sexta-feira, 29 de maio de 2015

Midrash Nassô

 
Os filhos de Guershon que servirão no Tabernáculo são contados
Ao final da última Parashá vimos que a família de Kehat recebeu incumbências no Tabernáculo. Aquela família foi contada e recebeu seus trabalhos em primeiro lugar, porque transportava os mais sagrados objetos. O Eterno disse a Moshê: "Conte os homens da família de Guershon. Eles transportarão os artigos de tecidos do Tabernáculo." Moshê pensou: "O Eterno não me disse para pedir a ajuda de Aharon para esta contagem. Entretanto, é meu irmão mais velho e devo honrá-lo, por isso irei convida-lo a tomar parte na contagem." Moshê chamou Aharon. Juntos contaram os homens de Guershon entre as idades de trinta e cinqüenta. Estes homens eram todos aptos a carregar objetos. O Eterno ordenou: "Itamar, filho de Aharon, ficará encarregado da família de Guershon."
Os homens da família de Merari são contados
Finalmente, Moshê contou os homens entre trinta e cinqüenta anos da família de Merari. Moshê novamente honrou Aharon, pedindo-lhe para ajudar na contagem. Moshê, Aharon e seus filhos dividiram a família de Merari em grupos. Um grupo foi incumbido de carregar as tábuas; outro grupo os pilares; outro ainda os encaixes de prata (adanim), e assim por diante. O filho de Aharon, Itamar, foi encarregado de designar uma tarefa específica a cada levi. Ele supervisionou o carregamento.
Outras tarefas para os levitas
Carregar objetos era apenas uma das obrigações dos levitas. Eles também ajudavam os cohanim com aquelas partes do serviço Divino que podiam ser realizadas mesmo por alguém que não fosse um cohen: abater a oferenda, limpá-la e cortá-la. Alguns levitas vigiavam o Tabernáculo, e outros foram escolhidos para cantar. No Tabernáculo, bem como no Templo Sagrado, os levitas entoavam canções do Livro de Tehilim, Salmos, e tocavam instrumentos enquanto eram despejados líquidos sobre as oferendas dos sacrifícios diários. O canto ajudava a alcançar o perdão para o povo judeu. Tanto a música como o canto eram veículos de servir o Eterno com alegria. O coro de leviyim era composto por pelo menos doze cantores, e podia-se acrescentar mais, se assim desejassem. O coro era geralmente acompanhado por instrumentos. Até mesmo os não-levitas podiam ser músicos. Ao entrarem no Pátio do Templo, os judeus podiam ouvir o maravilhoso coro de leviyim e sua orquestra.
O cântico diário
Entoava-se um capítulo de Tehilim diferente a cada dia da semana:
No primeiro dia da semana (domingo) - "Do Eterno é a terra e tudo que nela existe, o mundo habitado e todos os que nele moram." (Tehilim 24:1). Este versículo é apropriado para o primeiro dia, pois nos lembra do primeiro dia da Criação. O Eterno foi então claramente reconhecido como o único governante, uma vez que nenhum ser, nem mesmo os anjos, haviam sido criados.
No segundo dia (segunda-feira) - "Grande é o Eterno e muito louvado, na cidade de nosso Elohim, Monte de Sua Santidade." (Tehilim 48:2). No segundo dia da Criação, O Eterno estabeleceu que o firmamento fosse dividido entre águas superiores e inferiores, denominando as esferas superiores Sua residência. Paralelamente, denominou um local com santidade especial no mundo inferior onde Ele iria residir: "a Cidade de nosso Elohim, Monte de Sua santidade."
No terceiro dia (terça-feira) - "Elohim encontra-se na assembleia Divina, no meio dos juízes Ele julgará." (Tehilim 82:1). Neste dia, Elohim juntou as águas em oceanos, expondo assim os continentes que seriam habitados. Contudo, só seria permitido à humanidade viver lá se exercessem justiça, um dos pilares da sociedade humana. Se o homem pervertesse a justiça, o Eterno ordenaria aos oceanos transbordarem e inundarem terra seca, como mais tarde aconteceu na geração de Nôach, trazendo o Dilúvio.
No quarto dia (quarta-feira) - "Ó Elohim da vingança, Eterno, ó Elohim da vingança, aparece." (Tehilim 94:1). Neste dia foram criados os corpos celestes. No futuro, Elohim punirá todos os que praticaram a idolatria. 
No quinto dia (quinta-feira) - "Cantem em voz alta para o Elohim de nossa força, proclamem com um grito jubiloso o Elohim de Yaacov." (Tehilim 81:2). Neste dia o Todo-Poderoso criou as milhares de espécies de pássaros e peixes. Quem quer que os veja proclama louvores a Elohim em júbilo.
