sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Midrash Vaieshev



 Os irmãos ficam com ciúmes de Yossef


Os doze filhos de Yaacov eram todos tsadikim (justos), mas Yossef era o mais especial dentre eles. Era um tsadic tão santo que o incomodava ver os outros cometer um erro, por menor que fosse. Por isso, sempre que Yossef notava alguma coisa que achava que seus irmãos faziam errado, ele contava a seu pai Yaacov. Yossef esperava que o pai repreendesse seus irmãos por suas falhas.

Mas Yossef cometeu dois enganos: primeiro, deveria ter falado diretamente com seus irmãos para explicar-lhes o que tinham feito de errado; talvez eles o ouvissem. Segundo, muitas vezes, Yossef pensava que seus irmãos tinham errado quando, na realidade, eles tinham certa razão para agir daquela maneira.
Os relatórios de Yossef para Yaacov incomodavam e preocupavam muito os irmãos. Eles achavam que o lashon hará (maledicência) de Yossef ao pai fazia parte de um plano para expulsá-los de casa e ficar sozinho no lugar deles.
"Nosso pai Yaacov deve estar muito zangado conosco," preocupavam-se. "Ele pode nos mandar embora (como Avraham fez com Yishmael) e decidir que só Yossef merece ser seu sucessor como pai do povo judeu, porque ele é um tsadic (justo) maior que todos nós."

Os irmãos percebiam que Yossef era o favorito de Yaacov. Eles pensavam que seu pai o amava porque ele acreditava no lashon hará (maledicência) que Yossef falava deles.
Na realidade, Yaacov tinha outras razões para seu amor especial por Yossef: ele era filho de Rachel, a principal esposa por quem Yaacov serviu a Lavan. Yaacov também via que Yossef, apesar de sua pouca idade, era um estudioso excepcional da Torá. Ele nunca saía do lado de Yaacov, tão grande era seu desejo de aprender Torá com o pai.
Yaacov decidiu honrar Yossef deixando claro para todos que ele era um filho especial. Comprou de um mercador um fino tecido de lã. Deste tecido, mandou fazer um bonito traje para Yossef.
Os irmãos ficaram ainda mais enciumados, porque o pai tratava Yossef de modo diferente.
Quando alguém é invejoso, não raciocina com clareza. Imagina que "é tratado com injustiça" e considera a pessoa que inveja seu inimigo.

Foi isso que aconteceu com os irmãos de Yossef. Por terem ciúmes de Yossef, imaginavam que ele era um "inimigo" perigoso, que tentava prejudicá-los; estavam também convencidos de que tinham razão em puni-lo.
Por compreender que o ciúme é pernicioso, nossos Sábios costumavam rezar: "Elohim, guarde-me de ter ciúmes dos outros e não deixe que os outros tenham ciúmes de mim."
Em alguns sidurim, estas palavras são encontradas ao final da Amidá diária.


O primeiro sonho de Yossef

Certa noite, Yossef teve um sonho. Pela manhã, estava ansioso para contar a seus irmãos.
"Ouçam este sonho estranho!" - disse ele. "Sonhei que estávamos todos juntos num campo amarrando feixes de trigo. Todos os seus feixes rodearam o meu e se inclinaram para ele."
Os irmãos ficaram zangados quando ouviram estas palavras.
"Agora sabemos o que você está pensando." - acusaram. "Acredita que, por ser especial, você nos governará e todos iremos nos inclinar diante de você. Deve imaginar estas coisas durante o dia, senão não sonharia com elas à noite."
Qual era o verdadeiro significado do sonho de Yossef? Era uma profecia de Elohim de que, um dia, os irmãos se curvariam diante dele no Egito, onde iriam comprar trigo.


O segundo sonho de Yossef

Logo depois, Yossef teve outro sonho. Primeiro, ele o contou aos irmãos e depois para seu pai, Yaacov, na frente deles.
"Eu estava rodeado pelo sol, a lua e onze estrelas," explicou Yossef. Todos se curvavam perante mim."
Seu pai perguntou:
"Seu sonho significa que eu (sol), sua mãe (lua) e seus onze irmãos (as estrelas) vão se curvar perante ti? Este sonho não tem sentido! Ele não pode acontecer porque sua mãe Rachel já não vive mais."
Yaacov percebeu que os irmãos tinham ciúmes de Yossef por causa de seus sonhos. Para acalmá-los, ele agiu como se estivesse zangado com Yossef por contar seus sonhos sem sentido. Mas, em seu coração Yaacov pensou, "Este sonho foi enviado por Elohim. Esperemos para ver quando vai se concretizar."
Yossef estava convencido de que seu sonho iria acontecer e disse aos irmãos:
"Eu governarei sobre vocês! Nosso pai Yaacov foi até Lavan para casar com minha mãe Rachel. Sou o primo-gênito de Rachel e, por isso, devo governar. Elohim assim o determinou e vocês não devem me odiar e nem ficar ressentidos."


