sexta-feira, 26 de abril de 2013

Sedrá para o Shabat de 27/04/13 (Bamidbar 13 e 14)


Por Yochanan ben Avraham

Introdução

Neste Shabat estaremos estudando um relato muito significativo para o povo hebreu, se trata da ordem do Eterno a Moshe para que se enviassem espias à terra prometida, kena’an. Cada tribo israelita deveria estar representada por seus respectivos príncipes. Contudo, muitos comentaristas da Torah afirmam que, na verdade,  a idéia de se enviar espias partiu do povo e que a palavra do Eterno era um consentimento, tanto é assim que, segundo tais comentaristas, o texto diz: “Envia para ti...” pois isso não partiu do Eterno, porque ele não precisaria reconhecer o que já havia determinado para o povo.

Desconfiando da Promessa?

Se os comentaristas estão corretos em suas suposições, vemos quanto o Eterno é compassivo para com seu povo, pois ao permitir que Israel enviasse espias para observar Kena’na (Canaã), Ele estava compreendendo a ansiedade do povo e até mesmo sua falta de confiança em relação às promessas do Altíssimo. Contudo, no decorrer desta sedrá, vemos que quando nossas ações são movidas pela ansiedade, o resultado dificilmente será bom.
De fato, quando os espias chegaram a terra, comprovaram a veracidade das palavras de Elohim. Assim, podemos tirar uma grande lição: A palavra do Eterno não muda, ela sempre será confirmada, o problema é a perspectiva de quem a observa. No caso em questão, doze homens, não homens comuns... Mas príncipes, líderes das tribos israelitas, que apesar de estarem todos diante da mesma terra - Kena’an, perspectivas diferentes foram transmitidas ao povo, logo, surge uma contradição que impede a formação de um relatório confiável. Tal situação demonstra que foi o interior dos espias que determinou a impressão que tiveram, provavelmente estavam baseando-se em suas capacidades, esquecendo-se de que tudo que alcançaram até ali foi pelo braço forte de HaShem! Sobre tal pensamento arrogante, somos advertidos da seguinte forma:

“Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!” (Yermiyahu/Jeremias 17.5)

Dez, dos doze príncipes, não perceberam que ao difamar a terra que haviam espiado, estavam descredibilizando a promessa de Elohim! E por serem homens influentes na nação, contaminaram todo o povo, além disso, a obstinação em seus conceitos, fez com que “sufocassem” a voz de Kalev, que tentava trazer o povo de volta a confiança para que este não viesse a incorrer no mesmo erro de seus líderes.
Neste episódio o conflito entre o material e o espiritual mais uma vez é demonstrado em cores vivas, e a perspectiva materialista dos fatos geralmente nos afasta dos propósitos do Eterno.
No caso dos espias, a incredulidade estava disfarçada de “razão”, não estou sugerindo que devemos ter uma vida irresponsável e inconseqüente, que faz qualquer coisa achando que o Eterno irá respaldar sua aventura, mas que devemos sempre trazer em mente as obras e a fidelidade do Eterno para com seu povo, como diz o sefer Ecrá (Livro de Lamentações) 3.21-26:

    “Disto me recordarei na minha mente; por isso esperarei.
As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;
Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.
A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto esperarei nele.
Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca.
Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR.”

O Valor da verdadeira espiritualidade

Percebemos também neste relato que liderança não é sinônimo de espiritualidade, se tomarmos em conta o percentual dos líderes que tiveram uma “visão espiritual” da situação e que se mantiveram fieis as palavras de Adonai, veremos que pouco mais de 10% foram aprovados... Imaginem se isso for uma regra e que isto se aplica atualmente? A verdadeira espiritualidade é aquela oriunda da meditação e prática da Torah, do contrário, o que estamos desenvolvendo nada mais é que “ficção mística”. Um texto da Brit Chadashah (chamado de Novo Testamento, independente de ser considerada inspirada ou não, ou se tratar de uma inserção posterior) ilustra bem qual deve ser nossa postura no “olam hazé” (tempo presente/mundo atual):

“Temos, portanto sempre bom ânimo e sabemos que, enquanto estamos presentes no corpo, estamos ausentes do Senhor
(porque andamos por fé e não por visão)” (Curintayh beit/2 Coríntios 5.6-7)

Quem herdará a terra da promessa?