No sexto dia (sexta-feira) - "O Eterno reina, Ele está revestido de majestade; o Eterno terá vestido poder e Se cingido" (Tehilim 93:1). Este versículo é apropriado para o sexto dia, no qual a gloriosa Criação inteira foi completada, e a majestade de Elohim sobre o universo tornou-se aparente.
Em Shabat - "Um salmo, um cântico para o dia de Shabat." (Tehilim 92:1). Este versículo não se refere apenas ao Shabat semanal, mas também a era pós-Redenção, o "grande Shabat da história." O Shabat semanal nos foi dado para servir de modelo para a era futura, a qual será total e eternamente boa. Da mesma forma como trabalhamos toda a semana a fim de honrarmos o Shabat, assim nos preparamos agora para o mundo futuro, onde saborearemos dos frutos de nosso trabalho.
Com a destruição do Templo Sagrado, a beleza da música cessou. As músicas e melodias atuais não captam a santidade ou a harmonia da perfeição espiritual inerente às melodias entoadas no Templo.
Após a destruição do Primeiro Templo o imperador Nevuchadnêtsar (Nabucodonossor), levou um grupo de leviyim cativos à Babilônia. Observando-os chorarem e lamentarem-se, exclamou: "Por quê estão tão tristes? Venham e alegrem-se! Antes de saborear minha ceia, toquem seus violinos para mim e meus deuses, exatamente como costumavam fazer para seu Elohim!"
Olhando uns para os outros, os leviyim sussurraram: "Nunca! Nós, que tocávamos no Templo para o Todo-Poderoso devemos agora tocar para este anão (Nevuchadnêtsar era de baixa estatura) e seus ídolos? Em vez disso, se tivéssemos nos empenhado em cantar ante o Todo-Poderoso, nunca teríamos sido exilados!"
Todavia, como poderiam desobedecer efetivamente a ordem do captor?
Num instante engendraram um plano. Cada levi, sem hesitar, decepou o próprio polegar da mão direita. Erguendo os tocos dos quais jorrava sangue para que Nevuchadnêtsar visse, lamentaram: "Como podemos cantar a canção de Elohim? (Tehilim 137:4) Não vê que nossas mãos estão mutiladas, e não podemos mais tocar nossos instrumentos?"
Enfurecido, Nevuchadnêtsar massacrou milhares de cativos. Não obstante, os leviyim estavam contentes em não terem concordado em tocarem música perante ídolos.
Aquele grupo de leviyim eventualmente retornou do exílio babilônio, e testemunhou a reconstrução do Segundo Templo. O Eterno prometeu ao povo judeu através de juramento: "Os leviyim feriram sua mão direita por amor a Mim; portanto, Eu juro por Minha mão direita que finalmente derrotarei seus inimigos e restaurarei Jerusalém."
O mérito das mulheres judias no Egito
Enquanto o povo judeu viveu no Egito, os egípcios eram seus amos. Davam-lhe ordens. Mas não podiam decretar com quem as moças e mulheres judias iriam se relacionar. Se um egípcio tentava persuadir uma jovem judia a relacionar-se com ele, ela o recusava. E as mulheres judias casadas eram fiéis a seus maridos. Não queriam nada com os homens egípcios. Quando Elohim presenciou isso, disse: "O mérito das mulheres judias é enorme. Por causa delas, realizarei milagres para todo povo. Finalmente, libertarei o povo judeu do Egito pelo mérito dessas mulheres justas."
  O Eterno realizou assombrosos milagres para os judeus durante cada uma das dez pragas. Por exemplo, durante a praga do sangue, quando um judeu baixava seu balde dentro de um poço, tirava água, ao passo que um egípcio tirava sangue do mesmo poço! E durante a praga dos sapos, os sapos fugiriam dos judeus, mas saltavam sobre os egípcios. Estes maravilhosos milagres foram realizados pelo mérito das mulheres judias.
  Elohim fez milagres ainda mais grandiosos para os judeus no Mar Vermelho, quando o Faraó os perseguiu. Mais uma vez, realizou-os em mérito as mulheres judias. O Eterno disse a Moshê: "Desejo que todas as esposas judias continuem a ser fiéis a seus maridos, assim como o foram no Egito." A próxima seção nos falará da mulher infiel.
Sotá - A esposa infiel
Esta passagem da parashá trata de uma mulher, que como resultado do seu comportamento, deu margem para seu marido suspeitar que cometera adultério, mas não havia provas sobre sua verdadeira culpa ou inocência. A Torá nos dá um processo milagroso capaz de provar que ela havia pecado e causava sua morte juntamente com a do homem que pecou com ela; ou então, mostrava, sem sombra de dúvida, que ela sempre foi fiel a seu marido, restaurando assim a confiança e amor no casamento.
