Por Yochanan ben Avraham
Introdução.
A sequência de estudos do sefer Bamidbar feitos a cada
Shabat nos trouxe hoje ao momento em que Balak , rei de Moav, inicia seus rituais de
maldição contra os filhos de Israel sob a regência de Bil’am (Balaão). Como é
de nosso costume, gostamos de enfatizar que, apesar da distância tanto de tempo
quanto de espaço, sempre temos algo de prático para aprender na Torah que serve
para nos esclarecer e orientar em diversos aspectos de nossa jornada. Dito
isto, vamos aos comentários.
O empenho dos adversários.
O número sete traz consigo muita especulação é como se ele
tivesse vida própria! De fato, são tantas curiosidades envolvendo o número
sete, que fica difícil acreditar que todas as ocorrências nas mais diversas
situações da vida humana, seja coincidência. Dentre os muitos simbolismos do
número sete, encontra-se o de que ele representa a plenitude, a perfeição, algo
que não precisa de complemento... E como o mundo foi criado em seis dias, sendo
o sétimo o dia de shabat (descanso), alguns associam o número sete ao mundo
físico, as obras que se fazem na terra no “olam hazé” (Tempo atual ou mundo de
hoje). Pegando “carona” neste entendimento, temos uma leitura interessante da
edificação dos sete altares para amaldiçoar Israel, vejamos: Considerando os
símbolos propostos, vemos que Balak “fez de tudo” para que seu intento tivesse
êxito, construir sete altares nos sugere que houve uma plenitude de esforço
para que Israel fosse amaldiçoado! Diante disso, não podemos ser negligentes,
pois a história nos mostra (como vimos no estudo do shabat passado) que os
inimigos de Israel, a “descendência da serpente” têm se empenhado em “nos
riscar do mapa”, ao ponto de frases como: “Se
a minha teoria da relatividade triunfar, serei alemão; se ela falhar, serei um
judeu.” do renomado físico judeu, Albert Einstein serem ditas.
Diante disso, nada é mais urgente para um filho de Israel do
que ser sóbrio e vigilante, para não cairmos nas ciladas armadas pelo caminho.
O Eterno não se “vende”!
Outra lição que aprendemos nesta sedrá é que, esforço
sacrificial não garante que teremos nossas petições atendidas! Infelizmente, o
número de pessoas induzidas pelos “Balaões” modernos a acreditarem que O Senhor
as atenderá só porque tudo o que era possível foi feito, têm aumentado... Estas
não sabem, (ou esquecem) que O Eterno não está comprometido com quem não
assumiu o compromisso de observar sua Torah. O salmista escreveu:
“Deleite-se no Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração.”
(Tehilim/Salmos 37.4)
Ao vivermos diante do Eterno, conformados à sua Lei,
certamente desfrutaremos de bens cujos valores não podem ser mensurados por
quem vive voltado para o “aqui e agora”. Esta experiência também foi relatada
pelo salmista:
“Como são felizes os que
obedecem aos seus estatutos e de todo o coração o buscam!” (Tehilim/Salmos
119.2)
“Muita paz têm os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço.”
(Tehilim/Salmos 119.165)
Como amaldiçoar o que O Eterno não amaldiçoa?
Este questionamento de Bil’am (Balaão) traz um profundo
ensinamento que, a nosso ver, elimina diversas “paranóias” em que muitos filhos
de Israel são acometidos. Muitos andam de um lado para o outro tentando
entender porque as coisas “não dão certo” e etc., para explicar isto não é
preciso nenhuma formula mirabolante, basta estarmos atento ao que diz a Torah:
“Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz de YHWH teu Elohim, para
não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje
te ordeno, então virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão:”
(D’varim/Deuteronômio 28.15)
Simples assim! O único meio de um filho de Israel estar sob
maldição é quando ele passa a desobedecer as palavras do Eterno, ou seja, Sua
Lei! Não devemos temer feiticeiros, impérios ou o que quer que seja, devemos
temer ao Eterno, cuidando em não transgredirmos suas mitzvot (mandamentos) como
disse Yeshayahu (Isaías):
(Yeshayahu/Isaías 8.13)
Isto não significa, necessariamente, que devemos viver
oprimidos por causa da Torah... Mas que nossa atenção esteja em observá-la,
pois fazendo isso não haverá o que temer, como foi escrito:
“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem
se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
Antes tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e
de noite.
Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o
seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer
prosperará.”
(Tehilim/Salmos 1.1-3)
A Torah é o “manual do bem viver”, tanto física quanto
espiritualmente; é a formula para o bom relacionamento consigo mesmo, com o
próximo e com o Eterno! Quando experimentarmos isso na prática, não apenas no
intelecto, ouso dizer que muitas pessoas sofrendo de psicopatologias serão
curadas.
Nada muda, se você não muda.
Todos já devem ter ouvido esta frase, e este princípio
parece se corroborado pelo que podemos observar nesta sedrá. Vejamos alguns
passukim do texto:
“Então Balaque lhe disse: Rogo-te que venhas comigo a outro lugar, de
onde o verás; verás somente a última parte dele, mas a todo ele não verás; e
amaldiçoa-mo dali.”
(Bamidbar/Números 23.13)
“Disse mais Balaque a Balaão: Ora vem, e te levarei a outro lugar;
porventura bem parecerá aos olhos de Deus que dali mo amaldiçoes.”
(Bamidbar/Números 23.27)
Como podemos ver, Balak mudou de lugar duas vezes após ver
suas tentativas de amaldiçoar a Israel serem frustradas, ele acreditava que
mudar de lugar mudaria sua sorte fazendo ele ser bem sucedido! Certamente
acreditava que seus fracassos estavam relacionados ao lugar que estava e não em
si mesmo, nas suas idéias, nos seus planos.
A experiência de Balak serve como um exemplo para diversas
situações, excetuando, é claro, o aspecto nefasto do episódio, vemos que não
adianta mudar de lugares externos se mudanças não forem executadas em nosso
interior! Esta é uma grande lição a ser aprendida... As mudanças externas são
apenas medidas paliativas que alimenta uma falsa esperança de solução para seus
medos, suas dúvidas, seus problemas e etc. Talvez, o imperativo “Nascer de
novo” dito à Nakdimon (Nicodemus) por Rabi. Yeshua (Ver Yochanan/ João 3 1-7),
ilustre bem esta necessidade...
Shabat Shalom !!!