele proclama: "Cohanim!" Todos os cohanim presentes se dirigem à frente da sinagoga.
O chazan é o primeiro que pronuncia cada palavra da bênção vagarosamente. Os cohanim a repetem. Há três versículos na bênção sacerdotal: Que Adonai te abençoe e te guarde! Que a face de Adonai brilhe sobre ti e que Ele faça que encontre graça (a Seus olhos)! Que Adonai erga Sua face para ti e te dê paz!
No Templo Sagrado, os cohanim pronunciavam o nome do Eterno em cada versículo da bênção das cohanim da maneira como é escrito, por extenso: Yud, Hê, Vav, Hê. Isto é proibido fora do Templo Sagrado.
Nesta parashá, O Eterno disse a Moshê que ordenasse aos cohanim: "Assim abençoarão os filhos de Israel..."
"Assim" significa que os cohanim devem conceder a bênção da seguinte maneira:
De pé.
De mãos erguidas em direção ao céu.
Por que os cohanim também estendem os dedos? Quando os judeus souberam que os cohanim os abençoariam, protestaram. "Mestre do Universo," disseram, "por que Tu nos abençoas através de terceiros? Desejamos que Tu nos abençoe diretamente!"
  O Eterno replicou: "Apesar de ter ordenado aos cohanim que os abençoe, Eu também estarei presente." Por isso, ao recitar estas bênçãos, os cohanim deixam espaços entre os dedos como que para indicar: "O Próprio Todo-Poderoso está presente atrás de nós." No Templo Sagrado, a Shechiná encontrava-se atrás dos ombros dos cohanim, e irradiava através das aberturas entre seus dedos. As pessoas estavam proibidas de olhar para a Shechiná, Presença Divina, durante a recitação da bênção sacerdotal. O costume atual é de não olhar para os cohanim durante a bênção dos cohanim.
Os cohanim também devem:
Ficar de frente para a congregação.
Pronunciar a bênção em hebraico.
No Templo Sagrado, pronunciavam o Nome do Eterno, como está escrito.
Antes da bênção dos cohanim, os cohanim recitam a bênção: "Bendito és Tu, Adonai, nosso Elohim, Rei do Universo, Que nos santificou com a santidade de Aharon e nos ordenou a abençoar Seu povo de Israel com amor."
Por que Aharon é mencionado nesta bênção?
Os cohanim, descendentes de Aharon, receberam a honra de conceder a bênção da paz pelo mérito de Aharon, que amava a paz e trazia paz onde quer que percebesse discórdia ou contenda.
Porque a bênção sacerdotal inicia-se com a expressão "Assim"
O Eterno introduziu a bênção dos cohanim com a expressão "Assim", aludindo a nosso patriarca Avraham, a quem Ele abençoou: "Assim será tua semente." (Bereshit 15:5)
Que bênçãos estas palavras contêm?
Um viajante perdeu-se de sua rota. Caminhava exausto através do deserto quente e abrasador por dias sem fim. Nenhuma estrada, nenhuma casa, nem sinal de viv'alma à vista. Já havia bebido a última gota d'água de seu cantil, sua língua grudara ao palato, de sede.
De repente, percebeu uma árvore à distância. Se uma árvore pode sobreviver no solo, pensou, deve haver uma fonte de água por perto.
Para sua alegria, descobriu uma fonte de água fresca perto da árvore. Os galhos estavam carregados de frutas. O viajante bebeu e bebeu da água cristalina, comeu dos frutos e mergulhou num profundo sono à sombra refrescante.
Ao acordar, sentiu-se renovado, pois recuperara as forças.
"Árvore, árvore, como posso lhe agradecer?" exclamou grato. "Gostaria de desejar-lhe que tenha belos galhos, porém já os tem. Abençoá-la-ia com deliciosos frutos? Seus frutos não poderiam ser mais suculentos. Com sombra refrescante? Já a tem. Com uma fonte de água? A nascente perto de você é pura e cristalina. Você é abençoada com todo tipo de perfeição. Portanto, posso dar-lhe somente uma bênção: que todas suas sementes nasçam e cresçam exatamente iguais a você."
Similarmente, o Eterno procurava uma bênção para conceder a Avraham. "Avraham", disse, "que bênção posso te dar? Que você seja um tsadic perfeito? Você o é. Você foi lançado à fornalha ardente para santificar Meu Nome; abriu uma pousada para acomodar viajantes e trazê-los para sob as asas da Shechiná; e disseminou Meu Nome pelo mundo inteiro. Que sua esposa seja uma tsadeket? Ela já o é. Que os membros de sua casa sejam tsadikim? Eles já são. Tenho apenas uma bênção para você: 'Assim será sua semente' - que sua semente seja exatamente como você!"
O Eterno introduziu a bênção dos cohanim com a palavra "Assim", para indicar que a verdadeira bênção ao povo judeu seja que cada um de seus membros cresça para se tornar como seus patriarcas.
Uma explicação do primeiro versículo da bênção dos cohanim
Eis aqui uma maneira de explicar a bênção:
Yevarechechá: Que Adonai abençoe teus pertences. Quando uma pessoa precisa de alimento e outras necessidades indispensáveis, é difícil para ela estudar Torá com tranquilidade. Por isso, a bênção é que tenhamos suficiente sustento. Este versículo promete riqueza material e sucesso.
Veyishmerêcha: Que Adonai proteja teus pertences de serem roubados ou danificados. O que acontece com tuas possessões é na verdade determinado por Adonai.
Um corajoso soldado prestou inestimáveis serviços a seu país. Foi convocado a receber a condecoração das mãos do imperador. Este presenteou-o com um baú contendo cem moedas de ouro valiosíssimas. Muito contente por já Ter feito fortuna, o soldado acomodou o baú sob a sela de seu cavalo e partiu para casa. Enquanto cavalgava por uma trilha deserta na montanha, salteadores de repente o atacaram. Subjugaram-no e tomaram seu baú. Desta maneira, sua fortuna se foi tão rápido quanto viera.
Um rei que dá dinheiro ou posses a alguém nunca pode assegurar-se completamente contra danos, roubo, perda, doenças ou morte, cuja ocorrência impediria o beneficiado de usufruir de seu presente. Somente o Rei dos Reis pode dar tal garantia. Portanto, após prometer bens materiais, o Eterno garante que Ele nos guardará de qualquer infortúnio que possa impedir nossa capacidade de nos beneficiarmos dela.
Além disso, a palavra "Veyishmerêcha - Te guarde", também refere-se à proteção contra o yêtser hará, a má inclinação.
Riqueza material gera novos tipos de desejos. Dinheiro gasto com luxos torna-se uma maldição ao invés de bênção. As palavras "Que Ele te abençoe com riqueza," são seguidas, portanto, de "e te guarde", do abuso, ao despendê-lo com luxos. Em vez disso, que você utilize sabiamente o dinheiro para Torá e mitsvot.
O primeiro versículo da bênção sacerdotal contém três palavras, correspondendo aos três patriarcas, Avraham, Yitschac e Yaacov. Suplicamos a Elohim que Se lembre de Sua aliança com os patriarcas.
Uma explicação do segundo versículo da bênção dos cohanim
Yaer: "Que a face de Elohim brilhe sobre ti" significa: Que Elohim ouça tuas preces quando rezares a Ele e te dê entendimento ao estudar Torá.
Vichunêca: Que Ele faça isso por ti, mesmo que não o mereças.
Qual o significado da palavra "vichunêca"?
A palavra chen - graça (também relativa à chinam - gratuito) denota uma ligação e apego que não se originam da lógica ou da razão. Este conceito é assim esclarecido nas palavras de nossos sábios:
"Há três exemplos comuns de apego inexplicável:
Um marido acha sua esposa graciosa.
Uma pessoa acha sua cidade natal especialmente encantadora (apesar dos outros poderem considerá-la um local desagradável para se viver).
Um comprador sente um apego especial ao objeto que adquiriu."
Em todos os três casos, a relação está além da compreensão lógica. Baseia-se tão somente sobre um afeto especial com o qual a pessoa se refere à outra ou a objetos. Similarmente, pedimos ao Eterno que conceda-nos Sua bênção, mesmo se não somos merecedores. Queremos ser abençoados como um presente de graça, por causa do amor de Elohim por Israel.
Este versículo contém cinco palavras, que correspondem aos cinco Livros da Torá. A Torá foi dada em mérito dos três patriarcas, cuja alusão é feita através das três palavras do primeiro versículo.
Uma explicação sobre o terceiro versículo da bênção dos cohanim
Yissá: Que Adonai te dê total atenção, estejas onde estiveres. Ele te guardará de todos os infortúnios. Esta é a bênção de Divina Providência; Elohim está atento e observa cada uma de nossas atividades.
Veyassêm lechá shalom: Adonai te dará paz. Não serás atacado pelas más inclinações ou prejudicado por outros, de quaisquer outros modos.
Este terceiro versículo é o ápice dos dois anteriores. Desejamos as bênçãos materiais (Yevarechechá) e espirituais (Yaer) apenas com o objetivo de adquirir a bênção final de proximidade com o Eterno; traduzidas em bondade e paz. "Que Adonai erga Seu semblante para ti" denota total interesse pessoal de Elohim com cada judeu, o relacionamento mais próximo possível, o qual foi prometido ao povo judeu. (Agora, no exílio, o Eterno "oculta" Sua face.)
Todas as nossas bênçãos são concluídas com "paz", pois não é possível desfrutar de qualquer outra bênção, a não ser que a pessoa esteja em paz.
Este terceiro versículo contém sete palavras, sugerindo os sete céus, em alusão ao que os cohanim desejam ao povo judeu: "Que Ele, que reside nos sete céus o abençoe."
Quem recebeu o poder de abençoar os outros?
O Eterno disse: "No início, apenas Eu podia abençoar as pessoas. Abençoei Adam (Adão) e Chava (Eva): 'Multiplicai sobre a Terra.'"
"Abençoei Nôach (Noé) e seus filhos quando deixaram a arca e começaram a reconstruir o mundo."
"Abençoei Avraham. Disse-lhe: 'Como és um grande tsadic, transferirei a ti o poder de abençoar os outros. Aquele a quem abençoares, será também abençoado.'"
Antes de Avraham morrer, quis abençoar seu filho Yitschac. Mas pensou: "Se eu abençoar Yitschac, meu outro filho, Yishmael, pedirá também uma bênção. Yishmael não merece ser abençoado."
Avraham era similar a um jardineiro em cujo jardim cresciam arbustos com deliciosos frutos, mas estavam entremeados com os galhos de plantas venenosas que cresciam perto deles. O jardineiro pensou: "Se eu regar o arbusto frutífero, farei com que a planta venenosa cresça também." Por isso, não molhou o arbusto frutífero.
Da mesma forma, Avraham não ousou abençoar Yitschac antes de morrer. Não desejava ter que abençoar Yishmael também.
Após a morte de Avraham, o próprio Elohim abençoou Yitschac. O poder de conceder bênçãos foi então transferido para Yitschac. Yitschac deu a bênção principal a Yaacov, e não a Essav. Yaacov recebeu o poder de abençoar as pessoas. Abençoou todos seus doze filhos antes de morrer.
O Eterno disse a Moshê: "De agora em diante as bênçãos serão concedidas pelos cohanim. Quando eles abençoarem o povo judeu com os versículos mencionados, Eu realizarei suas bênçãos."
Os líderes das tribos doam carroças para o Tabernáculo
Na Parashá Shemini no Livro de Vayicrá, aprendemos sobre os eventos ocorridos no oitavo dia da consagração do Tabernáculo. Agora a Torá nos diz mais sobre o que aconteceu:
Os líderes das tribos desejavam doar algum objeto para o serviço do Tabernáculo. Por que razão? Quando Moshê anunciou que cada judeu poderia doar materiais para a construção do Tabernáculo, os líderes não reagiram generosamente.
"Deixe que cada judeu doe o que quiser, e providenciaremos o que ficar faltando," declararam eles. Entretanto, logo perceberam que tinham cometido um erro. O povo correspondeu com tantos presentes e tal entusiasmo que não havia sobrado nada para que os líderes doassem. Finalmente descobriu-se que as pedras preciosas para o peitoral ainda estavam faltando. Os líderes então as forneceram. Mas eles ainda estavam tristes. Queriam dar uma compensação para seu erro. O que mais poderiam doar para o Tabernáculo? Finalmente, tiveram uma ideia: "As tábuas e os materiais do Tabernáculo são pesados demais para que os levitas os carreguem. Vamos dar-lhes carroças nas quais poderão colocar os objetos, e animais para puxá-las."
Os líderes das tribos decidiram doar seis carroças e doze bois para puxá-las.
O Eterno ordenou a Moshê: "Aceite as carroças e os bois dos líderes. Louve-os pelas doações. Diga-lhes: 'Foi uma ideia maravilhosa ajudar no transporte das partes do Tabernáculo. Considero isso tão notável como se vocês tivessem Me ajudado a carregar o mundo todo!'"
Os líderes das tribos doam oferendas para consagrar o altar
Os líderes ainda estavam tristes. O que mais poderiam doar para o Tabernáculo?
Um deles, o líder da tribo Yissachar, cujos membros eram particularmente sábios, tinham um plano: "Deixe-nos doar animais para inaugurar o grande altar de cobre com oferendas especiais!" Os líderes das tribos aprovaram a idéia. Discutiram que tipo de animal doariam e por fim decidiram: "Cada líder doará exatamente as mesmas oferendas. Assim, a contribuição será igual para todos os líderes."
O Eterno aprovou. Os líderes se preocupavam com os sentimentos uns dos outros e mostravam respeito mútuo.
O Eterno disse a Moshê: "Aceite as oferendas dos líderes para consagrar o altar. Eles oferecerão seus sacrifícios em dias diferentes, começando no oitavo dia dos dias de consagração do Tabernáculo."
Moshê perguntou a Elohim: "Quem oferecerá primeiro os sacrifícios? O líder da tribo de Reuven, a mais antiga, ou o líder da tribo de Yehudá, a tribo que viaja em primeiro lugar?"
"O líder de Yehudá será o primeiro," decidiu D'us.
As oferendas dos líderes para a consagração do altar
Eis aqui a doação de cada um dos doze líderes para a consagração do altar:
1 - Uma bandeja de prata pesando 130 shekel. Estava repleta de farinha com azeite, como uma oferenda de minchá.
2 - Uma fina tigela de prata pesando 70 shekel. Estava também cheia de farinha e azeite para uma minchá.
3 - Uma colher de ouro. Estava cheia de incenso.
4 - Uma oferenda de olá, consistindo de um touro, um carneiro e um cordeiro.
5 - Uma oferenda de chatat, consistindo de um bode.
6 - Uma oferenda de shelamim, consistindo de dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros.
A Torá repete os presentes dos líderes das tribos por doze vezes. Isso nos mostra que cada oferenda dos líderes era igualmente importante aos olhos de Elohim.
Moshê ouve a voz do Eterno vinda da arca
Ao final da Parashá, ouvimos que Moshê entrou no Tabernáculo, e escutou a voz do Eterno. O Eterno enviou um pilar incandescente do céu. Permaneceu entre os dois keruvim sobre a arca. A voz do Eterno vinha deste pilar. Embora a voz fosse alta e poderosa, ninguém exceto Moshê pôde ouvi-la.
Por que a Torá menciona este privilégio especial de Moshê aqui?
Moshê era a única pessoa que nada doou ao Tabernáculo; O Eterno não lhe pediu que contribuísse. Mas quando viu os líderes oferecendo suas oferendas, sentiu-se entristecido. Ele também desejava dar um presente para o Tabernáculo. Entretanto, a Torá nos diz que Moshê foi na verdade mais notável que os líderes das tribos. Apenas ele pôde entrar no Tabernáculo e escutar a voz do Eterno.
 Shabat Shalom!!! 