Yaacov manda Yossef para Shechem

Quando Yossef tinha dezessete anos, seu pai lhe disse um dia:
"Estou preocupado com seus irmãos. Eles estão cuidando das ovelhas nos arredores de Shechem, a cidade que Shimon e Levi uma vez destruíram. Talvez o povo de lá esteja planejando atacar seus irmãos em represália. Vá, veja se eles estão bem."
De fato, era perigoso para Yossef, um rapaz, viajar até seus irmãos que o odiavam. Por que então Yaacov mandou Yossef sozinho para Shechem?
Na verdade, esta idéia foi posta no coração de Yaacov por Elohim. Elohim queria que Yossef fosse vendido ao Egito para que Yaacov e sua família viajassem até lá. Este seria o começo do exílio para o Egito que Elohim predisse a Avraham.


Os irmãos vendem Yossef como escravo

Quando os irmãos viram Yossef vindo de tão longe, disseram:
"Agora vamos castigá-lo! Ele é um inimigo perigoso por causa dos seus sonhos e relatos maldosos sobre nós. Temos que nos livrar dele, antes que se livre de nós!"
Os irmãos discutiram se deviam ou não matar Yossef. Os dois mais empolgados, entre eles, eram Shimon e Levi, que gritaram:
"Ele merece a morte! Vamos matá-lo e contar ao nosso pai que um animal o devorou!"
Reuven não estava tão convencido de que Shimon e Levi estavam certos.
"Yossef é só uma criança!" - argumentou ele. "O que quer tenha feito para nós, não foi para nos destruir; foi só imaturidade. Ouçam-me. Não derramem sangue! Apenas o joguem num desses fossos por aí. Se ele o merece, Elohim o deixará morrer lá."
Os irmãos concordaram e Reuven pensou: "Mais tarde, vou tirá-lo do fosso e levá-lo de volta para nosso pai."
Enquanto isso, Yossef alcançou os irmãos:
"Agora vamos mostrar para você como seus sonhos são falsos!" - gritaram. "Vamos jogá-lo num fosso."
Arrancaram o traje especial que Yaacov havia feito para ele (para que mais tarde pudessem mostrar ao pai). Yossef começou a chorar:

"Por favor, não façam isso comigo," pediu-lhes.
Mas os irmãos não tiveram piedade.
"Estamos em perigo porque você está tentando se tornar uma autoridade sobre nós," disseram.
Com a força da decisão de seus irmãos a favor dele, Shimon jogou Yossef no fosso. E então os irmãos se sentaram para comer. Reuven os deixou porque precisava voltar para casa.
Enquanto comiam, um grupo de mercadores árabes passou por eles. Yehudá sugeriu:
"Que tal vender Yossef para os árabes? Ele pensa que será rei e reinará sobre nós. Em vez disso, vai se tornar um escravo."
Os irmãos concordaram que seria um castigo apropriado; Yossef foi vendido aos árabes.
Quando Reuven voltou mais tarde, viu o fosso vazio.
"Vendemos Yossef!" - contaram os irmãos.

"O que vocês fizeram?!" - acusou-os Reuven. "Agora nosso pai irá nos perguntar onde ele está e me mandará procurá-lo até o fim do mundo."
"Não se preocupe," asseguraram os irmãos para Reuven. "Vamos contar que ele foi devorado por um animal selvagem e assim não mandará ninguém procurá-lo."
Eles mergulharam as vestes de Yossef no sangue de uma cabra. Quando Yaacov viu a roupa de Yossef suja de sangue, começou a chorar.
"Um animal selvagem despedaçou meu filho!" - exclamou.
Ninguém conseguia confortar Yaacov. Estava tão triste que se recusou a sentar num assento alto. Daí em diante, Yaacov só se sentava no chão.


