sexta-feira, 28 de junho de 2013

Sedrá para o Shabat de 29/06/13 (Bamidbar 23)

Por Yochanan ben Avraham

Introdução.

A sequência de estudos do sefer Bamidbar feitos a cada Shabat nos trouxe hoje ao momento em que Balak, rei de Moav, inicia seus rituais de maldição contra os filhos de Israel sob a regência de Bil’am (Balaão). Como é de nosso costume, gostamos de enfatizar que, apesar da distância tanto de tempo quanto de espaço, sempre temos algo de prático para aprender na Torah que serve para nos esclarecer e orientar em diversos aspectos de nossa jornada. Dito isto, vamos aos comentários.

O empenho dos adversários.

O número sete traz consigo muita especulação é como se ele tivesse vida própria! De fato, são tantas curiosidades envolvendo o número sete, que fica difícil acreditar que todas as ocorrências nas mais diversas situações da vida humana, seja coincidência. Dentre os muitos simbolismos do número sete, encontra-se o de que ele representa a plenitude, a perfeição, algo que não precisa de complemento... E como o mundo foi criado em seis dias, sendo o sétimo o dia de shabat (descanso), alguns associam o número sete ao mundo físico, as obras que se fazem na terra no “olam hazé” (Tempo atual ou mundo de hoje). Pegando “carona” neste entendimento, temos uma leitura interessante da edificação dos sete altares para amaldiçoar Israel, vejamos: Considerando os símbolos propostos, vemos que Balak “fez de tudo” para que seu intento tivesse êxito, construir sete altares nos sugere que houve uma plenitude de esforço para que Israel fosse amaldiçoado! Diante disso, não podemos ser negligentes, pois a história nos mostra (como vimos no estudo do shabat passado) que os inimigos de Israel, a “descendência da serpente” têm se empenhado em “nos riscar do mapa”, ao ponto de frases como: “Se a minha teoria da relatividade triunfar, serei alemão; se ela falhar, serei um judeu.” do renomado físico judeu, Albert Einstein serem ditas.
Diante disso, nada é mais urgente para um filho de Israel do que ser sóbrio e vigilante, para não cairmos nas ciladas armadas pelo caminho.

O Eterno não se “vende”!

Outra lição que aprendemos nesta sedrá é que, esforço sacrificial não garante que teremos nossas petições atendidas! Infelizmente, o número de pessoas induzidas pelos “Balaões” modernos a acreditarem que O Senhor as atenderá só porque tudo o que era possível foi feito, têm aumentado... Estas não sabem, (ou esquecem) que O Eterno não está comprometido com quem não assumiu o compromisso de observar sua Torah. O salmista escreveu:

“Deleite-se no Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração.”
                                                                                                     (Tehilim/Salmos 37.4)

Ao vivermos diante do Eterno, conformados à sua Lei, certamente desfrutaremos de bens cujos valores não podem ser mensurados por quem vive voltado para o “aqui e agora”. Esta experiência também foi relatada pelo salmista:

 “Como são felizes os que obedecem aos seus estatutos e de todo o coração o buscam!”                        (Tehilim/Salmos 119.2)

“Muita paz têm os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço.”
                                                                                                (Tehilim/Salmos 119.165)

Como amaldiçoar o que O Eterno não amaldiçoa?

Este questionamento de Bil’am (Balaão) traz um profundo ensinamento que, a nosso ver, elimina diversas “paranóias” em que muitos filhos de Israel são acometidos. Muitos andam de um lado para o outro tentando entender porque as coisas “não dão certo” e etc., para explicar isto não é preciso nenhuma formula mirabolante, basta estarmos atento ao que diz a Torah:

“Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz de YHWH teu Elohim, para não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão:”
                                                                   (D’varim/Deuteronômio 28.15)

Simples assim! O único meio de um filho de Israel estar sob maldição é quando ele passa a desobedecer as palavras do Eterno, ou seja, Sua Lei! Não devemos temer feiticeiros, impérios ou o que quer que seja, devemos temer ao Eterno, cuidando em não transgredirmos suas mitzvot (mandamentos) como disse Yeshayahu (Isaías):

 “Ao SENHOR dos Exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro.” 
                   (Yeshayahu/Isaías 8.13)

Isto não significa, necessariamente, que devemos viver oprimidos por causa da Torah... Mas que nossa atenção esteja em observá-la, pois fazendo isso não haverá o que temer, como foi escrito:

“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
Antes tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite.
Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.”
                                                                                            (Tehilim/Salmos 1.1-3)

A Torah é o “manual do bem viver”, tanto física quanto espiritualmente; é a formula para o bom relacionamento consigo mesmo, com o próximo e com o Eterno! Quando experimentarmos isso na prática, não apenas no intelecto, ouso dizer que muitas pessoas sofrendo de psicopatologias serão curadas.

Nada muda, se você não muda.

Todos já devem ter ouvido esta frase, e este princípio parece se corroborado pelo que podemos observar nesta sedrá. Vejamos alguns passukim do texto:

“Então Balaque lhe disse: Rogo-te que venhas comigo a outro lugar, de onde o verás; verás somente a última parte dele, mas a todo ele não verás; e amaldiçoa-mo dali.”
                                                                                                               (Bamidbar/Números 23.13)

“Disse mais Balaque a Balaão: Ora vem, e te levarei a outro lugar; porventura bem parecerá aos olhos de Deus que dali mo amaldiçoes.”
                                                                 (Bamidbar/Números 23.27)

Como podemos ver, Balak mudou de lugar duas vezes após ver suas tentativas de amaldiçoar a Israel serem frustradas, ele acreditava que mudar de lugar mudaria sua sorte fazendo ele ser bem sucedido! Certamente acreditava que seus fracassos estavam relacionados ao lugar que estava e não em si mesmo, nas suas idéias, nos seus planos.
A experiência de Balak serve como um exemplo para diversas situações, excetuando, é claro, o aspecto nefasto do episódio, vemos que não adianta mudar de lugares externos se mudanças não forem executadas em nosso interior! Esta é uma grande lição a ser aprendida... As mudanças externas são apenas medidas paliativas que alimenta uma falsa esperança de solução para seus medos, suas dúvidas, seus problemas e etc. Talvez, o imperativo “Nascer de novo” dito à Nakdimon (Nicodemus) por Rabi. Yeshua (Ver Yochanan/ João 3 1-7), ilustre bem esta necessidade...


Shabat Shalom !!!

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