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Novidades!!!

Shalom Chaverim,

Após alguns meses sem publicações e anúncios de nossas programações, retornamos as nossas atividades neste Blog para informar aos que o acompanham, as novidades em nossa Kehilah, pois desde o início do ano a Beit Chessed está passando por mudanças e reformulações no intuito de atender as demandas que a direção apontada pelo Eterno para este momento de nossa caminhada sejam atendidas.

Mudança de Endereço.

Como a maioria dos que nos acompanham deve saber, a Beit Chessed possui sede própria, que ficava localizada na cidade de Teresópolis (RJ), município da Serra Fluminense. Dissemos "ficava" porque foi decidido no início deste ano a venda do imóvel, para que, com o recurso obtido com a venda, adquiríssemos um local para o estabelecimento da nova sede.
Devido ao número de pessoas da cidade do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense que nos contactam, existe a possibilidade da Beit Chessed ser estabelecida em outro município deste Estado, visando facilitar o acesso das pessoas das localidades citadas acima.

Atualmente a Beit Chessed está se reunindo provisoriamente na Rodovia Santos Dumont (BR 116), na localidade conhecida como Providência (ainda em Teresópolis - RJ), onde nossos estudos, conferências e celebrações serão realizadas até que o novo local para nossa sede, seja indicado. Portanto, os que desejarem participar de nossas programações devem nos contactar pelo número do telefone indicado nesta página, ao lado.

Mudanças na Liderança.

As mudanças na Beit Chessed não se limitaram ao espaço geográfico, elas também atingiram o corpo de líderes da Kehilah, havendo uma reformulação na diretoria da instituição, sendo mantido apenas o presidente e mais um membro, que trocará de função nesta diretoria.