Yehudá e Tamar

A Torá interrompe a narrativa da história de Yossef, inserindo aqui o capítulo a respeito de Yehudá e Tamar.
Quando os filhos de Yaacov perceberam que seu pai não aceitaria consolo pela perda de Yossef, disseram: "É tudo culpa de Yehudá! Nós respeitamos seu conselho e por isso não matamos Yossef quando ele se opôs à idéia. Se Yehudá tivesse nos falado: "Não o venda", teríamos dado ouvidos a ele também." Os irmãos, conse-qüentemente, expulsaram Yehudá do meio deles, e este seguiu seu caminho.

Yehudá arrumou uma esposa, a filha de um mercador estabelecido nas vizinhanças. A esposa de Yehudá presenteou-o com três filhos: Er, Onan e Shêla. Os filhos de Yehudá poderiam ter-se tornado antepassados de reis, pois Yehudá originou a dinastia dos reis de Israel, mas escolheram agir de forma diferente. O filho mais velho, Er, casou-se com a justa Tamar, filha do filho de Nôach, Shem. Era tão linda quanto modesta. Er temia que caso ficasse grávida, ela perderia a beleza, e por isso ele pecou, desperdiçando seu sêmen, frustrando o verdadeiro propósito do casamento. Elohim puniu-o com a morte.
Yehudá disse ao segundo filho, Onan: "Despose a mulher de seu finado irmão, e dessa maneira cumprirá a mitsvá de yibum (casamento levirato). Elohim nos ordenou a mitsvá de yibum. Se um homem sem filhos vem a falecer, seu irmão ou parente mais próximo deve casar-se com a viúva. A criança nascida dessa união receberá o nome do falecido."
Onan concordou em aceitar Tamar como esposa, mas como seu irmão, pecou, desperdiçando seu sêmen. Por causa disso Elohim o puniu e ele também morreu.

Yehudá temia casar seu terceiro filho com Tamar, achando de mau agouro o fato de os dois maridos terem morrido. Pensou que ela pudesse ser a causadora da morte dos dois. Por isso adiou o casamento de Shêla, afastando Tamar com as palavras: "Fique na minha casa até que Shêla cresça! Quando Shêla cresceu, entretanto, Yehudá não o casou com Tamar.
Nesse meio tempo, a mulher de Yehudá faleceu. Seus irmãos vieram para confortá-lo. Quando terminou o período de luto, Yehudá foi supervisionar a tosquia de suas ovelhas.
Tamar queria ter filhos que descendessem da tribo sagrada de Yehudá, profetizando que pessoas de valor nasceriam de uma união entre ela e Yehudá. Ela era justa e agia sabiamente. Motivada por intenções nobres, concebeu um plano para enganar Yehudá.

Cobriu-se de véus e sentou-se numa encruzilhada próxima ao local da casa de Avraham, um lugar que sabia ser visitado por todos os passantes. Tamar elevou os olhos a Elohim e rezou: "Sabes que estou agindo para o bem. Não me deixes sair de perto do justo Yehudá de mãos vazias."

Quando Yehudá passou pela encruzilhada, percebeu uma mulher que parecia ser uma decaída, mas ele continuou em frente, pois um tsadic (justo) de seu status não se rebaixaria a relacionar-se com uma prostituta.
Contra a vontade de Yehudá, entretanto, o anjo de Elohim forçou-o a dirigir-se a ela. Elohim disse: "De qual união, senão essa, nascerão reis? Que outra produzirá nobres?"
Yehudá não reconheceu Tamar, pois ela, em casa, havia sempre modestamente velado o rosto. Foi exatamente por causa desse traço de modéstia que Elohim a havia a escolhido como ancestral da família real do povo de Israel.
Yehudá perguntou-lhe: "Você é gentia?"
"Não", respondeu ela, "tornei-me uma judia."
"É casada?"
"Não."
"Talvez seu pai a tenha destinado a outro homem?"
"Não, sou órfã."
Ela perguntou a ele: "O que você me dará para vir comigo?"
"Mandarei a você um cabrito do rebanho."
"Você pode antes dar-me um penhor?" - pediu Tamar.
"Que penhor posso lhe dar?" - perguntou Yehudá.
"Dê-me seu anel de sinete, sua capa, e o cajado que tem na mão. Com seu anel de sinete, consagre-me como sua esposa conforme é costume."