O judaísmo, assim, enfatiza a definição de um matrimônio: não é um meio conveniente para satisfazer desejos físicos, mas sim um relacionamento santificado que exige fidelidade e pureza.
Este é o único julgamento na Torá que dependia de uma intervenção sobrenatural; era um milagre que ocorria enquanto o povo judeu se manteve num nível espiritual elevado e merecedor. Este processo foi abolido na época do Segundo Templo, quando o povo judeu tinha decaído em seu nível espiritual. O objetivo deste procedimento era duplo: evitar o adultério e a imoralidade e nutrir a confiança entre marido e esposa. É uma realidade psicológica que, uma vez que um marido suspeita da esposa, não consegue mais confiar nela, mesmo se uma corte de justiça achar que ele se enganou; decisões legais raramente mudam os sentimentos. Somente o testemunho do próprio Elohim será suficientemente convincente.
D'us ensinou estas leis a Moshê: Um homem e uma mulher ficaram a sós por um tempo suficiente para cometerem pecado e de maneira tal que isto tornou-se possível. Antes deste incidente, o marido - baseado num comportamento impróprio de sua esposa - já suspeitava dela e a advertiu: "Não fique sozinha com fulano de tal". A esposa, porém, ignorou seu pedido. Duas testemunhas afirmam que ambos estiveram juntos e tiveram a oportunidade de cometer o adultério, mas não viram se de fato isto se consumou. (Se havia uma testemunha afirmando que ela realmente pecou o teste de sotá não era realizado. A mulher também não era testada se foi forçada a esta situação; neste caso era inocente. O teste de sotá não produzia efeito, quando o próprio marido era culpado de infidelidade conjugal).
O marido a leva ao Grande San'hedrin, que é a mais alta corte judaica, com setenta juízes.
"Você pecou com o estranho com quem esteve?" - perguntavam os juízes à mulher.
Se ela responde: "Não", eles diziam: "Você será testada para sabermos se diz a verdade."
A mulher é então trazida perante um cohen.
A Torá chama uma mulher trazida ao San'hedrin pelo marido de "sotá", que significa: "se desviar", ou seja, a mulher que abandonou o comportamento judaico apropriado.
O cohen prepara a mistura de água
O cohen então preparava uma água especial que a mulher teria de beber. Isso iria testá-la para ver se dizia ou não a verdade. O cohen pegava a água da bacia no Tabernáculo (kiyor) e a misturava com poeira do chão.
Por que D'us ordenou que a água fosse apanhada do kiyor?
O kiyor era feito de espelhos de cobre que as mulheres judias doavam. A água do kiyor é dada a uma esposa infiel para lembrá-la que: "Você não agiu como as mulheres judias no Egito, que foram fiéis aos maridos!"
Por que a poeira é misturada à água?
A poeira sugere a ela: "Você sabe qual é o fim de todos? Seu corpo retorna ao pó. Por isto, faça teshuvá antes que seja tarde!"
O cohen anuncia: "Escreverei novamente num rolo os versículos descrevendo a sotá. Estes versículos contêm o Ilustre Nome de Elohim. Apagarei as palavras na água. Você, então, beberá a água."
"Se você é culpada, a água fará seu corpo inchar, e seus membros ficarão fracos. Você morrerá. Por isso, admita agora! Não precisarei então apagar o sagrado nome do Eterno na água."
(Ambos, marido e mulher devem perceber a grande lição que o Eterno nos ensinou neste episódio: Ele permitiu que Seu Nome fosse apagado para restaurar a harmonia de um lar. Portanto, quando há uma discussão entre um casal, cada um deve estar pronto para sacrificar sua dignidade e honra pessoal em prol da paz).
O cabelo da sotá é descoberto
Durante este procedimento o cohen descobria o cabelo da mulher. Porque o cabelo da sotá era revelado? Diziam a ela: "Uma mulher judia casada é proibida de aparecer em público com seu cabelo descoberto (Talmud Ketuvot 72a). Você se desviou dos caminhos das filhas judias. Agora, você parecerá uma gentia."
Qual o significado das palavras, "Sua esposa será como uma vinha frutífera nos aposentos interiores do lar; seus filhos como mudas de oliveiras ao redor de sua mesa" (Tehilim 128:3)?
Este versículo promete fertilidade e filhos à esposa que se conduz com modéstia e recato, reservando sua beleza exclusivamente para o marido. A mulher que tem um cuidado especial, cobrindo seus cabelos completamente, merecerá filhos que brilharão como galhos de oliveiras.
