terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Yehuda, uma autoridade com prazo de validade

Por Yochanan ben Avraham

Introdução:
No capítulo 49 de Bereshit (Gênesis), temos um dos trechos mais significativos de todo o Tanach (também conhecido com Velho Testamento), pois nele Ya’akov avinu (Ya’akov nosso pai), inspirado pela Ruach ha Kodesh (Espírito de Santidade), anuncia a seus filhos o que o futuro lhes reservava, ou seja, Ya’akov declarou uma profecia sobre o fim dos dias para todos os seus filhos, os filhos de Israel.

De todas as profecias deste capítulo, uma em especial nos chama a atenção, nos referimos à profecia dirigida a Yehudá. Nesta profecia é notória a proeminência deste sobre os demais, pois é dito no versículo 10 que o cetro não se afastará de Yehudá e nem a legislação de entre seus descendentes. Porém, (e é aí que se inicia uma grande revelação!), este dominar e legislar ao que parece, teria um “prazo de validade”...notemos o final do versículo 10: “...até que venha Shiló, e a ele a reunião de povos seguirá
Chaverim (amigos), é inegável o teor messiânico destas palavras, mas isso não é nenhuma novidade... mas se não é, o que chama a atenção então? O que chama a atenção são os detalhes que, não só a Torá, mas todo o Tanach nos dá sobre este personagem identificado aqui como “Shiló”, vejamos então:


1- QUEM É SHILÓ ?

Primeiramente, vejamos o que Rashi (Rabi Shlomo Yitzchak, comentarista da Torá 1040-1105) disse sobre Bereshit (Gênesis) 49.10:

“Não se afastará o cetro de Yehudá” = De David em diante.

“e os legisladores dentre seus pés” = São os lideres (nassi’im) de eretz (terra) Israel [os nassi’im eram os líderes do sanhedrin (sinédrio) composto por 71 shoftim (juízes)].

“Até que venha Shiló” = É o Rei Messias, que é o Reino.

“A Ele se ajuntarão os povos” = a Ele os ‘gentios’ seguirão.


Podemos ver nitidamente que a midrash de Rashi diz que Shiló é o Mashiach. Segundo o texto de Bereshit, o cetro não se afastaria de Yehudá e nem a legislação dentre seus pés (descendência), até que viesse Shiló.
Rashi diz que isso deve ser contado a partir de David e segundo a história Tzedekiah (Zedequias) descendente de David, filho de Yoshiyahu (Josias), foi o Último rei de Yehudá, mas quando foi levado por Nevuchadenetzar (Nabucodonosor) para a Babilônia como escravo, o cetro foi afastado de Yehudá. Mas a profecia diz que não se afastaria até que viesse Shiló. Depois do retorno dos yehudim (judeus) à Judéia, ainda existia o sanhedrin e esses eram os legisladores da época, e a eles eram levadas as causas de juízo do povo. Até a destruição do segundo Beit Ha Mikdash (Templo) ainda existiam os legisladores, mas com o exílio (gálut/diáspora) do povo, o sanhedrin (sinédrio) deixou de existir. Sendo assim, os legisladores da época foram afastados dentre os pés de Yehudá. Mas isso, só poderia acontecer após a vinda de Shiló (Mashiach)!!! Pois está escrito: “...até que venha Shiló (Mashiach)” então, se o cetro e a legislação foram retirados, onde está Shiló?? Poderíamos responder agora, mas vamos continuar o raciocínio...

Em Yeshayahu (Isaías) 22.20-22 está escrito:

“Naquele mesmo dia chamarei o meu servo Eliakim, filho de Hilkiyahu (Hilquias). Vesti-lo-ei com a tua túnica, cingi-lo-ei com o teu cinto, porei em suas mãos as tuas funções; ele será um pai para os habitantes de Yerushalayim e para a casa de Yehudá. Porei sobre seus ombros a chave da casa de David: quando ele abrir, ninguém fechará; quando ele fechar ninguém abrirá.”

Conforme é instruído em Devarim 17.14 em diante, o rei de Israel receberia a incumbência de legislar a Torá. E no texto de Yeshayahu que acabamos de ler, vimos esta autoridade sendo outorgada a Eliakim. Agora, compare isto com Matitiyahu (Mateus) 16. 18 e 19, e perceba o seguinte: chave de David (do Reino) é sinônimo de autoridade para legislar, ou seja, autoridade para fazer halachá. E esta autoridade que era reconhecida por Yeshua ben Yossef, conforme pode ser verificado em Matitiyahu 5.22, foi entregue a seus talmidim (discípulos)!

A última frase do versículo 10 de Bereshit 49 diz que os ‘goym’ (estrangeiros) iriam seguir a Shiló. Pergunto: “Quem foi certo Judeu, que trouxe uma nova halachá (interpretação/legislação) a Torá e passou a ser seguido por milhares de estrangeiros?? Bem, O cetro já passou de Yehudá a tempos, a legislação também e isso só aconteceria após a chegada de Shiló, será que algum personagem na história preenche estes requisitos?