Yehudá fez a cerimônia de casamento na presença de duas testemunhas, as duas pessoas que o acompanhavam.
Todas as palavras de Tamar continham laivos de profecia. Com as palavras: "seu anel de sinete", ela profetizou que reis e nobres dela descenderiam. "Sua capa", continha uma alusão aos San'hedrin (juízes) que colocam talitot e tefilin o tempo todo e que também seriam seus descendentes. "Seu cajado" referia-se a Mashiach que nasceria da tribo de Yehudá, de quem se diz: "Um cajado brotará do tronco de Yishai" (Yeshayáhu, 11:1).
Quando Yehudá voltou para casa, mandou o cabrito prometido para a mulher, mas esta não se encontrava em lugar algum. Três meses depois, disseram-lhe: "Sua nora ficou grávida através de sua devassidão. Além do mais, está orgulhosa de si mesma, gabando-se: 'Eu carrego reis, carrego redentores.'"

Yehudá conclamou o tribunal, para que a julgasse e punisse sua má ação. Os juizes eram Yitschac, Yaacov e Yehudá, que decidiram que Tamar deveria ser queimada. Foi sentenciada à morte pelo fogo porque, como filha de um cohen (sacerdote), pela lei da Torá, é punida por imoralidade com o fogo. (Vayicrá 21:9). Seu ato constituía uma imoralidade equivalente à da mulher casada, pois havia sido destinada a outro homem por yibum.
Tamar poderia ter tornado conhecido o fato de que estava grávida de Yehudá, mas absteve-se de fazê-lo, dizendo: "Prefiro enfrentar a morte a envergonhá-lo em público."

Ao ser levada para a morte, ela quis enviar um mensageiro com os artigos da garantia que ele lhe havia dado. Porém, quando procurou pelo anel de sinete, o cajado e o manto, não pôde encontrá-los.
Tamar ergueu os olhos aos Céus, exclamando: "Suplico que tenha piedade de mim, Elohim! Responda-me nessa hora de necessidade, e ilumine meus olhos para que possa achar os objetos do penhor!"
  Elohim ordenou ao anjo Michael que fosse procurar o penhor, e Tamar o descobriu. Ela deu os objetos a um mensageiro e instruiu-o a contar aos juizes. "Estou grávida do homem a quem esses objetos pertencem. Não quero tornar seu nome público, mesmo se tiver de ser queimada. Por favor, reconheça a quem pertencem!"

A súplica por trás das palavras era dirigida a Yehudá: "Por favor, dê ciência ao Criador e não destrua a mim e aos filhos que carrego!"
Quando Yehudá viu os objetos do penhor, sentiu-se envergonhado e foi tentado a negar que pertenciam a ele. Mas venceu a batalha contra sua má inclinação, pensando: "Prefiro ser envergonhado neste mundo a sê-lo perante meus justos antecessores no Mundo Vindouro!"
Ele admitiu: "Ela está certa. Eu estava em falta não a deixando casar com meu filho Shêla. Ela espera um filho meu." Uma voz Celestial proclamou: "Foi por Minha ordem que estes fatos aconteceram dessa maneira. Ela será antecessora de reis e profetas!"
O nome Yehudá contém todas as letras do Divino Nome de D'us: (Yud Hê Vav Hê), porque Yehudá santificou o Nome de Elohim, ao admitir publicamente a verdade.
Tamar teve gêmeos. Durante o nascimento, um deles esticou a mãozinha para fora e a parteira imediatamente pôs uma fita encarnada brilhante no seu pulso para marcá-lo como primogênito. Mas o bebê retirou a mão e a segunda criança nasceu primeiro. Por isso, foi chamado Perets, que significa: "aquele que irrompeu ". O irmão nascido logo após foi chamado Zerach, por causa da brilhante fita vermelha atada no pulso.


Yossef se torna supervisor na casa de Potifar

Depois de uma longa, cansativa e dolorosa viagem, Yossef foi levado ao Egito e oferecido para venda como escravo.
O rei do Egito, Faraó, tinha um ministro de nome Potifar, que precisava de um escravo. Ele reparou em Yossef e comprou-o. No começo, Potifar só dava a Yossef tarefas simples, como aos outros escravos. Mas logo Potifar percebeu que Yossef era ótimo trabalhador - o que Yossef assumia em suas mãos era bem feito.
Assim, Potifar começou a dar para Yossef tarefas de maior responsabilidade e mais importantes. E, novamente, Yossef o fazia tão bem que Potifar ficou espantado. Por isso, disse a Yossef:
"Você vai se tornar um supervisor."
Colocou Yossef como encarregado de sua casa e o designou para cuidar de suas louças caras, seu ouro e sua prata. Tão logo Yossef assumiu esta função, os empreendimentos de Potifar tiveram sucesso como nunca tiveram antes. Potifar se tornou rico porque Elohim ajudava Yossef em tudo o que ele fazia.
Potifar viu que podia confiar completamente em Yossef. Confiava tanto nele que até parou de pedir-lhe presta-ção de contas.