Depois de toda murmuração do povo, reação de Yehoshua e Kalev, repreensão do Eterno e intermediação de Moshe que permeiam os capítulos 13 e 14. Temos uma sentença muito marcante dada pelo Eterno:

“Porém, tão certamente como eu vivo, e como a glória do SENHOR encherá toda a terra. E que todos os homens que viram a minha glória e os meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e me tentaram estas dez vezes, e não obedeceram à minha voz,
Não verão a terra de que a seus pais jurei, e nenhum daqueles que me provocaram a verá. Porém o meu servo Calebe, porquanto nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me, eu o levarei à terra em que entrou, e a sua descendência a possuirá em herança.” (Bamidbar/Números 14.21-24)

E também:
Neste deserto cairão os vossos cadáveres, como também todos os que de vós foram contados segundo toda a vossa conta, de vinte anos para cima, os que dentre vós contra mim murmurastes;
Não entrareis na terra, pela qual levantei a minha mão que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. (Bamidbar/Números 14.29-30)

De toda aquela geração, dos vinte anos para cima, somente Yehoshua (Josué) e Kalev (Caleb) adentraram a terra prometida, este fato sugere alguns símbolos e sinais muito interessantes para nossa reflexão, vamos a eles:
Lembrando que para os hebreus os nomes não são apenas substantivos próprios, os nomes de Yehoshua e Kalev podem estar revelando quem irá adentrar “eretz Israel” (terra de Israel) no “Olam habá” (mundo vindouro)! Vejamos o porque:
Yehoshua recebeu este nome de Moshe, pois anteriormente ele se chamava “Oshea” (Ver. Nm.14.16). Anteriormente, seu nome - Hoshea, significava ‘salvação’. Ao ser mudado para “Yehoshua” agora significava ‘Salvação de YHWH’. Obviamente uma mensagem estava sendo transmitida, mensagem esta que é transmitida ao longo de todo o Tanach, como vemos, por exemplo, nos Tehilim (Salmos) abaixo:

“A salvação vem do SENHOR; sobre o teu povo seja a tua bênção. (Selá.)” (Tehilim/Salmos 3.8)

“Mas a salvação dos justos vem do SENHOR; ele é a sua fortaleza no tempo da angústia.” (Tehilim/Salmos 37.39)

A mensagem é clara: “Ninguém pode salvar além de YHWH”!

Kalev por sua vez, não teve seu nome mudado, contudo, o significado de seu nome reverbera um dos princípios básicos de como devemos servir ao Eterno. Kalev que no hebraico, é uma palavra composta - algo muito comum do hebraico antigo. Assim, a sua origem pode ser decomposta em dois termos: "Kol", que significa "tudo" ou "todo"; e "Lev", que significa "coração". Daqui extrai-se que "Kalev", no seu sentido mais remoto e profundo, significa "de todo o coração".
Quando recitamos o Sh’ma, declaramos na parte final: “v’ahavta et YHWH elohecha b’chol levav’cha...” (E amarás o YHWH teu elohim de todo o teu coração...).

Considerando o significado dos nomes destes homens teremos a seguinte mensagem: “O SENHOR salvará aqueles que O servem de todo o coração”. São estes os que herdarão a terra prometida.

Outro aspecto interessante pode ser observado a partir do nome de Kalev. As letras que compõe este nome  כלב (kuf, lamed e beit), formam a raiz da palavra kelev (cão), que é escrita da mesma forma mudando apenas os sinais massoréticos. Kelev ocorre 32 vezes no Tanach sempre indicando algo negativo como desprezo ostensivo e coisas do gênero. Na Brit Chadashá (conhecido como Novo Testamento), temos um episódio interessante que se considerarmos o termo kelev, podemos aprender mais uma lição sobre a bondade e misericórdia do Eterno:

“Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos.
E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Yeshua, e disse-lhe: O mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde àquela hora a sua filha ficou sã.” (Matitiyahu/Mateus 15.26-28)