Azeitonas podem ser saboreadas frescas ou secas; são comercializadas como iguarias; e o azeite produzido delas é de cor mais clara que qualquer outro óleo. Assim também, estes filhos se destacarão nos estudos da Torá e ainda outros serão comerciantes honestos, seguindo os ensinamentos Divinos em seus negócios. As folhas da oliveira não caem no verão e nem no inverno, simbolizando que seus descendentes perdurarão para sempre.
Mais ainda, ela faz com que sua família seja abençoada materialmente. Ela e seu marido viverão para ver seus filhos e netos como o versículo continua: "Merecerás ver os filhos de seus filhos" (Tehilim 128:6).
O destino da mulher infiel
Quando o cohen terminava de advertir a mulher sobre sua punição, ele anotava num rolo de pergaminho as palavras da Torá que disse a ela. Apagava a escrita com água.
Finalmente, dava-lhe a água para beber. Se ela fosse culpada, seu corpo inchava, a face empalidecia e seus membros se enfraqueciam. Ao mesmo tempo, o homem com quem ela pecou também era punido, mesmo sem ter bebido daquela água. A mulher é tirada para fora do Templo Sagrado para então morrer.
Por outro lado, se ela não cometeu pecado algum, a água não lhe causava mal algum. O Eterno a recompensava pela humilhação que ela havia passado. Para esta mulher as águas agiam como um reconfortante remédio. Seus órgãos se fortaleciam, seu rosto se tornava radiante; se sofria de algum mal, estava curada. Se era estéril, conceberia um filho. Se tivesse apenas filhas, Elohim, agora lhe concederia filhos homens. Se tivesse no passado complicações no parto, agora daria a luz com facilidade. Mais ainda, a Torá lhe prometia um filho especial e tsadic (justo).
A promessa das pessoas que testemunharam a sotá
Muitos judeus que viram o que aconteceu à sotá prometeram: "Nunca mais tocarei em vinho. Pode ser que eu, também, beba demais, e faça algo errado.'
  Elohim disse: "Se um judeu prometer não beber mais vinho, deixe-o cumprir certas leis. Observando estas leis, ele se tornará um nazir", que significa: aquele que se abstém de beber vinho. E ao cumprir as outras leis de um nazir, torna-se uma pessoa santificada. Quais são essas leis?
As leis de um nazir
  O Eterno ordenou a Moshê: "Um homem judeu pode prometer tornar-se um nazir, ou uma mulher judia uma nezirá. Aquele que deseja tornar-se um nazir deve observar três leis:
1 - Um nazir não pode beber vinho. Também não pode beber vinagre de vinho, suco de uvas, ou comer qualquer parte de uma uva ou subproduto, como passas. Se um nazir for visto perto de um vinhedo, as outras pessoas devem adverti-lo: "Não caminhe pelo vinhedo; caminhe ao redor dele! Isso ajudará a impedir que coma uma uva por engano."
2 - Um nazir não pode ter seus cabelos cortados. O Eterno disse: "Como o nazir prometeu abster-se de vinho para se afastar do pecado, ele também não deve cortar seus cabelos." Por que um nazir é proibido de cortar o cabelo? Um corte de cabelo faz com que a pessoa tenha boa aparência. O nazir deixa seu cabelo crescer longo e à vontade. Ele não dá importância a sua aparência. Ao invés disso, concentra-se em seu comportamento e pensamentos.
3 - Um nazir não pode tocar o corpo de um morto: O Eterno disse: "Aquele que cumpre as leis de um nazir a meus olhos é tão grandioso e sagrado como um Sumo Sacerdote. Por isso, assim como o Sumo Sacerdote, ele não pode tornar-se impuro por tocar numa pessoa morta. Não pode nem ao menos enterrar seu pai ou sua mãe."
Por que alguém desejaria se tornar um nazir?
Esta vontade pode resultar de uma ocorrência pessoal causada pela influência prejudicial do vinho; ou devido às suas convicções que lhe seria benéfico se abster dos prazeres mundanos. Ele poderia achar também que está tão envolvido na satisfação de seus desejos físicos que não consegue se concentrar no estudo de Torá e cumprimento das mitsvot. Somente uma decisão drástica de alterar seus hábitos, que o force a se abster de entretenimentos e prazeres usuais, poderá transformá-lo. Ele, então, promete tornar-se um nazir por um determinado período, na esperança que a santidade alcançada através desse processo o elevará espiritualmente, fazendo dele uma pessoa melhor, mesmo após o término de sua nezirut. Um dos famosos nezirim da nossa história foi Shimshon (Sansão).