Vejamos agora Bereshit 49.11 combinado com Zechariyah (Zacarias) 9.9 e leiamos Matitiyahu (Mateus) 21.1-11. Será que isso significa alguma coisa importante?

Compare também Yeshayahu 8.6 com Yochanan 9.7 e perceba que Yehudá rejeitaria o Enviado. Voltando a pergunta feita anteriormente, acrescente mais essa: Que judeu, após pregar a Teshuvá (arrependimento) ao seu povo, foi rejeitado?


2-ROUPA E O MANTO LAVADO NO SANGUE DAS UVAS

Outra característica peculiar de Shiló, está no fato dele ter suas vestes lavadas no vinho (sangue das uvas), no Tanach, mais precisamente no sefer Yeshayahu ha navi (livro de Isaías o profeta) temos outra profecia muito semelhante, vejamos:

“Quem é este que vem de Edom, de Bosra com vestes fulgurantes, que vem majestoso no seu traje, marchando na plenitude do seu vigor? ‘Sou EU, que promovo a justiça, que sou poderoso para salvar’. E por que essa cor vermelha no teu traje? Por que as tuas vestes se parecem com as de alguém que tenha pisado a uva no lagar?” (Yeshayahu 63.1 e 2)

Neste trecho, além de vermos uma nítida associação com Shiló (Mashiach), temos um elemento a mais, pois este que vem como quem pisou uvas no lagar é o próprio YHWH. E na história, apenas uma pessoa teve coragem suficiente para afirmar ser um com o Criador. A beleza das escrituras pode ser admirada mais ainda se compararmos estes textos (Bereshit 49.11; Yeshayahu 63.1,2) com Guilyana (Apocalipse) 19. 11-13.


3- PROFECIA PARA O FIM DOS DIAS

Ya’akov foi bem específico acerca do tempo em que suas palavras iriam se cumprir, no fim dos dias. Então, obviamente, o período seria bem posterior aos seus filhos sendo destinada a muitas gerações após eles. Sendo assim, voltando-nos para o termo “fim dos dias”, podemos encontrar diversas palavras destinadas a esse período revelando acontecimentos que elucidariam muitas questões.

Um dos acontecimentos reservado para o fim dos dias que se encaixa perfeitamente na profecia de Ya’akov em Bereshit 49.10 encontra se no sefer Oshea ha navi (livro de Oséias o Profeta) 3.5, um livro que trata com detalhes a questão da divisão e restauração do Reino de Israel (12 tribos). Houve um período na história de Israel, mais precisamente no ano 921 AEC, que o Reino se dividiu em Yehudá, reino do sul composto por Yehudá e Binyamin (Benjamim) e Israel (ou Efraim), reino do norte composto pelas 10 tribos restantes que seguiram a Yerovan I (Jeroboão I) como pode ser verificado em melachim alef (1º Reis)12.16-19. Estas dez tribos foram assimiladas pelas nações estrangeiras (ver Oshea 7.8), perderam suas características israelitas, seu idioma, sua Fé e etc. E passaram a ser conhecidas historicamente como as ovelhas perdidas da casa de Israel (Efraim). Sendo considerados, inclusive, como goym (estrangeiros). Com isso em mente leiamos Matitiyahu 15.24, (sem perder Bereshit 49.10 de vista!) e façamos as seguintes perguntas:

1ª) Quando Shiló viria?

2ª) Até quando Yehudá dominaria?

3ª) Quem o seguiria ?

4ª) Quando Efraim (multidão de povos) retornaria a YHWH ?

5º) Quem são as ovelhas perdidas da casa de Israel ?

Eis as respostas:

1ª) Shiló viria no fim dos dias

2ª) Até que Shiló chegasse

3ª) Os ‘gentios’

4ª) No final dos dias

5ª) Efraim (10 tribos do norte)

Após este pequeno questionário, espero que possamos perceber que Yeshua é o Shiló anunciado pela Torá, pois é Ele quem recebeu toda autoridade sobre o céu e sobre a terra. Portanto, é à sua halachá (legislação) que devemos nos submeter.