Mudanças no Blog.

Estaremos recebendo neste Blog, mais um colaborador na publicação de estudos e artigos, trata-se do Moré Nechemiah Ben Yisrael, que juntamente com sua esposa (Hadassa Bat Yisrael) se uniu a Beit Chessed na tarefa de cooperar no trabalho para o retorno das "ovelhas perdidas da Casa de Israel (Efraim)".
Ao longo dos dias outras alterações serão implementadas no Blog com o intuito de enriquecer o seu conteúdo, para melhor aproveitamento deste espaço e para oferecer aos que nos acompanham mais insumos para seus estudos.
Informamos ainda que estamos presentes no Facebook por meio do grupo Beit Midrash (Beit Chesed) onde também divulgaremos nossas programações e estudos.

Permanências.

Desejamos continuar divulgando os ensinamentos de nosso Rebe, Yeshua Ha Notzri, e de outros Chachamim (sábios) e Nevi'im (profetas) de nosso povo, para que  este Blog transmita a luz da Torah do Eterno a todos que o acessam.

Shalom u'brachot.

Yochanan Ben Avraham



sexta-feira, 6 de março de 2015

Midrash Ki Tissá



A contagem do povo de Israel
 Após o pecado do bezerro de ouro, o povo judeu é contado. Elohim ordenou a Moshê que contasse o povo de Israel.
A mitsvá de contá-los foi, na verdade, dada a Moshê mais tarde, após o pecado do bezerro de ouro. No entanto, é recordada na Torá antes da narrativa do pecado.
Muitos judeus morreram na praga ocorrida logo após o pecado do bezerro de ouro e Elohim queria determinar o número dos sobreviventes.

Um fazendeiro apreciava muito o seu bem cuidado e maravilhoso rebanho. Porém, um dia, uma peste atingiu as ovelhas e muitas delas pereceram. Depois da devastação ter se aplacado, o proprietário ordenou aos seus pastores: "Contem minhas ovelhas para ver quantas sobreviveram!"

Apesar de que Elohim certamente sabia o número de sobreviventes e portanto não precisava de um censo, Ele estabeleceu a mitsvá (preceito) para o benefício do povo judeu.
Após o pecado do bezerro de ouro, os povos zombaram: "Vejam esta nação que, quarenta dias após terem pronunciado 'faremos e ouviremos,' no monte Sinai, fabricaram um bezerro de ouro! Seu pecado é imperdoável; Elohim nunca mais os aceitará como Seu povo!"
Para refutar esta afirmação, Elohim ordenou: "Contem as cabeças do povo de Israel!" Elohim empregou a palavra 'seú', que significa também "Levante as cabeças!" Ele explicou a Moshê que através da contribuição de uma moeda para o tesouro do Tabernáculo (através das quais eles seriam contados), os judeus resgatariam suas vidas, que foram perdidas no pecado do bezerro de ouro. Assim, o procedimento de contagem mediante moedas doadas "levantaria suas cabeças" - isto é, concederia a eles o perdão pelo pecado.
Quando Moshê ouviu as ordens de Elohim, ficou apreensivo, achando que cada judeu teria de contribuir com uma moeda muito valiosa.
"Não é como você pensa, Moshê", Elohim assegurou-lhe. "Vocês não terão que Me pagar com moedas que valem cem, cinquenta, nem mesmo trinta pedaços de prata. Tudo o que peço de cada judeu é que doe uma pequena moeda que valha meio-shekel!"
Elohim produziu uma moeda de meio-shekel, demonstrando a Moshê seu tamanho e sua forma, instruindo-o: "Este é o tipo de moeda que eles devem dar!"
As moedas de meio-shekel deste censo foram fundidas e moldadas como encaixes, que foram usados para suportar as vigas do Tabernáculo.
A doação de meio-shekel de cada judeu não foi uma mitsvá instituída unicamente para aquela vez, em consequência do pecado, mas sim, foi estabelecido como uma doação anual permanente. Destas coletas eram comprados os animais para as oferendas da comunidade, para que todo o povo de Israel pudesse ter uma parte nelas.
Quando o Templo Sagrado existia, era realizada uma proclamação a cada ano no primeiro dia de Adar em todas as cidades de Israel, recordando a todos para que preparassem um meio-shekel para o Templo Sagrado. A coleta em si ocorria entre 1 de Adar e 1 de Nissan.
Por que o mês de Adar foi escolhido como época de coleta dos shekalim do povo de Israel?
Elohim previu que o malvado Haman daria para o rei Achashverosh (Assuero) dez mil kikar de prata em troca da permissão para exterminar os judeus em Adar. Disse Elohim: "Que as doações dos Meus filhos precedam-no, para que sejam salvos das mãos dele."
Os shekalim atendiam a dois propósitos: como renda para o Tabernáculo e o Templo Sagrado, e como meio de fazer o censo, pois Elohim proibiu contar os judeus diretamente, dizendo a Moshê: "Não conte o povo de Israel diretamente, pois a bênção Divina não paira sobre algo que foi contado ou medido."
Quando os reis judeus costumavam fazer o censo da população, cuidavam para não transgredir a proibição de contar pessoas diretamente. O rei Shaul, no começo do seu reinado, quando eram pobres, contou o povo através de pedrinhas. Mais tarde, quando o reinado tornou-se rico, foram substituídas por uma ovelha por cada judeu.

A ordem de fazer um lavatório
Elohim ordenou que uma grande pia especial de cobre com bicos (kiyor) fosse construída e colocada no pátio do Tabernáculo, entre o Ohel Moed (Côdesh) e o altar exterior. Este lavatório era enchido com água a cada manhã para que os cohanim pudessem abluir suas mãos e seus pés antes de iniciar o serviço Divino. Por que Elohim ordenou aos cohanim que lavassem mãos e pés antes de iniciar seu trabalho no Santuário?
Poderíamos responder que Elohim queria assegurar-se de que suas mãos e pés estivessem limpos. Esta explicação é verdadeira, mas também existe uma razão mais profunda para esta ordem.
Ao verter água de uma vasilha sagrada sobre suas mãos e pés antes do serviço Divino, tais partes do corpo se santificavam.
Será que não era necessário santificar também o resto do corpo? O corpo dos cohanim já se tornavam sagrados ao vestirem suas roupas sacerdotais. A água, então era utilizada para santificar mãos e pés que ficavam descobertos.

A ordem de preparar o óleo para unção e o incenso
O óleo para unção foi preparado por Moshê da seguinte maneira: Elohim ditou para ele a lista de especiarias, especificando seu peso e volume. Cada especiaria foi moída separadamente. Então, as especiarias foram misturadas e socadas em água para que o seu aroma fosse absorvido pela água. Óleo de oliva era adicionado à água e a mistura era fervida até que a água evaporasse e somente sobrasse óleo perfumado. Aquele óleo, (o óleo para unção) foi preservado num frasco para ser usado na unção dos Sumo Sacerdotes e reis da dinastia de David. Na consagração do Tabernáculo, todos os seus utensílios também foram ungidos com este óleo.
Apesar de Moshê ter preparado somente a quantidade de pouco mais de quatro litros, esta quantidade milagrosamente foi o suficiente para todas as próximas gerações. Este mesmo óleo ainda foi usado na época do segundo Templo Sagrado. O frasco contendo o óleo foi ocultado na época da destruição do Templo. Ele nos será devolvido na era de Mashiach.
Moshê preparou o incenso, misturando onze das melhores especiarias, apontadas por Elohim. Somente uma dentre as especiarias emitia um odor repulsivo. Elohim queria ensinar aos judeus que deveriam incluir igualmente os indivíduos transgressores em momentos de jejuns e orações comunitários.
As especiarias deveriam ser moídas, misturadas e um punhado delas era queimado diariamente no altar de incenso.
Era proibido produzir uma mistura de especiarias nas mesmas exatas proporções do incenso, se a mistura fosse destinada para uso particular.