A mensagem aqui é a seguinte: Até mesmo o mais desprezível dos homens, quando se arrepende, se humilha e reconhece que é de YHWH que vem a salvação, ele pode alcançar a graça de HaShem. Aquela mulher sendo estrangeira, foi a Yeshua ben Yosef, ha notsri, que anunciava a Torah do Eterno a seus irmãos yehudim (judeus) e demonstra toda sua confiança em conseguir sua audiência. Uma bela demonstração do que Yeshayahu ha navi (Isaías o profeta) anunciou:

 “E não fale o filho do estrangeiro, que se houver unido ao SENHOR, dizendo: Certamente o SENHOR me separará do seu povo; nem tampouco diga o eunuco: Eis que sou uma árvore seca.
Porque assim diz o SENHOR a respeito dos eunucos, que guardam os meus sábados, e escolhem aquilo em que eu me agrado, e abraçam a minha aliança:
Também lhes darei na minha casa e dentro dos meus muros um lugar e um nome, melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará.
E aos filhos dos estrangeiros, que se unirem ao SENHOR, para o servirem, e para amarem o nome do SENHOR, e para serem seus servos, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem a minha aliança,
Também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.”  (Yeshayahu/Isaías 56.3-7)

Finalmente, outro sinal pode ser detectado através da vida de Yehoshua e Kalev. Cada um deles representava suas tribos, respectivamente Efraim e Yehudah (Judá). Ao estudarmos a história de Israel, veremos que em 921 a.C, (ver Melachim alef/ I reis caps. 12 e 13) ocorreu uma divisão no reino, transformando-o em “duas casas” que passaram a ser conhecidas como Reino de Yehudah (ou Reino do Sul composto pelas tribos de Judá e Benjamim)) e Reino de Israel (Reino do Norte, ou ainda, Efraim composto pelas dez tribos restantes). É interessante quando comparamos a entrada de Kalev (Yehuda /Reino do Sul) e Yehoshua (Efraim/Israel/Reino do Norte) com a literatura apocalíptica dos primeiros quatro séculos como Guilyana, por exemplo:

 “Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.
Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.”  (Guilyana/Apocalipse 22.14-15)

É importante dizer que segundo este livro, a cidade têm sobre as portas os nomes das tribos de Israel! E tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel(Guilyana/Apocalipse 21.12). Ou seja, mais uma vez vemos quem são os herdeiros das promessas de Elohim, aqueles que se mantiverem fieis aos seus mandamentos, sua Lei... Enfim, sua Torah.

Shabat Shalom!!!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Sedrá para o Shabat de 20/04/13 (Bamidbar 12)


Por Yochanan ben Avraham

Introdução.

A sedra deste Shabat relata um grave episódio ocorrido no deserto durante a peregrinação do povo hebreu, nos referimos ao pecado de Miriam e Aharon contra Moshê. Neste perek (capítulo), podemos ver claramente o quão prejudicial é a maledicência, cujo termo hebraico é “lashon hará”.
A lashon hará é tão destrutiva que não atinge apenas quem fala, mas também de quem se fala e aquele que ouve... Uma verdadeira arma!

Miriam e seu pecado

 Antes de examinarmos o pecado propriamente dito, vamos verificar quem foi Miriam para entendermos o impacto de seu ato na comunidade. Verifiquemos o que a Torah diz sobre ela:

“Então Miriam, a profetiza, a irmã de Arão, tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças.” 
                                                                              (Shemot/Êxodo 15.20)

É nítida a proeminência de Miriam sobre o povo, e sua influência, inegável. Portanto, compreende-se o rigor com que O Eterno tratou a situação, percebe-se também algo muito interessante durante a repreensão aplicada a Miriam e Aharon, vejamos:

“Então o SENHOR desceu na coluna de nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou a Arão e a Miriã e ambos saíram.
E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele.
Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa.
Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do SENHOR; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?”
                                                                                                                   (Bamidbar/Números 12.5-8)

Se Miriam era uma profetiza, conforme vimos anteriormente, e se Moshe se identifica como profeta (D’varim/Deuteronômio 34.10), fica comprovado a humildade de Moshe citada no passuk 3 da sedrá, pois pelo que observamos nas palavras de YHWH, Moshe era mais que profeta! No entanto se apresentava simplesmente como um profeta. Esta atitude de Moshe é uma grande lição para todos nós, por isso o chamamos de “Rabenu” (Nosso professor).