Mais leis do nazir
Quando alguém promete: "Tornar-me-ei um nazir," sem especificar o tempo, torna-se um nazir por trinta dias. Este é o tempo mínimo para nezirut. Entretanto, a pessoa pode prometer tornar-se nazir por períodos de tempo mais longos, até mesmo para o resto da vida.
O que acontece a um nazir que acidentalmente torna-se impuro durante seus trinta dias de nazir? Por exemplo, se morre uma pessoa na casa em que ele mora? O nazir deve esperar sete dias para tornar-se puro novamente. No oitavo dia ele oferecia sacrifícios. Começava então o período de trinta dias de nezirut novamente; os dias que tinha mantido até lá não contavam.
Finalmente, quando o nezirut de uma pessoa terminava, ele oferecia sacrifícios especiais. Um deles era uma oferenda pelo pecado (chatat).
O Talmud nos diz que os grandes tsadikim ao tempo do Templo Sagrado tornaram-se nezirim apenas para ter a oportunidade de oferecer uma oferenda pelo pecado! Como jamais pecaram por engano, nunca tiveram a chance de trazer uma oferenda de chatat. Por isso, para dar ao Eterno este tipo de sacrifício, prometeram tornar-se nezirim. Ao fim de sua nezirut, o nazir também tinha que raspar todo o cabelo da cabeça e jogá-lo no fogo de um dos sacrifícios.
Havia no Templo Sagrado uma sala especial chamada "lishcat hanezirim", a sala para os nezirim. Era ali que os nezirim raspavam seu cabelo. Raspar todo o cabelo de uma pessoa é bem desagradável. O significado deste ato era lembrar ao nazir que não deveria dar ouvidos ao instinto mal, mesmo após o nezirut ter terminado.
A bênção dada pelos cohanim
Em Israel ou numa sinagoga sefaradita fora de Israel, podemos ouvir a bênção dos cohanim todos os dias. Entretanto, numa sinagoga askenazita fora de Israel, a bênção dos cohanim é recitada apenas em Pêssach, Shavuot e Sucot, assim como em Rosh Hashaná e Yom Kipur. A bênção sacerdotal está reservada para estes dias de júbilo. Quando o chazan (cantor litúrgico) termina a bênção de "Modim" na prece mussaf, ele proclama: "Cohanim!" Todos os cohanim presentes se dirigem à frente da sinagoga.
O chazan é o primeiro que pronuncia cada palavra da bênção vagarosamente. Os cohanim a repetem. Há três versículos na bênção sacerdotal: Que Adonai te abençoe e te guarde! Que a face de Adonai brilhe sobre ti e que Ele faça que encontre graça (a Seus olhos)! Que Adonai erga Sua face para ti e te dê paz!
No Templo Sagrado, os cohanim pronunciavam o nome do Eterno em cada versículo da bênção das cohanim da maneira como é escrito, por extenso: Yud, Hê, Vav, Hê. Isto é proibido fora do Templo Sagrado.
Nesta parashá, O Eterno disse a Moshê que ordenasse aos cohanim: "Assim abençoarão os filhos de Israel..."
"Assim" significa que os cohanim devem conceder a bênção da seguinte maneira:
De pé.
De mãos erguidas em direção ao céu.
Por que os cohanim também estendem os dedos? Quando os judeus souberam que os cohanim os abençoariam, protestaram. "Mestre do Universo," disseram, "por que Tu nos abençoas através de terceiros? Desejamos que Tu nos abençoe diretamente!"
  O Eterno replicou: "Apesar de ter ordenado aos cohanim que os abençoe, Eu também estarei presente." Por isso, ao recitar estas bênçãos, os cohanim deixam espaços entre os dedos como que para indicar: "O Próprio Todo-Poderoso está presente atrás de nós." No Templo Sagrado, a Shechiná encontrava-se atrás dos ombros dos cohanim, e irradiava através das aberturas entre seus dedos. As pessoas estavam proibidas de olhar para a Shechiná, Presença Divina, durante a recitação da bênção sacerdotal. O costume atual é de não olhar para os cohanim durante a bênção dos cohanim.
Os cohanim também devem:
Ficar de frente para a congregação.
Pronunciar a bênção em hebraico.
No Templo Sagrado, pronunciavam o Nome do Eterno, como está escrito.
Antes da bênção dos cohanim, os cohanim recitam a bênção: "Bendito és Tu, Adonai, nosso Elohim, Rei do Universo, Que nos santificou com a santidade de Aharon e nos ordenou a abençoar Seu povo de Israel com amor."
Por que Aharon é mencionado nesta bênção?