Betsal'el é designado construtor do Tabernáculo e Aholiav, seu assistente
Quando Moshê, foi informado da futura construção do Tabernáculo, durante sua estadia no Céu, este tinha a impressão de que teria que construí-lo com suas próprias mãos. Quando ele estava prestes a deixar o Campo Celestial, Elohim revelou-lhe: "Apesar de ter lhe apresentado o diagrama do Tabernáculo e a estrutura de todos os seus componentes, não és o artesão que o construirá. Teu papel é de ser um líder e não um artífice!"
"Quem será o construtor do Tabernáculo?" perguntou Moshê.
"Betsal'el filho de Uri, filho de Chur, foi designado para esta tarefa", informou Elohim.
Betsal'el era o neto de Chur, que foi assassinado durante o incidente envolvendo o pecado do bezerro de ouro (como veremos adiante). A construção do Tabernáculo através do neto de Chur serviu como perdão pelo linchamento de Chur. Betsal'el era o bisneto de Miriam, irmã de Moshê. Ela foi recompensada com um descendente sábio e entendedor, que sabia como construir o Tabernáculo, em mérito do temor a Elohim que a levou a prontificar-se a desobedecer a ordem do Faraó de assassinar os judeus recém-nascidos quando trabalhava como parteira no Egito.
Naquele tempo, Betsal'el tinha somente treze anos de idade. Por isso, Moshê perguntava-se como alguém tão jovem poderia receber a imensa tarefa de erigir um Tabernáculo.
De acordo com a regra de que é correto consultar a comunidade antes de lhe nomear um líder, Elohim perguntou para Moshê: "Será que Betsal'el lhe parece digno para este encargo?"
"Se ele é digno aos Teus olhos", replicou Moshê, "certamente o é aos meus."
Quando, mais tarde, Moshê apresentou Betsal'el para o povo como o arquiteto do Tabernáculo, ele por sua vez perguntou ao povo: "Vocês concordam com o fato de Betsal'el ser o construtor?"
"Se ele é digno aos olhos de Elohim e aos seus", replicou o povo judeu, "certamente o é aos nossos."
Betsal'el foi inspirado com sabedoria Divina e compreensão para ser capaz de ser bem sucedido nesta missão.
Assim como foi mostrada a Moshê uma visão da estrutura detalhada de cada utensílio do Tabernáculo, assim também foi concedida a Betsal'el uma visão Celestial da forma e desenho de cada objeto.
Betsal'el era um fiel artífice, que se empenhou em seguir à risca as instruções Divinas. Por isso a Torá o recompensou, anexando seu nome a cada um dos objetos do Tabernáculo citados na parashá.
Moshê ordenou a Betsal'el: "Primeiramente construa a arca, depois os outros utensílios, e finalmente a tenda do Tabernáculo."
"Meu mestre, Moshê", objetou Betsal'el, "ao construir uma casa, será que não se constrói primeiramente a estrutura externa para abrigar sua mobília? Se eu construir a arca primeiro, onde é que a colocarei, depois de ficar pronta? Será que Elohim não lhe disse para primeiro construir o próprio Tabernáculo, e só depois a arca e os outros acessórios?"
"Você tem razão", admitiu Moshê. "Você pode ser denominado como aquele que esta na sombra de Elohim, pois possui a sabedoria para compreender o significado secreto das Suas palavras."
Daí o nome "Betsal'el", composto pelas palavras "Betsel E-l - aquele que estava na sombra do Altíssimo."
Elohim ordenou a Moshê para nomear Aholiav da tribo de Dan como assistente de Betsal'el. Aholiav não fazia nenhum trabalho independente, mas ajudava Betsal'el em cada fase da construção. Elohim juntou como artesãos Betsal'el, membro da tribo de Yehudá, e Aholiav, da tribo de Dan. Yehudá era o mais exaltado dos filhos de Yaacov e Dan era o menos importante. Juntando-os, Elohim quis dizer aos judeus que, aos Seus olhos, o grande e o pequeno são iguais.
Uma pessoa menos capaz que serve Elohim com todo seu potencial é considerada no mesmo nível que uma pessoa privilegiada, pois Elohim julga um homem de acordo com as intenções do seu coração.

Elohim adverte Moshê que os judeus não devem violar o Shabat para construir o Tabernáculo
Elohim advertiu Moshê: "Os judeus podem pensar que a construção do Tabernáculo é uma mitsvá tão importante que devem continuar construindo no Shabat. Porém, isto é proibido. Advirta-os que qualquer trabalho necessário para construir o Tabernáculo não poderá ser realizado no Shabat. Os judeus devem guardar a santidade do dia e abster-se de trabalhar, agora e para sempre. O dia de Shabat é um sinal entre Eu e o povo judeu de que são Meu Povo."
A mitsvá de Shabat é tão importante que se todos os judeus guardassem dois Shabat com todas as leis correspondentes, Mashiach viria de imediato!

Depois de quarenta dias no Céu, Moshê recebe duas tábuas de safira
Depois do recebimento da Torá, Moshê permaneceu no Céu durante quarenta dias estudando a Torá diretamente de Elohim.
Ao cabo dos quarenta dias, Elohim deu a Moshê duas tábuas de safira de tamanho e forma idênticas. Nelas, Elohim gravara os Dez Mandamentos.
Por que o povo de Israel recebeu os Dez Mandamentos inscritos em tábuas, em vez de um pergaminho Divino contendo toda a Torá?
Quando uma pequena criança começa a escola, o professor lhe apresenta o alfabeto escrevendo as letras no quadro negro. Somente mais tarde, quando o alfabeto já lhe for familiar, receberá livros para estudar.
Elohim introduziu os judeus à Torá primeiramente pondo-os a par dos Dez Mandamentos (que contêm os conceitos básicos da Torá), e somente mais tarde foi-lhes dado um pergaminho de Torá inteiro.
Em vez de inscrever todos os Dez Mandamentos em uma só tábua, Elohim escreveu-os em duas tábuas separadas. A primeira tábua continha os mandamentos envolvendo o homem e seu Criador, e a segunda tábua lidava com os mandamentos ligados à relação do homem com o seu próximo.
As letras não eram gravadas superficialmente sobre as tábuas, mas foram talhadas através de toda a espessura da pedra. Isso, para que fosse possível ler pelos dois lados. As letras hebraicas Mem (final) e Samech formam um quadrado e um círculo completos, respectivamente. Já que suas porções internas não tinham nenhuma sustentação, poderiam cair. No entanto, elas permaneciam em seu lugar milagrosamente.