Voltando à Miriam, é preciso entender que a palavra dita é uma manifestação do que esta no coração de quem a pronuncia, “... Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.”(Yeshua ben Yosef, ha natsri).  O teor das palavras de Miriam revelou que seu interior estava doente, consequentemente a doença que se manifestou em sua pele- “Tsaraat” (que foi traduzida como lepra, mas que na verdade não se pode afirmar o que era de fato), tinha origem espiritual.

Língua. Uma ponte que liga o mundo espiritual ao mundo físico.

O vocábulo hebraico “Lashon” (Língua) ocorre 117 vezes no Tanach. E em poucas passagens tem sentido físico, a grande maioria destas ocorrências está focalizada no mau uso da língua. Não é à toa que Sh’lomo hamelech (o rei Salomão) disse:

“A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto.”
                                                                                                                          (Mishlei/Provérbios 18.21)

Sob este ponto de vista, podemos entender porque a epístola atribuída a Ya’akov ha tsadik (Tiago o justo), considerou o homem que refreia sua língua como alguém perfeito. Este documento, datado entre o final do primeiro século e início do segundo, diz o seguinte:

“Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo. Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo.”
                                                                                             (Ya’akov/Tiago 3.2-3)

A fraqueza de Aharon.

Não foi apenas Miriam que errou. Aharon, seu irmão, também cometeu uma grande falha, pois algo recorrente aconteceu... Mais uma vez ele se deixou influenciar por outros da mesma forma como ocorreu no episódio do “egel zahav” (bezerro de ouro) conforme descrito em Shemot/Êxodo 32.1 e 2.
Portanto, é necessário permanecermos firmes nos ensinamentos de HaShem e não nos deixarmos levar pela pressão externa, seja quem for, tenha este reputação de profeta ou seja toda uma comunidade precisamos manter nossa fidelidade como Yehoshua e Caleb mantiveram as suas como veremos na próxima sedrá.

Lashon hará. Um “atraso” na vida

“E disse o SENHOR a Moisés: Se seu pai cuspira em seu rosto, não seria envergonhada sete dias? Esteja fechada sete dias fora do arraial, e depois a recolham. Assim Miriam esteve fechada fora do arraial sete dias, e o povo não partiu, até que recolheram a Miriam.”
               (Bamidbar/Números 12.14-15)

O povo teve que interromper sua jornada por causa de Miriam, este fato deve ser levado na mais alta consideração. A “lashon hará” impediu o avanço do povo por sete dias naquele tempo, mas podemos até dizer que, mesmo hoje, quando cometemos lashon hará, ou seja, questionamos a Torah (instrução) de YHWH, ficamos impedidos de alcançar nossos objetivos, pois foi o próprio Eterno que nos advertiu contra este mal:

“Guarda-te da praga da lepra, e tenhas grande cuidado de fazer conforme a tudo o que te ensinarem os sacerdotes levitas; como lhes tenho ordenado, terás cuidado de fazê-lo. Lembra-te do que o SENHOR teu Elohim fez a Miriam no caminho, quando saíste do Egito.”
            (D’varim/Deuteronômio 24.8-9)

Conclusão.

Muito já especulou sobre quais foram as motivações da lashon hará de Miriam: problemas no relacionamento entre Moshe e sua esposa cuxita, ciúmes em relação a posição de Moshe ante o povo e etc. Mas tais especulações muitas vezes acabam nos tirando do foco, que é não cometer a lashon hará, até porque, por mais irônico que pareça, as especulações muitas vezes podem nos levar a maledicência,

Shabat Shalom!!!


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Sedra para o Shabat de 13/04/13 (Bamidbar 11)


Por Yochanan ben Avraham

Introdução.