Os cohanim, descendentes de Aharon, receberam a honra de conceder a bênção da paz pelo mérito de Aharon, que amava a paz e trazia paz onde quer que percebesse discórdia ou contenda.
Porque a bênção sacerdotal inicia-se com a expressão "Assim"
O Eterno introduziu a bênção dos cohanim com a expressão "Assim", aludindo a nosso patriarca Avraham, a quem Ele abençoou: "Assim será tua semente." (Bereshit 15:5)
Que bênçãos estas palavras contêm?
Um viajante perdeu-se de sua rota. Caminhava exausto através do deserto quente e abrasador por dias sem fim. Nenhuma estrada, nenhuma casa, nem sinal de viv'alma à vista. Já havia bebido a última gota d'água de seu cantil, sua língua grudara ao palato, de sede.
De repente, percebeu uma árvore à distância. Se uma árvore pode sobreviver no solo, pensou, deve haver uma fonte de água por perto.
Para sua alegria, descobriu uma fonte de água fresca perto da árvore. Os galhos estavam carregados de frutas. O viajante bebeu e bebeu da água cristalina, comeu dos frutos e mergulhou num profundo sono à sombra refrescante.
Ao acordar, sentiu-se renovado, pois recuperara as forças.
"Árvore, árvore, como posso lhe agradecer?" exclamou grato. "Gostaria de desejar-lhe que tenha belos galhos, porém já os tem. Abençoá-la-ia com deliciosos frutos? Seus frutos não poderiam ser mais suculentos. Com sombra refrescante? Já a tem. Com uma fonte de água? A nascente perto de você é pura e cristalina. Você é abençoada com todo tipo de perfeição. Portanto, posso dar-lhe somente uma bênção: que todas suas sementes nasçam e cresçam exatamente iguais a você."
Similarmente, o Eterno procurava uma bênção para conceder a Avraham. "Avraham", disse, "que bênção posso te dar? Que você seja um tsadic perfeito? Você o é. Você foi lançado à fornalha ardente para santificar Meu Nome; abriu uma pousada para acomodar viajantes e trazê-los para sob as asas da Shechiná; e disseminou Meu Nome pelo mundo inteiro. Que sua esposa seja uma tsadeket? Ela já o é. Que os membros de sua casa sejam tsadikim? Eles já são. Tenho apenas uma bênção para você: 'Assim será sua semente' - que sua semente seja exatamente como você!"
O Eterno introduziu a bênção dos cohanim com a palavra "Assim", para indicar que a verdadeira bênção ao povo judeu seja que cada um de seus membros cresça para se tornar como seus patriarcas.
Uma explicação do primeiro versículo da bênção dos cohanim
Eis aqui uma maneira de explicar a bênção:
Yevarechechá: Que Adonai abençoe teus pertences. Quando uma pessoa precisa de alimento e outras necessidades indispensáveis, é difícil para ela estudar Torá com tranquilidade. Por isso, a bênção é que tenhamos suficiente sustento. Este versículo promete riqueza material e sucesso.
Veyishmerêcha: Que Adonai proteja teus pertences de serem roubados ou danificados. O que acontece com tuas possessões é na verdade determinado por Adonai.
Um corajoso soldado prestou inestimáveis serviços a seu país. Foi convocado a receber a condecoração das mãos do imperador. Este presenteou-o com um baú contendo cem moedas de ouro valiosíssimas. Muito contente por já Ter feito fortuna, o soldado acomodou o baú sob a sela de seu cavalo e partiu para casa. Enquanto cavalgava por uma trilha deserta na montanha, salteadores de repente o atacaram. Subjugaram-no e tomaram seu baú. Desta maneira, sua fortuna se foi tão rápido quanto viera.
Um rei que dá dinheiro ou posses a alguém nunca pode assegurar-se completamente contra danos, roubo, perda, doenças ou morte, cuja ocorrência impediria o beneficiado de usufruir de seu presente. Somente o Rei dos Reis pode dar tal garantia. Portanto, após prometer bens materiais, o Eterno garante que Ele nos guardará de qualquer infortúnio que possa impedir nossa capacidade de nos beneficiarmos dela.
Além disso, a palavra "Veyishmerêcha - Te guarde", também refere-se à proteção contra o yêtser hará, a má inclinação.
Riqueza material gera novos tipos de desejos. Dinheiro gasto com luxos torna-se uma maldição ao invés de bênção. As palavras "Que Ele te abençoe com riqueza," são seguidas, portanto, de "e te guarde", do abuso, ao despendê-lo com luxos. Em vez disso, que você utilize sabiamente o dinheiro para Torá e mitsvot.