Conclusão:
 Não devemos nos deixar levar pela a halachá de quem já não tem mais autoridade para tal, pois ao negarem o Mashiach, não possuem condição de instruir a ninguém na verdade, pois como disse Yeshayahu o profeta:

“Então YHWH, em um só dia, decepou de Israel cabeça e cauda, palma e junco. (o zaken (ancião) e o dignatário são a cabeça, o profeta que ensina a mentira é a cauda.) Os condutores deste povo o desencaminham; assim os seus conduzidos estão transviados.”(Yeshayahu 9.13-15)

Desde um passado remoto, o Eterno tem advertido o povo a não se desviar de sua Torá, mas aqueles que deveriam instruir na verdade, acrescentaram mandamentos com uma suposta Torá oral, desprezando a própria Torá escrita (Ler D’varim (Deuteronômio) 4.2) sincretizaram mandamentos com costumes pagãos, absorveram o misticismo pagão, adaptaram a Torá escrita às diversas superstições adquiridas nas diversas diásporas. Não é a toa que o Eterno levantou o Yirmeyahu ha navi para dizer:

“Assim disse YHWH:
Parai sobre os vossos caminhos e vede, perguntai sobre as sendas de outrora: qual era o caminho do bem? Caminhai nele! Então alcançareis repouso para vós.” (Yirmeyahu 6.16)

Esta senda de outrora, o caminho do bem pode ser identificada nesta seguinte citação:

Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Matitiyahu 11.28-30).


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O mover da nuvem

Por Yochanan ben Avraham

O período de peregrinação no deserto vivido pelo povo de Israel, além dos inúmeros milagres testemunhados, está repleto de lições para os 'talmidim' (discípulos) de Yeshua para que estes seguissem suas jornadas cientes do percurso que enfrentariam, haja vistas para o fato de que o 'talmid' (discípulo) de Yeshua está enxertado na 'Oliveira' (Israel) conforme lemos em Ruhomayah (Romanos) 11.
Sabedor destas coisas, Sha'ul hash'liach (Paulo o emissário) fez uso desta realidade para orientar as kehilot (congregações) espalhadas pelo mundo de então e, porque não dizer de hoje, como vemos em Curintayah alef (I Coríntios) 10.
Com este mesmo objetivo, tentaremos expor neste pequeno artigo o momento que nós, israelitas do Caminho, estamos vivendo.
Conforme lemos em Bamidbar (Números), vimos que a jornada de Israel seguia o "ritmo" ditado pelo Eterno através do movimento da nuvem (Nm. 9.17), este "ritmo" poderia ser lento (Nm 9. 19) ou acelerado (Nm 9.21). Agora, pensemos um pouco: muitas vezes o povo deve ter chegado aos acampamentos determinados por HaShem, exaustos...mas mesmo assim montavam suas tendas, montavam o mishkan (tabernáculo), tomavam "um fôlego" e aí...a nuvem voltava a se mover! E começava tudo de novo: desmonta tenda, desmonta mishkan e ...vamos em frente!
Trazendo isso para o nosso momento, quantos de nós levantamos nossos "acampamentos" do cristianismo (em todas as suas formas), enfrentamos o calor e a aridez do deserto durante o dia e o frio e a escuridão durante a noite (que podem ser perfeitamente metáforas para as calúnias, perseguições e abandonos que sofremos por iniciarmos nossa Teshuvá (Retorno) ao Eterno e sua Torá). Conduzimos nossos "rebanhos" e nossas "tendas" até o lugar que achávamos seguro (judaísmo rabínico) e, subitamente, a "nuvem" começa a se mover! Então, mesmo que cansados ou feridos, levantamo-nos e recomeçamos nossa jornada... E nesse momento, nos lembramos dos profetas e dos emissários de Yeshua HaMashiach:

"Levantai-vos e ide, pois aqui não é lugar de descanso, por causa da impureza que traz destruição, destruição enorme." (Miqueias 2.10)

"Pois aqui não temos cidade permanente, mas buscamos a que virá." (Ivrit (Hebreus) 13.14)

"Mas nossa pátria está no céu, de onde também aguardamos um Salvador, O Senhor Yeshua HaMashiach."  (Fp. 3.20) 

É bem verdade que, alguns, durante o percurso encontraram "bons acampamentos" (como os rubenitas, gaditas e menashitas e decidiram “ficar por ali mesmo” ,ver Nm. 32), no entanto, mesmo estes não devem ficar de braços cruzados enquanto os seus outros irmãos lutam.
Amados, sei que muitos de nós estamos cansados por causa do árduo caminho percorrido até aqui, mas quero lembrar-lhes a promessa de YHWH nosso Elohim que diz: "...os que esperam em YHWH renovarão suas forças; subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; andarão e não se fatigarão..." (Yeshayahu 40.31)

Chazak !!!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Os Homens e os "uniformes"

Por Yochanan ben Avraham

Alguns anos atrás, ouvi uma preleção de um rabino amigo meu que, na época, não me disse muita coisa, mas hoje o conteúdo do seu discurso emergiu das profundezas de minhas memórias trazendo ao meu entendimento uma compreensão muito peculiar sobre o comportamento de muitas pessoas. Trata-se da fixação de certas pessoas pelo "uniforme". Isso mesmo, o uniforme!! Não estou falando da uniformidade do pensamento, da Fé ou afins, mas da "uniformidade exterior". A mesma roupa, o mesmo jeito de falar, os mesmos trejeitos...

Qual seria a razão desta fixação? Poderiamos supor vários motivos como: o estar inserido socialmente, fazer parte de uma elite qualquer ou simplesmente se destacar entre os demais... Mas existe algo mais sombrio que iremos relatar mais adiante.