Yossef é posto à prova

Yossef foi tão bem sucedido na casa de Potifar que começou a ter prazer em seu trabalho. Elohim falou:
"Yossef, você está se sentindo bem enquanto seu pai está de luto por você. Vou lhe dar um teste difícil. Você continuará a ser um tsadic (justo) mesmo longe da casa de seu pai, no Egito, um país onde todo o povo é imoral?"

Elohim então mandou um teste para Yossef.
Zuleica, a mulher de Potifar, decidiu que gostava do jovem e belo escravo. Se pelo menos ela pudesse fazer com que ele gostasse dela - ela gostaria muito mais de tê-lo como marido do que Potifar. Ela adulava Yossef:

"Você é um homem tão bem apessoado. Eu nunca vi alguém tão bonito como você!"
Yossef respondia:
"Elohim, que criou todas as pessoas, criou-me como Ele quis."
Zuleica riu:
"Você tem resposta para tudo," disse ela. "Você toca harpa tão bem quanto fala. Pegue a harpa e toque uma música para mim."
Yossef respondeu:
"Eu uso a harpa só quando canto os louvores de Elohim, nosso Elohim."
Zuleica tentava dia após dia ganhar a atenção de Yossef, mas ele se recusava a ser atraído pelo seu encanto. Quando, por fim, ela se cansou de todas as artimanhas, ela recorreu a ameaças.
"Vou pô-lo na prisão!" - ela avisou a Yossef, mas ele respondeu:
"Elohim pode me salvar da prisão."
Zuleica não conseguia comer e nem dormir. O dia todo só pensava no jovem escravo. Ficou com a idéia fixa de tê-lo para si. Logo, Zuleica viu sua oportunidade. Foi no dia do ano em que todos os egípcios celebravam o feriado nacional em honra ao rio Nilo. Naquele dia, o rio Nilo transbordava e regava a terra seca e árida. Todos os membros da casa de Potifar correram para tomar parte nas canções e danças à beira do rio.
Zuleica tinha um plano. Naturalmente, Yossef não tomaria parte nas festividades do feriado egípcio. Se ela ficasse em casa, o teria para si. Zuleica se desculpou com seu marido.
"Potifar," gemeu ela, "não me sinto bem. Vou ficar em casa."
Quando todos saíram, Zuleica chamou Yossef. Ele estava cansado de recusar Zuleica dia após dia. Quantas vezes mais poderia dizer "não"? Seria muito mais fácil simplesmente concordar com ela!
De repente, Yossef teve uma visão de seus santos pais, seu pai Yaacov e sua mãe Rachel. O que eles pensariam do seu filho se ele pecasse? Jamais o perdoariam.
"Não, ouvirei você!" - gritou Yossef.
Ele viu que Zuleica estava puxando uma espada debaixo da roupa; rapidamente, Yossef se livrou de seu manto, deixou-o na mão dela e correu para fora de casa.


O Midrash explica: A recompensa de Yossef

Quando nos referimos a Yossef, nós o chamamos Yossef hatsadic. Acrescentamos a palavra hatsadic depois de seu nome porque Yossef era um tsadic comprovado; Elohim o pôs à prova e ele não pecou.
Como recompensa, Elohim mais tarde fez com que Yossef se tornasse governante no Egito.
Mesmo centenas de anos mais tarde, Elohim recompensou os descendentes de Yossef, os judeus, porque ele se recusou a pecar com a mulher de Potifar. Isto aconteceu assim:
Quando Moshê Rabênu e os judeus estavam nas margens do Mar Vermelho com o poderoso exército do Faraó atrás deles, os judeus tremiam de medo. À frente deles rugia o mar; atrás, bradava o exército egípcio. Para que lado poderiam se virar?
Então aconteceu um milagre. Elohim dividiu o mar, formando um caminho seco para que os judeus atravessassem.
Por que o povo judeu mereceu um milagre tão fantástico? Há uma resposta na oração de Halel:
"O mar viu e fugiu." O que o mar "viu" que repentinamente "fugiu"? - e se tornou seco para o povo judeu?
Nossos Sábios explicam: O mar viu o caixão de Yossef. Os israelitas estavam carregando com eles um caixão com os ossos de Yossef (porque, antes de morrer, Yossef pediu que os judeus o sepultassem em Israel). Quando o mar observou o caixão de Yossef, "o mar se retirou"; ele se converteu em terra seca para os judeus. Deste modo, Elohim recompensou Yossef, que fugira da mulher de Potifar.
Foi assim que Yossef, ao passar no teste e não pecando, ajudou os judeus, mesmo depois de sua morte.