O primeiro versículo da bênção sacerdotal contém três palavras, correspondendo aos três patriarcas, Avraham, Yitschac e Yaacov. Suplicamos a Elohim que Se lembre de Sua aliança com os patriarcas.
Uma explicação do segundo versículo da bênção dos cohanim
Yaer: "Que a face de Elohim brilhe sobre ti" significa: Que Elohim ouça tuas preces quando rezares a Ele e te dê entendimento ao estudar Torá.
Vichunêca: Que Ele faça isso por ti, mesmo que não o mereças.
Qual o significado da palavra "vichunêca"?
A palavra chen - graça (também relativa à chinam - gratuito) denota uma ligação e apego que não se originam da lógica ou da razão. Este conceito é assim esclarecido nas palavras de nossos sábios:
"Há três exemplos comuns de apego inexplicável:
Um marido acha sua esposa graciosa.
Uma pessoa acha sua cidade natal especialmente encantadora (apesar dos outros poderem considerá-la um local desagradável para se viver).
Um comprador sente um apego especial ao objeto que adquiriu."
Em todos os três casos, a relação está além da compreensão lógica. Baseia-se tão somente sobre um afeto especial com o qual a pessoa se refere à outra ou a objetos. Similarmente, pedimos ao Eterno que conceda-nos Sua bênção, mesmo se não somos merecedores. Queremos ser abençoados como um presente de graça, por causa do amor de Elohim por Israel.
Este versículo contém cinco palavras, que correspondem aos cinco Livros da Torá. A Torá foi dada em mérito dos três patriarcas, cuja alusão é feita através das três palavras do primeiro versículo.
Uma explicação sobre o terceiro versículo da bênção dos cohanim
Yissá: Que Adonai te dê total atenção, estejas onde estiveres. Ele te guardará de todos os infortúnios. Esta é a bênção de Divina Providência; Elohim está atento e observa cada uma de nossas atividades.
Veyassêm lechá shalom: Adonai te dará paz. Não serás atacado pelas más inclinações ou prejudicado por outros, de quaisquer outros modos.
Este terceiro versículo é o ápice dos dois anteriores. Desejamos as bênçãos materiais (Yevarechechá) e espirituais (Yaer) apenas com o objetivo de adquirir a bênção final de proximidade com o Eterno; traduzidas em bondade e paz. "Que Adonai erga Seu semblante para ti" denota total interesse pessoal de Elohim com cada judeu, o relacionamento mais próximo possível, o qual foi prometido ao povo judeu. (Agora, no exílio, o Eterno "oculta" Sua face.)
Todas as nossas bênçãos são concluídas com "paz", pois não é possível desfrutar de qualquer outra bênção, a não ser que a pessoa esteja em paz.
Este terceiro versículo contém sete palavras, sugerindo os sete céus, em alusão ao que os cohanim desejam ao povo judeu: "Que Ele, que reside nos sete céus o abençoe."
Quem recebeu o poder de abençoar os outros?
O Eterno disse: "No início, apenas Eu podia abençoar as pessoas. Abençoei Adam (Adão) e Chava (Eva): 'Multiplicai sobre a Terra.'"
"Abençoei Nôach (Noé) e seus filhos quando deixaram a arca e começaram a reconstruir o mundo."
"Abençoei Avraham. Disse-lhe: 'Como és um grande tsadic, transferirei a ti o poder de abençoar os outros. Aquele a quem abençoares, será também abençoado.'"
Antes de Avraham morrer, quis abençoar seu filho Yitschac. Mas pensou: "Se eu abençoar Yitschac, meu outro filho, Yishmael, pedirá também uma bênção. Yishmael não merece ser abençoado."
Avraham era similar a um jardineiro em cujo jardim cresciam arbustos com deliciosos frutos, mas estavam entremeados com os galhos de plantas venenosas que cresciam perto deles. O jardineiro pensou: "Se eu regar o arbusto frutífero, farei com que a planta venenosa cresça também." Por isso, não molhou o arbusto frutífero.
Da mesma forma, Avraham não ousou abençoar Yitschac antes de morrer. Não desejava ter que abençoar Yishmael também.
Após a morte de Avraham, o próprio Elohim abençoou Yitschac. O poder de conceder bênçãos foi então transferido para Yitschac. Yitschac deu a bênção principal a Yaacov, e não a Essav. Yaacov recebeu o poder de abençoar as pessoas. Abençoou todos seus doze filhos antes de morrer.
O Eterno disse a Moshê: "De agora em diante as bênçãos serão concedidas pelos cohanim. Quando eles abençoarem o povo judeu com os versículos mencionados, Eu realizarei suas bênçãos."