Neste Shabat, estudaremos o perek 11 do sefer Bamidbar (capitulo 11 do livro de Números), onde esta relatada a ira do Eterno se inflamando em fogo entre o povo; o lamento de Moshe junto ao Eterno; a murmuração do povo por causa de carne e outros mantimentos que eram usufruídos no Egito; murmuração por causa do Maná; a resposta do Eterno; a efusão do Espírito sobre os anciãos  e o envio das codornizes ao povo.

Uma face assustadora se revela.

Neste capitulo da Torah, não há como não se assustar com o comportamento do povo hebreu diante das circunstâncias vividas naquele momento, pois depois de presenciar tantos sinais e prodígios do Eterno, ele, o povo, reage como se não houvesse testemunhado as maravilhas operadas para que sua libertação ocorresse... Mais assustador ainda é o fato de que ainda hoje, sem perceber, agimos da mesma forma como veremos mais adiante.
Podemos observar claramente neste episodio que apenas os "corpos" do povo haviam se retirado do Egito, pois os "corações" continuavam lá! Desta forma, considerando que a vida é uma síntese entre o físico e o espiritual, percebe-se o desenvolvimento de um desequilíbrio afetando o shalom do arraial, pois a partir do momento em que a preocupação com o bem estar físico (material) se torna maior que a do espiritual, a tendência e nos tornarmos egoístas, imediatistas e, consequentemente, murmuradores, porque se as coisas não acontecem como e quando queremos, geralmente reagimos desta forma.
Vejam a que ponto chegou a murmuração do povo, e constatemos o desequilíbrio entre o material e o espiritual existente naquele momento: RECLAMARAM DO MANÁ !!! Isso mesmo... Estavam tão preocupados com "o corpo" que se esqueceram da "alma". Mas por que reclamaram do maná? Para entendermos isto, devemos analisar tudo o que envolve o maná, seu anuncio, sua colheita seu preparo e etc. Para isso, leiamos Shemot (Êxodo) 16.4, 21 e Bamidbar (Números) 11.7-9.

Após a leitura sugerida, vemos que para se obter o maná era necessário diariamente, de manhã bem cedo, antes de o sol estar "alto", colhê-lo, pois do contrário ele derreteria. Para consumi-lo, dever-se-ia moer, pilar, cozinhar... Enfim, tudo isso demandaria tempo e trabalho e para quem é preguiçoso obviamente isto seria muito desconfortável, poderíamos até sugerir que a Torah, indiretamente, já estaria mostrando os efeitos destrutivos da Preguiça como mais tarde Shlomo hamelech (Rei Salomão) iria dizer:

“O preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?” Mishlei/Provérbios 6.9

“Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio.” Mishlei/Provérbios 6.6

“Como vinagre para os dentes, como fumaça para os olhos, assim é o preguiçoso para aqueles que o mandam.”
Mishlei/Provérbios 10.26

Mas o que realmente nos salta aos olhos é o fato de o maná ser um sinal que provaria a fidelidade do povo à Torah, veja o texto:

 “Então disse o SENHOR a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não.”
Shemot/Êxodo 16.4

Logo, ao lermos Bamidbar 11.6, compreende-se que o povo estava, de certa forma, murmurando contra a Lei/Torah, ele, o povo, estava “cansado” deste sinal, não queriam mais permanecer na Lei do Eterno. Compare isso com a carta escrita a Timóteo:

“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;
e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.”
II Timóteo 4.3-4

Vale lembrar que a sã doutrina mencionada é a dos emissários, que é a mesma dos profetas, pois ambos têm o mesmo fundamento - A Lei/Torah (cf Efésios 2.20) e que“Verdade” é um eufemismo para a Lei (verTehilim/ Salmos 119.142).

Um detalhe pitoresco que reforça a relação entre o maná e a obediência a Torah. pode ser captado, ao utilizarmos a guematria (sistema de cálculo das letras hebraicas), pois a palavra maná, do hebraico (מן)“man” tem o valor 90, que é o mesmo valor da letra (צ) “tsad”, a primeira letra da palavra “tsadik”- Justo. Ou seja, a diferença entre justo e injusto, se observa na permanência (ou não) na “colheita” do Maná... Ou melhor, a diferença esta na permanência na Lei do Eterno.