Um tipo de "uniforme indireto" é o que conhecemos como 'moda' ou 'fashion'. Todos querem estar na 'moda' ou ser 'fashion' não é verdade ?? E por conta disso, quantos pais não tiveram que fazer verdadeiras 'ginásticas' porque seus filhos (principalmente os adolescentes) 'exigiram' aquela calça, aquele tênis, aquele celular e etc. O que poucos atentam é que , ao se "uniformizar", as pessoas estão na verdade se "camuflando" e não se "transformando"!! Explico: No âmbito religioso (principal foco desta reflexão) é comum pessoas almejarem um reconhecimento de sua mudança de vida, para sua aceitação no grupo. Fazer parte de alguma coisa, muitas vezes ultrapassa o sentido maior de uma conversão (e porque não dizer Teshuvá) que é ser uma nova criatura. Leiamos Efésios 4.17-32:

"E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente.
Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Elohim pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração;
Os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza.
Mas vós não aprendestes assim a Mashiach,
Se é que o tendes ouvido, e nele fostes ensinados, como está a verdade em Yeshua;
Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano;
E vos renoveis no espírito da vossa mente;
E vos revistais do novo homem, que segundo Elohim é criado em verdadeira justiça e santidade.
Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros.
Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.
Não deis lugar ao diabo.
Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade.
Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem.
E não entristeçais a Ruach ha Elohim, no qual estais selados para o dia da redenção.Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós,
Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Elohim vos perdoou no Mashiach.”

E ainda Gálatas 6. 12-16:

"Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa do madeiro do Mashiach.
Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne.
Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser no madeiro de nosso Senhor Yeshua HaMashiach, pela qual o mundo está executado para mim e eu para o mundo.
Porque a circuncisão e a incircuncisão não são nada sem uma nova criação.
E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Elohim."

A uniformização exterior, permite que muitas pessoas que ainda não estão libertas, se "escondam" por traz das gravatas, dos paletós, dos talitot, das longas barbas, dos vestidos longos, dos véus e etc. aliás, esconder suas "vergonhas" é uma tendência muito comum nos homens desde os primórdios... leiamos Gênesis 3.8-10:

“E ouviram a voz do YHWH Elohim, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do YHWH Elohim, entre as árvores do jardim.
E chamou o YHWH Elohim a Adão, e disse-lhe: Onde estás?
E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.”

E também Lucas 19. 45-48:

E, entrando no templo, começou a expulsar todos os que nele vendiam e compravam,
Dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa é casa de oração; mas vós fizestes dela covil (esconderijo) de salteadores.
E todos os dias ensinava no templo; mas os principais dos sacerdotes, e os escribas, e os principais do povo procuravam matá-lo.

Como o profeta Yoel anunciou, nós devemos é rasgar o nosso coração e não apenas nossas vestes (Yoel 2.13) ou seja, não devemos ter uma Teshuvá de aparência, até porque isso não existe. Façamos o que diz a Torá:

"Agora, pois, ó Israel, que é que YHWH teu Elohim pede de ti, senão que temas a YHWH teu Elohim, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas a YHWH teu Elohim com todo o teu coração e com toda a tua alma,
Que guardes os mandamentos de YHWH, e os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem?
Eis que os céus e os céus dos céus são de YHWH teu Elohim, a terra e tudo o que nela há.Tão-somente YHWH se agradou de teus pais para os amar; e a vós, descendência deles, escolheu, depois deles, de todos os povos como neste dia se vê.
Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz.” (D’varim 10. 12 – 16)




sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Autoridade Haláchica

Adaptado por Yochanan ben Avraham                 

INTRODUÇÃO:
                        Desde que iniciamos nossa ‘Teshuvá’, algumas palavras passaram a fazer parte do nosso cotidiano. A própria palavra ‘Teshuvá’, por exemplo, é uma delas e o seu significado indica arrependimento no idioma hebraico. Outra palavra que passamos a conhecer foi ‘Halachá’. ‘Halachá’ significa: ‘ modo de caminhar’, ‘caminhar a pé’ ou simplesmente caminhar. Este termo é utilizado para indicar as interpretações da Torá, ou seja, tem a finalidade de mostrar como cumprir os mandamentos (mitzvot) contidos nEla, nos dá a idéia de ‘como caminhar na Torá’.
                         Antes de qualquer coisa, é necessário entendermos que na Torá escrita alguns aspectos são vagos e que algumas situações que podemos enfrentar, sequer são mencionadas na Torá. Vemos um exemplo disso nos casos do Pessach sheni (segundo Pessach) Bamidbar (Números) 9.6-14 e das filhas de Tselafchad Bamidbar 27.1-11. Em ambas situações, não havia na Torá escrita uma determinação específica para os casos, sendo necessário haver uma deliberação para se saber o que fazer. Notemos que as pessoas que apelaram a Moshé, de certa forma, se sentiram ‘injustiçadas’.
                           Diante destas coisas, surge a pergunta: “quem tem autoridade para fazer estas deliberações?” A própria Torá nos responde, (ver Shemot (Êxodo) 18.13-26 e Devarim (Deuteronômio) 16.18 e 17.8-13).

SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DOS TRIBUNAIS.
                            Após lermos os textos indicados, podemos perceber que estes tribunais passaram por uma espécie de ‘evolução’, pois de Shemot (Êxodo) 18.22 até Devarim (Deuteronômio) 1.17, passando por Bamidbar (Números) 11.16-17, isto é bem visível. Os decretos destes zakanim (anciãos), foram adicionados ao que ficou conhecido como “Lei Oral”. Na verdade, existem dois tipos de “lei Oral” e eles são muito diferentes um do outro, mas isso é assunto para outro estudo em outra ocasião...
                              A semichá (autoridade) haláchica, segundo o que a Torá deixa transparecer em Devarim 17.14-20, seria passada ao Rei. De fato, vemos isto acontecer explicitamente em Melachim alef (1º Reis) 3.16-28 e confirmado em Yeshayahu (Isaías) 22.21-22.
                               Com o cativeiro, tanto a monarquia quanto o Beit Din (Casa de juízo/tribunal) “desapareceram”. No retorno do cativeiro, Ezra (Esdras) restabeleceu o Beit Din (Ezra 7.25) e tomou uma série de decisões “haláchicas” e ficou conhecido como “A grande Assembléia”.
                                Com o passar do tempo, o judaísmo se fragmentou em várias seitas, sendo as principais os p’rushim (farizeus), os ts’dukim (saduceus) e os assaim (essênios). Cada uma destas seitas tinha suas próprias características, os ts’dukim (que não criam na ressurreição), por exemplo, acusavam os p’rushim de fazerem acréscimos a Torá, conforme relata Flávio Josefo: “o que eu agora explico é isto, que os p’rushim têm conduzido as pessoas a um grande número de observâncias pela sucessão de seus pais, que não estão escritas na Torá de Moshé; e por esta razão os ts’dukim os rejeitam e dizem que nós devemos considerar apenas as observâncias que são obrigatórias, as quais estão na palavra escrita, mas não devemos observar as que se derivam da tradição (takanot) de nossos pais.” (Antiguidades 13.10:6).

                       Os p’rushim, por sua vez, acusavam os ts’dukim de terem se corrompido e a “Grande Assembléia” de ter se tornado um instrumento político de Roma.
                        Os Assaim, não rejeitam o conceito de “Lei Oral” como os ts’dukim, mas não tinham um conjunto alternativo de tais tradições conforme escrito nos rolos do mar morto. Em muitos documentos pode ser percebida a diferença de suas interpretações em relação à Mishná. Resumindo, Os assaim não rejeitavam a “Lei Oral”, mas tinha sua própria compreensão dela.

OS OBJETIVOS DA HALACHÁ.
                         Ao lermos Shemot 18.13-26 e refletirmos no seu conteúdo, entendemos que o objetivo da halachá é ‘facilitar o cumprimento das mitzvot’ e não dificultar! Cientes disso, vejam o que Malachi (Malaquias) 2.8-9 diz:”Mas vós vos afastastes do caminho, fizeste tropeçar a muitos pelo ensinamento; destruíste a aliança com Levi, disse YHWH Ts’va’ot. Eu também vos tornei desprezíveis e vis a todo o povo, do mesmo modo como vós não guardastes o meu caminho e fizestes acepção de pessoas no ensinamento.” Combinando este texto com Lucas 17.2, entendemos melhor o que Yeshua queria dizer.

OS TRIBUNAIS NO TEMPO DE YESHUA.
                         No primeiro século, havia três sanhedrin (tribunal máximo), os do ts’dukim, que era influenciado por Roma, o dos p’rushim e o dos assaim, este último se isolou do restante de Israel se estabelecendo no deserto em comunidades (semelhantes a ‘mosteiros’) sendo a de Qumram a mais conhecida, a quem se credita a autoria dos escritos do mar morto.
                           Diante desta fragmentação, somente um descendente de David, poderia resgatar o trono de YHWH e estabelecer a verdadeira halachá.