Os líderes das tribos doam carroças para o Tabernáculo
Na Parashá Shemini no Livro de Vayicrá, aprendemos sobre os eventos ocorridos no oitavo dia da consagração do Tabernáculo. Agora a Torá nos diz mais sobre o que aconteceu:
Os líderes das tribos desejavam doar algum objeto para o serviço do Tabernáculo. Por que razão? Quando Moshê anunciou que cada judeu poderia doar materiais para a construção do Tabernáculo, os líderes não reagiram generosamente.
"Deixe que cada judeu doe o que quiser, e providenciaremos o que ficar faltando," declararam eles. Entretanto, logo perceberam que tinham cometido um erro. O povo correspondeu com tantos presentes e tal entusiasmo que não havia sobrado nada para que os líderes doassem. Finalmente descobriu-se que as pedras preciosas para o peitoral ainda estavam faltando. Os líderes então as forneceram. Mas eles ainda estavam tristes. Queriam dar uma compensação para seu erro. O que mais poderiam doar para o Tabernáculo? Finalmente, tiveram uma ideia: "As tábuas e os materiais do Tabernáculo são pesados demais para que os levitas os carreguem. Vamos dar-lhes carroças nas quais poderão colocar os objetos, e animais para puxá-las."
Os líderes das tribos decidiram doar seis carroças e doze bois para puxá-las.
O Eterno ordenou a Moshê: "Aceite as carroças e os bois dos líderes. Louve-os pelas doações. Diga-lhes: 'Foi uma ideia maravilhosa ajudar no transporte das partes do Tabernáculo. Considero isso tão notável como se vocês tivessem Me ajudado a carregar o mundo todo!'"
Os líderes das tribos doam oferendas para consagrar o altar
Os líderes ainda estavam tristes. O que mais poderiam doar para o Tabernáculo?
Um deles, o líder da tribo Yissachar, cujos membros eram particularmente sábios, tinham um plano: "Deixe-nos doar animais para inaugurar o grande altar de cobre com oferendas especiais!" Os líderes das tribos aprovaram a idéia. Discutiram que tipo de animal doariam e por fim decidiram: "Cada líder doará exatamente as mesmas oferendas. Assim, a contribuição será igual para todos os líderes."
O Eterno aprovou. Os líderes se preocupavam com os sentimentos uns dos outros e mostravam respeito mútuo.
O Eterno disse a Moshê: "Aceite as oferendas dos líderes para consagrar o altar. Eles oferecerão seus sacrifícios em dias diferentes, começando no oitavo dia dos dias de consagração do Tabernáculo."
Moshê perguntou a Elohim: "Quem oferecerá primeiro os sacrifícios? O líder da tribo de Reuven, a mais antiga, ou o líder da tribo de Yehudá, a tribo que viaja em primeiro lugar?"
"O líder de Yehudá será o primeiro," decidiu D'us.
As oferendas dos líderes para a consagração do altar
Eis aqui a doação de cada um dos doze líderes para a consagração do altar:
1 - Uma bandeja de prata pesando 130 shekel. Estava repleta de farinha com azeite, como uma oferenda de minchá.
2 - Uma fina tigela de prata pesando 70 shekel. Estava também cheia de farinha e azeite para uma minchá.
3 - Uma colher de ouro. Estava cheia de incenso.
4 - Uma oferenda de olá, consistindo de um touro, um carneiro e um cordeiro.
5 - Uma oferenda de chatat, consistindo de um bode.
6 - Uma oferenda de shelamim, consistindo de dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros.
A Torá repete os presentes dos líderes das tribos por doze vezes. Isso nos mostra que cada oferenda dos líderes era igualmente importante aos olhos de Elohim.
Moshê ouve a voz do Eterno vinda da arca
Ao final da Parashá, ouvimos que Moshê entrou no Tabernáculo, e escutou a voz do Eterno. O Eterno enviou um pilar incandescente do céu. Permaneceu entre os dois keruvim sobre a arca. A voz do Eterno vinha deste pilar. Embora a voz fosse alta e poderosa, ninguém exceto Moshê pôde ouvi-la.
Por que a Torá menciona este privilégio especial de Moshê aqui?
Moshê era a única pessoa que nada doou ao Tabernáculo; O Eterno não lhe pediu que contribuísse. Mas quando viu os líderes oferecendo suas oferendas, sentiu-se entristecido. Ele também desejava dar um presente para o Tabernáculo. Entretanto, a Torá nos diz que Moshê foi na verdade mais notável que os líderes das tribos. Apenas ele pôde entrar no Tabernáculo e escutar a voz do Eterno.
 Shabat Shalom!!! 

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