O pecado do bezerro de ouro
Antes de subir ao Céu para receber as tábuas, Moshê assegurou ao povo: "Eu retornarei dentro de quarenta dias, antes do meio-dia." Entrementes, ele apontou seu irmão Aharon e o filho de Miriam, Chur, para encarregarem-se do povo de Israel.
Agora já era o décimo-sexto dia de Tamuz, o último dos quarenta dias, e o meio-dia já havia passado. Onde Moshê poderia estar?
De acordo com os cálculos do povo, os quarenta dias já haviam passado. Eles incluíram, erroneamente, na sua contagem o dia da partida de Moshê. Na verdade, porém, ele deveria regressar somente no dia seguinte.
O povo judeu, um povo formado por seiscentos mil homens, sem contar mulheres, crianças e bebês, encontraram-se no enorme e terrível deserto, habitat de animais ferozes, cobras e escorpiões, sem o seu grande líder que servia de ligação entre eles e Elohim.
O Satan apareceu perante o povo, inquirindo: "Onde está Moshê?"
"Está no Céu", respondeu o povo judeu.
"Mas o meio dia já passou e ele ainda não regressou", desafiou-os. Suas palavras foram ignoradas.
"Moshê faleceu!" zombou o Satan. O povo, porém, não deu atenção as suas palavras.
O Satan começou então a lhes mostrar visões terríveis, fazendo aparecer o caixão de Moshê. O povo judeu viu o corpo de Moshê suspenso entre o Céu e a Terra. Era uma imagem tão nítida e real que eram capazes de apontar para ela com seus dedos.
A explicação verdadeira para aquela visão foi que Moshê, como resultado de sua estadia no Céu, foi transformado em um ser espiritual. O Satan mostrou para o povo a vestimenta física da qual havia se despido.
Então exclamaram: "Quem sabe se Moshê retornará? Elohim pode tê-lo feito permanecer no Céu para engajar-se em discussões de Torá com ele, ou talvez os anjos o mataram!"
Os egípcios convertidos aproximaram-se de Aharon, Chur e dos setenta anciãos, reivindicando: "Já que Moshê desapareceu nas alturas, a congregação inteira está destinada a morrer! Dê-nos um substituto!"
A maioria dos membros do povo de Israel não tencionava usar a imagem como ídolo. Supunham que a Shechiná (Divindade) pousaria na imagem, e que esta os ajudaria a aproximar-se de Elohim, assim como Moshê sempre se acercara deles. Porém, foi um erro. Nos Dez Mandamentos, Elohim ordenou: "Não se pode venerar imagens" nem mesmo com o propósito de servir Elohim.
"Queremos um líder que nos garantirá um status igual ao dos judeus de nascença!"
Chur, o filho de Miriam e sobrinho de Moshê e Aharon, ficou de pé e exclamou: "Será que esta é a gratidão que possuem por todos os milagres que Elohim realizou para vocês? Apenas por que Moshê não está aqui desejam fazer esta imagem? Moshê voltará! Mas mesmo que não volte, não lhes está permitido fazer imagens! Não os deixarei fazê-la!"
"Seus pescoços deveriam ser cortados por uma exigência como essa!", trovejou.
Chur explicou para o povo que era desnecessário procurar por algo no qual a presença Divina pairasse, pois o povo de Israel, diferentemente de todas as outras nações, eram guiados pessoalmente por Elohim.
O povo se agitou ante as palavras de Chur. Alguns começaram a lutar com ele, e finalmente o mataram.
Elohim disse: "Chur, destes a vida para santificar Meu nome. Mereces uma grande recompensa por isso! Teus filhos serão grandes homens e príncipes do povo judeu."
E assim aconteceu. O neto de Chur, Betsal'el, foi designado construtor do Tabernáculo, e dentre seus descendentes estavam o rei David e outros reis.
Os convertidos egípcios viraram-se para os anciãos, exigindo um novo líder, porém estes negaram.
Os convertidos egípcios finalmente foram ter com Aharon, exigindo: "Dê-nos um líder, pois nós não sabemos o que aconteceu com este homem, Moshê!"
Aharon se encontrava em posição difícil. Se dissesse: "Não posso permitir", como Chur o fizera, alguns da turba poderiam matá-lo também. Aharon raciocinou: "Se eles me assassinarem também, não terão perdão pelo seu crime. O pecado de fabricar uma imagem é menor se comparado com um crime tão hediondo!"
Se Aharon não ficasse à frente do povo, as coisas poderiam ficar piores.
Portanto, pois, que Aharon decidiu: "Não me resta outro remédio: É melhor aceitar. Porém demorarei muito para fazer uma imagem. Espero que Moshê volte antes de terminar."
Elohim sabia que Aharon consentiu porque, graças ao seu grande amor para o povo de Israel, queria salvá-los da destruição.
Para protelar e atrasar o plano, Aharon ordenou: "Tragam-me os brincos de suas esposas e crianças." Ele presumiu que as mulheres relutariam em compartilhar suas joias. Poderiam surgir discussões entre marido e mulher, e com isto, tempo precioso seria ganho.
As mulheres, realmente, recusaram-se a compartilhar as suas joias, não por estarem ligadas a elas, mas porque recusaram-se a dedicá-las para a formação de uma imagem.
Sua fidelidade a Elohim foi recompensada; as mulheres receberam o Rosh Chôdesh como um dia festivo especial para si mesmas, para ser celebrado por elas através das gerações.
É costume das mulheres absterem-se de trabalho específicos em Rosh Chôdesh, como lavar roupas e costurar.
Fora as mulheres, toda a tribo de Levi absteu-se de contribuir com qualquer ouro para fazer o bezerro, e assim também fizeram os líderes das tribos e os justos do povo de Israel.
Apesar da recusa das mulheres, o plano de Aharon falhou porque os homens estavam ávidos em contribuir com ouro. Eles arrancaram os brincos rapidamente e Aharon jogou o ouro no fogo para derretê-lo e mais tarde moldá-lo e esculpi-lo com uma ferramenta. (Aharon usou o processo mais lento possível para a formação do metal, esculpindo-o com uma ferramenta em vez de colocá-lo num molde.)
Agora os magos egípcios se puseram a trabalhar. Com sua magia, converteram a imagem em um bezerro. Subsequentemente, um bezerro vivo emergiu do fogo, balindo e andando.
Apontando para ele, os egípcios convertidos gritaram: "Estes são os seus deuses, Israel, que os tiraram do Egito!"
As reações do povo de Israel diante do bezerro foram variadas. Alguns consideraram-no um intermediário sobre o qual a presença Divina pairaria. Outros tiveram a intenção de servir o próprio bezerro. Alguns o acolheram como uma oportunidade de abandonar a estrita disciplina moral da Torá e usar esta imagem como um pretexto para licenciosidade.
O povo quis construir um altar no qual oferendas poderiam ser sacrificadas, e tinham a intenção de rezar para Elohim pedindo que um fogo Celestial descesse sobre ele. Aharon, porém, exigiu que a construção do altar fosse deixada a cargo dele, proclamando: "Será uma honra maior para o altar se eu construí-lo sozinho!" Na verdade, seus pensamentos eram: "Se eles o construírem, cada um trará uma pedra e ele logo ficará pronto. Eu, porém, demorarei na sua construção até o anoitecer, para que nenhum sacrifício seja oferecido até amanhã. Até lá, Moshê já terá retornado!"
Ele concordou em construir este altar pois preferia ser pessoalmente culpado a deixar que o povo judeu fosse punido mais tarde pelo pecado de construí-lo.
Aharon declarou numa voz triste: "Amanhã terá um festival para Elohim!" Ele frisou claramente que o festival era em honra de Elohim, e não do bezerro.
Na manhã seguinte, os egípcios convertidos despertaram cedo. Beberam vinho, e naquele estado de intoxicação, serviram ao bezerro como se fosse um deus, oferecendo-lhe a maná que caíra naquele dia. Assim, eles contrariaram o Altíssimo com a maior bondade que Ele lhes outorgara.
(Isto não nos surpreenderá se considerarmos que nós, frequentemente, agimos desta mesma maneira incongruente, ao empregarmos nosso cérebro e membros, ambos presentes Divinos, para desafiar a Sua vontade.)
Ao mesmo tempo em que o povo estava praticando idolatria, Elohim, nos Céus, estava ocupado gravando os Dez Mandamentos para eles nas duas tábuas de safira, como um presente para o Seu povo, que garantiria a eles vida eterna.
Os egípcios convertidos induziram os primogênitos do povo judeu a também fazer sacrifícios para o bezerro. Os primogênitos, por causa disso, perderam seu direito de realizar o serviço Divino. Este privilégio foi transferido para a tribo de Levi.
A idolatria do bezerro levou à libertinagem e obscenidade.
Apesar de que foram os egípcios convertidos quem idolatraram o bezerro, todo o povo de Israel foi incluído no veredicto culposo de Elohim, já que eles fracassaram em protestar contra os pecadores.
Elohim poderia ter destruído todo o povo de Israel nesta ocasião, se não fosse a memória de Avraham, Yitschac e Yaacov.

A defesa de Moshê em nome do povo de Israel
Após o pecado do bezerro de ouro, Elohim dirigiu-se a Moshê, no Céu, com duras palavras: "Desça!", ordenou, "Não podes mais manter sua posição exaltada como um líder! Eu te elevei em honra do Meu povo. Eles, no entanto, pecaram quarenta dias depois da outorga da Torá. Quão desventurada é a noiva que se corrompe quando ainda debaixo do pálio nupcial (chupá)!"
Esta reprovação baqueou Moshê; seu rosto anuviou-se. Ele queria deixar os Céus, mas estava tão atordoado em detrimento de sua preocupação pelo povo, que foi incapaz de achar a saída, andando às cegas.
Elohim censurou-o, dizendo: "Quando o povo de Israel partiu do Egito, quiseste que os egípcios convertidos viessem junto. Eu Me opus, mas és bom e modesto e imploraste para que os aceitasse, apesar de serem indignos. Agora estas pessoas fabricaram o bezerro de Ouro e induziram o povo ao pecado!"
"Pode ser que fizeram um bezerro", disse Moshê, "mas eles certamente não se curvaram perante ele!"
"Eles se curvaram", disse Elohim.
"Então eles podem ter se curvado, sem ter oferecido nada", persistiu Moshê.
"Eles sacrificaram oferendas", disse-lhe Elohim.
"Neste caso, eles não o devem ter aceito como uma divindade", argumentou Moshê.
"Os egípcios convertidos disseram 'Estes são seus deuses, Israel!'", contradisse Elohim.
Moshê ficou chocado com esta revelação. Frente a notícias tão arrasadoras, perdeu a fala.
Foi o próprio Elohim que indicou a Moshê como proceder, através de uma reprimenda: "Deixe-Me em paz, e Eu os destruirei!" Destas palavras, "Deixe-Me em paz", (apesar de que Moshê ainda não pronunciara sequer uma palavra em prol do povo), Moshê compreendeu que deveria rogar pelo povo de Israel.
Elohim lhe disse: "Eles merecem destruição; cheguei à conclusão que eles são obstinados!"
Elohim ofereceu para fazer de Moshê um grande povo, no lugar do povo de Israel, que seria destruído.
A razão pela qual Elohim jogou acusações severas e ameaças contra o povo de Israel, foi com o intuito de despertar Moshê para rezar mais sinceramente em prol deles. De fato, Moshê apresentou uma defesa de mestre para o povo de Israel e seus argumentos conseguiram o nosso perdão e nossa proteção até os dias de hoje.
"Por favor, Elohim" rogou Moshê, "não fiques tão aborrecido com Teu povo! Se o destruíres, os egípcios afirmarão: 'Tínhamos razão! Sempre predissemos que Elohim não poderia manter vivo um povo num deserto solitário e temível, sem comida nem bebida. Desde o princípio, sabíamos que todos morreriam ali. Quando Elohim viu que não tinha condições de manter os judeus vivos e de guiá-los a Israel, matou-os todos no deserto!' Que terrível profanação do nome Divino seria todas as nações acreditarem que Tu, Elohim, não és suficientemente poderoso para conduzir os judeus à Terra de Israel e por isso os eliminaste. Não permitas que as nações afirmem isso!
"Ademais, mesmo que os judeus tenham pecado, acaso não merecem viver pelo mérito de seus antepassados - Avraham, Yitschac e Yaacov? Tu, Elohim, prometeste aos antepassados que seus descendentes seriam tão numerosos como as estrelas!
"Sei que os judeus transgrediram um dos Dez Mandamentos ao fazerem uma imagem, mas lembra-Te que puseste Avraham à prova dez vezes e ele passou por todas. Permitas, pois, que o mérito de Avraham proteja os judeus agora. E se Tu pensas que os judeus merecem ser queimados por seus pecados, recorda que Avraham estava disposto a deixar-se queimar em uma fornalha por amor a Ti. Salva, pois, os judeus de serem queimados pelo mérito de Avraham.
"Se pensas que o povo judeu merece ser morto pela espada, pensa no mérito de Yitschac. Yitschac permitiu que seu pai o amarrasse ao altar no monte de Moriyá e estava disposto a ser sacrificado com uma faca. Deixa, pois, que o mérito de Yitschac salve os judeus! E se desejas castigar o povo judeu fazendo-o perambular por terras estranhas, recorda o mérito de seu antepassado, Yaacov, o justo que perambulou por vários países. Perdoa os judeus pelo mérito de Yaacov."
Moshê recusou a oferta de Elohim para ele ser o patriarca de uma nova nação judia, discutindo: "Mestre do Universo, se uma cadeira com três pernas balança, como pode uma cadeira de uma só perna permanecer de pé? Se os méritos dos seus três patriarcas, Avraham, Yitschac e Yaacov foram insuficientes para salvar o povo judeu da Tua ira, como posso eu, um só homem, esperar que os proteja? Se os meus descendentes pecarem no futuro, meu mérito certamente não será o suficiente para salvá-los da morte! Mais ainda, não posso aceitar a Tua proposta, pois terei vergonha de Avraham, Yitschac e Yaacov. Eles poderão pensar: 'Que líder de comunidade egoísta! Ele aproveita a situação para elevar a si mesmo em vez de implorar pelo perdão de sua comunidade!' Desista de levar em frente Teu plano de extermínio!"
Através de suas preces, Moshê salvou o povo da destruição iminente, mas ele desceu dos Céus sem ainda ter obtido perdão.
Somente mais tarde, depois da destruição do bezerro, punição dos pecadores e mais outros quarenta dias de orações passados por Moshê no Céu, é que Elohim perdoaria o povo.
Moshê deixou o Céu em estado de terror, carregando em uma só mão as maravilhosas tábuas de safira que, apesar do seu tremendo peso, eram leves em sua mão, pois transportavam-se a si mesmas.