O VERDADEIRO SANHEDRIN.
                             Considerando os fundamentos que a Torá determina em Devarim 16.18-19 e comparando com Matitiyahu 28.12-15; Marcus 14.10-11; Lucas 22.1-6 e Yochanan 18.28-38, podemos dizer que estes tribunais tinham condições de exercer suas obrigações? Acredito que somos unânimes em dizer NÃO!!
                              Recordando o que é dito em Yeshayahu (Isaías) 22.21-22, e entendendo que autoridade haláchica foi chamada de “a chave da casa de David”, vejamos quem a possuía. Primeiramente notemos o que o Mashiach disse: “...quem disser a seu irmão: raka, será responsável perante o sanhedrin (Matitiyahu 5.22.)” Vemos, portanto,aqui que até mesmo Yeshua reconhecia a autoridade do sanhedrin).
                               Leiamos também Matitiyahu 23.2: “os escribas e p’rushim estão assentados na cadeira de Moshé”. Com isso, podemos saber que eram os p’rushim os que possuíam as “chaves do Reino” pois o próprio Yeshua afirma isso como podemos observar em Lucas 11.52 e Matitiyahu 23.13. No entanto, é possível dizer que eles, os p’rushim, perderam esta autoridade.
                               A perda da semichá (autoridade) dos p’rushim, se deu por conta da hipocrisia em que viviam, a qual foi denunciada por Yeshua como é descrito em Matitiyahu 23, tal hipocrisia frequentemente trazia muito “trabalho” a Yeshua. O próprio Talmud diz: “Não temais os p’rushim e os não p’rushim, mas os hipócritas, porque suas ações são de Zimri, mas esperam uma recompensa como a de Pin’chas” (B.Sotah 22b). O Tanach (VT) também nos diz:”...Um hipócrita não virá perante Ele” (Yov 13.16).
                         Em Bamidbar 11.16-17, esta escrito que os zakanim (anciãos) devem ter a Ruach HaKodesh sobre eles, mas se forem hipócritas não podem receber a Shechinah! Logo, não servem como shoftim (juízes)...compare isto com Yov 15.34 (Bíblia Thompson). Desta forma, fica fácil compreendermos o que Yeshua queria dizer quando afirmou que daria as “chaves do Reino” a Kefá (Pedro) e seus talmidim (discípulos), ou seja, Yeshua estava dizendo quem é que teria semichá para fazer halachá! Vejamos Matitiyahu 16.18-19 e tiremos as devidas conclusões...(OBS. No aramaico ligar da o sentido de ‘proibir’, enquanto desligar o de ‘permitir’.)
                        Yeshua reconhecia que os p’rushim tinham a autoridade haláchica, mas nos leva a entender que estes haviam perdido não só por causa da hipocrisia, mas também por rejeitarem a oferta do Reino Unido e se recusarem a “ajudar” o Mashiach a abrir o Reino Messiânico.
                         O Próprio Yeshua, como Rei, obviamente possuía a “Chave de David” (Autoridade Haláchica) e como vimos em Matitiyahu 16.18-19, Ele as daria a seus talmidim. Este texto, por sua vez, é melhor compreendido quando comparado com Matitiyahu 18.15-20, onde se diz respeito ao direito das testemunhas, que nada mais é do que uma citação de Devarim 19.15 e se refere ao estabelecimento de quem tem o poder de proibir (ligar) e permitir (desligar). Quando Matitiyahu 18.16 cita Devarim 19.15, é claro que esta se referindo ao estabelecimento de um tribunal de juízes/sacerdotes que atuassem nestes dias conforme Devarim 17.9-13. Esta autoridade pode ser comprovada em Ma’assei há Sh’lichim (Atos) 15 (de maneira mais clara) e subentendida em Ma’assei há sh’lichim (Atos) 1.15-26 e 6.1-6.
                           Isto significa que como talmidim de Yeshua, quando estivermos diante de uma situação que a Torá não é clara quanto ao procedimento, devemos recorrer às deliberações dos Sh’lichim (emissários) de Yeshua que estão, em sua maioria, na Brit Chadashá. É por isso que Sha’ul (Paulo) há Sh’liach disse em curintayah alef (I Coríntios) 14.37:”...reconheça que as coisas que vos escrevo são mitzvot do Eterno”.
                           Como “filhos da Luz”, “Nazarenos” ou “Do Caminho” não devemos nos prender a um “jugo desigual” com os incrédulos (judaísmo rabínico p’rushim) é preciso sair do meio deles e sermos separados (Curintayah beit 6.14-16 e Yeshayahu 52.7-12). Não devemos nos voltar para a “sabedoria” do “judaísmo rabínico” dos últimos dois mil anos e simplesmente aceitarmos todas as halachot rabínicas, mas devemos nos voltar para aquilo que o Mashiach e seus talmidim de maneira clara e definitiva estabeleceram. Por isso o Tanach já nos advertia, como podemos ver em Yirmeyahu 8.7-12 e Yeshayahu 8.11-20, pois ele questiona a tal “sabedoria” (compare isto com Yochanan 3.1-10).
                             Quando lemos Yochanan 1.1-14 combinado com Guilyana 19.11-14, vemos que estes “sábios” não conheceram a palavra de YHWH.

TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DA AUTORIDADE HALÁCHICA DOS TALMIDIM DE YESHUA.
                              Existem alguns fragmentos de um antigo comentário Nazareno, datado no Século IV sobre Yeshayahu, que deixa claro que estes não andavam segundo a halachá p’rush (rabínica). Veja o que é dito sobre Yeshayahu 8.14: “Os Nazarenos explicam que as duas casas aqui, são as casas de Shammai e Hillel, das quais originaram os escribas e os p’rushim dispersos, que contaminaram os preceitos da Torá com tradições e Mishná. Essas duas casas não aceitaram o Salvador”. E ainda sobre os passukim (versículos) 20 e 21 do mesmo capítulo de Yeshayahu: “Quando os escribas e p’rushim dizer-lhes para os ouvirem, respondam assim: ‘não é estranho que vocês sigam suas próprias tradições, pois cada tribo consulta seu próprio ídolo. Nós portanto, não devemos consultar os seus “sábios” mortos sobre a vida”. Assim fica bem claro que os Nazarenos (ou seja qual for o nome que queiram dar) antigos rejeitavam a halachá p’rush, que é a vertente judaica que deu origem ao judaísmo ortodoxo.
                         Outro argumento histórico encontra-se na Peshitta Nasrani da Igreja Nestoriana. Nela foi preservada uma obra atribuída a Ya’akov ha Tsadik que fala um pouco acerca da função do Beit Din: “A função deles (Sanhedrin Nazareno) é dar exemplo na observância da Torá, na verdade, na retidão, na justiça, no exercício da caridade e da humildade entre os homens; para mostrar como, pelo controle do yetser hará e pela contrição do espírito, a fidelidade pode ser mantida na terra; e como, pela ativa realização da justiça e passiva submissão às provas de punição, a violação da Torá pode ser eliminada; e como todos os homens na qualidade da justiça e com conduta apropriada em toda ocasião.” (Sefer B’nei Or 21.3)
                       
                      “Somente o Beit Knesset, ou aqueles a quem eles apontarem, terão em todas as questões judiciais e de provisões, e pelo voto deles os membros das diversas lideranças da comunidade serão determinados.” (Sefer B’nei Or 23.9)

                   “Todo aquele que deseja se juntar a kehilá deve se comprometer a respeitar a Elohim e ao homem; a viver conforme a halachá da kehilá.” (Sefer B’nei Or 1.1-2)

                   “A Torá e a Halachá devem ser únicas para todos os membros da comunidade.” (Sefer B’nei Or 21.16)

                   
                      Outro documento interessante é o seguinte comentário de Jerônimo sobre Yeshayahu 9.1-4: “Os nazarenos, cuja opinião coloquei acima, tentam explicar esta passagem da seguinte forma: ‘Quando o Messias veio e sua proclamação brilhou, a terra de Zebulon e Naftali primeiro de todos foram libertas dos erros dos escribas e dos p’rushim e Ele removeu de seus ombros o pesadíssimo jugo das tradições judaicas. Depois, contudo a proclamação se tornou mais dominante, o que significa que a proclamação se multiplicou através das boas novas do emissário Sha’ul (Paulo) que foi o último dos emissários. E as boas novas do Messias brilharam para as tribos mais distantes e pelo caminho de todo o mar. Finalmente todo o mundo que anteriormente andava ou se assentava nas trevas e era aprisionado pelas amarras da idolatria e da morte, viu a clara Luz das boas novas.”

CONCLUSÃO:
                       Conforme Sha’ul ha Sh’liach já dizia: “há muitos tipos de vozes no mundo...(curintayah alef 14.10), podemos dizer que corremos o risco de sermos confundidos devido às diversas halachot existentes. Porém, todo aquele que crê em YHWH não será confundido (Ruhomayah 9.33/Yeshayahu 49.23).
                        Se cremos que Yeshua é o Mashiach e que Ele deu “As chaves de David (Reino)” aos seus talmidim, não devemos colocar suas deliberações em segundo plano, ou seja, colocar a Brit Chadashá abaixo de tratados de rabinos incrédulos. Devemos seguir a Halachá (o caminhar) de Yeshua, pois é sob suas pisaduras que somos sarados (Yeshayahu 53.5).
                           
 
                               

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Caindo da Graça???

Shalom Chaverim (amigos)!