Yossef é preso

Quando Potifar voltou, sua mulher lhe disse:
"Você comprou um escravo mau! Enquanto vocês esteve fora, ele tentou seduzir-me."
Potifar não acreditou em sua mulher. Ele sabia que Yossef era um tsadic, um homem excepcionalmente honesto e justo. Mas Zuleica já havia contado para toda a casa sobre o "escravo mau". Potifar não podia dizer a todos que achava que a mulher estava mentindo e por isso ordenou:
"Levem Yossef e ponham-no na prisão."


Yossef explica dois sonhos

Elohim ajudou Yossef também na prisão. O oficial encarregado dos presos percebeu que podia confiar completamente em Yossef e ordenou:
"Que Yossef não seja vigiado como os outros presos. Ele tem permissão para circular livremente. Eu o nomeio supervisor dos outros presos."
Durante os dez anos em que Yossef esteve na prisão, ele manteve a posição de supervisor.
Um dia, foram trazidos dois novos presos. Eram o chefe da adega e o chefe dos padeiros do Faraó. O adegueiro estava sendo punido porque uma mosca foi encontrada no copo de vinho servido ao Faraó; o padeiro, porque uma pedrinha havia sido encontrada num dos pãezinhos servidos ao Faraó. Eles ficaram na prisão por um ano.
Certa manhã, Yossef entrou na cela deles e viu que ambos, o padeiro e adegueiro, pareciam tristes e desanimados.
"O que os preocupa?", perguntou gentilmente.
"Eu tive um sonho estranho esta noite," respondeu o adegueiro. "Estou perturbado porque, quanto mais eu penso, menos consigo entender o que significa."
"A mesma coisa aconteceu comigo!" - exclamou o padeiro. "Também tive um sonho estranho e gostaria de saber seu significado."
"Contem-me seus sonhos," sugeriu Yossef. "Talvez Elohim permita que eu encontre uma explicação para eles."
O adegueiro começou:
"No meu sonho, vi três galhos de parreira nos quais uvas estavam amadurecendo. Eu estava segurando o copo do Faraó em minha mão e espremia o suco destas uvas dentro do copo. Em seguida, entreguei o copo ao Faraó."
"Parece um sonho bom," explicou Yossef. "Em três dias, a partir de hoje, o Faraó irá chamá-lo de volta ao palácio de novo para ser seu adegueiro."
Então o padeiro contou seu sonho:
"Sonhei que estava carregando três cestos sobre minha cabeça. No cesto superior, estava o pão do Faraó. Pássaros voaram para o cesto de cima e tiraram o pão de lá."
"Não parece um sonho bom," explicou Yossef. "Em três dias, o Faraó vai pendurá-lo na forca e os pássaros comerão sua carne."
Naturalmente, Elohim fez com que a explicação de Yossef desse certo. (Elohim fez com que o adegueiro e o padeiro tivessem estes sonhos por uma única razão - para depois provocar a libertação de Yossef da prisão).
Três dias depois, o Faraó celebrou seu aniversário com uma grande festa. Como Yossef predisse, ele ordenou que o adegueiro fosse chamado de volta ao palácio e que o padeiro fosse enforcado.
Antes de o adegueiro deixar a prisão, Yossef lhe pediu:
"Quando você estiver de volta no palácio do Faraó, por favor, mencione a ele que estou preso aqui, mesmo sendo inocente. Peça-lhe que me liberte."
Mas Yossef ainda não merecia ser libertado e assim Elohim fez com que o adegueiro esquecesse de Yossef por dois anos. Só então lembrou-se dele, como veremos na próxima parashá.


Shabat Shalom!!!

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