Moshê quebra as tábuas
Ao retornar ao pé da montanha, Moshê encontrou seu fiel discípulo Yehoshua acampado lá. Yehoshua lá esperara por ele durante quarenta dias. Elohim fez um milagre especial pelo justo Yehoshua e todas as manhãs caía maná do céu no lugar onde ele aguardava.
Juntos, aproximaram-se do acampamento e ouviram os ruídos tumultuados e barulhentos das celebrações à volta do bezerro.
"Estes sons parecem o clamor de uma guerra", observou Yehoshua.
"Você está me desapontando, Yehoshua.", respondeu-lhe Moshê. "Você não é capaz de distinguir entre um som e outro? Este não é grito de vitória, tampouco de derrota. Nós estamos ouvindo hinos de enaltecimento para um ídolo!"
Ao entrar no acampamento, eles avistaram o bezerro de ouro e a celebração e as danças que o acompanhavam. "Não posso outorgar-lhes as tábuas", pensou Moshê. "A Torá afirma que alguém que renega Elohim não pode tomar parte na mitsvá da oferenda de Pêssach. Todo o povo afastou-se agora de Elohim, e o renegaram. Certamente, não merecem receber as tábuas, que contém todas as mitsvot."
Ao olhar para as tábuas, Moshê notou que a escrita gravada nelas desaparecera. Percebeu que as letras - a alma e o conteúdo espiritual das tábuas - estavam voando pelo ar. A santidade das letras não podia entrar no acampamento. As tábuas que estavam nas mãos de Moshê eram meras pedras, pesadas, sem vida. Moshê levantou-as e, com sua força descomunal, espatifou-as de encontro ao chão.
Por que Moshê agiu desta maneira? Ele temia que o julgamento do povo de Israel seria mais duro se eles possuíssem as tábuas. Se não as tivessem, sua punição seria mais branda.

Pouco depois do casamento de um famoso estadista, começaram a circular rumores de que sua nova esposa não lhe era fiel. O casamenteiro imediatamente rasgou o contrato de casamento, pensando: "É melhor para ela que seja julgada como se ainda fosse solteira, do que como uma senhora casada!"

Similarmente, Moshê raciocinou que as tábuas, que estabeleciam permanentemente o elo entre Elohim e o povo de Israel, os colocaria numa posição de mulher casada. Elohim condenaria sua falta de fidelidade muito mais se eles possuíssem as tábuas, do que se nunca as tivessem recebido.
Por que Moshê não espatifou as tábuas assim que Elohim lhe contou, lá no Céu, que os judeus fizeram uma imagem? Moshê esperou até testemunhar o crime realmente, para ensinar que um juiz nunca deve basear o seu veredicto no relatório de uma só testemunha, seja esta tão fiel quanto possa ser.
Elohim parabenizou o ato de Moshê, exclamando: "Yasher Côach! Você fez bem em quebrar as tábuas!"
A quebra das tábuas foi um substituto para a quebra do povo judeu.

Moshê pune os adoradores do bezerro
Quando Moshê observou o povo, percebeu que a Presença Divina os havia deixado. Todos os adoradores tinham suas testas cobertas por lepra.
No momento que Moshê entrou no acampamento, seu irmão Aharon estava parado próximo do bezerro com um martelo levantado em sua mão, pronto para dar o retoque final na imagem, com mais algumas batidas. Sua intenção era de dizer ao povo que o bezerro ainda não estava pronto, impedindo-os assim de adorá-lo naquela hora. No entanto, vendo seu irmão parado com uma ferramenta, ajudando a construir a imagem, Moshê entendeu a situação erroneamente, sua cólera se ascendeu contra seu próprio irmão.
"O que este povo te fez", trovejou Moshê, "para que você trouxesse este grande pecado sobre eles?"
Aharon se defendeu: "Por favor, que a ira do meu mestre não seja direcionada a mim. Sabes que os elementos mais baixos do povo têm testado Elohim constantemente. Eles exigiram que eu lhes desse alguém que o substituísse, sem saber que ainda estavas vivo. Perguntei se alguém tinha ouro, e eles rapidamente me trouxeram todo o ouro que estava em sua posse e joguei-o dentro do fogo - como é que eu iria saber que sairia este bezerro?"
Apesar de Aharon ter agido da maneira errada, Moshê compreendeu as nobres intenções do seu irmão.
Em seguida, Moshê queima o bezerro no fogo e o tritura até transforma-lo em pó. Moshê misturou o pó com água e o deu de beber a todos os judeus.
Qual foi o sentido disso?
Em primeiro lugar, fez com que todo judeu que pensara que o bezerro era um deus compreendesse que estava enganado. O bezerro não era um deus, pois havia terminado no estômago de um homem!
Em segundo lugar, Elohim fez um milagre com a água. Todo judeu que havia servido o bezerro de ouro deliberadamente mas que não podia ser castigado pelo tribunal, pois não havia sido avisado, nem tinha testemunhas que o tivessem visto pecar, sentiu que o estômago se inflava como um balão. Continuou crescendo e crescendo até explodir e ele morrer.
Mas os judeus que não tinham pecado não foram afetados pela água. Àqueles que eram inocentes, Moshê deu uma bênção especial para compensá-los pelo humilhante processo pelo qual tiveram que passar, prometendo: "Seus filhos com certeza entrarão em Israel!"
Moshê proclamou: "Aquele cujo coração for totalmente dedicado a Elohim, que venha até mim!" Moshê precisava de pessoas íntegras e capacitadas para formar um tribunal que executasse os pecadores.
Somente a tribo de Levi respondeu ao chamado de Moshê. Todas as outras tribos tinham contribuído com joias para o bezerro.
Moshê ordenou-lhes: "Desembainhem suas espadas. Todo judeu que foi advertido por duas testemunhas para que não adorasse o bezerro de ouro e que foi visto mais tarde por duas testemunhas a servir ao bezerro, deve ser morto por vocês. Mesmo se o homem for seu parente ou amigo, devem matá-lo!"
Os levitas executaram três mil pessoas com espadas, todos eles egípcios convertidos.
O resto do povo de Israel podia facilmente ter impedido que os levitas matassem esses judeus, mas nem um só deles protestou. Pois os judeus eram verdadeiros justos que obedeciam a Moshê. Sabiam que estes mereciam ser punidos desta forma pelo seu pecado, e aceitaram sem discussão.
Na manhã seguinte, Moshê informou o povo de que ele retornaria ao céu para rogar a Elohim que os perdoasse. Moshê, em sua grande sabedoria, primeiramente eliminou o bezerro de ouro, e somente depois pediu Seu perdão.
Moshê raciocinou que seria inapropriado pedir a Elohim por perdão enquanto o bezerro ainda existisse.
"Antes vou destruí-lo", pensou, "e depois pedirei perdão a Elohim pelo pecado."
Para o povo ele disse: "Vocês agiram muito mal! Todos vocês são culpados por não ter protestado contra o bezerro! Deixem-me retornar a Elohim; quem sabe alcançarei o perdão pelo vosso pecado!"