                            Em D’varim (Deuteronômio) 7.12, encontramos algo importantíssimo para nossa reflexão. Um fato que é pertinente a todos que estão fazendo Teshuvá (Retorno ao Eterno e sua Torá), pois frequentemente somos "acusados" de termos "caído da Graça do Senhor" por voltarmos a observar a Lei (Torá).
                  Temos ali, em D'varim, a seguinte declaração: "Se apenas tu ouvires a essas leis, preservando-as e guardando-as, então YHWH, teu Senhor, guardará para ti a aliança e amor com os quais Ele fez um juramento aos teus pais." (D'varim 7.12.Versão da Torá viva de Kaplan).
                   Se recorrermos ao texto original, veremos que a palavra hebraica utilizada para amor é “chessed”, que por sua vez também é traduzida como “Graça”. Logo, o que temos aqui? Temos uma explicação do que significa estar na Graça de Elohim (ou não)! Ou seja, se guardamos a sua Lei, estamos na Sua Graça, se não guardarmos... caímos dela!
                  Portanto, a acusação que "pesa" sobre nós de termos caído da graça,além de não ser verdadeira é ignorante! Pois, infelizmente, os que nos acusam são os que realmente caíram porque negam a Torá...
                  Agora compare isso com o que diz Yehudá (Judas) Passuk (versículo) 4: "Pois, certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a Graça de nosso Elohim, e negam o nosso único Soberano e Senhor Yeshua HaMashiach."
                  Em outras palavras, o que é dito por Yehudá (Judas) é o seguinte: Pessoas irão se infiltrar em nosso meio dizendo que agora, estamos na graça, por isso não precisamos mais de todo o “peso” da Lei... Você por acaso já ouviu coisa semelhante?
                   Outro fato que precisa ser esclarecido, é a idéia equivocada de que a Graça (como grande bondade do Eterno), só passou a vigorar a partir de Yeshua, pois na realidade, a Graça de Elohim, já era vivida desde o chamado Antigo testamento, ocorrendo 321 citações nesta parte da Bíblia, enquanto no chamado Novo Testamento, ocorre 283 vezes, isto significa que a própria Lei (Torá) é uma expressão da Graça de Adonay, e não apenas isso mas que sempre estivemos debaixo da Graça e nunca debaixo da Lei !! Por Isso Rav. Sha'ul ha Sh'liach (Paulo o emissário) precisou advertir os talmidim (discípulos) Gálatas, sobre uma salvação por obras...
                 Como podemos observar, o desconhecimento do que é Graça e do que é Lei, é antiga. Os Sh'lichim (emissários) frequentemente estavam alertando aos Talmidim (discípulos) contra pensamentos e ensinamentos que não discernian estas coisas.
                 Que o Eterno possa nos conduzir a uma Teshuvá plena, sustentando-nos em sua maravilhosa Graça.

Yochanan ben Avraham

domingo, 17 de outubro de 2010

Um breve relato de nossas origens...

“Isto, porém, confesso-te: é segundo o Caminho, a quem chamam de seita, que eu sirvo ao Elohim de meus pais, crendo em tudo o que está conforme a Torá e se encontra escrito nos profetas”. Atos 24.14.

Prezado leitor,
O texto acima é parte do discurso que “Sha’ul ha Sh’1iach” (Paulo, o apóstolo) pronunciou em sua defesa perante Félix, governador da Judéia entre os anos 52 e 60 d.C.
É importante ressaltar, que neste pequeno trecho, Sha’ul (Paulo) deixa informações importantes sobre como era a crença primitiva, ou seja, os primeiros discípulos de Yeshua ha Mashiach, tinham sua fé pautada naquilo que a Torá e os profetas diziam. De fato, isto esta registrado na história como pode ser verificado na obra de Epifânio conhecida como Panarion:
“Mas estes sectários...não se chamavam de cristãos, mas de nazarenos... contudo, são simplesmente judeus completos...Eles não possuem diferentes idéias, mas confessam tudo exatamente como a Torá descreve e na forma judaica, exceto, porém, por sua crença no messias (Yeshua). Pois eles reconhecem tanto a ressureição dos mortos quanto a criação divina de todas as coisas, e declaram que Elohim é um, e que seu filho é Yeshua o Messias, eles são bem treinados no hebraico, pois dentre eles a Torá inteira, os Nevi’m (profetas) e...os ketuvim (escritos)... são lidos em hebraico...
Eles são diferentes dos judeus, e diferentes dos cristãos, apenas no seguinte: Eles discordam dos judeus porque chegaram a fé; mas eles ainda estão na Torá, circuncisão, o shabat, e o restante. Eles não estão de acordo com os cristãos...eles não são nada mais do que judeus...Eles possuem as boas novas de acordo com Matitiyahu (Mateus) completamente em hebraico”...tal qual foram escritas originariamente”
Estas declarações bíblicas e históricas são muito relevantes, pois  a fé declarada pelos discípulos primitivos, seria abandonada conforme podemos constatar em ITm 4.1: “ O Espírito diz expressamente que nos últimos tempos alguns renegarão a fé dando atenção a espíritos sedutores e a doutrinas demoníacas por causa da hipocrisia dos mentirosos, que tem a própria consciência como que marcada por ferro quente.”
Portanto quando vemos pessoas guardando o sábado, observando as leis alimentares, celebrando as festas bíblicas, circuncizando-se e observando os demais preceitos da Torá, nada mais é do que um retorno a verdadeira e única fé, pois foi o próprio Messias que disse: “Não penseis que vim revogar a lei e os profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será omitido nem um só i, uma só vírgula da lei sem que tudo seja realizado.” (MT 5.17 e 18.)

OBS. Os textos são da nova edição revista da Bíblia de Jerusalém

Yochanan ben Avraham