Cuidado com o que desejas

Quando atendemos ao impulso carnal, o resultado não pode ser bom. Embora lições possam ser aprendidas, as conseqüências por agirmos segundo esta natureza trazem, em vias de regra, muita dor. Vejamos a resposta do Eterno ao desejo do povo:

“E dirás ao povo: Santificai-vos para amanhã, e comereis carne; porquanto chorastes aos ouvidos do SENHOR, dizendo: Quem nos dará carne a comer? Pois íamos bem no Egito; por isso o SENHOR vos dará carne, e comereis; Não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem dez dias, nem vinte dias; Mas um mês inteiro, até vos sair pelas narinas, até que vos enfastieis dela; porquanto rejeitastes ao SENHOR, que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito?”
Bamidbar/Números 11.18-20

Comparem isso com as palavras de Sha'ul aos romanos:

Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.
Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra o Eterno, pois não é sujeita à lei de YHWH, nem, em verdade, o pode ser.
Portanto, os que estão na carne não podem agradar ao Eterno.
Romanos 8.6-8


Conclusão

O desejo nasceu na lembrança do passado, quando viviam sem a Torah e sob o tacão de Faraó, em meio à idolatria e influencias estrangeira. Da mesma forma, ainda hoje, se não avaliarmos de onde vêm os impulsos que eventualmente sentimos, e nos entregarmos aos desejos, podemos até nos satisfazermos por algum tempo, mas as “náuseas” virão e, por fim, o “Kibrot Hataava” (sepulcro dos desejosos) ver Bamidbar 11.33-34).
Não devemos esquecer os milagres que O Eterno operou para nos libertar do cativeiro, nem questionar o sustento que O Sagrado, Bendito seja Ele, têm nos dado ao longo dos anos. A vida vivida longe da ética e moral ensinada pela Torah não deve ser motivo de orgulho, o seu prazer era efêmero e sua "liberdade" ilusória

Shabat Shalom !!! 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Sedrá para o dia 06/04/2013 (Bamidbar 10)


Por Yochanan ben Avraham

Introdução.

A sedrá deste Shabat nos fala sobre as palavras do Eterno a Moshe para que se fizesse duas trombetas de prata (chatsotserot kesef) e quando estas deveriam ser utilizadas; relata como seria a ordem de partida das tribos dos acampamentos; fala da proposta de Moshe a Chobab e da partida do monte do Eterno.

1- lembrando o propósito da Torah

A palavra hebraica "Torah" significa instrução, portanto, não faria sentido estudá-la sem uma perspectiva pratica de seu conteúdo para nosso cotidiano, destarte, conforme entendia o Rav. Akiva (morto em 135 d.C.), nada no texto se encontra por acaso. Por isso a leitura investigativa (midrash) é muito apropriada, pois possibilita interpretações que dão sentido a textos que, aparentemente, não dizem nada...principalmente a sociedade contemporânea.
Considerando que a Torah é a palavra de YHWH e esta é eterna, restringí-la ao texto em si, sem levar em conta que ela não é limitada ao tempo em que foi escrita, podemos ficar alheios a coisas grandiosas, já que o  literal nem sempre revela um sentido para o presente.

Corroborando com esta opinião, temos um trecho de Maimônides extraído da coletânea "Guia dos Perplexos" Ed. Sefer pg. 66 e 67:

O sábio disse: "Como maçãs de Ouro em salvas de prata assim são as palavras ditas nos seus sentidos" (Mishlei/Provérbios 25.11). Ouvi a explicação do que ele disse: A palavra "maskiyot", o equivalente hebraico para salvas, quer dizer "rede filigranada" - isto é  coisas em que há aberturas muito pequenas, tais como são feitas frequentemente pelos prateiros. Eles são chamados em hebraico maskiyot (do verbo "saká"), 'ele viu', uma raiz que ocorre também no Targum de Onkelos,  (Bereshit/Gênesis 26.8), porque o olho penetra através delas. Então Shlomo (Salomão) quer dizer: "Como maçãs de ouro em prata filigranada; com pequenas aberturas, assim é a palavra dita nos seus dois sentidos."
Vede com que beleza são descritas, nessa figura, as condições de um bom símile! Mostra que, cada palavra que tenha um duplo sentido, um literal e um oculto, o significado literal deve ter tanto valor quanto a prata e o significado oculto ainda mais precioso; de tal modo que o significado oculto está para o literal como o ouro está para a prata. Ademais, é necessário que o sentido evidente da frase dê àqueles que o considerem alguma noção daquilo que representa o que está oculto. Exatamente como uma maçã de ouro revestida com uma rede de prata, quando vista à distância, ou olhada superficialmente, é tomada erroneamente por uma maçã de prata, mas quando uma pessoa de vista perspicaz olha bem para o objeto, encontrará o que está dentro, e vê que a maçã é de ouro. É o mesmo caso com as figuras empregadas pelos profetas. Tomadas literalmente, tais expressões contém sabedoria útil para muitos propósitos, entre outros, para melhorar a condição da sociedade; por exemplo, os provérbios (de Shlomo/Salomão), e ditos semelhantes em seu sentido literal. No entanto, seu significado oculto é sabedoria profunda, conducente ao reconhecimento da verdade real.

Diante do exposto, vamos analisar o perek (capítulo) 10 de Bamidbar (Números).

2- As "chatsotserot" e as testemunhas.  

A palavra hebraica utilizada para se referir as trombetas em bamidbar dez é "chatsotserot"  (חצוצרת), isto é interessante, pois normalmente encontramos a palavra “shofar” para se referir a trombeta, como podemos observar no Tehilim/Salmos  81.4; Yeshayahu/Isaías 58.1; Yirmeyahu/Jeremias 4.5. Amós 3.6.
O fato de Bamidbar/Números utilizar especificamente “chatsotserot” indica uma distinção que nos instiga a buscarmos uma razão, a qual tentaremos encontrar a seguir.
Duas trombetas de prata ( Chatsotserot kesef) foram feitas e era sob o toque delas que o povo se reunia, ofertava, marchava...ou seja, elas simbolizavam os comandos do Eterno e, porque não dizer, sua palavra, eram uma espécie de “porta-voz” do Grande Rei, pois anunciavam a vontade de YHWH.
Agora leiamos Yeshayahu 43.10 e vejamos que Israel é a testemunha do Eterno chamado para anunciar as palavras e as obras de YHWH, assim como sua misericórdia, justiça e juízos. O que estamos dizendo é que Israel seria estas trombetas, ou melhor, as trombetas de prata simbolizavam Israel e sua função no mundo. Compare isto com o que Yirmeyahu perek(capítulo) 6 diz, principalmente o passuk (versículo) 30! Repare que por causa da rebeldia contra o Eterno e rejeição à sua Lei/Torah, Israel é considerado “PRATA DE REFUGO”, isto significa que aquele que um dia foi um instrumento distinto e sagrado para ocasiões solenes, agora, por causa do abandono a Torah, era considerado como lixo. Será mera coincidência a expressão “Prata de refugo”?
Contudo, alguém poderia objetar esta interpretação (Israel = Trombetas de Prata) alegando que o texto de Bamidbar nos fala de duas trombetas e não uma, porém a história do povo hebreu reserva mais um elemento que reforça a idéia como poderemos ver mais adiante.
Se as duas trombetas de prata simbolizam Israel, como podemos harmonizar isto com o fato dele ser UMA nação é não duas? A solução pode ser encontrada quando utilizamos um recurso conhecido como guematria, um sistema de cálculo das letras hebraicas, considerada uma “exegese mística”, cuja pratica produz resultados surpreendentes, vejamos o caso aqui em questão: A palavra “chatsotserot” têm o mesmo valor da palavra “Chofshut” (תושפח) –isto é, 794. A palavra “Chofshut” indica o ato de separar, apartar, conforme descrito no dicionário bíblico Strong pg 347, Sociedade Bíblica do Brasil.
De fato, houve na história israelita um momento em que o Reino se dividiu (921 a.C.), transformando-o em dois! Reinos do Sul (Yehudah) e Norte (Efraim/Israel), logo, temos por assim dizer nossas “duas trombetas”. As “coincidências” não param por aqui, existe ainda outro documento que corrobora com esta interpretação, estamos nos referindo ao livro de Apocalipse que, embora muitos questionem sua validade, não se pode negar que ele é um documento que demonstra a existência de determinada crença de um grupo no passado que perdura até hoje, vejamos o texto:

E foi-me dada uma cana semelhante a uma vara; e chegou o anjo, e disse: Levanta-te, e mede o templo de YHWH, e o altar, e os que nele adoram.
E deixa o átrio que está fora do templo, e não o meças; porque foi dado às nações, e pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses.
E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de saco.
Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Elohim da terra.
(Apocalipse 11.1-4)
Obviamente, este texto esta conectado com as palavras do profeta Z’charyah/ Zacarias Perek (capítulo) 4. Onde podemos inferir com clareza que as duas testemunhas citadas em Apocalipse são os  dois ramos de oliveira, vejamos:

E o anjo que falava comigo voltou, e despertou-me, como a um homem que é despertado do seu sono, E disse-me: Que vês? E eu disse: Olho, e eis que vejo um castiçal todo de ouro, e um vaso de azeite no seu topo, com as suas sete lâmpadas; e sete canudos, um para cada uma das lâmpadas que estão no seu topo.
E, por cima dele, duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e outra à sua esquerda.
(Zacarias 4.1-3)

Respondi mais, dizendo-lhe: Que são as duas oliveiras à direita e à esquerda do castiçal?
E, respondendo-lhe outra vez, disse: Que são aqueles dois ramos de oliveira, que estão junto aos dois tubos de ouro, e que vertem de si azeite dourado?
E ele me falou, dizendo: Não sabes tu o que é isto? E eu disse: Não, senhor meu.
Então ele disse: Estes são os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda a terra.
(Zacarias 4.11-14)
  
Esta figura também é anunciada em outro texto:

Digo, pois: Porventura rejeitou YHWH o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
YHWH não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a YHWH contra Israel, dizendo:
Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma?
Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal.
Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça.
Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.
Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos.
Como está escrito: Deus lhes deu espírito de profundo sono, olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem, até ao dia de hoje.
E Davi diz: Torne-se-lhes a sua mesa em laço, e em armadilha, E em tropeço, por sua retribuição;
Escureçam-se-lhes os olhos para não verem, E encurvem-se-lhes continuamente as costas.
Digo, pois: Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação.
E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!
Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos gentios, exalto o meu ministério;
Para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação os da minha carne e salvar alguns deles.
Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos?
E, se as primícias são santas, também a massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o são.
E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira,
Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.
Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado.
Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme.
Porque, se YHWH não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também.
Considera, pois, a bondade e a severidade de YHWH: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.
E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é YHWH para os tornar a enxertar.
Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!
Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.
E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades.
E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados.
(Romanos 11.1-28)

Este texto é um documento que comprova que havia o entendimento de que Israel estava dividido entre ramos naturais e enxertados, e que em determinado tempo - conforme as profecias de Yechezkel /Ezequiel 37 e Oshea /Oséias 1 dizem -  se uniriam novamente.

Conclusão.

Vimos que as duas trombetas de prata, simbolizavam Israel, pois Israel é a testemunha de YHWH, que anuncia as palavras do Eterno (Torah), contudo, no futuro, se dividiria em dois reinos, tornando o simbolismo mais forte.
 Israel têm a incumbência de anunciar a Torah, pois esta sim é a Palavra do Eterno, mas não pode ser de qualquer forma, sem  pureza, contaminado com as imundícias deste mundo, pois foi esta impureza que nos deixou desterrados. Cremos que assim como nossas transgressões fez com que o Eterno nos banisse de Eretz Israel (Terra de Israel) , nossa fidelidade a Ele, Bendito seja, Fará com que Se lembre de nós e nos leve de volta a nossa herança.

Shabat Shalom!!!