sábado, 8 de junho de 2013

Sedrá para o Shabat de 07/06/13 (Bamidbar 20)

Por Yochanan ben Avraham

Introdução.

Este capítulo trás importantes acontecimentos da história hebréia, nele está relatada as mortes de Miriam e Aharon. Também é mencionada neste capítulo a murmuração do povo contra Moshe por causa da falta d’água; a sentença do Eterno a Moshe e Aharon afirmando que ambos não entrarão na terra prometida e a negação de passagem dos hebreus pelas terras de Edom.

Uma associação interessante.

Alguns comentaristas associam a falta d’água e a sede do povo com a morte Miriam, isso pode estar relacionado com o fato da Torah afirmar em shemot (Êxodo) 15.20, que ela, Miriam, fosse uma “ha neviah” (Uma profetiza).
Um profeta tem a responsabilidade de trazer a palavra de YHWH ao povo, ou seja, uma espécie de representante do Altíssimo perante a comunidade enquanto o Cohen (sacerdote) representava o povo perante o Eterno.
No Tanach, temos um trecho muito interessante relacionando a falta de palavra de YHWH com a sede dos homens, vejamos:

“Eis que vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR.” (Amós 8:11)

É importante dizer que, quando as escrituras afirmam “Palavra do Senhor” ela está se referindo a Torah. Esta falta de “Palavra do Senhor” tem levado muitos a saciarem sua sede com os mais variados recursos, no entanto, todos estes artifícios não passam de paliativos que não produzem satisfação interior.  Entretenimento, polêmicas e etc. Têm sido a tônica daqueles que há muita já perderam a “palavra” e pensam que por meio destas coisas encontrarão o sentido da vida. O resultado? O texto nos diz: Murmuração! Sim... Pois como disse Sh’lomo:

“Não havendo profecia, o povo perece; porém o que guarda a lei, esse é bem-aventurado.” (Mishlei/Provérbios 29.18)

Miriam tem lugar de destaque na história de nosso povo, ela pode ser vista como um dos pilares da redenção de nosso povo da terra do Egito como podemos inferir a partir de Mikhah/Miquéias 6.4:

“Pois te fiz subir da terra do Egito, e da casa da servidão te remi; e enviei adiante de ti a Moisés, Arão e Miriam.”

 Não é por força!

Outra cena marcante deste episódio é a atitude de Moshe em relação ao comando do Eterno. Foi dito a Moshe:

E o SENHOR falou a Moisés dizendo:
“Toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha, perante os seus olhos, e dará a sua água; assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber a congregação e aos seus animais.” (Bamidbar/Números 20.7-8)

A palavra do Eterno a Moshe foi clara, ele deveria apenas falar a rocha, no entanto, ele bateu duas vezes na mesma... Fazendo algo que O Eterno não ordenou, desviando, de certa forma, o foco da palavra de Elohim para sua atitude. Isto trás uma lição para todos os que desempenham o papel de liderança entre o povo de YHWH: É a palavra do Eterno que deve nos nortear e não nosso estado emocional!
Outra lição pode ser aprendida a partir de uma analogia, pois por muitas vezes a dureza de nosso coração é comparada a uma pedra e, algumas vezes os profetas foram levantadas para nos revelar isso, vejamos um exemplo:

Então veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
Filho do homem, teus irmãos, sim, teus irmãos, os homens de teu parentesco, e toda a casa de Israel, todos eles são aqueles a quem os habitantes de Jerusalém disseram: Apartai-vos para longe do SENHOR; esta terra nos foi dada em possessão.
Portanto, dize: Assim diz o Senhor YHWH: Ainda que os lancei para longe entre os gentios, e ainda que os espalhei pelas terras, todavia lhes serei como um pequeno santuário, nas terras para onde forem.
Portanto, dize: Assim diz o Senhor YHWH: Hei de ajuntar-vos do meio dos povos, e vos recolherei das terras para onde fostes lançados, e vos darei a terra de Israel.
E virão ali, e tirarão dela todas as suas coisas detestáveis e todas as suas abominações.
E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne;
Para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os cumpram; e eles me serão por povo, e eu lhes serei por Elohim. (Yechezkel/Ezequiel 11.14-20)

Em outros lugares, vemos que os próprios homens são comparados a pedras, como na igueret Kefá alef (1ª epístola de Pedro) 2.5:

Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a YHWH por Yeshua HaMashiach.”

O que estamos querendo dizer, é que ninguém deve ser convencido à força, por meio de agressões ou violência. Esta é uma lição que precisa ser aprendida! Quantos estão tentando convencer outros de alguma coisa, mas o fazem de forma equivocada... Agredindo, zombando, ridicularizando as convicções alheias afastando, desta forma, àqueles que gostariam da trazê-los para perto.
Nossa parte no processo de teshuvah dos dispersos de Israel é a de anunciar a palavra do Eterno por meio de nossa voz e ação, não “arrastá-los” a força.

O legado de Aharon X O legado do povo.

O Perek (Capítulo) vinte termina com o relato da morte de Aharon, onde ele é despido por seu irmão Moshe, e seu filho El’azar assume o sumo sacerdócio. Acredito que a partida de Aharon foi em absoluta Shalom, pois certamente viu seu filho “vestindo” a função que durante tanto tempo desempenhara, a continuidade de seu ofício estava sendo garantida e a certeza de ter deixado um legado honroso a seu filho deve ter lhe proporcionado um momento indizível de felicidade, pois como se diz:

“Não tenho maior gozo do que este o de ouvir que os meus filhos andam na verdade.”
(Yochanan gimel/3 João 1.4)

Isto contrasta e muito, com o que vimos no início desta sedrá, já que vemos o povo “vestindo” a função de seus pais... Isto porque entendemos que os murmuradores de então eram filhos daquela geração que estava se findando, haja vistas para a morte de Miriam e Aharon, os quarenta anos de peregrinação estavam terminando e tudo que aquelas pessoas deixaram foi um coração amargurado, amargura esta herdada e assumida pela geração de então.

Que possamos refletir nisso, para não deixarmos aos nossos filhos esta herança nefasta, mas a esperança de nossa geulá (redenção) e uma emunah (fidelidade) inabalável ao nosso Redentor. 


Shabat Shalom!!!

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