Moshê salva o povo de Israel da destruição
No 19º dia de Tamuz, Moshê subiu ao Céu mais uma vez, lá permanecendo por quarenta dias, até o dia 29 de Av, implorando perdão a Elohim.
Ele rezou: "Mestre do Universo, o Senhor mesmo levou-os ao pecado, já que os carregaste de ouro e prata durante o Êxodo do Egito. Um leão só dá uma patada se uma bandeja cheia de carne for colocada ao seu lado."
Moshê, então, apresentou seus argumentos a favor do povo com tanta intensidade que sentiu seu corpo todo ferver. Ele estava realmente doente de preocupação pelo pecado do bezerro de ouro.
"Por que, Elohim, Tua ira deve arder contra o Teu povo que tiraste do Egito? Eles nunca tiveram a intenção de fazer do bezerro um ídolo; eles o fizeram com o intuito de criar um intermediário sobre o qual Tua presença pudesse pairar. Mesmo ao fazer o bezerro, eles não Te desprezaram; eles queriam me substituir.
"Mais ainda, leve em consideração o fato de eles terem vivido entre os egípcios, que eram idólatras."

Um pai decidiu que chegara a hora do seu filho começar a ganhar a vida. Ele alugou uma loja em uma área nada respeitável e trouxe-lhe os produtos necessários para que este se transformasse num vendedor de perfumes e cosméticos. Ao indagar um pouco mais tarde sobre o bem-estar do seu filho, foi informado de que este se associara com as libertinas da vizinhança. A ira do pai não tinha limites. "Vou matá-lo por isso!", exclamou. Mas um amigo da família rogou: "Como é que ele poderia ter se portado de outra maneira? Ele é jovem e inexperiente. De todas as possíveis profissões, você escolheu para ele a de um vendedor de perfumes e colocou-o num ambiente corrupto!"

Similarmente, Moshê implorou a Elohim: "Não fique irado - Tu os tiraste do Egito, uma terra onde todos adoravam cordeiros. Eles estavam simplesmente imitando os costumes do Egito! Estão acostumados aos ritos daquele país e ainda não se habituaram aos Teus caminhos! Espere um pouco, e eles com certeza farão atos que serão agradáveis perante Ti!
"Se os destruir, os egípcios acreditarão que seus astrólogos predisseram a verdade ao afirmar que o povo de Israel pereceria no deserto. Deixe que a Tua cólera se extinga e revogue o decreto do Teu povo!"
Moshê estava pronto a perder a própria vida pelo povo, fazendo um trato com Elohim: "Se não perdoá-los, apague meu nome do Teu livro."
Finalmente, Moshê fez uso da mais poderosa arma de defesa, o mérito dos patriarcas. Voltando-se em direção à caverna de Machpelá, exclamou perante os patriarcas: "Ajudem-me nesta hora, quando seus filhos estão prestes a serem abatidos como cordeiros!" Os patriarcas levantaram-se e posicionaram-se diante dele.
Dirigindo-se a Elohim, Moshê orou: "Lembre-se de Avraham, Yitschac e Yaacov, Teus servos para os quais jurastes em Teu Sagrado Nome, 'Eu multiplicarei sua semente como as estrelas do céu!' Lembre as doze tribos sagradas, Teus servos, e salve o povo judeu em seu mérito!"
Ao cabo de quarenta dias de incessante oração, Elohim finalmente concordou em perdoar o povo de Israel - não em seu próprio mérito, mas por conta dos seus antepassados. Disse Elohim: "Levante-se e lidere o povo de Israel até a Terra Santa! Meu anjo, e não Minha presença, irá à frente de vocês. Decidi que, em vez de destruir o povo de Israel de uma vez, removerei os efeitos do seu pecado gradualmente através das gerações. Sempre que cair uma punição sobre o povo judeu por conta de seus pecados, incluirei nela um pouco da punição pelo pecado do bezerro de ouro.
Após Moshê ter orado durante quarenta dias, Elohim concordou em não castigar o povo de Israel. Disse: "Ao invés de castigá-los, agregarei uma pequena parte do castigo pelo pecado do bezerro de ouro a cada castigo que impuser aos judeus no futuro."
Moshê, então, retornou ao seu povo. Apesar de ter evocado a piedade Divina, salvando assim o povo da destruição, Moshê ainda não obteve perdão pelo pecado.

Por que o povo judeu cometeu o pecado do bezerro de ouro
A grandeza da Geração do Deserto não pode ser subestimada. Elohim a escolheu dentre todas as outras para receber a Sua Torá, sabendo que eles eram justos. Eram fortes em espírito e controlados em sua má inclinação.
Se é assim, por que é que eles tropeçaram no pecado do bezerro de ouro? Por que Elohim não os protegeu do pecado, como Ele usualmente procede com os justos?
Elohim permitiu que o pecado do bezerro acontecesse para servir como sinal de esperança e encorajamento para os judeus no futuro. O incidente do bezerro de ouro provaria que, não importa o quão distante uma comunidade se desvie do caminho da Torá, nunca estará longe demais para fazer teshuvá. Se, depois de um pecado tão grave como este, o povo judeu foi aceito novamente por Elohim, nenhuma comunidade poderá afirmar que caiu baixo demais para retornar a Elohim.
É preciso também ter em mente que o grau de dificuldade de um teste é proporcional à grandeza da pessoa (ou da geração). Quanto maior for o nível espiritual, mais severa será a provação: o povo judeu foi submetido a um grande teste. Era exigido que abandonassem o raciocínio humano e que se ativessem à palavra de Elohim. (Eles foram testados para ver se colocariam sua fé absoluta nas palavras do profeta de Elohim, Moshê. Este prometera que retornaria, portanto era esperado deles que acreditassem, apesar das suas razões lógicas para assumir que Moshê não voltaria, tendo portanto uma justificativa visível para procurar um substituto.)
A subsequente condenação do pecado da geração por Elohim era relativa às suas grandes capacidades. Elohim culpou toda a comunidade por não ter protestado. Na verdade, somente os convertidos egípcios (três mil pessoas, ou cinco por cento da população) serviu ativamente ao bezerro de ouro.

Depois do pecado do bezerro, Moshê remove sua tenda para fora do acampamento
Depois do pecado do bezerro, ao ouvir que a presença Divina não permaneceria mais no meio do povo para guiá-los, Moshê raciocinou: "O discípulo deve seguir o exemplo do seu mestre. Elohim está aborrecido com o povo judeu, retirou-se do meio deles. Portanto, devo fazer o mesmo."
Ao deixar o acampamento, a presença Divina o seguiu e pairou sobre a sua tenda. Todo aquele que solicitasse Elohim deveria ir até a tenda de Moshê. Sempre que Moshê saía de sua tenda, o povo se levantava em respeito a ele, exclamando, admirados: "Vejam este grande homem que tem a garantia de que, aonde quer que ele vá, a presença Divina o seguirá!"
Sempre que o povo de Israel via a nuvem da presença Divina descendo sobre a tenda de Moshê, ajoelhava-se perante ela. Depois que Elohim terminava de passar as instruções para Moshê, este retornava ao acampamento para transmiti-las aos anciãos.
Pela maneira deferente com a qual todo o povo se prostrava perante a presença Divina, Elohim viu o quanto almejavam o retorno da Sua presença. Por isso, disse a Moshê: "Se tanto o mestre como o aluno demonstram sua cólera para com o povo de Israel, como eles sobreviverão? Retorne ao acampamento!"
"Não retornarei", redargüiu Moshê..
"Se é assim, seu discípulo Yehoshua irá substituí-lo!", disse-lhe Elohim.
"Sabes que a minha decepção com eles foi em Tua honra!", replicou Moshê.
Mesmo assim, ele retornou ao acampamento, porém tentou revogar o decreto Divino de que a Presença Divina não mais guiaria o povo de Israel. "Não aceito Tua decisão de que um anjo nos guiará", disse para Elohim. "Se for assim, prefiro não sair mais daqui! Não prometeste guiar-nos pessoalmente, apesar de saber do futuro pecado do bezerro? Como então podes dizer agora que mandarás um mensageiro à nossa frente? Se nos tratas desta maneira, não mais seremos distintos de todas as outras nações. Eles são guiados por um anjo da guarda; agora Tu pretendes que nós também sejamos guiados por um anjo? Como posso aceitar esta mudança de liderança?"
Elohim concordou com o pedido de Moshê, demonstrando que um justo possui a grandeza de anular um decreto Divino. Elohim postergou Seu decreto de mandar um anjo à frente do povo de Israel até a época do sucessor de Moshê, Yehoshua.

Moshê pede para entender os caminhos Divinos
Quando Elohim aceitou a oração de Moshê, este percebeu que aquele era um momento de benevolência Celestial. Por isso, aproveitou a oportunidade para apresentar um pedido adicional a Elohim:
"Por favor, mostre-me o plano segundo o qual Tu manipulas os acontecimentos do mundo. Mostre-me a futura recompensa que está reservada para os justos!"
"Saiba", disse Elohim, "que nenhum olho humano, nem mesmo o do maior profeta, pode contemplar a última recompensa do mundo vindouro. Eu, porém, lhe demonstrarei uma fraca reflexão dos prazeres espirituais do Paraíso. Enquanto Minha Glória passar, cobrir-te-ei com minha nuvem. Você verá uma fração da Minha Glória, porém não poderá vê-la inteiramente enquanto você estiver vivo."
Moshê teve uma visão dos diferentes tesouros reservados aos justos. Eles passaram perante seus olhos. Finalmente, Elohim lhe mostrou um enorme tesouro.
"De quem é este?", perguntou Moshê.
"Este é o tesouro daqueles que não têm méritos, mas que lhes outorgo Minha graça, já que sou piedoso."
Aquele tesouro era imenso, pois a maioria das pessoas não são merecedoras da recompensa que Elohim lhes outorga.

Moshê aprende de Elohim as treze qualidades da misericórdia
Moshê disse a Elohim: "Ensina-me a orar pelo povo de Israel depois que pecam. Os judeus quase foram destruídos depois que fizeram o bezerro de ouro. Quero saber qual é a melhor forma de despertar Tua misericórdia no futuro."
Elohim respondeu: "Ensinarei a ti Minhas qualidades de misericórdia. Ensina-as aos judeus e diga-lhes: 'Quando invocarem Minhas treze qualidades de misericórdia hei de perdoar vossos pecados e serei misericordioso convosco.'"
Eis aqui o que Elohim ensinou Moshê a orar:

"Ado-nai, Ado-nai E-l Rachum [ve]Chanun Êrech apáyim [ve]Rav chêssed [ve]Emet, Notser chêssed laalafim, Nossê avon [va]Fêsha [ve]Chataá [ve]Nakê"

Estas palavras significam:
1. Ado-nai - Sou um Elohim misericordioso com as pessoas antes que pequem (mesmo que saiba que logo pecarão).
2. Ado-nai - Sou igualmente misericordioso com as pessoas depois de pecarem, se fizerem teshuvá (arrependimento).
3. E-l - Julgo a cada pessoa autenticamente.
4. Rachum - Sou misericordioso com os pobres e oprimidos e os salvo de seus opressores.
5. Chanun - Sou generoso mesmo com aqueles que não o merecem.
6. Êrech apáyim - Demoro a castigar, mesmo a um malvado. Sou lento a castigá-lo pois lhe dou tempo para fazer teshuvá.
7. Rav chêssed - Minha qualidade de bondade é tão grande, que posso salvar uma pessoa do castigo mesmo que seus pecados sejam mais numerosos que seus méritos.
8. Emet - Pago a recompensa que prometi àqueles que merecem.
9. Notser chêssed laalafim - Se uma pessoa cumpre uma mitsvá recompenso seus filhos até duas mil gerações posteriores.
10. Nossê avon - Perdoo até uma pessoa que pecou porque seu instinto mau o persuadiu a fazer o mal, se faz teshuvá.
11. Fêsha - Perdoo até uma pessoa que pecou com a intenção de causar-me aborrecimento, se fizer teshuvá.
12. Chataá - E perdoo o pecado cometido intencionalmente.
13. Nakê - Se um pecador faz teshuvá, suspendo seu castigo e voltarei a ser bondoso com ele.
Além de ensinar a Moshê treze qualidades de misericórdia, Elohim lhe ordenou que repetisse ao povo judeu a advertência de não forjar imagens. Não queria que voltassem a pecar como o haviam feito com o bezerro de ouro.
Elohim também ensinou a Moshê mais leis sobre as festividades: Pêssach, Shavuot e Sucot. E introduziu Rosh Hashaná e Yom Kipur, momentos de julgamento e perdão. Advertiu Moshê: "O povo judeu guardará somente as festividades de Elohim e não estabelecerá suas próprias festividades como o fez quando pecou com o bezerro de ouro."

Moshê permanece no Céu por quarenta dias para receber as segundas tábuas
Elohim ordenou a Moshê que esculpisse um segundo par de tábuas. "Já que você quebrou as primeiras tábuas, é seu dever de esculpir as novas.", disse-lhe Elohim.
Elohim lhe revelou uma jazida de safira dentro da terra abaixo de sua tenda. Moshê usou aquela safira para esculpir as novas tábuas. Elohim presenteou Moshê com o material restante. Moshê ficou muito rico. Ele não coletara nenhum dos despojos do Egito na hora do Êxodo; em vez disso, estava ocupado localizando o caixão de Yossef e preparando-o para a jornada no deserto. Por isso, agora foi recompensado por Elohim com riquezas.
Moshê se tornou um homem muito rico. Mas ele não considerava as riquezas importantes. Sabia que o dinheiro acompanha a pessoa apenas enquanto vive (e às vezes, até o perde antes). Porém, há uma forma de riqueza que permanece junto a uma pessoa para sempre: seu conhecimento da Torá. Esta é a verdadeira riqueza que Moshê valorizava.
Elohim ordenou a Moshê que subisse ao cume do monte Sinai cedo pela manhã, sozinho, dizendo: "As primeiras tábuas foram dadas ostensivamente, em meio a uma demonstração pública. Por isso foram quebradas. Estas segundas tábuas devem ser dadas de forma discreta e sem alarde."
Moshê subiu ao monte Sinai no primeiro dia de Elul e permaneceu no campo Celestial por quarenta dias. Esta foi a sua terceira estadia no Céu (perfazendo um total de cento e vinte dias).
Durante estes quarenta dias no Céu, Elohim ditou para ele toda a Torá e lhe ensinou sua explicação oral.
No dia 10 de Tishrei, Elohim perdoou o povo de Israel pelo pecado do bezerro, dando a Moshê as segundas tábuas nas quais Ele escrevera tudo novamente. Elohim designou este dia como um dia de perdão para todas as futuras gerações: o chamado Yom Kipur.

O rosto de Moshê resplandece
Quando Moshê regressou do Monte Sinai em Yom Kipur com as segundas tábuas, os judeus se afastaram dele, temerosos. Pois seu rosto brilhava com um resplendor tão forte como se emitisse raios de sol. As pessoas não se atreviam a aproximar-se. "Talvez Moshê seja um anjo de Elohim", exclamaram.
Seu receio era por conta do pecado do bezerro; antes do seu pecado, eles eram capazes de visualizar o fogo de glória Divino no Monte Sinai sem medo. Tendo pecado, no entanto, eles tremiam mesmo diante dos raios que brilhavam na face de Moshê.
Moshê chamou os anciãos, e lhes disse: "Elohim os perdoou pelo pecado do bezerro de ouro e lhes deu novas tábuas. Os anciãos perguntaram a Moshê por que seu rosto brilhava, e descobriram que Moshê nada sabia sobre isso. Nem sequer percebera que lhe havia acontecido algo de especial. Quando o povo viu os anciãos falarem com Moshê, finalmente se atreveram a chegar perto.
Por que Elohim fez o rosto de Moshê resplandecer?
Elohim queria mostrar ao povo como Moshê era especial. Haviam pecado terrivelmente ao buscar um novo guia quando Moshê demorou a descer do Monte Sinai. O povo deveria ter permanecido fiel a Moshê, pois era um homem tão nobre que os raios da Shechiná resplandeciam sobre seu rosto.
Moshê viu-se forçado a cobrir sua face fulgurante com um véu, somente descobrindo-a ao falar com Elohim ou ao ensinar as palavras de Elohim para o povo de Israel.
Quando o povo de Israel dedicava-se ao estudo da Torá, eram imbuído de força para suportar a visão dos raios de glória. Esta é uma demonstração da grandeza à qual o estudo da Torá é capaz de elevar um ser humano.

Shabat Shalom!!!